Você está na página 1de 62

HISTÓRIA DA ARTE

AUDIOVISUAL

Apresentação da disciplina,
ARTE . VISUAL . ENSINO introdução geral e Tópico I.
Ambiente Virtual de Aprendizagem

Professor Doutor
Isaac Antonio Camargo

Cursos de Artes Visuais e Audiovisual


Faculdade de Artes, Letras e Comunicação
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
O Curso de Audiovisual da a) Técnica e formação profissional –
Universidade Federal de Mato voltada para a formação prática, habilita o
aluno a atuar profissionalmente nas áreas
Grosso do Sul iniciou-se em de Direção, Fotografia, Roteiro,
2018 no intuito de preparar Produção, Som, Edição\Montagem,
profissionais para atuar no Cenografia e Figurino, Animação e
contexto do Audiovisual quer Infografia.
seja da produção desta área de b) Realização em cinema e audiovisual –
atividades, bem como os seus voltada para o desenvolvimento de
estudos, difusão e projetos de produção de obras de
diferentes gêneros e formatos, destinados
desenvolvimento. Para tanto à veiculação nas mídias contemporâneas.
construiu seu projeto pedagógico
com base nas orientações do c) Teoria, análise e crítica do cinema e do
audiovisual – voltada para a pesquisa
Conselho Federal de Educação acadêmica nos campos da história, da
e na perspectiva do mercado: A estética, da crítica e da preservação.
resolução CNE/CES nº 10/2006,
d) Economia e política do cinema e do
em seu artigo 3º distribui as audiovisual – voltada para a gestão e a
competências e habilidades para produção, a distribuição e a exibição, as
a formação dos egressos dos políticas públicas para o setor, a
Cursos de Cinema e Audiovisual legislação, a organização de mostras,
em quatro áreas: cineclubes e acervos, e as questões
oriundas do campo ético e político.”
A resolução aponta cinco eixos de atividades que devem A disciplina de História da Arte é
nortear a formação dos egressos:
1.Realização e Produção – eixo que contempla o
contemplada no 5º. Eixo indicado
desenvolvimento de obras audiovisuais de diferentes pelos parâmetros curriculares
gêneros e formatos, destinados à veiculação nas mídias editados pelo MEC para esta área
contemporâneas; incorpora ainda o uso e o
desenvolvimento de tecnologias aplicadas aos processos de formação, cuja ementa diz:
de produção e difusão do audiovisual.
2. Teoria, Análise, História e Crítica – eixo que
Estudo introdutório da teoria e da
proporciona que o exercício da análise do objeto aborde produção artística da pré-história ao
o pensamento histórico e estético acerca do cinema e do início da era cristã, no mundo ocidental
audiovisual por meio do exame das diferenças e das
convergências entre os processos históricos dos e oriental; da Idade Média ao século
diferentes meios, e que incide também sobre o campo da XVII na Europa e na América; nos
organização de acervos.
séculos XVIII, XIX e XX no mundo
3. Linguagens – eixo que abarca a análise da imagem ocidental e oriental; sempre em
em seus diferentes suportes, apontando para a
especificidade estilística de cada meio e contribuindo consonância com os aspectos técnicos,
para a elaboração de juízos críticos dos produtos tecnológicos, políticos, sócio-
audiovisuais.
econômicos e culturais.
4. Economia e Política – eixo pautado pelas questões
ligadas à gestão e à produção, à distribuição e à Cujos objetivos são: Possibilitar aos
exibição, levando-se em conta o potencial de inovação acadêmicos o acesso a informações
tecnológica da área. Contemplam ainda as questões
referentes à ética e à legislação, como também as sobre a Arte Visual e suas relações com
políticas públicas para o setor, incluindo as de o contexto do Audiovisual a partir das
preservação e de restauração dos acervos.
relações de caráter estético, técnico e
5. Artes e Humanidades – eixo interdisciplinar, voltado social.
para as Artes (teatro, artes plásticas, etc.) e as
Humanidades (história, literatura, comunicação, etc.).
Nos Cursos de Arte Visual e Todo material de apoio pedagógico
Audiovisual, as Disciplinas de para as aulas já está disponível no
História da Arte são responsáveis Ambiente Virtual de Aprendizagem:
www.artevisualensino.com.br
por abordar as muitas
em DISCIPLINAS, as leituras
manifestações artísticas que indicadas estão em TEXTOS.
ocorreram desde os primeiros
Há publicações complementares na
momentos da humanidade até os Revista REFLEXÕES SOBRE ARTE
dias atuais. Para isto seguem, VISUAL, em MULTIMÍDIA e LINKS.
em geral, o percurso cronológico Os Tópicos publicados seguem a
da Arte Ocidental e suas estrutura metodológica de Estudos
Dirigidos e podem ser também
transformações formais, estéticas utilizados como recurso e estratégia
e conceituais. Os métodos de de Ensino-Aprendizagem on line e à
ensino aqui adotados se baseiam distância, já que a estrutura
em: Expositivo e Ensino Dirigido, disponível armazena conteúdos e
orientações de leituras e verificação
ambos apoiado em leituras e de aprendizagem ao final de cada
atividades configuradas em tópico. Os tópicos correspondem às
Tópicos de Conteúdo como unidades didáticas programadas no
horário do curso equivalentes a duas
Objetos de Aprendizagem. horas-aula.
Acesso ao Site: www.artevisualensino.com.br

Aqui você
pode
fazer uma
busca
textual com
Palavras-
chave

Em Disciplinas acesse o nome de sua disciplina para obter o material de


apoio pedagógico usado em sala de aulas e como reforço. Em Textos, você
terá o material de apoio aos conteúdos. Na Revista Reflexões Sobre Arte
Visual e em Multimídia, há conteúdos complementares sobre Arte Visual.
Os conteúdos das Ementa da Disciplina de
disciplinas que fazem parte História da Arte:
do Projeto Pedagógico do
Curso estão disponíveis na
página da UFMS no curso Estudo introdutório da teoria
de Audiovisual. e da produção artística da
pré-história ao início da era
Os conteúdos desta cristã, do mundo ocidental e
disciplina, em especial, bem oriental; da Idade Média ao
como sua bibliografia, séc. XVII na Europa e na
programa e demais dados América; no séc. XVIII, XIX e
estão cadastrados no XX no mundo ocidental e
SISCAD. oriental; sempre em
Mantenha seu e-mail consonância com os
atualizado no sistema para aspectos técnicos,
receber informações tecnológicos, políticos,
relativas às disciplinas. socioeconômicos e culturais.
Objetivos: Programa:

Promover o acesso aos conteúdos A- Introdução: Questões Teóricas sobre a Arte


Visual e sua História.
referentes aos domínios históricos,
teóricos e conceituais do B- O surgimento da Arte na Pré-História e
seus desdobramentos da antiguidade até a
desenvolvimento das manifestações e Idade Média.
expressões artísticas neste contexto
sociocultural em relação às C- A Arte no Período Moderno.
características e tendências das D- Arte no século XIX e o surgimento das
manifestações artísticas deste tecnologias visuais
período. E- O século XX, a Arte Visual e o
Apresentar as manifestações desenvolvimento das tecnologias imagéticas.
artísticas a partir de análises F- Arte contemporânea e os desafios do
históricas e conceituais identificando e século XXI.
situando os aspectos sociais, culturais
e estéticos visando a formação de Procedimentos didáticos/pedagógicos:
repertório sobre Arte Visual e o As aulas serão desenvolvidas por meio de
desenvolvimento da capacidade de Unidades de Ensino programadas em Tópicos
identificação e compreensão das sequenciais. O material de apoio é
Obras de Arte. configurado como Objetos de Aprendizagem,
Destacar a importância pesquisa e do produzidos para uso em sala de aula,
conhecimento da Arte para futuro presencial ou virtual, publicados e atualizados
semestralmente e armazenados no Ambientes
exercício profissional. Virtual de Aprendizagem.
Recursos de apoio didático: As metodologias utilizadas são:
O apoio didático é constituído pela Expositiva e Estudos Dirigidos. Em
apresentação, em cada Unidade de cada tópico são indicados os
Conteúdo, de Objetos de procedimentos e atividades para
complementar e reforçar os
Aprendizagem correspondentes aos
conteúdos da disciplina por meio de
Tópico de Conteúdo indicados para leituras e de questões elaboradas
cada aula semanal no Cronograma para reforçar e aferir o aprendizado
do semestre. Cada Tópico contém de cada uma das unidades.
Imagens e Textos desenvolvidos a
partir dos conteúdos previstos pela O material disponível é produzido
Ementa da Disciplina. para apoiar as aulas presenciais e
suportar atividades on line, à
O material é organizado por meios distância, para tanto é enriquecido
de telas sequenciadas, de textos e com outros recursos de apoio
imagens, nas quais são didáticos como Textos
apresentados informações, complementares à bibliografia,
conceitos e proposições para Multimídia contendo audiovisuais e
elaboração dos conhecimentos tutoriais destinados a ampliação das
necessários aos domínios da informações para produção de
História da Arte do período conhecimento, ampliando e
estudado. complementando os conteúdos da
disciplina.
Avaliação: Frequência:
Avaliação é Somativa, realizada Segue as orientações do Art. 58
ao fim de cada ciclo de da referida Resolução. Para
conteúdo, acumulando as aprovação a frequência deve ser
atividades propostas para igual ou superior a setenta e
cinco por cento. O controle da
serem aferidas ao final de cada frequência nas aulas presenciais
Bimestre e do Semestre. A ou à distância, é da competência
soma e divisão pelo número de do docente.
entregas previstas para o Atividade pedagógica de
primeiro Bimestre constituí uma recuperação:
nota e as entregas ao fim do
segundo Bimestre constituirão a Realização de atividade
segunda nota. A somatória e substitutiva, chamada também
de optativa, por meio de trabalho
divisão das duas notas, escrito e entregue no mesmo
divididas por dois, define a formato dos demais solicitados
Média final da disciplina. durante o semestre, sobre um
Obtendo aprovação com notas dos tópicos de conteúdo
e média de aproveitamento, desenvolvidos durante o
igual ou superior a 6,0 (seis semestre em substituirá a nota
vírgula zero). de menor pontuação.
Bibliografia Básica: Bibliografia Complementar:
Argan, Giulio Carlo. Arte e Critica de Arte. Gombrich, E. H. Arte e Ilusão: um
2. Ed. Lisboa, Pt: Estampa, 1995. 167 P. Estudo da Psicologia da Representação
(Teoria da Arte). Isbn 972-33-0899-1. Pictórica. 4. Ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007. 386 P. Isbn 978-85-
Argan, Giulio Carlo. Arte Moderna: do
60156-31-3.
Iluminismo aos Movimentos
Contemporâneos. São Paulo, Sp: Ades, Dawn. Arte na América Latina: a
Companhia das Letras, 1993-2006. 709 P. Era Moderna, 1820-1980. São Paulo,
Isbn 85-7164-251-6. Sp: Cosacnaify, 1997. 365 P. Isbn 85-
86374-01-6.
Gombrich, E. H. a História da Arte. Ed. Rio
de Janeiro, Rj: Ltc, 2015 688 P. Isbn Ades, Dawn. o Dada e o Surrealismo.
8521611854. [S.l.]: Labor do Brasil, 1976. 66 P.
Janson, H.W. História da Arte: Panorama Argan, Giulio Carlo; Fagiolo, Maurizio.
das Artes Plásticas e da Arquitectura da Guia de História da Arte. 2. Ed. Lisboa,
Pré-história aActualidade. Lisboa, Pt: Pt: Estampa, 1994. 158 P. Isbn 972-33-
Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. 0970-x
766
Janson, H. W. Iniciação à História da
P. Janson, H. W. História Geral da Arte: o Arte. 2. Ed. São Paulo, Sp: Martins
Mundo Moderno, Vol. 3. 2. Ed. São Paulo: Fontes, 2007. 475 P. Isbn 85-336-0470-
Martins Fontes, 2001-2007. P. 827 a 1110 x.
Isbn 85-336-1447-0.
HISTÓRIA DA ARTE - AUDIOVISUAL

Tópico 1

ARTE . VISUAL . ENSINO Aspectos gerais da Arte Visual


e sua História.
Ambiente Virtual de Aprendizagem

Professor Doutor
Isaac Antonio Camargo

Cursos de Artes Visuais e Audiovisual


Faculdade de Artes, Letras e Comunicação
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Para iniciar a disciplina foi O filme, como um todo, discute
escolhida uma sequência o existencialismo, tecnologia,
audiovisual retirada do filme inteligência artificial e vida
2001: Uma Odisseia no extraterrestre. A produção é
Espaço, produção eficiente em relatar, por meio de
cinematográfica de ficção efeitos especiais e com grande
científica dirigida por Stanley realismo uma nova estética
Kubrick a partir do texto de cinematográfica que investe
Arthur C. Clark em 1968. O tema imagem por meio de efeitos
principal é o surgimento e visuais, reduz os diálogos e
desenvolvimento humano. amplia os efeitos sonoros
Mostra o início da Era Paleolítica incidentais e musicais alterando
e destaca a transformação de o uso das técnicas narrativas
materiais em ferramentas, do cinema tradicional
recurso que deu ao ser humano ampliando o conceito de
a possibilidade de se tornar cinema para mais próximo do
agente ativo na natureza e na conceito de Audiovisual que
cultura. hoje predomina.
Clique AQUI para acessar este Audiovisual.
Caso a conexão não abra, o endereço eletrônico é o que segue:
https://www.youtube.com/watch?v=ypEaGQb6dJk&t=32s
O conhecimento sobre os Portanto, é possível
primórdios dos seres dizer que a Arte foi uma
humanos depende, em das primeiras
parte, das pesquisas manifestações humanas
arqueológicas que, ao e, por meio dela, pode-
recolherem vestígios dos se conhecer um pouco
primeiros grupamentos, mais do que fomos ou
possibilitam inferir dados somos...
e tentar compreender Por isso, esta disciplina
como viviam e se toma como ponto de
comportavam. partida as ocorrências
Tais pesquisas também imagéticas produzidas
olham para as imagens naquela época e, a partir
criadas por eles naquela delas, se estende até a
época. atualidade.
Introdução à Arte Visual:
seu surgimento,
características, conceitos
e História .
Ao abordarmos o ser Do grego, esta palavra se
humano por meio das refere à pesquisa, à
teorias que o explicam investigação e sua função é
devemos fazer algumas explorar, investigar, buscar o
considerações à respeito conhecimento no tempo e
no espaço.
delas, neste caso, em
No que diz respeito à
relação à História. Pode-se História da Arte é uma
dizer que ela é uma das disciplina acadêmica que
teorias que recorre à busca mediar o
memória, ao passado da conhecimento construído
humanidade. sobre Arte ao longo do
É uma abordagem científica tempo, na História, a partir
cognitiva que usa a razão, das manifestações artísticas
os fatos para construir o realizadas desde os
primeiros tempos.
conhecimento.
Portanto, todas as É comum, para uso
manifestações capazes de didático, que este
serem abordadas como conhecimento seja
fontes artísticas, ou seja, organizado
testemunhos de ocorrências
capazes de serem
cronologicamente dos
consideradas Arte, em tempos primevos para a
quaisquer períodos, povos, contemporaneidade,
culturas ou lugares podem contudo, pode-se inverter
se tornar objeto de estudo esta cronologia, destacar
seja da história propriamente estilos, escolas ou
dita ou de suas auxiliares movimentos de acordo
como a arqueologia, com o projeto de ensino
sociologia, antropologia e usado ou a importância
demais ciências com as
quais ela dialoga e convive
que se queira dar a um ou
na construção deste outro aspecto deste
percurso. contexto.
Estilo diz respeito à Este conjunto de obras de
aparência que as Obras de um dado período ou de
Arte tem e que demonstram um grupo de autores de
sua personalidade. Diz-se um lugar, região ou época,
que o Estilo de um artista é pode também ser
como sua caligrafia, ou seja, chamado de Escola.
o modo como suas obras
revelam suas habilidades, Quando se fala em
escolhas e personalidade. Movimento Artístico, se
Um Estilo na História da refere a um grupo de
Arte, revela os modos como artistas que se
determinados grupos organizaram para se
humanos, culturas ou manifestar de uma certa
civilizações configuram suas maneira, em geral,
imagens, nesse caso não é marcam isto por meio de
a personalidade do Artista, Manifestos. Isto foi comum
mas sim, do conjunto das a partir do século XIX, não
Obras produzidas num dado
período. antes.
Pode-se chamar também São chamados Gêneros os
de Tendência a uma tipos de manifestações
Escola ou Movimento,
quando não se tem ainda artísticas em uma dada
uma configuração Potética. Na pintura, por
completa ou bem exemplo, pode-se encontrar
estruturada do conjunto de
Obras. paisagens, retratos,
As manifestações artísticas natureza-morta, alegorias e
são também chamadas de outras tematizações. O
Poéticas. Poética vem do Tema é o que se usa para
grego poien e significa mostrar, narrar ou descrever
fazer, portanto poética é
um modo de fazer que algo. Temas podem ser
pode ser pintura, escultura, tomados do cotidiano como
desenho, gravura, um objeto, uma paisagem
fotografia ou audiovisual, ou uma cena histórica,
entre outras possibilidades
expressivas, às vezes religiosa ou mitológica e o
também chamadas de Assunto pode variar em
Linguagens. torno deles.
A História não é o Pode-se dizer que Natureza
recenseamento ou é tudo aquilo que o cerca e
ajuntamento de ocorrências tudo que ele faz ou produz
no tempo e no espaço, mas que se diferencie dela é
sim um método de Cultura, logo, todas as
investigação para conhecer apropriações,
seus sentidos, seus transformações,
significados. Uma modificações ou
manifestação artística não é construções, sejam
menos importante do que intelectuais ou materiais
outras manifestações realizadas ou produzidas
humanas todas contribuem por ele dizem respeito ao
para aumentar a conhecimento como um
compreensão sobre o ser todo: Tudo é significante e
humano e o mundo. tudo produz significado.
Quando se olha para as produções humanas do passado quer se descobrir o que,
como e porque as realizou, esta é uma das prerrogativas da Historia.
A abordagem da História da Tais manifestações visuais vão
Arte recorta, do universo de incluir desde as grafias,
condutas e comportamentos incisões, desenhos, pinturas,
esculturas também os
humanos, aqueles que se
monumentos, constituídos
referem às manifestações de pelas ordenações construtivas
caráter estético que desde as paredes das cavernas
ocorreram ao longo do passando pelos aparatos
tempo nas diversas regiões megalíticos, os túmulos,
do globo. No caso dos catacumbas, templos, palácios,
Cursos de Artes Visuais, as castelos, residências e demais
manifestações visuais, as ocorrências que se serviram
Imagens classificadas como suportes ou meios para
interações visuais que
Arte, organizadas por
ocorreram desde os primeiros
períodos, estilos, escolas e momentos da humanidade até
movimentos . hoje.
Para fazer isto os estudiosos A historiografia de caráter
delimitam, por exemplo, linear e temporal
períodos por meio de marcas “Positivista” foi introduzida
culturais e marcam um no século XIX por Augusto
percurso. Em geral o percurso Comte e orientou boa
mais comum é o temporal, ou
parte dos estudos
cronológico. São delimitados
acontecimentos relevantes da
científicos a partir dali e é
humanidade num dado local ou uma base ou referência
período e o tomam como para organizar o percurso
pontos para a investigação, de leitura da História da
descobertas e formulação de e Arte. Assim temos
teorias, conceitos, leituras e incialmente dois
interpretações com vistas à sua momentos: um primeiro,
compreensão. Assim definem o ou seja, Pré-histórico e
que comumente se chama de outro posterior: o
Linha do Tempo. Histórico.
Durante muito tempo o O interesse pelos vestígios
hábito de considerar as materiais de antigas
primeiras manifestações civilizações foi reforçado e
humanas como anteriores à expandido a partir dos
História, chamado de séculos XV e XVI, no
período Pré-histórico, se chamado Renascimento
justificou por considerar que Italiano período no qual
o marco para o surgimento muitas coleções de objetos
da História seria a Escrita, do passado passaram a ser
cujos documentos valorizadas. Entretanto o
garantiriam o conhecimento grande marco da pesquisa
sobre os povos e culturas sobre o passado veio da
antigas. Tais documentos iniciativa de Napoleão
que seriam então as fontes Bonaparte, quando da
primárias para os estudos ocupação do Egito, a partir
historiográficos. Mas tudo é de 1789.
história...
Os pesquisadores Portanto, a descoberta de
franceses, em torno de 175 documentos escritos
pessoas, levantaram dados
sobre o Egito e publicaram inaugura a primeira fase da
em 1809 o livro ilustrado História propriamente dita,
“Descrição do Egito”, no considerada então como
qual relatavam os História Antiga, ou
conhecimentos obtidos por
meio de suas pesquisas. Antiguidade e se torna
Mas a maior conquista então o segundo estágio
sobre esta cultura ocorreu dos conhecimentos sobre a
quando, em 1822, Jean- cronologia humana, sendo a
François Champollion
consegue decifrar os Pré-história o primeiro.
hieróglifos egípcios contidos A terceira fase passa a ser o
na Pedra de Roseta que período Medieval que
continha inscrições sucede o Antigo e antecede
egípcias, demóticas e em
grego. o Moderno, depois o
Contemporâneo.
Os marcos históricos Entretanto, nem sempre
servem para recortar ou precisamos usar a
delimitar o conjunto de temporalidade como
ocorrências. Caso referência para os estudos
contrário poderia ser difícil da História, podemos
encontrar fatores de definir outras categorias
convergência ou para selecionar ou agrupar
relevância que ocorrências que possam
explicassem ou nos auxiliar a entender
justificassem um melhor o pensamento ou
determinado período num desenvolvimento humano.
certo contexto geográfico Assim, a lógica temporal
ou social. Assim os pode ser substituída pela
recortes temporais lógica social, econômica,
ajudam a compreender as conceitual etc.
transformações humanas.
Na medida em que Há uma expectativa de
substituímos a lógica que ao olhar para as
temporal, entram as condutas que ocorreram
outras ciências e suas em outros tempos a
ciência é capaz de
teorias como a “prever” comportamentos
Antropologia, Arqueologia, posteriores. Se por um
Sociologia, Etnografia, lado há uma certa lógica
Psicologia, entre outras nisso, esta coerência não
tantas possibilidades de é uma lei ou uma regra
olhar para o ser humano absoluta como se espera
no seu tempo e conseguir das ciências naturais, nas
compreender seus ciências humanas há o
componente
comportamentos, “comportamento humano”
condutas e realizações, que nem sempre é
inclusive da Arte Visual. previsível em sua
totalidade.
Se, para as ciências Dito isto, podemos tentar
naturais pode-se alcançar destacar alguns fatores que
alto grau de previsibilidade, contribuam para o
nas ciências humanas, nem entendimento da Arte Visual
sempre, isto é possível. ao longo do tempo.
Cada momento da história Há diferentes teorias que
humana decorre de fatores podem auxiliar este
intrínsecos àquele momento entendimento e que
e que, nem sempre, são dependem de
replicáveis para outra conhecimentos já
cultura, outro lugar ou outro elaborados ou em
tempo. O que é, de certo elaboração pelos estudiosos
modo, constante é a índole deste campo e que se
humana que, enfim, traça tornam os Conteúdos com
regras nas quais o elemento os quais lidamos nas
prioritário é o poder sobre o disciplinas de História da
outro... Arte Visual.
O conhecimento sobre os Portanto, é possível dizer
primórdios dos seres que a Arte foi uma das
humanos depende, em primeiras manifestações
parte, das pesquisas humanas e, por meio dela,
arqueológicas que, ao pode-se conhecer um
recolherem vestígios dos pouco mais do que fomos
primeiros grupamentos, ou somos...
possibilitam inferir dados Por isso, esta disciplina
e tentar compreender toma como ponto de
como viviam e se partida as ocorrências
comportavam. imagéticas produzidas
Tais pesquisas também naquela época e, a partir
olham para as imagens delas, acompanhar o
criadas por eles naquela percurso da História da
época. Arte até a atualidade.
A caverna Bruniquel, localizada na França no vale de Aveyron contém as primeiras marcas
da presença e intervenção espacial humana que consiste no corte e deslocamento de
estalagmites dispondo-as em formatos não naturais, chamados de "spéléofacts“.
Sala na caverna Bruniquel, com estruturas datadas de aproximadamente 176.500 anos.
Detalhe de estalagmites com vestígios de carbonização.
Imagem e Arte Visual
Toda configuração visual é
imagem mas nem toda
imagem é Arte Visual.
Esta é uma questão que
deve ser levada em conta
quando discutimos Imagem,
Arte Visual e Audiovisual.
A apreensão
sensível/perceptiva visual
“Imagem é uma do ambiente depende dos
configuração visual olhos como a Luminosidade
geradora de sentido”. e de outros fatores como o
modo de se compreender o
entorno, a Espacialidade e o
deslocamento dos corpos e
coisas no espaço, o
movimento ou
Temporalidade.
A capacidade perceptiva A visão, a audição, o tato, o
humana conta com sensores olfato e o paladar dependem
de qualidades estésicas: dos órgãos dos sentidos: os
sejam luminosas, sonoras, olhos, os ouvidos, a pele, o
táteis, olfativas ou gustativas nariz e a boca. Eles são
quando consideramos os capazes de “traduzir” as
cinco sentidos como a visão, a sensações
audição, o tato, o olfato e o estésicas/sensoriais em
paladar. sentidos. No entanto não há
um órgão destinado
No entanto, um fator
exclusivamente à percepção
importante para o contexto do
do movimento, ela depende
Audiovisual é a percepção de
de uma associação entre
movimento, essencial para
sentidos. Sem dúvida a visão
compreensão do meio e das
é preponderante, mas não só
coisas que o constituem, bem
a visão, como também o
como para produzir a “ilusão”
equilíbrio que envolve a
virtualizada do movimento no
posição do corpo no espaço.
Audiovisual.
A percepção de Movimento Para definir a Posição no espaço
decorre de relações entre: os corpo recorre à estrutura
visualização, posição e auricular do ouvido interno que
possui sensores de nível: o
deslocamento no espaço, Labirinto. Ele é responsável pela
ou seja o “deslocamento” de manutenção do equilíbrio do corpo
algo que esteja no espaço em relação ao espaço, portanto, é
circundante de alguém ou capaz de identificar posições em
de alguém que se desloque pé ou deitado e quando tais
diante de algo no seu posições são ou estão alteradas.
As experiências perceptivas,
entorno, portanto o sejam quais forem, criam um
movimento não depende “repertório” mental sináptico que é
apenas de órgãos dos acionado de acordo com os
sentidos, mas de algo a estímulos do meio. Assim se a
mais: da apreensão do algo está em movimento, a
“Tempo”, ou seja, da memória acionada é a que se
refere ou “lembra” o movimento,
apreensão de algo que se assim, é possível recorrer a este
move, aqui chamado de repertório para reproduzir ou criar
Temporalidade. a ilusão de sensações do e no
mundo natural.
Caminhar, correr,
saltar, movimentar-se
com segurança e
Esta é a também perceber
Estrutura alterações espaciais
Responsável do ambiente fazem
Pela sensação parte das
de equilíbrio. experiências
sensoriais e da
formação do
repertório
sensório/sensível.
Deslocando o olhar, o
corpo ou
acompanhando o
deslocamento das
coisas no espaço vão
constituir a
Temporalidade.
O que se deduz é que os Nesta mesma linha de
sentidos atuam simultânea raciocínio é possível considerar
e sincronicamente, ou seja, que a percepção de movimento
se quisermos apenas também é desenvolvida por
caminhar é necessário associação. Neste caso um
associar visão, tato, tipo diferente de associação,
ouvido/labirinto. Um além da visão entra um novo
deficiente visual, usa o tato elemento associativo: a ideia
e o labirinto auxiliado pela de tempo. Neste caso esta
audição, na medida em que ideia se refere à percepção de
pode perceber variações deslocamento dos corpos e
sonoras no ambiente das coisas no espaço, criando
a sensação de antes, durante e
auxiliando a localização,
depois, ou seja: anterioridade,
como também a sensação
duratividade e posterioridade.
de posição no espaço como Sem isto, não seria possível
verticalidade e também criar os efeitos virtuais
horizontalidade. do “Audiovisual”.
Os desenhos, as pinturas, A visualidade percebida do
as incisões, modelagem e mundo natural possui
esculturas que surgiram formas, cores, texturas,
desde os primeiros tempos volumes, densidades,
da humanidade distâncias, movimentos etc.
dependiam de habilidades Entretanto não é possível
manuais e cognitivas traduzir ou converter tudo
humanas para imitar, isto em imagens, para
reproduzir ou criar realizar uma dada
imagens artificiais que configuração visual há que
podiam se assemelhar ou se fazer escolhas:
não com aquilo que viam e privilegiar alguns aspectos
conviviam no ambiente. ou efeitos e deixar outros
Reproduzir o visível foi a de lado. Estas escolhas
primeira abordagem definem o que chamamos
destinada a criar ilusão. de Poéticas.
As imagens pré-históricas foram
produzidas mediante estratégias
discursivas tradicionais como estas:
Pode-se dizer que o Desenho As imagens eram artesanais,
privilegia o contorno, o gráfico, feitas pela mão humana, e
em detrimento do volume. A dependiam das habilidades de
apreender as aparências do
escultura privilegia o volume meio e da tentativa de
em detrimento do desenho e reproduzi-las com maior,
da coloração. A pintura menor ou nenhum grau de
privilegia a cor, o desenho e proximidade ou aparência
não o volume. Enfim, as daquilo que viam.
primeiras imagens foram As primeiras imagens
construídas em superfícies ou conhecidas e realizadas pelo
em volumes nas quais eram ser humano se referem,
principalmente, a animais. Tais
destacadas as substâncias imagens se parecem bastante
mais adequadas à sua com certos animais que
configuração. Então há existem ainda hoje, logo,
imagens bidimensionais e pode-se perceber a qualidade,
tridimensionais, mas não em a capacidade imitativa, as
movimento. habilidades manuais e
cognitivas que desenvolveram.
Embora seja possível aferir Adotando tal
a eficiência com que entendimento, não há que
aqueles seres humanos
produziam suas imagens, se pensar em Arte como
não é possível saber, de hoje em dia, tampouco
fato, com que fim eram como ornamentação,
feitas. decoração ou registro.
Por isso os teóricos e Mas é possível também
historiadores levantaram pensar que tais imagens
algumas hipóteses na eram feitas pelo simples
tentativa de explicar ou
justificar a criação daquelas fato de que eram capazes
imagens. Em síntese a de realiza-las e isto
melhor explicação é que poderia estimula-los a
fazem parte de possíveis faze-las. Ao mesmo tempo
rituais criados por eles e pode-se pensar quem as
estes rituais tinham fins
propiciatórios. fazia: eram os homens ou
as mulheres?
Ao observar suas Como não há registros de
realizações pode-se inferir qualquer outro meio de
quais as motivações que os interação ou comunicação entre
estimulavam e, a partir daí, os seres humanos da pré-
tentar entendê-lo e história, diz-se que a Arte é a
compreendê-lo um pouco primeira manifestação interativa
mais a respeito de seu criada pela humanidade.
comportamento e de sua Embora o que se chama de Arte
índole. hoje em dia não corresponda
O ser humano é um ente necessariamente ao que os
social e, portanto, depende motivou a produzir as primeiras
dos demais para sobreviver, imagens, mas pode-se dizer que
dentro e fora de seu grupo. as estratégias discursivas,
Muito daquilo que realiza técnicas ou conceituais, usadas
produz efeitos de sentido para produzi-las ainda estão
junto ao seu grupo, seja presentes no contexto da Arte
para comunicação Visual como recursos técnicos e
interpessoal ou coletiva. expressivos.
Por isso chamar de Arte às Obviamente as imagens
imagens produzidas pela chamadas de Arte desde os
humanidade ao longo do primeiros tempos da
tempo não é muito humanidade não atendem
estranho, pois desenhos, exclusivamente ao que
esculturas, pinturas, entendemos atualmente por
incisões e outros modos de Arte, mas se aproximam
configurar a Arte Visual disso e por falta de uma
ainda fazem parte do melhor compreensão do
contexto estético da Arte contexto, vamos considerar
como a vemos hoje em dia. que a História da Arte revela
Assim, por inferência, as transformações plásticas,
chamamos as imagens estéticas e conceituais
produzidas desde então de daquilo que chamamos Arte
Arte. Visual hoje em dia.
O que é Arte?
Uma das primeiras No senso comum, quando
questões que afetam o se fala em Arte entende-se
entendimento e a Arte Visual, dificilmente
compreensão da Arte é alguém ao ouvir esta
saber se algo é Arte ou palavra irá associar à
não. Esta foi sempre um Música, ao Teatro, à Dança,
à Literatura ou ao
ponto nevrálgico da
Audiovisual. Esta é uma
compreensão da Arte concepção superficial e
Visual. Digo Arte Visual restritiva do que é, de fato,
para ficar apenas nesse Arte, mas é o mais comum,
contexto, pois Arte é tudo portanto é necessário
o que o se humano usa informar melhor a sociedade
para expressar para melhorar seu
esteticamente suas ideias, entendimento. Para isto é
valores, concepções e que se formam professores
proposições. em Arte.
A responsabilidade para No campo da Arte, esta
esclarecer a população, preocupação deve ser um
educar, instruir, orientar é dos principais objetivos da
dever da Educação. O formação de profissionais,
problema é que a sejam eles produtores ou
Educação nacional é educadores.
muito precária e tem Para tanto é necessário
muitas dificuldades para construir um processo que
se estruturar e estabilizar, contribua para o
portanto, conta com o desenvolvimento cultural
esforço coletivo daqueles da sociedade. Parte de
que se preocupam com nossa missão institucional,
isto para atingir seus como docentes, discente e
objetivos de melhorar as futuros profissionais
condições sociais da contribuir para que isto
atualidade. aconteça.
Observem a sequência de A grande questão que
imagens a seguir: elas sempre incomoda é saber
correspondem a o que é ou não Arte.
manifestações artísticas Muitos estudiosos,
que ocorreram ao longo filósofos, estetas, artistas,
do tempo na História da historiadores, sociólogos e
Humanidade, desde os tantos outros profissionais
primeiros momentos até procuraram, em suas
os dias atuais. áreas de conhecimento, a
Percebam que, tais resposta para esta
manifestações, não são questão, então vale a
sempre iguais, têm pena iniciar esta disciplina
aparências, estilos, com uma sequência de
características formais e Obras perguntando: Isto é
materiais diferentes. Arte?
Para fins pedagógicos é Embora isto soe como a
possível sintetizar um reiteração do óbvio, uma
conceito que dê conta tautologia que parece
daquilo que se pode afirmar algo que já se
entender por Arte: sabe por princípio ou
pressuposto, mas serve,
pelo menos, para iniciar
“A ARTE É A uma discussão em torno
MANIFESTAÇÃO do conceito e
ESTÉTICA DA entendimento da Arte
HUMANIDADE” Visual.
É necessário entender
algumas premissas para
compreender o todo.
O primeiro ponto é admitir Portanto, a Arte só existe
que a Arte só existe por consubstanciada,
meio de uma manifestação enformada, constituída,
sensível, estésica, configurada, realizada como
acessível aos sentidos e ao tal, ou seja, manifesta por
sensível. meio de sua estrutura
constitutiva e significativa.
É impossível intuir ou
Entretanto, não é qualquer
imaginar o que seja uma
manifestação que se admite
obra de arte sem tê-la ou como Arte, mas sim um tipo
vê-la constituída por meio especial de manifestação,
das substâncias e aqui entendida por
qualidades que a compõem Manifestação Estética e,
e determinam, pois são consequentemente,
elas que lhe dão existência realizada por meio de uma
no mundo. Poética.
Tal manifestação advém É, portanto, o estésico
do sensório, do sensível, valorado que se constituiu
do estésico, daquilo que no que chamamos
apreendemos como Estético e, por isto é
ocorrência perceptível no considerada como
mundo e, além disso, manifestação artística.
como manifestação aos Portanto, não é a qualquer
sentidos que se torna manifestação que
também ocorrência chamamos de estética,
operada, valorada, mas sim às manifestações
transformada pelo ser que colocam em discurso
humano em qualidades ou problematizam as
sensíveis que dão origem questões da arte, de seu
à sua existência estética. fazer e de seu existir.
Logo, a manifestação da Arte Em busca do conhecimento
é a manifestação estética e vários teóricos como
não outra qualquer. estudiosos da arte,
Ao mesmo tempo e por historiadores e críticos
discutem as transformações
consequência disso é, acima e rupturas pelas quais a Arte
de tudo, uma manifestação passou ao longo do tempo
humana, já que sua presença no intuito de conhecer suas
nas diferentes civilizações que manifestações e verificar os
ocorreram no tempo e no resultados que elas causam
espaço de nossa história foi no Sistema de Arte como
capaz de revelar a índole, as um todo. Um dos teóricos
características e a que sintetizou estas
personalidade de cada uma transformações foi
transformações foi Nelson
destas culturas e civilizações. Goodman:
Ao dizer que
a questão não é
perguntar
O Que
é Arte, mas
Quando
é Arte.
Neste mesmo sentido,
Frederico Moraes,
historiador e crítico de
Arte brasileiro, resgata,
ao longo de suas
leituras, várias
interpretações que
tentam esclarecer o que
é Arte no livro cujo título
é significativo:
“Arte é o que eu e você
chamamos Arte: 800
definições de Arte.
Se a função da crítica é Outro aspecto que também
promover análises oblitera também o exercício
especializadas, crítico na
comparativas, criteriosas, contemporaneidade, é o
formal e eruditas que surgimento da Curadoria: um
possam orientar e delimitar processo de gerir mostras e
as questões inerentes à proposições cujo
apreciação e à presença da gestor/curador, um crítico,
Arte, isto também passa a teórico ou artista assume a
ser feito na e pela Arte responsabilidade de olhar,
Conceitual reduzindo ainda selecionar, editar, organizar e
mais um espaço que antes construir leituras sobre a Arte
era ocupado pela crítica reduzindo, ainda mais a
como moderadora ou função da crítica como
estimuladora das reflexões mediadora social.
sobre Arte.
Ao mesmo tempo, os escritos
sobre arte também se
transformam em leitura mais
amena. Will Gompertz
se propõe a discutir as
questões da Arte
instauradas a partir
da Modernidade com humor e
hilações de caráter mais
literário do que histórico ou
crítico, dando um novo tom
para os textos sobre Arte,
tornando-os mais amigáveis e
interessantes para os leitores
É necessário entender que, Observando as
hoje em dia, se convive com transformações pelas quais
todos os tipos de a arte passou num curto
manifestações artísticas: período de tempo, desde
conservadoras e fins do século XIX ao início
inovadoras, em diferentes do século XXI, vê-se que os
categorias, sejam eruditas, desafios enfrentamos desde
populares ou então são complexos e
mercantis/comerciais, logo, evocam ora a tradição e a
a Arte atual não sustenta negação do presente, ora o
classificações fechadas em presente e a negação co
escolas, estilos ou passado. Contudo o que
movimentos mas acredita importa enquanto estudo é
em algo novo, em compreendê-la, esse é o fim
transformação, nas do Ensino de e em Arte
diferenças e em novas Visual.
identidades.
Estes são desafios que se A primeira questão que
revelam por meio das pode se colocar é sobre
proposições empreendidas quem produz Arte ou seja, o
pelas manifestações Artista.
artísticas e,
consequentemente pelas Nem sempre o artista foi o
leituras, contruídas por meio personagem idiossincrático,
das investigações, das individualizado e identificado
pesquisas dos estudiosos e, como se entende hoje em
consequentemente,
mobilizam também dia. Na maior parte do
professores e estudantes no tempo, sempre foi um
campo da Arte. São estes artíficie, alguém que, por
desafios que motivam os qualquer motivo, dominava
estudos nesse campo: tudo certas habilidades, recursos
o que a envolve ou ocorre e estratégias capazes de
nela e em torno dela, construir imagens.
especialmente, a partir da
produção dos artistas.
Esta personalidade é Obviamente o que estou
dotada de meios capazes dizendo não é o que
de plasmar imagens, sempre se pensou sobre o
situações e circunstâncias artista e nem sempre o
que a sociedade chama que o artista fez, mas é
de Arte. É capaz de uma síntese do que ele
inventar, criar, imaginar e pode ser ou como é
dar forma ou existência a entendido no contexto da
coisas que chamamos sociedade.
Arte. É capaz de entender Um artista é alguém que
e atender às demandas opera uma ou mais
sociais nesse campo e poéticas para dar vazão
resolver com maestria ou às suas ideias,
confrontar tais demandas. proposições e
É capaz de dialogar com conhecimentos estéticos
a sociedade e ter voz num momento cultural
própria. numa sociedade.
Isto levou a pesquisadora
Sarah Thornton a buscar,
por meio de entrevistas,
visita aos artistas e seus
estúdios, oficinas, ateliers,
nas galerias e museus em
várias partes do mundo,
uma resposta plausível
para a pergunta: O que é
um Artista?
Enfim, definir os problemas que
instigam esta busca é nossa
grande meta: descobrir se o que
se entende como Arte
corresponde, de fato, ao que
doravante vamos chamar de Arte
e se esta compreensão tem
vigência cultural e é capaz de
attender aos questionamentos
intelectuais que dela decorrem.

Assim, quem sabe, seja possível caminhar em busca da “Emoção


Estética” como Waltércio Caldas sugere em sua obra de 1977.
Nela Waltércio parece buscar ou criar a sensação de suspensão,
mobilização, tensão e surpresa gerada pela interação estética que se
pode ter com as Obras de Arte, esta é minha impressão sobre o
trabalho e, quem sabe, possa ser a meta de todos que apreciam e
trabalham com Arte!
Recomendações de atividades para Questões sobre este tópico e suas
complementar, reforçar e ampliar os leituras:
conteúdos deste tópico.

Leituras: 1) Qual é a posição de Gombrich em


relação à beleza de uma obra e de
http://www.artevisualensino.com.br/inde seu tema e entre gosto e beleza?
x.php/textos
2) O que Gombrich fala em relação a
“regras”?
GOMBRICH, Ernest. A história da Arte
– Introdução: sobre arte e artistas, p. 6 3) Como Hodge define “Movimentos”
a 18. e “Temas”?
HODGE, Susie. Breve História da Arte 4) Descreva o que foi dito sobre:
– Introdução, p 6 a 8. Estilo, Escola, Movimento,
Tendência, Poética, Gênero e
Tema neste tópico.
Multimídia e/ou Tutoriais:
5) Como Imagem e Arte foram
http://www.artevisualensino.com.br/index.php/mul
timidia/audiovisuais definidas neste tópico?
Aurora da humanidade - 2001 Kubrick
Download

Você também pode gostar