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Conceituação Cognitiva

Introdução
Bem vindo ao nosso estudo sobre a conceituação cognitiva ou
conceitualização cognitiva. Judith Beck (2014, p. 54) destaca que a
conceituação cognitiva é “utilizada para compreender o paciente e
para formular o caso clínico”. A partir disso, o terapeuta da
abordagem cognitivo comportamental deve construir o diagnóstico,
enumerar as queixas atuais do paciente, assim como os
pensamentos e as crenças disfuncionais. Não se pode esquecer
que a conceituação cognitiva é um processo, desenvolvido e
aprimorado ao longo da terapia. A autora salienta que “não é uma
situação em si que determina o que a pessoa sente, mas como ela
interpreta uma situação” (BECK, 2014, p. 55). 
Através das técnicas cognitivas e comportamentais, a TCC
possibilita modificar as crenças centrais ou nucleares, bem como
as crenças intermediárias e, consequentemente, os pensamentos
automáticos. A teoria aponta que “as crenças disfuncionais
podem ser desaprendidas e novas crenças baseadas na realidade
e mais funcionais podem ser desenvolvidas e fortalecidas durante
o tratamento” (BECK, 2014, p. 60).
A conceituação cognitiva proporciona, tanto para o psicólogo quanto
para o paciente, a compreensão do seu problema, bem como das
suas crenças e dos impactos gerados no cotidiano, podendo
facilitar o reconhecimento de pensamentos disfuncionais e
elaborar uma resposta de enfrentamento. Sem a conceituação
cognitiva não é possível realizar uma intervenção terapêutica com
sucesso. A figura 1 ilustra o esquema que deverá ser preenchido pelo
terapeuta para que seu paciente possa entender o funcionamento da
sua própria cognição e comportamento. Assim, o terapeuta
preenche os principais dados relevantes da infância do paciente, a
crença central ou nuclear, as suposições e estratégias
compensatórias. Logo, cada situação que acarreta pensamentos
automáticos e as respostas emocionais e comportamentais devem
ser preenchidas. Também, é possível compreender o significado de
cada pensamento automático, conforme exposto nessa figura. 
A partir da anamnese, o terapeuta da abordagem cognitivo
comportamental passa a investigar as queixas do paciente, assim
como os sintomas e quais os pensamentos considerados
disfuncionais. Por exemplo: Sara relata que possui dificuldades de se
relacionar amorosamente. Segundo as suas palavras, ela pensa que
não é uma pessoa atraente e se sente insegura ao estar na presença
de homens. Com isso, ao conhecer uma pessoa interessante, ela se
mostra indisposta para encontrá-lo como uma estratégia para lidar
com a sua crença. Assim sendo, é importante que o terapeuta
investigue sobre as estratégias adotadas, os pensamentos
automáticos, as situações das quais os pensamentos automáticos
são acionados e como a paciente interpreta a situação. 
Não obstante, Sara é uma pessoa bonita, está trabalhando em uma
multinacional e possui mestrado em uma universidade federal. A
forma como ela interpreta a situação possui uma relação intrínseca
com os pensamentos automáticos. Isto se deve ao fato de que seus
pais possuíam uma relação destrutiva e somente dirigia à ela com
palavras negativas. A construção da imagem constituída por Sara é
distorcida. 
Ao elaborar o diagrama de conceituação cognitiva, o terapeuta terá
um mapa para conduzir as sessões, porém cabe ressaltar que o
diagrama deve ser processual e modificado de acordo com as
problemáticas do paciente. Além disso, o diagrama pode ser
realizado juntamente com o paciente para que ele adquira
conhecimentos sobre como identificar os seus próprios
pensamentos. 
Assim, neste módulo, você aprendeu sobre a conceituação
cognitiva e como aplicá-lo em sua prática clínica.
 

Figura 1 – Diagrama de conceituação cognitiva


 
No primeiro quadro do diagrama de conceituação cognitiva, lê-se “Dados relevantes da infância”. Logo,
“crença central”, “Suposições condicionais – Regras” e “Estratégia(s) Compensatória(s)”. Nos quadros
dividido em três colunas, lê-se: “Situação 1”, “Pensamento automático”, “Significado do Pensamento
Automático”, Emoção e comportamento” (à esquerda); “Situação 2”, “Pensamento automático”,
“Significado do Pensamento Automático”, Emoção e comportamento” (central); “Situação 3”, “Pensamento
automático”, “Significado do Pensamento Automático”, Emoção e comportamento” (à direito).

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