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Cross-docking, Just in time, Milk run

CONCEITUAR AS TÉCNICAS LOGÍSTICAS DE CROSS-DOCKING, JUST IN TIME E MILK RUN E APRESENTAR

SUAS APLICAÇÕES PRÁTICAS.

AUTOR(A): PROF. GISLENE APARECIDA DE MOURA MARTINS

Legenda:

Cross-docking
 

Conceito

“Cross-docking é um processo onde produtos são recebidos em uma dependência, ocasionalmente junto

com outros produtos de mesmo destino, são enviados na primeira oportunidade, sem uma armazenagem

longa. Isso requer alto conhecimento dos produtos de entrada, seus destinos, e um sistema para roteá-los

apropriadamente aos veículos de saída” (VIEIRA, 2009 p.248). 

De acordo Oliveira e Pizzolato (2002) apud Spejorim (2012) as operações de cross-docking compreende um

sistema de distribuição no qual a mercadoria é recepcionada no armazém ou centro de distribuição e depois

de conferida é direcionada para a área de embarque para sair em rota de distribuição até o cliente ou

consumidor final.

Nesse tipo de operação as mercadorias são transportadas em grandes veículos de cargas, com aplicação da

técnica de consolidação de carga, a fim de reduzir custos operacionais de transporte, e ao chegar no centro

de distribuição é realizada a desconsolidação da carga. A partir daí ocorre uma nova consolidação de carga

em um veiculo de pequeno ou médio porte para levar a mercadoria até o ponto de consumo ou

comercialização (FLEURY, WANKE & FIGUEIREDO, 2009).


Legenda: FIGURA 1: ESQUEMATIZAçãO DE UMA OPERAçãO DE CROSS-DOCKING

Vantagens e desvantagens do cross-docking

 
Assim como toda técnica logística o cross-docking também apresenta vantagens e desvantagens

operacionais, as quais precisam ser avaliadas antes da adoção da técnica em uma operação logística.
Visualize no infográfico a seguir algumas vantagens e desvantagens identificadas na literatura:

 
Você já ouviu comentários sobre a técnica de Transit point? Você sabe qual a diferença entre transit point e
Cross-doking?
...vamos entender a diferença existente, pelos autores Fleury, Wanke e Figueiredo (2009, 157), destacados a

seguir...

DIFERENçA ENTRE AS TéCNICAS TRANSIT POINT


X CROSS-DOCKING
Transit point
 

“As instalações do tipo transit point são bastante similares aos centros de distribuições
avançados, mas não mantêm estoques. O transit point é localizado de forma atender a
determinada área de mercado distante dos armazéns centrais e opera como uma instalação de
passagem, recebendo carregamentos consolidados e separando-os para entregas locais a clientes
individuais”.
 

Cross-docking
“As instalações do tipo cross-docking operam sob o mesmo formato que os transit points, mas
caracterizam-se por envolver múltiplos fornecedores que atendem a clientes comuns.”

Como você pôde comparar o transit point recebe carregamento consolidado de um único fornecedor
e  direciona lotes separados para clientes individuais. Já  o cross-docking recebe carregamento de diversos

fornecedores e os direciona após a separação para clientes comuns e, portanto, esta é a diferença entre
essas duas técnicas.

Just in time
 
De acordo com Martins & Alt (2006) o sistema Just in time, trabalha com a disponibilidade do insumo

exatamente no momento em que o mesmo entrará no processo de produção, reduzindo ao máximo possível
o custo de manter o nível do estoque alto. Para Pozo (2010), trata-se de uma filosofia implantada nos anos

1970 pela indústria automobilística Toyota na busca da redução e/ou eliminação do desperdício de recursos
em toda a cadeia produtiva envolvendo três componentes básicos: fluxos, qualidade e colaboradores.
 

Bertaglia (2003) aponta que esta filosofia procura desenvolver métodos eficientes e eficazes de produção,
prezando pelo comprometimento de todos os envolvidos na cadeia de produção, criando uma
interdependência de todas as etapas, ora como fornecedor, ora como cliente. Dessa forma o JIT faz com que
todos os funcionários desenvolvam o senso de qualidade e comprometimento com a atividade que realiza

na cadeia produtiva da organização. O foco principal é reduzir ou eliminar o desperdício criando um


sincronismo de todo fluxo de produção, disponibilizando itens e/ou produtos no momento em que são
necessários. O objetivo geral, portanto, está direcionado a baixar à zero os seguintes fatores: tempo de
preparação da produção; estoques intermediários; tempo de entrega; movimentações desnecessárias;
máquinas paradas por quebra e defeitos. Os benefícios obtidos com a adoção do just in time são destacados

a seguir:
 

BERTAGLIA (2003):
Redução de tempo no ciclo de entrega.
 

Redução no nível do estoque.


 

Otimização e melhor aproveitamento do espaço.


 

Redução de custo para obtenção da qualidade.

Para Ballou (2009) a filosofia do JIT é atender produtos tanto na linha de produção, como no depósito ou
cliente, somente no momento que é preciso. Esse autor revela que se as necessidades de material ou
produtos e os tempos de abastecimento que são conhecidos claramente, consegue-se evitar o uso de

estoques. Desse modo, os lotes são solicitados apenas nas quantidades suficientes para atender o consumo
com antecedência de apenas um tempo de ressuprimento (= cálculo de necessidades) tornando-se um ponto
importante junto à aplicação do MRP (Materials Requirements Planning) e do DRP ( Distribution
Requeriments Planning).
 
Veja na figura 2 um exemplo de sistema de distribuição de um medicamento da empresa Brow Drug Store
Company utilizando esta filosofia (BALLOU, 2009,p. 227-228):
 
Contudo, apesar do JIT apresentar benefícios, esta filosofia apresenta limitações, pois cada organização

apresenta um cultura, enfoques diferentes, aceitação da mudança, etc. que podem comprometer o alcance
dos resultados projetados com a implantação da mesma. Outro aspecto relevante está vinculado ao
aumento dos custos de transportes devido ao aumento no número de entregas decorrentes de lotes
menores e com mais frequência no processo (BERTAGLIA, 2003).

 
Por isso, torna-se importante que cada organização avalie todos os fatores envolvidos com os objetivos
esperados para tomar a decisão de implantar ou não a filosofia JIT em sua cadeia produtiva e/ou de
distribuição.

Milk run
 
Conceito
 
O Milk run compreende a adoção de um ciclo de coletas e entregas programadas com pontos já definidos, a

qual procura obter economia de escala no transporte através do envolvimento de mais de um fornecedor de
uma organização (BULLER, 2012). A origem dessa técnica é citada a seguir: 
 

"A mais ‘antiga’ prática de logística de abastecimento, intitulada Milk run, cuja tradução

ao pé da letra é ‘corrida do leite’, teve origem com as operações das usinas


pasteurizadoras de leite. Sua lógica consiste no sistema de abastecimento da usina com
rotas e horários definidos para a coleta do leite junto aos produtores, para que a usina
opere com a máxima eficiência e para redução dos custos de transporte".

(BULLER, 2012, P.91)

Benefícios obtidos com adoção do Milk run

 
De acordo com Moura e Botter (2002) apud Taboada (2009)  os participantes que adotam o Milk run obtém

os seguintes benefícios:

Através da redução do estoque do fornecedor, torna-se favorável a implementação do JIT.


 

Otimização da frota de veículos, proporcionando redução de custos significativos com o transporte.


 

Possibilita a redução do nível de estoque o que reflete em custos menores no processo de armazenagem.
 

Devido à padronização das embalagens dos produtos, o recebimento dos produtos torna-se mais ágil e há
melhoria neste fluxo de recebimento (produtividade/qualidade).
ATIVIDADE

O que é a técnica de Cross-doking?

A. Trata-se de um processo onde produtos são recebidos em uma


dependência, ocasionalmente junto com outros produtos de mesmo

destino, são enviados na primeira oportunidade, sem uma armazenagem

longa. 
B. Trata-se de um processo para atender determinada área de mercado

distante dos armazéns centrais e opera como uma instalação de

passagem, recebendo carregamentos consolidados e separando-os para


entregas locais a clientes individuais.

C. É especificamente utilizado para atender lotes separados para clientes


individuais.

D. Envolve múltiplos fornecedores que atendem clientes individuais e que

estão distantes das grandes metrópoles.

ATIVIDADE

O que é o JIT?

A. O Just in time é uma filosofia implantada a partir dos anos 1990 pela

indústria automobilística Toyota por conta da globalização produtiva.


B. Significa trabalhar com a disponibilidade do insumo exatamente no
momento em que este entrará no processo de produção, reduzindo ao

máximo possível o custo de manter o nível do estoque alto.

C. O JIT   procura desenvolver métodos eficientes e eficazes de produção,


mas não considera o comprometimento de todos os envolvidos na

cadeia de produção.

D. O JIT está direcionado exclusivamente para reduzir o estoque, contudo


não leva em consideração o tempo de preparação da produção e os

estoques intermediários. apenas o tempo de entrega.

ATIVIDADE

O que é Milk run?

A. O Milk run tem como premissa: redução de tempo no ciclo de entrega e


a redução no nível do estoque, especificamente.

B. O Milk run tem como premissa: otimização e melhor aproveitamento do


espaço bem como a redução de custo para obtenção da qualidade,

especificamente.

C. O Milk rum compreende a adoção de um ciclo de coletas e entregas


programadas com pontos já definidos, a qual procura obter economia de

escala no transporte.
D. O milk run busca atender à determinada área de mercado distante dos

armazéns centrais e opera como uma instalação de passagem com

redução de escala em estoque e transporte.


Como você pode observar neste conteúdo, a logística tem se tornado cada vez mais primordial nas

estratégias organizacionais de qualquer empresa. Juntamente com ela os gestores buscam novas técnicas

e/ou filosofias para adoção em suas operações na tentativa de alcançar objetivos propostos e
principalmente a eliminação de desperdícios dos recursos envolvidos em toda a operação logística.

 
Para finalizar, neste conteúdo foi possível entender a importância de algumas técnicas logísticas como a de

Cross-docking e Milk run e a filosofia do  Just in time aplicadas  nas atividades logísticas de produção,

armazenagem, distribuição física. Por conseguinte, também foi possível identificar que as organizações faz
uso dessas ferramentas na busca da obtenção de resultados satisfatórios.  Agora complemente seu estudo,

acessendo Saiba Mais em... 

SAIBA MAIS EM...


Leia o artigo:  Análise das características, modalidades, vantagens, desvantagens e vantagem
competitiva da operação de cross-docking em cinco empresas de São Paulo, publicado nos Anais
do XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO, que ocorreu em Salvador-
Bahia em 2013, no endereço a seguir:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_009_23195.pdf

(http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_009_23195.pdf ). Acesso em: 05


maio 2017.

Acesse o vídeo no Yotube e visualize a prática do JIT e Milk run em conjunto.


Título:  JIT Supplying Flow & Milkrun. Publicado em: 02 dezembro 2015 publicado por NewVlue
s.r.l. no seguinte link:

https://www.youtube.com/watch?v=_nMBbx3E1wY (https://www.youtube.com/watch?
v=_nMBbx3E1wY). Acesso em: 05 maio 2017.

REFERÊNCIA
ABREPO. Associação de Engenharia de Produção. Análise das características, modalidades, vantagens,

desvantagens e vantagem competitiva da operação de cross-docking em cinco empresas de São Paulo. In:
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as
Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos. Anais... Salvador, 2013.

  Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_009_23195.pdf

(http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_009_23195.pdf )>. Acesso em: 02 maio 2017.


BALLOU, R. H. Logística Empresarial.  1ª Ed. 21ª reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.

BRITO JUNIOR, I.; SPEJORIM, W. Gestão estratégica de armazenagem. Curitiba: IESDE, 2012.

BULLER, L. S. Logística empresarial. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.


FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo:

Atlas, 2009.
MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas,

2010.
TABOADA, C. Gestão de tecnologia e inovação na logística. Curitiba – PR: IESDE Brasil, 2009.

VIEIRA, H. F. Gestão de estoque e operações industriais. Curitiba: IESDE, 2009.

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