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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Escola de Engenharia
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MATERIAL DE APOIO

AULA 13 – Prevenção de defeitos em solda GTAW

1 Introdução

Nesta aula, serão abordadas as atitudes a serem tomadas para prevenir o


aparecimento dos principais defeitos possíveis da solda GTAW. Sob essa
perspectiva, é preciso que o operador saiba identificar a quais defeitos o material
esta mais susceptível em cada operação.
Com isso, a partir do conhecimento dos parâmetros de operação e do
desenvolvimento de determinados hábitos, é esperado que o soldador consiga
evitar o aparecimento de defeitos em seu processo.

2 Prevenções dos defeitos:


2.1 Porosidade

 Realizar a limpeza da superfície:


Essa ação deve ser um hábito do soldador antes de executar qualquer processo
de soldagem. Essa medida tem o objetivo de eliminar quaisquer impurezas, como:
poeira, tintas, ferrugem e graxa, que podem favorecer a permanência de
contaminantes causadores de porosidades no cordão de solda. Dentro desse
enfoque, essa ação deve servir para retirar a umidade presente na peça, que
poderia gerar poros devido a mistura de vapor e metal liquido.
 Regular adequadamente a vazão de gás de proteção:
O operador deve regular, através do regulador de pressão, a vazão do gás de
modo que ela não seja excessiva, em que é desejável que não haja turbulência de
gases na região da poça de fusão, para evitar a mistura de gases e metal líquido.

2.2 Tensão Residual


 Pré aquecer a peça a ser soldada:
Ao pré aquecer o material a ser soldado, a velocidade de resfriamento é reduzida e
consequentemente haverá um menor gradiente térmico na peça.
 Realização do tratamento térmico de Alívio de tensões:
Esse tratamento térmico se baseia na redução do limite de escoamento com o
aumento da temperatura, em que ao atingir a temperatura na qual as tensões
residuais se igualam a tensão de escoamento, a peça deforma e alivia essas
tensões.
 Optar por chapas menos espessas:
Geralmente chapas de menor espessura acumulam menores gradientes térmicos,
dessa forma, estão menos susceptíveis a tensões residuais.
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2.3 Falta de Fusão

 Elevar os parâmetros de soldagem:


O uso de tensão e correntes baixas na fonte pode não ser suficientes para gerar a
fusão e penetração desejadas. Assim, esses parâmetros devem ser selecionados
acima de valores mínimos para cada aplicação.
 Optar por peças menos espessas:
Chapas com maiores espessuras exigirão maiores taxas de fusão e deposição de
material, dessa forma, estão mais propensas a sofrerem falta de penetração e
fusão.
 Diminuir a concentração de Argônio na mistura gasosa:
Uma característica do argônio que pode favorecer esse tipo de defeito é que ele
promove um cordão de solda mais largo porém com menos penetração. Com isso,
em chapas mais espessas é interessante optar por misturas com maiores
concentrações de Hélio ou Hidrogênio em sua composição.

2.4 Trincas
2.4.1 Trincas a quente

 Selecionar o metal de adição ideal para o processo:


Nesse sentido, é desejável que o material de adição tenha propriedades térmicas o
mais próximo possível da peça a ser soldada. Além disso, é interessante usar
metais de adição com concentração de elementos de liga, alta em manganês, por
este aumentar o limite elástico do material e baixa em enxofre e fósforo, por estes
fragilizarem o material.
 Usar tensões de soldagem mais baixa
O uso desse parâmetro em níveis mais baixos diminui o aporte térmico na peça a
ser soldada, evitando assim a fragilização da região do cordão de solda.

2.4.2 Trincas a frio

 Pós aquecer a peça e ser soldada:


Essa medida promove uma difusão do hidrogênio após o processo, permitindo que
ele seja expulso da peça. Assim, a peça ficará menos comprometida com as
possíveis trincas por hidrogênio.
 Oferecer uma atmosfera com menor teor de Hidrogênio:
Dentro desse enfoque, é preciso que o ambiente seja menos exposto ao
hidrogênio, o que vale inclusive evitar ambientes úmidos, além de utilizar uma
proteção gasosa com uma concentração baixa ou nula de hidrogênio.
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 Soldar com menor grau de restrição da peça:


Essa medida tem como foco evitar o aparecimento de tensões residuais na peça,
visto que restrições a esta podem causar deformações não uniformes ao material.

2.5 Corrosão

 Realizar a limpeza da superfície:


Esse procedimento visa retirar da superfície umidade e contaminantes, como
substâncias ácidas, que possam reagir quimicamente com o metal e provocar
corrosão na peça soldada.
 Verificar o aterramento da peça a ser submetida ao processo:
Dessa maneira, é preciso evitar a ocorrência de correntes em fuga no material a
ser soldado, visto que isso poderia favorecer ao aparecimento de corrosão na
superfície do material ou até mesmo furos em certos casos.
 Aumentar a concentração de Argônio na mistura gasosa:
Dentre os gases de proteção, o argônio oferece a maior proteção contra
contaminantes, que poderiam reagir com o material a ser soldado. Isso se deve pelo
fato desse gás, além de ser inerte, ter uma densidade elevada em relação ao ar
atmosférico, o que permite que ele expulse os contaminantes da região de solda
com maior facilidade.

3 Conclusão

Com isso, é possível inferir que a prevenção de defeitos na solda GTAW se baseia
no uso de parâmetros e materiais ideais para cada aplicação. Com relação as
atitudes citadas para solucionar cada defeito, nota-se que elas podem ser opostas
comparando de um defeito a outro, reforçando o princípio de que cada parâmetro
tem uma medida central ideal, em que o excesso ou sua deficiência podem
alavancar o aparecimento de defeitos.
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Bibliografia
 MODENESI, P.J.; MARQUES, P.V.; SANTOS, D.B. Introdução à Metalurgia da
Soldagem. UFMG, 2012. Disponível em:
https://engenheirodemateriais.com.br/2017/07/05/trincas-a-frio-ou-fissuracao-por-
hidrogenio/
 ZEEMANN, Annelise - Tensões Residuais de Soldagem – Disponível em:
https://infosolda.com.br/wp-content/uploads/Downloads/Artigos/metal/tenses-
residuiais-na-soldagem.pdf

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