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O Processo de Conhecimento

O tema é composto por duas palavras: processo e conhecimento. Por isso, procuremos
antes de mais nada entender o que esses dois termos significam para assim nos facilitar
a compreeensão.

A palavra processo tem a sua origem do latim procedere, que significa mover adiante,
avançar. Dai que que podemos definir o processo como sendo uma sucessão de
mudanças que ocorrem em um determinado objecto ou sistema.

A palavra conhecimento tem a sua origem do latim cognoscere que significa acto de
conhecer. Conhecer, por sua vez, é fazer ideia, ter noção de alguém ou alguma coisa.
Por isso todo o conhecimento evoca a relação entre o sujeito, aquele que conhece, e o
objecto, aquele que é conhecido. Sendo assim, processo de conhecimento refere-se a
maneira como se dá essa relação entre o sujeito que o objecto para que haja
conhecimento. Mais adiante veremos os vários factores que contribuem no processo de
conhceimento.

O papel da experiência

A experiência é a acção de experimentar, isto é, realizar acções destinadas a descobrir


ou comprovar determinados fenômenos. É a forma mais imediata e concreta de se
adquir conhecimento, uma vez que não exige nem envolve crenças.

O papel da experiência no acto de conhecer é refletido desde a antiguidade. Platão


negava a ideia de que a percepção poderia nos proporcionar um conhecimento
verdadeiro porque a percepção fornece uma visão vaga da realidade (Zilles, 2005, p.
114). Para ele todo o conhecimento verdadeiro é aquele que é puramente intectual.
Aquele que não vem dos sentidos (Chaui, 2000, p. 140).

Para Platão o conhceimento que vem dos sentidos é enganoso. Por isso, muda de
indivíduo para indivíduo, de sociedade para sociedade. Ou seja, é subjectivo. “Depende
das condições da nossa alma durante as sensações como também … podendo mudar se
mudarem os custumes e as conveções” (Chaui, 2002, p. 252). Por isso o homem deve
procurar sair desse conhecimento para o conhceimento racional a partir da dialética.
Assim ele separa a sensação da razão.
A mesma ideia foi defendida por Santo Agostinho. Porém Santo Agostinho propunha a
iluminação divina como a única forma de encontrar o verdadeiro conhecimento (Zilles,
2005). Isto é, todo o verdadeiro conhecimento nos é dado por Deus.

Aristóteles foi o primeiro a introduzir a experiência no processo do conhecimento,


atribuindo-lhe. Aristóteles segundo Chaui (2002), Introdução à História da Filosofia:
dos pré socráticos a Aristóteles, considera que o pensamento, ou seja, a razão e a
sensação não são diferentes. Isto é, a razão é a continuidade das sensações. Em outras
palavras “a sensação é o início de todo o conhecimento”. Assim sendo naõ existiria um
pensamento que não tenha passado, antes pelas sensações.

Essa tese foi defendida também por Emmanuel Kant e pelos empiristas. Para eles a
nossa faculdade intelectiva é despartada pelos nossos sentidos, quando tocados pelos
objectos. E depois começamos a refletir a cerca deles e depois são reproduzidos no
pensamento. Nesse sentido, nenhum conhecimento antecede a experiência (Zilles,
2005, p. 115), ou seja, o conhecimento deriva só da experiência.

O empirismo identifica o conhecimento com a experiência porém nem todo


conhceimento parece depender da experiência (Zilles, 2005, p. 117).

Como se formam e quais as caracteristicas dos conceitos

Os conceitos são são ideias abstractas que representam objectos, eventos, processos ou
fenômenos da realidade. “Segundo Aquinate, chegamos a conceitos universais atraves
da abstração” (Zilles, 2005, p. 118). Ou seja, os conceitos são formados a partir da
identificação de caracteristicas comuns entre diferentes objectos ou eventos, que são
agrupados em categorias ou classes. Isso envolve a experiência sensível. Por isso se
pode dizer que, os conceitos são formados a apartir da percepção e da abstração.

Porém existem conceitos como: liberdade, amor, princípio de solidariedade que


demonstram que não são objecto da expeiência sensível e da ebstração, nem podem sê-
lo (Zilles, 2005, p. 120). Ou seja, não são formados a partir da sensação que os objectos
nos dão quando nos tocam.
Platão e Aristóteles dão três caracteristicas dos conceitos: universalidade, o conceito
atribui-se a mais objectos, nunca é para um só objecto; definibilidade, somente se pode
conhecer o que conceitual; e classificação,conceitos situam-se num sistemema de
conceitos (Zilles, 2005, p. 120)

Com isso dá para ver que os conceitos são formados por nós. A partir da nossas
percepções das coisas. Não se esperar que um conceito se auto-crie do nada. “os
conceitos possibilitam o trabalho científico e a mediação do saber” (Zilles, 2005, p.
120).

Os conceitos são importantes para o ordenamento do mundo. “Possibilitam o trabalho


científico e a mediação do saber. O entendimento humano tem estruturas que Kant
chama de categorias” (Zilles, 2005, p. 120). Passemos agora a analisar as categorias.

As categorias

A palavra categoria vem do verbo grego kategóreo que significa falar contra, acusar,
revelar, tornar visível, dar a conhecer, exprimir, significar e afirmar (Chaui, 2000).
Nesse sentido categoria são palavras usadas para revelar, exprimir ou afirmar coisas ou
ideias. Gramticalmente corresponderiam ao substantivo, adjectivo, verbo e advérbio
(idem).

Categorias, segundo Aristóteles, são modos de atrubuição de um predicado a um


sujeito. (Zilles, 2005). Elas são as formas básicas de pensamento que permitem a
classificação e a organização dos objectos e eventos do mundo real. São os tipos ou as
classes mais elevadas sob as quais todos os predicados caem (idem). Em outras palavras
as categorias são os conceitos fundamentais que permitem a compreensão do mundo e a
comunicação entre indivíduos.

Para Aristóteles existem dez categorias básicas: substância, quantidade, qualidade,


relação, lugar, tempo, posição, estado, ação e paixão (Zilles, 2005). A categoria da
substância é a mais importante porque refere-se àquilo que existe por si só, enquanto as
outras acidentais ou secundárias de objecto.

Para Kant as categorias são conceitos puros do entendimento que permitem a


compreensão do mundo e a organização das percepções sensoriais em conceitos (Zilles,
2005, p. 121). Elas são formas a priori de pensamento que permitem a unidade sintética
do pensamento e são aplicáveis a todos os objectos da experiência possivel. As
categorias fazem parte do momento transcendental.

Kant apresenta 12 categorias: Quantidade (unidade, pluralidade e totalidade); qualidade


(realidade, negação, limitação); relação (da inerência e da substância, da causalidade e
da dependência, da comunidade como acção recíproca entre o agente e o paciente);
Modalidade (possibilidade, existência, necessidade) (Zilles, 2005, pp. 121-122). Essas
categorias dizem respeito às condições a priori de possibilidade, situadas no nível do
sujeito cognoscente e não do objecto conhecido.

Categorias são aquelas unidades de classificação das quais dispomos para ordenar e
relacionar factos e experiências.

Conceito e juizo

Conceito é a representação mental, abstrata e geral de um object, uma ideia ou noção


que permite compreender as experiências que resultam da interação com o meio. É uma
forma de pensar sobre alguma coisa. Eles podem ser de maior extenção, quando são
gerais, e menor extenção, quando são individuais. Possuem dois critétios: clareza,
diferenciado dos outros; e distinção (Zilles, 2005).

Juízo é “o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega uma coisa de outra, ou ainda, ato
pelo qual se afirma ou se nega uma relação de conveniência entre dois termos” (Zilles,
2005). “É uma afirmação ou negação que o pensamento realiza indo diretamente à
realidade e a proposiçã” (Chaui, 2002, p. 363). A caracteristica principal de um juízo é o
ato de afirmar positivamente e negativamente uma síntese de dois conceitos.

Os Juízos segundo Kant podem ser analíticos, quando o predicado pertence ao sujeito.
Ou seja, “O juízo analítico é aquele em que o predicado não é senão a explicitação do
conteúdo do sujeito e sintéticos quando o predicado não pertence ao sujeito” (Chaui,
2000, p. 294).

Kant chama de juízos de elucidação os juízos analíticos e de juízos de ampliação aos


juízos sintéticos (Zilles, 2005, p. 125). Ou seja, “O juízo sintético é aquele no qual o
predicado acrescenta novos dados sobre o sujeito” (Chaui, 2000, p. 294).
Os juízos são as associações de conceitos. E quando estes são associados originam-se
conclusões que são juízos derivados de Juízos (Zilles, 2005). Porém essa conclusões
devem seguir certas regras estabelecidas pela lógicas.

A discussão dos universais

Os universais são conceitos ou ideias que se aplicam a muitos objectos ou eventos. Essa
é um dos temas centrais da filosofia desde os tempos antigos. Os filósofos procuravam
saber os universais existem de forma independente fos objectos ou eventos individuais,
ou são apenas construções mentais que surgem a partir da experiência sensorial e
cognitiva do indivíduo.

Apareceram três concepções sobre esta questão: o realismo dos universais, o


nominalismo e o realismo moderno.

O realismo dos universais é uma corrente filosófica que defende a existência dos
universais como entidades reais e independentes dos objetos individuais. Segundo essa
corrente, os universais são conceitos ou ideias que se aplicam a muitos objetos ou
eventos, e que existem de forma independente dos objetos individuais(Zilles, 2005).
Essa corrente remonta a Platão, que acreditava que os universais existem de forma
independente dos objetos individuais, e que são acessíveis apenas através da razão.

O realismo dos universais é uma corrente filosófica que defende a existência dos
universais como entidades reais e independentes dos objetos individuais, e é uma
posição oposta ao nominalismo, que nega a existência dos universais.

O nominalismo, defendido por Boécio é uma corrente filosófica que nega a existência
dos universais, defendendo que apenas os particulares existem de fato. Segundo essa
corrente, os universais são apenas construções mentais que surgem a partir da
experiência sensorial e cognitiva do indivíduo, e que não possuem existência real e
independente dos objetos individuais(Zilles, 2005).

O realismo moderno defendido por Pedro Abelardo, por sua vez, defende que os
universais são construções mentais que surgem a partir da experiência sensorial e
cognitiva do indivíduo, e que são aplicáveis a todos os objetos da experiência possível
(Zilles, 2005).

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