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Introdução à Filosofia: Ética e Razão

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

Origem
“Percorrendo praças e ruas de Atenas – contam Platão e Aristóteles -, Sócrates perguntava aos atenienses, fossem
jovens ou velhos, o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir” (CHAUÍ, 2000, p. 436).

Ética x Moral
“moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para
todos os seus membros” (CHAUÍ, 2000, p. 436).
“ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos
valores morais” (CHAUÍ, 2000, p. 436).

Juízo de Fato x Juízo de Valor


“Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são” (CHAUÍ, 2000, p. 431).
“Diferentemente deles, os juízos de valor - avaliações sobre coisas, pessoas e situações - são proferidos na moral”
(CHAUÍ, 2000, p. 431).
“origem da diferença entre os dois tipos de juízos? A diferença entre a Natureza e a Cultura” (CHAUÍ, 2000, p. 432).

Sobre o sujeito
“O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições:
- ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos
éticos iguais a ele;
- ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos
(para que estejam em conformidade com a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias
alternativas possíveis;
- ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e consequências dela sobre si e sobre os
outros, assumi-la bem como às suas consequências, respondendo por elas;
- ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar
submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é
tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras
de conduta” (CHAUÍ, 2000, p. 434).

Felicidade x Violência
“Quando acompanhamos a história das ideias éticas, desde a Antiguidade clássica (greco-romana) até nossos dias,
podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para evitá-la, diminuí-la,
controlá-la”(CHAUÍ, 2000, p. 432).
“Quando uma cultura e sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, circunscrevem aquilo que julgam
violência contra um indivíduo ou contra o grupo. Simultaneamente, erguem os valores positivos” (CHAUÍ, 2000, p 433).

Meios e Fins
“Em outras palavras, fins éticos exigem meios éticos” (CHAUÍ, 2000, p. 435).

Ética Grega Antiga


“A falta ética é pensada sobretudo como sem razão ou insensatez, e sua cura, como ensinarão enfaticamente Sócrates
e Platão, deve provir da posse da sabedoria” (LIMA VAZ, 2000, p. 88)1.
“a vontade era uma faculdade racional capaz de dominar e controlar a desmesura passional de nossos apetites e
desejos, havendo, portanto, uma força interior (a vontade consciente) que nos tornava morais”(CHAUÍ, 2000, p. 441).

Ética Cristão-Medieval
Virtudes privadas:“fé (qualidade da relação de nossa alma com Deus) e a caridade (o amor aos outros e a
responsabilidade pela salvação dos outros, conforme exige a fé)” (CHAUÍ, 2000, p. 440).
Interioridade e o Sermão da Montanha.
“Para o cristianismo, a própria vontade está pervertida pelo pecado e precisamos do auxílio divino para nos tornarmos
morais.” (CHAUÍ, 2000, p. 441)

Ética Kantiana: transformar a situação em lei universal, avaliar se atinge a dignidade do ser e se ver como legislador.
1LIMA VAZ, Henrique C. Escritos de Filosofia IV. Introdução à Ética filosófica. São Paulo: Loyola, 2000.
01) Coloque V para Verdadeiro e F para Falso:
( ) Nós nascemos éticos. (ver razão) ( ) A barbárie é a falência da ética.
( ) Não existe ninguém sem ética. O antiético possui ( ) A capacidade de discernimento funda o conceito de
uma ética, mas ela é contrária. “amoral”.
( ) A ética é universal. ( )Para declarar a atitude como “imoral” é necessário
( ) Precisamos considerar o tempo histórico quando uma referência
analisamos condutas. ( ) O que importa é o resultado.
( ) Os animais não possuem ética, mas instinto. ( ) Ética pressupõe liberdade de escolha.

Razão

“Filosofia se realiza como conhecimento racional da realidade natural e cultural, das coisas e dos seres” (CHAUÍ, 2000,
p. 69).

Etimologia
“Logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer dizer:
contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular. Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e
calculamos? Pensamos de modo ordenado. E de que meios usamos para essas ações? Palavras” (CHAUÍ, 2000, p. 71).

Princípios racionais
Princípio da identidade: “O princípio da identidade é a condição para que definamos as coisas e possamos conhecê-las a
partir de suas definições” (CHAUÍ, 2000, p. 72).
Princípio da não-contradição: “é impossível que a árvore que está diante de mim seja e não seja uma mangueira”
(CHAUÍ, 2000, p. 72).
Princípio do terceiro-excluído: “Ou A é x ou é y e não há terceira possibilidade”. Por exemplo: “Ou este homem é
Sócrates ou não é Sócrates” (CHAUÍ, 2000, p. 73).
Princípio da razão suficiente: “afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa ou motivo)”
(CHAUÍ, 2000, p. 73).

Atividade racional
“A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas (…) pelo sujeito do conhecimento: a
intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva)” (CHAUÍ, 2000, p. 77).

“Intuição é uma compreensão global e instantânea de uma verdade, de um objeto, de um fato.” (CHAUÍ, 2000, p. 77)

Razão discursiva: dedução, indução e abdução

“A dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são conhecidos por inclusão numa teoria
geral” (CHAUÍ, 2000, p. 81).

“A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução, partimos de casos particulares
iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses
casos particulares” (CHAUÍ, 2000, p. 82).

“A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma
conclusão” (CHAUÍ, 2000, p. 83).

“De onde vieram os princípios racionais (identidade, não-contradição, terceiro excluído e razão suficiente)? De onde
veio a capacidade para a intuição (razão intuitiva) e para o raciocínio (razão discursiva)? Nascemos com eles? Ou nos
seriam dados pela educação e pelo costume? Seriam algo próprio dos seres humanos, constituindo a natureza deles, ou
seriam adquiridos através da experiência? Durante séculos, a Filosofia ofereceu duas respostas a essas perguntas. A
primeira ficou conhecida como inatismo e a segunda, como empirismo. O inatismo afirma que nascemos trazendo em
nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas ideias verdadeiras, que, por isso, são ideias
inatas. O empirismo, ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas ideias, é
adquirida por nós através da experiência” (CHAUÍ, 2000, p. 85).

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