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E-commerce

Varejo no metaverso
Da evolução dos NFTs a experiências de compra imersivas,
programas de fidelidade com criptomoedas e comércio
D2A (direct-to-avatar), esta matéria analisa como o
metaverso está criando novas fontes de receita e
oportunidades para o mercado de varejo.

WGSN Insight Team


11.22.21 · 16 minutos

Republic Realm
Resumo
A evolução do metaverso apresentará uma série de oportunidades comerciais
para o setor de varejo. Nos próximos anos, a "metaconomia" dará abertura a um
mundo de novos produtos, recursos de venda e canais de distribuição.

Embora um terço da população dos EUA ainda não conheça o termo 'metaverso', ele
vem se popularizando graças ao Facebook. Em outubro de 2021, a rede social
dominou as manchetes após mudar seu nome para Meta, parte do seu plano de
abandonar o mercado das redes sociais e se tornar uma empresa do metaverso. Em
novembro, a Microso anunciou o lançamento de seu próprio metaverso: batizado
como Mesh, a plataforma interativa é voltada para o público corporativo.
Grandes nomes de outras indústrias já estão se preparando para a vida digital. A Nike
já registrou patentes de algumas das suas criações digitais, entre elas o
"cryptokicks", sistema de lançamento de tênis digitais, e uma série de modelos
virtuais que serão vendidos como NFTs. A empresa também inaugurou o Metaverse
Studio, e está recrutando "meta-funcionários" para sua equipe.
A WGSN vem acompanhando o crescimento do metaverso ao longo dos últimos três
anos, apontando oportunidades de investimento em segmentos como mundos
virtuais, realidade aumentada (RA) e virtual (RV), NFTs, jogos e blockchain. Em
agosto, nós estreamos uma série de matérias sobre o metaverso que analisam as
oportunidades de negócio dentro do cenário virtual. Na matéria Marketing no
metaverso, exploramos como marcas estão usando esses mundos virtuais como um
canal de comunicação e engajamento. Nesta matéria, a segunda da nossa série, nós
analisamos o potencial do metaverso como ferramenta de varejo, partindo de Ready Player Me x Dior
estudos de caso para apontar oportunidades de venda e explorar estratégias que
vão do comércio descentralizado a shoppings no metaverso.

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Resumo: varejo no metaverso
Novas tecnologias estão ajudando marcas e
varejistas a aproveitar as opções de comércio e
comunicação oferecidas pelo metaverso.

A lista inclui tecnologias como blockchain, realidade


aumentada (RA) e virtual (RV), computação espacial,
criptomoedas e finanças descentralizadas (DeFi),
comércio descentralizado (dCommerce), tokens não
fungíveis (NFTs), identidades digitais (ou avatares) e
organizações autogovernadas conhecidas como DAOs
(organizações autônomas descentralizadas).
A liberdade, criatividade e acessibilidade oferecidas por
essas ferramentas irão aumentar o engajamento e a
escalabilidade das empresas de varejo. Na próxima
década, essas tecnologias irão evoluir e introduzir novos
canais de distribuição e fontes de renda, como lojas
virtuais imersivas, marcas descentralizadas, programas
de fidelidade com NFTs e a economia D2A, modelo de
negócios emergente que vende produtos diretamente
para avatares..

Dan Matutina for Wired

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O mercado de NFTs
Além de provar que os NFTs não são apenas imagens
colecionáveis, novas estratégias mostram como as
marcas podem usar esses tokens digitais para
aumentar suas vendas, incentivar a delização e
impulsionar o engajamento do público.

Os NFTs, imagens digitais colecionáveis que carregam


características únicas e costumam ser comercializadas
através da plataforma Ethereum, cimentaram a
presença das criptomoedas no imaginário popular. Após
um breve período de queda na segunda metade de 2021,
a venda de NFTs cresceu 704% (US$ 10,67 bilhões) no
terceiro trimestre em comparação com o trimestre
anterior.
Conforme destacamos na matéria Cultura jovem 2021, o
poder do NFT vem causando um impacto enorme no
cenário cultural. Hoje, tudo pode ser tokenizado e
vendido: de nomes de domínios descentralizados e itens
de jogos a tweets e memes. À medida que o blockchain
(que verifica a autenticidade dos NFTs) e os tokens
digitais passam a fazer parte da cultura de massa,
surgem novas formas de combater a falsificação e Alex Castro for The Verge
garantir o engajamento do público, como souvenirs
digitais, brindes tokenizados e itens digitais
colecionáveis.

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NFTs ontem: 40% dos Millennials nos EUA sabem o NFTs hoje: o público se sente sufocado pela NFTs amanhã: o uso de NFTs está se diversificando.
que são NFTs, 38% dos consumidores do país acreditam quantidade de marketplaces, carteiras de investimento, Para garantir a longevidade dos seus investimentos, as
que eles são um bom investimento e 27% deles dizem já vendedores e blockchains disponíveis, sem saber por marcas devem fugir do óbvio e explorar todas as
ter comprado algum token. Com as redes sociais onde começar e em quem confiar. Além disso, muitos aplicações dessa tecnologia. Entre outras funções, os
liderando esse debate, fatores como popularidade, acreditam que o mercado de NFTs não é compatível tokens digitais podem funcionar como certificados de
medo de ficar de fora da última moda e a influência de com sua renda. Algumas marcas conseguiram se autenticidade criptografados, garantindo a procedência
figuras públicas aumentaram a curiosidade do público. aproveitar dessa curiosidade. Esse é o caso da Clinique, de bens de consumo, transações, brindes e vouchers.
Muitas marcas recorreram a marketplaces de NFTs que usou essa tecnologia para criar um programa de
O grupo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, o Prada
para lançar seus próprios tokens não fungíveis, recompensas e aumentar sua fidelização. Como parte
Group e a Compagnie Financière Richemont se uniram
seguindo os passos de artistas visionários que lucraram da iniciativa Smart Rewards, a marca lançou um
para criar o Aura Blockchain Consortium, plataforma de
com essa tecnologia (uma obra do artista Beeple, por concurso que premiará três ganhadores com uma NFT blockchain que oferece uma solução única para marcas
exemplo, foi vendida por U$ 69 milhões em um leilão e kits de produtos da marca pelos próximos 10 anos.
de luxo que querem combater a falsificação.
em março). Esse sucesso incentivou marcas de quase Algumas marcas vêm usando essa tecnologia para
todas as áreas – entre elas a Pizza Hut Canadá, Coca- A próxima evolução do mercado de NFTs terá início no
educar colecionadores e cumprir suas metas de
Cola, Bratz, Mattel Hot Wheels, NARS Cosmetics e a carrinho de compras, com o surgimento de novos
sustentabilidade, para tanto investindo em blockchains protocolos que permitem aos varejistas acrescentar
Charmin, marca de papel higiênico da Procter & Gamble mais sustentáveis e lançando NFTs menos poluentes
– a surfar na onda dos NFTs para criar estratégias de tokens a produtos físicos, criar NFTs comemorativos e
através do protocolo PoS. A equipe de automobilismo desenvolver serviços que irão aumentar o engajamento
venda e marketing experimentais e lucrativas.
McLaren Racing lançou suas NFTs através do do público e criar novas fontes de renda.
blockchain Tezos, criando, assim, uma conexão mais
direta e íntima com seus fãs.

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“Quando começamos a analisar essa
possibilidade, consideramos criar uma
obra de arte que a gente pudesse vender,
mas entendemos que esse não era o
futuro dos NFTs e que, sinceramente, isso
não combinava com nossa marca. Nosso
objetivo é recompensar o consumidor por
sua delidade e dar a ele algo que vai além
de uma oportunidade digital."

Carolyn Dawkins, vice-presidente sênior, Clinique Global Online

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Souvenirs digitais
Com a popularização dos tokens de participação, conhecidos na sigla original
como POAPs, o antigo lema "se não tem foto, não aconteceu" será em breve
atualizado para "se não virou token, não aconteceu".

Cada vez mais usados por organizadores de eventos e nas comunidades Web3
(também conhecida como Web 3.0), os POAPs são souvenirs digitais em formato NFT
hospedados no xDai, uma sidechain sustentável compatível com a criptomoeda
Ethereum. Embora outras versões dessa tecnologia já existam, o POAP é o protocolo
mais difundido dentro das comunidades Web3.
Criados inicialmente para registrar eventos importantes (como uma agenda do
Facebook para o blockchain), os POAPs também podem ser utilizados no segmento
empresarial. Essa tecnologia já foi usada por marcas como a ATARI, em shows
virtuais (como o Decentraland Metaverse Music Festival) e em conferências como o
NFT NYC, onde empresas e vendedores locais organizaram uma 'caça ao tesouro' de
POAPs que culminou numa rifa e aumentou o movimento de uma série de lojas
físicas e digitais.
Como os P OAPs p odem s er us ados no varejo? Esses tokens se adaptam muito
bem a estratégias de venda clássicas. Eles podem ser usados como brindes na
compra de produtos exclusivos ou como souvenirs de eventos físicos, como
liquidações, conferências, shows, palestras, ativações e campanhas em lojas físicas.
Quando uma marca ou organizador cria um POAP, ele tem a opção de anunciar seu
evento no calendário do sistema, que é aberto ao público e à comunidade POAP.
Decentraland
Entre outras funções, os tokens digitais podem facilitar o acesso a bases de dados,
aumentar a fidelização e coletar informações. Os POAPs também são uma ótima
ferramenta de engajamento, visto que eles oferecem uma série de serviços
integrados, como chats privados, rifas e competições.

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Tokens como brindes e chaves de acesso VIP
Com a integração das plataformas de blockchain com o e-commerce,
vendedores que desejam despertar a curiosidade do público em relação aos
NFTs não precisam mais depender de marketplaces especializados.

Uma plataforma de distribuição de NFTs e blockchain sustentável, a Sweet (hoje


associada à Polygon, uma sidechain escalável compatível com Ethereum) é
especialista em democratizar e otimizar o acesso a NFTs. Hoje integrada ao app
Shopify, a Sweet ajuda marcas, varejistas e artistas a vender NFTs por meio de lojas
virtuais já existentes.
Usando o sistema da Sweet, marcas podem gamificar seu e-commerce através de
ativações, tokens escondidos e brindes que podem ser trocados por itens ou
serviços físicos e digitais. Diferente da estratégia centralizadora adotada pela
maioria dos blockchains, a abordagem da Sweet permite que seus NFTs sejam
tokenizados em qualquer plataforma.
Essa é uma mudança importante tanto para varejistas quanto para o público, que
ganha a oportunidade de comprar itens virtuais através de uma plataforma conhecida
(no caso o Shopify), dentro de uma experiência de marca, usando um carrinho típico
de e-commerce e sem o trabalho de criar uma carteira de criptomoedas. Com essa
tecnologia, varejistas que querem entrar no mundo dos itens colecionáveis podem
agrupar tokens digitais a compras físicas ou vendê-los separadamente.

Sweet

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A Superplastic, marca que vem revolucionando o
mercado de animações colecionáveis, anunciou uma
série de benefícios para compradores de NFTs (a
empresa diz ter lucrado US$ 7 milhões coma venda de
tokens colecionáveis em 2021). Os benefícios incluem
acesso VIP a lojas físicas e virtuais e restaurantes. A
empresa também está construindo lojas físicas que
contarão com uma seção de produtos exclusivos para
proprietários de NFTs.
Já a Exclusible, uma startup de NFT voltada para o
mercado de luxo, tem como objetivo se tornar a ʻNet-a-
Porter dos NFTsʼ. O lançamento da sua primeira coleção
de NFTs serviu para aumentar seu capital, atrair o
público e criar uma lista de entusiastas de marcas de
luxo. Para chamar a atenção desse mercado, a marca
usou a linguagem característica do meio, se referindo
aos seus NFTs como "uma chave de acesso exclusiva aos
próximos lançamentos das nossas marcas de luxo
parceiras.”

Superplastic

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Comércio descentralizado
Uma resposta aos problemas enfrentados por empresas e vendedores nos
sistemas de e-commerce tradicionais, o comércio descentralizado
(dCommerce) se vale da transparência do blockchain e dos contratos
inteligentes para dar mais poder aos pequenos negócios.

Se as finanças descentralizadas se popularizaram graças à demanda dos


consumidores por alternativas mais justas e colaborativas ao tradicional sistema
financeiro, o comércio descentralizado aplica essa mesma ideia ao varejo.
No e-commerce tradicional, compradores e vendedores costumam pagar
intermediários para legitimizar transações e arcar com possíveis riscos. Em geral, os
vendedores acabam presos a esses intermediários, que podem ser o eBay, Amazon,
Etsy, Meta (Facebook), Stripe, PayPal, Shopify ou qualquer outro gigante do e-
commerce que media vendas e oferece uma garantia de segurança.
Esses intermediários têm suas desvantagens. Os maiores deles controlam os preços
do mercado, as redes de distribuição, as opções de pagamento e as cadeias de
abastecimento. Além disso, os vendedores sofrem com restrições, taxas e perda de
autonomia e visibilidade. Questões éticas também são um possível problema.
Embora novo, o comércio descentralizado oferece uma solução para as questões
acima. No entanto, ele inspira uma nova pergunta: 'como posso confiar em você se
você não tem uma identidade?' A resposta é através de várias camadas de
responsabilidade, stakes e compromissos: o dCommerce usa tecnologias de
rastreamento via blockchain, inteligência artificial, compartilhamento opcional de
@umby for Unsplash
dados e contratos inteligentes que firmam uma relação de segurança entre
vendedor e comprador (que não serão vistos pelo usuário final).

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O Boson Protocol é uma plataforma descentralizada com protocolos detalhados
sobre automação, redução de riscos e execução de contratos tokenizados. O sistema
usa NFTs codificados com base na teoria dos jogos, que prevê as variáveis de futuros
contratos. Seu objetivo é conectar o comércio virtual a uma variedade de sistemas de
pagamento e bases de dados, criando incentivos que aumentam a segurança e
igualdade desses sistemas, diminuem custos e ajudam negócios a crescer.
Construir uma boa reputação pode ser um processo demorado, especialmente para
pequenos negócios presos a sistemas centralizados de avaliação, algoritmos de
busca ou plataformas de vendas. Por meio do sistema de verificação do blockchain, o
dCommerce permite que transações – assim como detalhes da cadeia de produção –
sejam registradas em um ledger (comumente traduzido como livro-razão) digital
para aumentar a confiança do consumidor no curto e longo prazo. O comércio
descentralizado também permite que vendedores aceitem pagamentos em moedas
fiduciárias, criptomoedas e ativos digitais.
O uso de NFTs como solução para problemas logísticos é uma mudança relevante.
Uma nova parceria entre o provedor de tecnologia varejista Qbuster Technologies e
a Dynamo Foundation utiliza NFTs e a plataforma de blockchain Dynamo para
substituir SKUs, cupons, recibos e tíquetes, autenticar compras e rastrear itens,
etapas da cadeia de suprimentos e históricos de transações. Essas tecnologias
revolucionárias criarão um sistema de transparência e igualdade raramente visto
entre os gigantes do e-commerce, dando aos fornecedores e vendedores mais
controle sobre seus dados, estoque, formas de pagamentos e reputação.
Boson Protocol

“O que vai acontecer se gigantes como a Amazon continuarem a


controlar as redes de distribuição? Elas vão acabar dominando
todo o mercado, o setor de nanças e as cadeias de suprimentos.
O objetivo da Boson é construir a infraestrutura necessária para a
criação de um novo tipo de economia".

Justin Banon, cofundador, Boson Protocol

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Mercado gital
Para atrair um público cada vez mais afeito ao e-commerce, as lojas físicas
estão oferecendo experiências que vão além da compra. Hoje, novas tecnologias
já ajudam a unir esses dois canais de vendas.

Os eventos de 2020 e 2021 aceleraram a adoção global do e-commerce, fazendo das


compras online uma nova experiência. Apesar dessas mudanças, muitos
consumidores ainda se sentem divididos na hora de escolher onde comprar. Nos
EUA, 46% das pessoas prefere comprar em lojas físicas, enquanto consumidores
britânicos e chineses demonstram uma predileção pelas compras virtuais.
À medida que tecnologias como renderização, realidade aumentada (RA) e realidade
virtual (RV) se tornam mais baratas e acessíveis, cresce o número de ferramentas
capazes de integrar experiências virtuais e físicas, tanto na internet quanto na vida
real. Nesse cenário, as empresas mais preparadas irão criar experiências figitais
(mistura de 'físico' e 'digital') inesquecíveis e adequadas à sua marca, atendendo às
demandas do consumidor de forma natural.
Provando que lojas físicas têm seu lugar no metaverso, Mark Zuckerberg anunciou
que a Meta planeja abrir espaços físicos de varejo a fim de criar um senso de
“curiosidade e proximidade". Essa iniciativa mostra como o papel das lojas físicas está
mudando – hoje, muitas delas funcionam mais como um centro de experiência e canal
alternativo de mídia e conteúdo.
A Etsy entrou no mercado de lojas digitalizadas com o lançamento da The Etsy
House. Hiper-realista, a casa renderizada é decorada com itens vendidos na
Facebook
plataforma Etsy. Os consumidores podem passear pelos cômodos da casa e clicar
em itens para obter informações, fotos, links para compra e acessar uma ferramenta
3D que permite vê-los de todos os ângulos.

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Em outubro, a Selfridges se uniu à designer Charli
Cohen para lançar uma experiência de compra figital em
comemoração dos 25 anos da franquia Pokémon. O
lançamento aconteceu no Electric/City, um mundo
virtual que convidava usuários a criar avatares, provar
roupas digitais com ajuda de um filtro do Snapchat e
comprar itens através do blockchain. A marca também
organizou um evento presencial em uma das suas lojas
para ajudar seus clientes a criar carteiras de
investimentos digitais.
Como analisado na matéria Dia dos Solteiros 2021, o
metaverso é uma boa forma de atrair consumidores
chineses interessados em novidades. O Alibaba, gigante
do e-commerce chinês, inaugurou sua Exposição de Arte
do Metaverso nas plataformas Taobao e Tmall.
Apresentado por Ayayi, a avatar digital da marca, o
evento virtual ofereceu aos consumidores a
oportunidade de comprar NFTs criados por marcas
como Burberry, Coach e Longines.

Pokémon, Selfridges, Yahoo, Charli Cohen

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Venda direta para avatares (D2A)
O comércio D2A é um modelo de varejo emergente que criará novas
oportunidades de investimento dentro do metaverso, mercado que deve
movimentar US$ 400 bilhões até o ano de 2025.

Inspirado em estratégias usadas há décadas nas plataformas de games, onde


jogadores podem comprar "skins" para expressar sua individualidade, o D2A é um
modelo de comércio focado na venda de itens digitais para avatares.
O crescimento desse mercado está ligado ao avanço das plataformas imersivas. De
um lado temos jogos como o Roblox, Fortnite e Animal Crossing, ou apps menos
populares como o Aglet (conhecido como o 'Pokémon Go dos tênisʼ). Ainda que
startups como a Crucible estejam desenvolvendo tecnologias que permitem usar
um mesmo avatar em diferentes sistemas, no momento as marcas estão limitadas a
um número reduzido de plataformas (recomendamos pesquisar as parcerias entre a
Louis Vuitton e o League of Legends, a Gucci e o Roblox e a Balenciaga e o Fortnite).
A venda de itens digitais vem movimentando grandes quantias no mundo real. A
RTFKT vendeu 600 pares de tênis digitais em menos de 10 minutos por US$ 3,1
milhões, enquanto uma bolsa Gucci virtual foi revendida por US$ 4.115 dentro do
jogo Roblox, valor quase US$ 800 maior do que o cobrado por sua versão física.
Conforme os residentes do metaverso passam a viver dentro desses mundos digitais,
seus avatares exigirão espaços virtuais elegantes, abrindo as portas para marcas de
outras áreas além da moda. Andrés Reisinger, um designer radicado em Barcelona,
vendeu 10 móveis virtuais em um leilão de NFTs, totalizando um valor de mais de
US$ 450 mil. Embora apenas cinco deles fossem vinculados a móveis no mundo real, Gucci
todos podiam ser usados em metaversos abertos como o Decentraland ou o
Somnium Space. Hoje, os marketplaces de NFTs vendem centenas de itens virtuais,
entre eles plantas, carros e tapetes.

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O mercado de itens digitais também é interessante do
ponto de vista sustentável. Estima-se que o modelo DTC
tenha reduzido as redundâncias da cadeia de
suprimentos em 40%, mas o comércio DTA promete
abolir todas as etapas do atual sistema de produção.
Esse modelo de vendas dá às marcas a chance de testar
protótipos e designs sem a necessidade de produzi-los
ou transportá-los, além da oportunidade de vincular
vendas de produtos virtuais e reais.
Para participar dessa revolução, algumas instituições
financeiras estão trabalhando diretamente com
expoentes do metaverso. A operadora de crédito sul-
coreana Shinhan Card se uniu a Naver Z, criador do
metaverso coreano Zepeto, para lançar um cartão pré-
pago que pode ser usado no mundo virtual e real.
Apesar de controversa, esse tipo de parceria tem um
grande valor estratégico para as marcas: o Zepeto, por
exemplo, já conta com mais de 200 milhões de usuários,
80% deles com idades entre 10 e 20 anos.

Zepeto

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Shoppings no metaverso
Nos próximos anos, o varejo virtual interativo e imersivo se tornará muito mais
do que uma curiosidade.

Conforme o metaverso amadurece, aqueles varejistas que buscam expandir sua


presença no mundo virtual ganharão acesso a novos pontos de venda. Embora já
existam lojas no Decentraland, o preço dos terrenos e imóveis virtuais (conhecidos
dentro da plataforma como LAND) está em alta, variando entre US$ 3 mil e US$ 60
mil. Em junho, uma empresa de investimento com sede nos Estados Unidos comprou
259 terrenos virtuais por US$ 913.228,20, o maior valor gasto numa transação do tipo
até hoje.
A Republic Realm, uma empresa de investimentos especializada em NFTs que
compra e constrói imóveis digitais, adquiriu um terreno no Decentraland que hoje
abriga o Metajuku, um centro comercial virtual inspirado no bairro de Harajuku em
Tóquio. Na data de seu lançamento, o centro comercial já contava com uma série de
lojas, como as das marcas de moda digital Tribute Brand e DressX. Os usuários
podem entrar nessas lojas e conhecer seus produtos, sendo direcionados ao e-
commerce da marca ao clicar no item escolhido.
Desenvolvido no sudeste asiático, a RFOX VALT é uma experiência de compras
imersiva semelhante a um shopping que mistura RA, RV, NFTs, entretenimento e e-
commerce gamificado. Com mais de 120 lojas, a plataforma contará com ativos,
outdoors e itens em forma de NFTs. O espaço também terá seções temáticas, como
o Callinova, área dedicada à venda e compra de obras de arte.
Republic Realm
Assim como no mundo real, marcas interessadas em comprar imóveis no metaverso
devem levar em consideração fatores como localização, design de loja, experiência
de cliente e uma estratégia de comunicação multicanal para garantir bons
resultados.

"No mundo real, os shoppings estão perdendo locatários e lojas à


medida que as marcas migram para o mundo virtual. Enquanto
isso, shoppings virtuais estão sendo construídos no metaverso,
parte de uma indústria crescente conhecida como 'de-
15 commerce'".

Janine Yorio, co-diretora, Republic Realm


Criptocomércio
Fatores como falta de experiência, uma cotação instável e dúvidas na hora de
declarar o imposto de renda impedem muitos varejistas de investir nas
criptomoedas. Felizmente, alguns serviços prometem facilitar essas transações.

Investir em criptomoedas é uma boa estratégia comercial, especialmente nesse


momento de forte adesão pública. De acordo com o Mastercard New Payments
Index, 77% dos Millennials estão interessados em aprender mais sobre
criptomoedas, e 75% disseram que usariam criptomoedas se as entendessem
melhor.
Para atrair jovens entusiastas do mundo cripto, a Pacsun se tornou a primeira marca
de moda jovem a aceitar pagamentos em criptomoedas via BitPay. Para anunciar essa
mudança, ela está lançando uma campanha com influenciadores no TikTok e no
Instagram. As marcas de relógios Franck Muller e Hublot lançaram produtos que só
podem ser comprados com Bitcoin, enquanto o Walmart lançou um programa-piloto
em 200 lojas selecionadas onde clientes podem comprar Bitcoin em um dos
quiosques da Coinstar. O programa faz parte de uma iniciativa entre a Coinstar e a
corretora de criptomoedas Coinme que visa vender Bitcoins em mais de 8 mil
quiosques e caixas eletrônicos espalhados pelos EUA.
Fruto de uma parceria entre a Bakkt e a MasterCard, clientes da operadora hoje
podem comprar, vender e guardar ativos digitais por meio de criptocarteiras com
custódia e cartões de débito e crédito. A MasterCard também usará essa tecnologia
em seus programas de fidelidade, permitindo que seus clientes ganhem e gastem
criptomoedas em vez dos tradicionais pontos de fidelidade. O Bitpay, carteira de PacSun
criptomoedas e app de transações, agora oferece um cartão de crédito pré-pago
com bandeira MasterCard que pode ser recarregado com criptmoedas e usado em
transações tradicionais, incluindo pagamentos por aproximação e saques em caixas
eletrônicos.

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1 234
Pontos de ação

Crie estratégias para o Ofereça treinamentos para que Aposte em experiências em 3D, Interaja com nativos digitais em
metaverso o quanto antes sua equipe compreenda essa RA e RV seus próprios espaços
  tecnologia

A indústria do varejo está mudando Essas novas tecnologias podem ser O metaverso irá popularizar o uso de Como as comunidades Web3 ainda são
rapidamente. Quais problemas podem complexas, confusas e voláteis. gráficos 3D, realidade aumentada (RA) e muito novas, marcas que dedicarem
ser resolvidos com a ajuda de Varejistas interessados nas virtual (RV), tornando essas tempo para conhecer esses espaços
ferramentas digitais? Analise como o oportunidades de lucro oferecidas pelo experiências digitais mais acessíveis, terão uma visão mais clara das
metaverso e suas novas tecnologias metaverso devem implementar baratas e triviais do que nunca. necessidades, vocabulário e desejos
podem auxiliar seu negócio e melhorar programas de treinamento para garantir Varejistas que desejam investir no desse público. Isso irá ajudá-las a se
a experiência dos consumidores. que as informações sobre essas comércio em 3D ou RA estarão à frente comunicar de forma eficiente e criar
ferramentas cheguem até o público da competição, oferecendo uma estratégia de vendas autêntica,
numa linguagem acessível. experiências imersivas e divertidas que valiosa e com resultados duradouros
adicionam valor às suas transações.

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