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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Canais de Distribuição

Aula 11
Estratégias de distribuição: Cross Docking, Transit
Point, Merge in Transit

Professora Ma.: Bianca Passos Arpini


Consolidação x Fracionamento de carga

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Consolidação e Fracionamento de carga

• Consolidação

– O depósito recebe os materiais de diversas fontes


que são combinados em quantidades exatas em
um único grande carregamento para um destino
específico (BOWERSOX et al. , 2014).

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Consolidação e Fracionamento de carga

• Consolidação

– Os benefícios da consolidação são (BOWERSOX et


al. , 2014) :
• aplicação da tarifa de frete mais baixa possível;
• entrega pontual e controlada; e
• redução do congestionamento na doca de
recebimento de determinado cliente.

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Consolidação e Fracionamento de carga

• Fracionamento
– Uma operação de fracionamento recebe uma
única grande carga e organiza a entrega para
diversos destinos.
– A economia de escala é alcançada por meio do
transporte de uma carga consolidada maior.
– O depósito ou terminal de fracionamento separa
ou divide os pedidos individuais e organiza a
entrega local.
(BOWERSOX et al. , 2014)
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Consolidação e Fracionamento de carga

Figura 1: Arranjos de consolidação e Fracionamento de


carga

Fonte: BOWERSOX et al., 2014 6


Consolidação e Fracionamento de carga

• Os benefícios econômicos da consolidação e do


fracionamento de carga são a redução dos custos de
transportes.

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Cross-Docking

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Cross-Docking

• Cross-Docking é uma abordagem em que as grandes


remessas são divididas em pequenas, para entrega
local em uma área (JACOBS et al. , 2012).

• Deve ser feito de maneira coordenada, para que as


mercadorias nunca fiquem armazenadas em
estoques (JACOBS et al. , 2012).

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Cross-Docking

• A mercadoria é recebida do fabricante através de um


centro de distribuição e não é armazenada(SIMCHI-
LEVI et al., 2010).
• No CD a mercadoria é selecionada e montada em
ordens de abastecimento estando apta para o uso
nas lojas (SIMCHI-LEVI et al., 2010).
• Neste sistema, os CD’s atuam como pontos de
coordenação dos estoques, não como pontos de
armazenagem (SIMCHI-LEVI et al., 2010).

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Cross-Docking

• Nos sistemas de cross-docking, as mercadorias


chegam nos CD’s a partir do fabricante, são
transferidas a veículos que atendem aos varejistas e
entregues a estes o mais rápido possível.

• As mercadorias passam pouco tempo estocadas no


CD – muitas vezes menos de 12 horas.

• Este sistema limita os estoques e diminui os lead


times ao diminuir o tempo de estocagem (SIMCHI-
LEVI et al., 2010).

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Cross-Docking

• Essa operação envolve múltiplos fornecedores, os


quais atendem clientes comuns.
• Consiste, basicamente, no fracionamento de cargas,
isto é, divide-se uma ou mais cargas maiores em
outras menores.

• O objetivo do cross‐docking é combinar produtos de


diversas origens em uma variedade pré-especificada
para determinado cliente (BOWERSOX et al. , 2014).

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Cross-Docking

Figura 2: Cross-Docking

Fonte: Rosa, 2013.


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Cross-Docking

• Suas instalações possuem de um lado, a plataforma


com as docas de recebimento; do outro, as docas de
expedição, e entre essas docas (entrada e saída)
acontece o cruzamento dos materiais,
descarregando os veículos com cargas maiores e
carregando os veículos menores.

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Cross-Docking

Figura 3: Cross-Docking

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Cross-Docking

• Os varejistas fazem uso extensivo das operações de


cross‐docking para reabastecer estoques de alta
rotatividade (BOWERSOX et al. , 2014).

• O cross‐docking requer a entrega com extrema


pontualidade por parte de cada fabricante
(BOWERSOX et al. , 2014).

• À medida que os produtos são recebidos e


descarregados no depósito, eles são separados por
destino (BOWERSOX et al. , 2014).

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Cross-Docking

• O produto é movimentado pela doca de recebimento


até chegar a um caminhão dedicado ao destino da
entrega.

• Depois que os caminhões estão carregados com


produtos combinados de diversos fabricantes, eles
são liberados para o transporte até o destino
(BOWERSOX et al. , 2014).

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Cross-Docking

Figura 4: Cross-Docking

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Cross-Docking

• Embora operacionalmente simples, para o sucesso


dessa operação, é necessário alto nível de
coordenação entre os participantes (fornecedores,
transportadores) viabilizada pela utilização intensiva
de tecnologia de informação:
– Transmissão eletrônica de dados (EDI);
– Identificação de produtos por código de barra;
– Sistemas de gerenciamento de armazenagem
(WMS).

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Cross-Docking

Figura 5: Forma de reconfiguração: Cross- Docking

LINKS DE VÍDEOS:
Animação de cross-docking automatizado: https://www.youtube.com/watch?v=mraC-cKS2s8
Animação de cross-docking automatizado (áudio em inglês):
https://www.youtube.com/watch?v=qKZR4OlgmfE 20
Cross-Docking

• Motivos que dificultam administrar o cross-docking


(SIMCHI-LEVI et al., 2010):
1. Os centros de distribuição, os varejistas e os
fornecedores precisam estar conectados a
sistemas avançados de informação para garantir
que todas as retiradas e entregas sejam
efetuadas dentro da janela de tempo exigida.
2. Um sistema de transporte rápido e responsivo é
necessário ao funcionamento do cross-docking.
3. As previsões são críticas e não podem prescindir
do compartilhamento de informações.
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Cross-Docking

• Motivos que dificultam administrar o cross-docking


(SIMCHI-LEVI et al., 2010):

4. As estratégias de cross-docking são eficazes


somente para sistemas de distribuição de
grande porte. Nestes sistemas, existe um
volume suficiente a cada dia para permitir
carregamentos de caminhões em carga cheia a
partir dos fornecedores até os CD’s.

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Cross-Docking

• Vantagens:
– Reduz os custos de armazenagem;
– Melhora a satisfação do cliente;
– Reduz a área física necessária para o CD;
– Maior rotatividade dentro do CD, já que o
sistema opera com entregas em menores
quantidades e com maior frequência; e
– Aumenta a disponibilidade do produto, ou seja, o
tempo de vida que a mercadoria “perderia” no
estoque, ela “ganha” na prateleira à venda.

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Cross-Docking

• Desvantagens:
– Surgimento de custos proveniente de outros elos
da cadeia para o melhor desempenho desse
processo;
– Sistema exige um sincronismo entre o
fornecimento e a demanda;
– Requer uma melhoria nos sistemas de
planejamento e de comunicação das empresas; e
– É fundamental que seja desenvolvida uma
colaboração inter e intraorganizacional, ou seja,
as operações e ações realizadas fora e dentro da
empresa.
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Wal-Mart: reduzindo custos por meio da estratégia logística

• Proposição de valor: oferecer enorme sortimento de


produtos, com alta disponibilidade, com o menor preço
do mercado.

• Para atingir esses objetivos, o Wal-Mart implementou


uma estratégia de logística integrada:
– Política de localização baseada no princípio da
saturação geográfica
• Grandes lojas concentradas geograficamente, para
tirar proveito de economias de escala nas compras,
no marketing (propaganda) e na distribuição para
as lojas.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)
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Wal-Mart: reduzindo custos por meio da estratégia logística

– Relação de longo prazo com principais fornecedores


• Contratos de alto volume e a longo prazo;
• Troca intensiva de informações de demanda 
permitindo economias de escala e melhor
previsibilidade, com redução de custos
operacionais dos fornecedores.
– Uso intensivo da TI para:
• Controlar vendas e estoques;
• Permitir troca contínua de informações entre lojas
e com fornecedores; e
• Para orientar o gerenciamento de ativos fixos,
como veículos e CD.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)
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Wal-Mart: reduzindo custos por meio da estratégia logística

– Política de preços baixos todos os dias


• Reduzir campanhas promocionais;
• Aumentar estabilidade da demanda.

– Sistema de distribuição próprio


• Veículos e centros de distribuição próprios;
• Uso do conceito de cross-docking, o que torna
possível uma política de reposição diária de
estoques, a baixo custo.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)
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Wal-Mart: reduzindo custos por meio da estratégia logística

Figura 6: Exemplo Cross-Docking Wal-Mart

LINK DE VÍDEO:
Operações logísticas do Walmart Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=-iXWK9C_hbQ
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Wal-Mart: reduzindo custos por meio da estratégia logística

• A Wal-Mart entrega cerca de 85% de suas mercadorias


por meio de técnicas de cross-docking.
• Utiliza um sistema de comunicação via satélite privado
que envia dados de pontos de venda para todos seus
representantes.
• Possui frota de 2 mil caminhões.
• Na média, as lojas são reabastecidas uma vez por
semana.
• O cross-docking permite à empresa atingir economias de
escala por meio da compra de cargas cheias.
• Reduz a necessidade de estoques de segurança e
diminuiu os custos com vendas em 3%, em comparação
com a média da indústria, o que explica as enormes
margens de lucro da Wal-Mart.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)
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Resumo

• Cross- Docking
– “Atravessando docas”;
– Múltiplos fornecedores atendendo clientes
comuns;
– Produto não é armazenado (a mercadoria pode
ficar “armazenada” por um tempo de até 12h);
– Produtos recebidos, separados e encaminhados a
outro veículo;
– Sincronização entre recebimento e expedição.

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Resumo

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Transit Point

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Transit Point

• Transit point (pontos de trânsito) são instalações


similares aos centros de distribuição, cuja diferença é
a inexistência de estoque (LACERDA, 2000).
• Também diferem dos Centros de Distribuição por não
executar atividades de estocagem (RODRIGUES,
2017).

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Transit Point

• Nesse tipo de instalação, as cargas chegam na


recepção do armazém em veículos de alta
capacidade, unitizadas em paletes ou contêineres.

• Depois de recebidas, são separadas em lotes


menores e, IMEDIATAMENTE, encaminhadas para a
área de embarque, onde serão colocadas em
veículos menores para entrega aos clientes.

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Transit Point

Figura 7 – Transit Point

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Transit Point

• Principal objetivo: atender à determinada área de


mercado distante dos armazéns centrais, ou seja,
opera como instalação de passagem, recebendo
materiais consolidados e separando-os para entregas
individuais (LACERDA, 2000).

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Transit Point

• Os produtos recebidos já têm o destino definido, ou


seja, estão pré-alocados a seus clientes, pois os
pedidos dos clientes já foram feitos.
• Dessa forma, os pedidos podem ser imediatamente
expedidos para entrega local.

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Transit Point

Figura 8 – Transit Point

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Transit Point

• A operação do transit point depende da existência


de volume suficiente para viabilizar o transporte de
cargas consolidadas com uma frequência regular.

• Quando não há escala para realizar entregas diárias,


por exemplo, podem ser necessários procedimentos
como a entrega programada, onde os pedidos de
uma área geográfica são atendidos em determinados
dias da semana (FLEURY, 2000).

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Transit Point

• Vantagens:
– Tipo de armazém que não envolve uma grande
estrutura, pois não há área de estocagem
(instalação de armazenagem intermediária
simples) baixos custos com investimento e
custo de manutenção baixo.
– Permite que as movimentações em grandes
distâncias sejam feitas com cargas consolidadas,
resultando em baixos custos de transporte.

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Transit Point

Figura 9 – Transit Point - Fracionamento

Fonte: Rosa, 2013.

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Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

• No Brasil, um dos exemplos mais marcantes do uso


da Logística como instrumento da estratégia de
marketing é o atacadista Martins, de Uberlândia,
Minas Gerais.
• Em pouco mais de três décadas, transformou-se de
um pequeno comércio, restrito a uma cidade de
porte médio no interior do país, no maior e mais
conhecido atacadista distribuidor do Brasil, com uma
cobertura em todo o território nacional, e
faturamento anual na casa de R$ 1,5 bilhão.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)
42
Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

• Prestador de serviços logísticos para o pequeno


varejista, oferecendo:
– entrega rápida de uma ampla variedade de
produtos;
– produtos podem ser adquiridos de forma
fracionada, em pequenas quantidades, com
financiamento garantido e assistência técnica.

(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)


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Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

• Para atingir os objetivos, a empresa adotou a


estratégia logística com as seguintes características:
– Estoque centralizado em um único CD
(Uberlândia)
• Permite aumentar a disponibilidade de
produtos, a um custo baixo de estoques,
reduzindo ao mesmo tempo os encargos fiscais.

(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)

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Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

– Processamento rápido e eficiente do pedido


• Utiliza telemarketing passivo e consultas on-line
por parte dos vendedores e clientes, que
garante a reserva imediata dos produtos
disponíveis;
• Reduz o ciclo do pedido.

(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)

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Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

– Utilização intensiva de tecnologia de informação


• Facilitar e acelerar a colocação de pedidos;
• Melhorar a operação e o gerenciamento da
armazenagem; e
• Otimizar a operação de transporte pela
roteirização dos veículos, e de seu
rastreamento contínuo.
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000)

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Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

– Uso de Frota Própria


• Garante a qualidade do serviço de entrega a
um custo compatível com as características da
operação.

– Rede Nacional de Transit Points


• Transbordo entre grandes veículos de
transferência de carga e pequenos veículos de
entrega final;
• Reduz prazos de entrega e custos de transporte
(FLEURY e FIGUEIREDO, 2000) 47
Atacadista Martins: Logística agregando valor aos clientes

Figura 10 – Transit Point

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Resumo

• Transit Point
– Um único fornecedor atendendo vários clientes;
– Atender mercados distantes das instalações de
armazenagem centrais;
– Produtos pré-alocados aos clientes;
– Imediatamente expedidos para entrega local.

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Resumo

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Merge in Transit

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Merge in Transit

• A operação do Merge in Transit pode ser considerada


uma extensão do Cross-Docking combinado ao sistema
Just-in-Time.
• Consiste em receber as várias partes componentes do
produto e montá-lo enquanto está a caminho de ser
entregue aos clientes.
• Ex.: Computadores da Dell Computer, Kits especiais de
Dia das Mães (quando se monta, por exemplo, uma caixa
da Adcos com desodorante e pó compacto, forma-se um
kit).
(LACERDA, 2000)

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Merge in Transit

• Este tipo de operação se destina a coordenar o fluxo dos


componentes, gerenciando os tempos de produção de
cada fornecedor e o transporte, para que sejam
consolidadas em instalações próximas aos mercados
consumidores no momento de sua necessidade
(RODRIGUES, 2017).
• Não implica em estoques intermediários.
• Necessidades de coordenação são muito mais rigorosas
que nos sistemas cross-docking.
• Utilizam os mais avançados sistemas de informação para
rastreamento e controle dos fluxos.

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Merge in Transit

Figura 11 – Merge in Transit

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Merge in Transit

• O operador logístico só tira os componentes do


armazém central do fornecedor a partir de uma
ordem de compra (just in time).

• Transporta grandes quantidades de componentes em


cargas consolidadas até o CD mais próximo do
cliente.

• Abre as caixas, retira os componentes e monta o


produto final, reembalando e entregando
diretamente aos clientes finais.

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Resumo

• Merge in Transit

– Montagem ou personalização final ocorre na


instalação de armazenagem.

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Resumo

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Referências

• BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B.; BOWERSOX, J. C. Gestão Logística


da Cadeia de Suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
• JACOBS, F. R.; CHASE, R.B. Administração de Operações e da Cadeia de
Suprimentos. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
• FLEURY, P. F.; WANK, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística Empresarial: a perspectiva
brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
• LACERDA, L. Armazenagem Estratégica: analisando novos conceitos Centros de
Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ, 2000. Disponível em:
http://www.ilos.com.br/web/armazenagem-estrategica-analisando-novos-
conceitos/. Acesso em: 02 de abril 2017.
• RODRIGUES, P. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. 3.ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2017.
• SIMCHI-LEVI; D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de Suprimentos Projeto e
Gestão. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
• Unidade II - Ambiente Virtual de Aprendizado – UNIP. Disponível em :
www.unipvirtual.com.br/material/2011/tecnologico/dist_trade_mkt/unid_2.pdf.
Acesso em 02 de abril de 2017.
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