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C A P Í T U L O I I I : L eis de Oh m - Vari aç ão da resi stivi dad e com a T e mp era tura :

1- L EI S D E O H M:

a) - P ri me i ra l ei de Oh m :

Va mos re petir de f orma i m a ginári a a experi ênci a que u m físico al e mã o re ali z ou no


fim do s éculo p a ssado. El e inicial me nte fo calizou a sua a te nção so b re u m
dete r mina do bi polo elétric o , e ssencial m ente pass i vo (p ort a nto, u m bi polo rece ptor
de ene rgi a, co m se ntido d e t ensão e c orre nte co ntrá rios ) . A e x p e r i ê n c i a e m s i f o i
realiza da nu ma det ermina da te mpe ratu ra consta nte e c o n s is t ia e m a p lic a r u ma
dete r mina da tensã o no bip olo, e ve rificar e m conseqü ência u m a dete r mi nada
corre nte, perco rre n do o bipol o; ou seja :

- A p l i c o u uma te nsã o V 1 , e no tou co nse quent e me nte u m a c orre nte I 1 ;

- A p l i c o u uma te nsã o V 2 , e no tou co nse quent e me nte u m a c orre nte I 2 ;

. . . . . . . . . .

. . . . . . . . . .

- A p l i c o u uma te nsã o V n , e no tou co nse quent e me nte u m a c orre nte I n .

Nest as co ndições, e co m u ma de termin ada s érie de valores me didos, qu eria-s e


descob rir algu ma re lação e xis tente e ntre as gran dezas V e I; para ta nto plot ou -se
um gráfic o V x I e noto u-se o segui nt e:

À conclus ão que se chegou, f oi que o g ráfico V x I era uma reta; t o dos os po ntos
esta va m a linhad os .

T a l concl usão nã o era válid a para q u alque r bip olo : so me nte pa ra alguns bi polos
partic ulares; os bi polos qu e aprese nt ara m est a s caracte rísticas f o ra m co m justa
razão den omi nad os de bip olos linea res.
Not e mos ainda que pelo grá fi c o, po de-se conclu i r qu e:

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V1 V2 Vn
tg          ;
I1 I2 In

Ou s eja: neste bip olo o quo ciente da tensão pe la corrent e é u ma c onstan te ; isto é:
se a tens ão aplica da for mudada , muda co mo conseqü ência a c orre nte , d e tal
forma que o qu ocie nte p erma nece co ns tante .

Nest as c ondiçõ es, somos f orçad os a pensa r n esta co ns tante , co mo s end o uma
caracterís tica própria do bip olo (já qu e não de pende d a tensão a plicada , ou da
corre nte q ue pe rcorre o bi polo )

Co m es ta s conside rações , o físico Ge org S. Oh m, enunc i ou a seg u inte lei , válida


para os bi polos q ue possue m o co mpo rt amento ac ima :

V
tg   R  (1 a L ei de Oh m)
I

Ou s eja: a const an te ( tg  ) , foi deno min ada d e Res istê ncia elé tr ica do bi polo ,
simb oliza da po r R, e medi da em oh ms (  ) n o s i s te ma Mk S :

1 Volt
R 
1 Ampère
 1 Ohm ( 1 )

Esta cons tante R, f isicament e med e a dificulda de à pass age m de corre nte que o
bipolo ap r esenta , e o bipo lo e m si é d e no mina do de Resist or .
A resist ê ncia elét r ica é ent ão ente n dida co mo sendo a caract e rística d e um
resisto r; e e mbo ra a fir me mos mais u ma vez que a resist ênc ia não de pende ne m d a
tensão a plicada a o resisto r , ne m da corren te que per corre o mes mo, t ambé m
afir ma mos que se m uso des ta s duas g r andezas n ão cons eg uimos me dir o valo r da
resistê nci a; p ara mel hor cl areza do que aca ba mos de afir mar, pense mos nu ma
analo gia mec ânica : um c orp o de ma ssa “ m”, sub meti do a u ma forç a “ F”, e
consequ e nte men te desloca nd o-se co m aceleraç ão “a ” (i ma gine o mo vi men to se m
atrit o):

F
Te mos p e la Lei de Ne wto n: F = m. a port anto m = ; Not ar qu e se ti vermos uma
a
força de 1 N sob re o co rpo e no tarmo s que ace leraçã o é de 1 m/s 2 , concl uiremos
que a ma ssa do co rpo é d e 1 Kg; a mas s a é u ma caract erís tica própri a deste c orpo ,
e o fato d e mud armos o valo r da força F para p or e xe mpl o 10N, n ã o irá mud ar a
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mass a desse corpo ; a mes m a não de pende ne m d a força aplica da, e ne m d a


aceleraçã o obtid a, embora n otar q ue n ão se po d e medir a mass a de um c orp o sem
o uso de uma fo rça e de u ma acele raç ão .

V
Anal oga mente a est a últi ma c onside raç ão not ar e ntão ma is uma vez que R  ,
I
é uma ca racte rístic a próp ria do bipol o, não d e pende nte ne m de V e nem d e I,
embora V e I sej a m gran dezas necessá ri as à su a me dida

b) Segu nd a Lei d e Oh m : afi r ma mos an terio r men t e que a resistênci a elétric a é uma
caract erís tica pró p ria do resistor, indepe nde nte da t ensão ou da corrente,
entretan to , veri fica-se qu e a resist ênc ia elé tric a de u m bipolo varia co m o utro s
parâ m etro s: ou s eja :

 Co mp ri me nto do res i s to r: i ma g i ne m o s dois condutores filiformes,


suficien te me nte a m pliados (c onfo r me esque ma abai xo ), sub meti do s à mes ma
tensão , com o me smo val or de seçã o trans ve rsal, fei to s de mes mo ma teri al,
pore m de compri me ntos di ferentes:

Not ar que para u m a mes ma tensão ap licada as carg as e létricas d o con duto r d e
comprime nto  1 d everã o p ercorrer um ca mi nho mais long o do q ue o de
c o m p r i me n t o   2 , sendo razoa vel mente in tui tivo perc eber q ue quant o mai or o
compri me nto, de um con d utor, mai or a di fi culdad e da p assa ge m d a corre nte
elétric a, p orta nto maior a res istência e létrica ; n e s tas co nd ições co n c luí mos q ue a
Resist ênc ia elé trica é di reta mente pro p orcion al a o co mp ri mento.

 Áre a da seção tra nsversal : imagi ne mos a gora dois condut ores de mes mo
compri me nto, feito s de me smo mat erial, sub me tidos à mes ma tensã o V,
entretan to co m seçõ es dife ren tes S 1 e S 2 :

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Not ar en t ão que p ara u ma mes m a te nsão apli c ada V, as cargas elétricas d o


condut or de seçã o S 2 , te m u m c a minh o mais li vre; ainda que n o co nduto r d e seçã o
S 2 e xiste m mais c argas el é tricas li vres do qu e no con duto r de compri me nto S 1 ,
sendo raz oa vel me nt e intuit i vo perceb er que qu a nto maio r for a seç ão tra ns v ersal
de u m c ondut or, mai or se rá a facili dade d a passage m da corrente el ét rica,
port anto me nor se rá a resi stência e létrica de ste con d utor; nes tas con di ç ões
concluí m o s , que a resistê n c ia elét ri ca é in versa me nt e pro porc ional à á rea d a
seção transversal.

 Resisti vi d ade do materi al : al ém d a re sistência elétric a d e um con duto r va ri ar


com o s e u compri me nto, e com a áre a de sua seção tra nsversal , de ve-s e levar
em c ont a ta mbé m u ma gra nd eza int rín seca rel at iva ao ma terial que o cond ut or
é feit o, g rand eza e s ta de no min ada re sistivi dad e do ma t erial , que fisica me nte
me de a di ficulda de à passage m da corrente elé tri ca ofereci da pelo materi al qu e
o condut o r é feito; de um ma teri al para o utro, a resis tivi dad e irá varia r em
função d a densidad e do mate rial, nú me ro atô mic o dos ele me ntos q ue co mpõ e o
ma teri al e m q uest ã o, dist ânc ia dos e lé trons ao núcleo, et c. I magi n emos en t ão
dois con d utores de mes mo c ompri me n to, mes m a seção t rans ve rsa l, poré m, um
feito de fe rro e o ou tro e m co bre:

Not e mos então qu e pelo fa to do Ferro ( F e) se r mais re sistivo d o que o Cobre


(Cu ), pa ra uma mesma ten s ão aplic ada, a dif iculdad e da passa ge m da c orre nt e
elétric a s erá ma ior no co nd utor de f erro do q ue no co nduto r d e cobre , o u seja,
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quant o maior a re sistivi dad e do mat erial (si m bolizad a por:  ) , m a i o r s e rá a


resistê nci a elét rica de cond utor; nest as condiç ões concl uí mos qu e a resis t ênci a
elétric a é diret a men te p ropo rc ional à re sistivi dad e do mate rial.

Co m as três consid eraçõ es a nteri ores somos c apazes d e ent ende r a e x pre ssã o
abai xo, co nhecid a c omo seg u nda le i de Oh m:

R   

S

On de:

R = resis tência elé trica do c ondut or c onside rad o; no MKS e m: Oh ms(  )

 = co mp riment o d o cond uto r; n o MKS dado e m me tros (m)

S = área da seçã o trans vers al do c on duto r con s idera do; no MKS d ada e m m 2 .

 = resist ivid ade do mate rial que é fei t o o co ndu tor co nsid erad o; n o MKS dad a e m
Oh m . met ro (  . m) .

Consi dera ç ão sobre a unidad e da resis tivi dad e : Disse mos que no s iste ma MKS, a
unida de d a resisti v idade d e u m mate rial é d ad a e m  . m ; ent re tanto cost um a
. mm 2
ser usual a mes ma ser expre ssa tamb ém e m: ; o bom senso nos diz que
m
de vere mo s usar es ta uni dad e qua ndo a área d a seção t rans ve rsa l for dad a e m
m m 2 , o c o mp ri men t o do c ond utor e m m e a resist ência d o mes m o  .

2 - V A RI A ÇÃ O D A RE SI STI VI DA D E C O M A T E M PE R A T U RA: é razoa v el me nte


intuiti v o p erceb ermos que a o alterarmos a te mp era tura de um c ondut or, esta mos
alterando o est ad o de agit ação d as part ícula s interna s do ma t erial, po rtanto
alterando a facilidade ou a dificuldade de mo vi mentaç ão dos elétrons li vres no
interi or d o mes mo , ou ai n da est a m os alte ra ndo a re sistivi dad e do ma terial .
Supo ndo que u m d etermi nad o cond uto r, a prese nte n a t e mp era tura  0 u m a c erta
r e s i s t i vi d a d e   , verifica -se expe ri me ntal me nte que ao mu darmos a tempe r atura
do con dut or pa ra:  , sua resi stivi dad e mu da p ara   , e qu e esta no va resisti vid ade
é calcul ad a pela se guinte fó rmul a e m pí rica:

   0 .  1   . (   0 )  ; ond e:

  = resis t ivid ade do mate rial na te mperatura  0 ;


 = n o va resiti vid a de qu e o ma teri al p assa a ter na t e mpe ratu ra  ;
 0 ,  = t emperatu r a inicial e final resp ecti va me n te do mat erial e m q uestão ,
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 = co e ficient e de te mp erat ura do ma teri al (tab el ado pa ra os prin cipais


1
condut ore s ), no rmal me nte e xp ressad o e m o
C1  o
C

Obs ervaç ão i mpo rtante : a express ão de variaçã o da resis t ivid ade c om a


te mpe ratu ra, val e e m p rincip i o só pa ra a resisti vid ade ; o u s ej a: a o alte rar mos a
te mpe ratu ra d e u m c orp o ob via m e nte es tar em os alt eran do t am bé m a s s ua s
dimensõ e s mecânic as.
Ent reta nt o l e mb ran do da e xp res s ão : R   

; se p ude rmos consi dera r   , e S
S
c ons tan te s, ent ão p odere mos aplica r di reta mente a e x pres são :

R  R 0 .  1   . (   0 )  ; Onde:

Ro = res istência ô hmic a d o bipolo na te mpe ratu ra  0

R = resi stência ôh mica fin al do bi polo na t e mpe ratu ra 


 0 ,  = te mp era tura inicial e f inal respe c tiva men t e do bipol o e m q ues tão,
 = co efi c iente de te mpe ratu ra d o mat erial (o mesmo an te riorme nte conside ra do).

E X E RC Í C I O S DO C A P Í T UL O I I I

1 0 ) O grá fico ab ai xo most ra a cu rva V x l de u m de te rmi nad o bipolo pa ssivo ;


nestas c o ndições p ede-s e:

a) ca racte rizar o bi p olo;

b) det erminar qu al de ve ser a tensã o aplicad a a o


bipolo p ara q ue ele sej a perc orrido po r uma
corre nte d e 500 mA.

Res posta s: a ) Re sistor de 400  b) 20 0V


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2 0 ) Aplic a ndo-s e uma te nsã o de 11 volts nu m f io que te m 10 m d e comp ri me nto e


0,2 c m de diâ me tro nota -se u ma corren te de 20 0 A; n estas condiçõ es , ped e-se :
 . mm 2
a) a res i s t i vi d ade do m ate rial do fio e xp res s a e m:
m
b) det er mine qua l será a co rren te el é trica q ue irá pe rc orre r u m fio de me smo
ma teri al, pore m co m 15 m d e co mp ri me nto e 3 mm de di âmetr o q u ando sub me tido
a u ma ten são de 33 V.

 mm 2
Res postas: a) 17,28  10  3 b) 900 A
m

3 0 ) Um de ter min ado fio de cobre possu i diâmetr o de seção trans vers al de 2,6 mm;
nestas c o ndições d eter mi ne:
a) a resi stência e létrica d e um fio de cobr e de mes mo di â metro d e seção
trans vers al , p oré m co m 1 K m de co mpr ime nto .

b) Det er mine o diâ me tro qu e de ve te r um fio de alu mí nio de 1 K m d e co mp ri me nt o


para que ele a pres ente a me sma resis tência ôh mica do fi o de cobr e ant erio r . Sã o
1  mm
2
dados:  c u = ;  a l = 2,6.1 0 - 8  . m
57 m

Resp osta s: a ) 3,304  ; b ) 3,1 65 mm

4 0 ) A fig ura ab ai xo rep rese nta u m p aralel epí p edo de materi al co nduto r. Sabe-s e
que se a plicar mos u ma ten são de 1 0 V ent r e os p on tos A e B te re mo s e m
conseqü ê ncia u ma corre nte de 2 A; d eter mi ne qual ser á a nova corre nte I’ se a
mes ma t e nsão a nte rior for ap licada ent re os pon t os C e D.

50mm
10cm
C D
m
3c

B
Re sposta: 8 A

5 0 ) Na figura a seguir, inicial mente com  = 5 c m, sab e-s e qu e se aplicar mo s u ma


certa t en são V en tre os po ntos A e B, ter e mos e m conseqü ê ncia u ma cert a
corre nte I. Det e rmi ne en tão nest as condi ções qu al de ver á ser o novo
compri me nto   ' ,p ar a que se a mes ma tensão V f or ago ra aplicad a entr e os p ontos

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C e D se tenha u ma corre nte igual a um te rço d a corren te obtida qu ando a te nsã o


foi apl ica da en tre os pon tos A e B. Consi der a r K c o mo sendo u m c o mpri me nto
constan te e qu alqu er

Resp osta:   ' = 60c m

6 0 ) A resi stência ô hmic a de uma lâ mp ada de fil amento , q uando me dida desli gada,
a 25 0 C é de 320  . Sab en do-se qu e os dados nomi nais da lâmpa da são 10 0 W-
200 V, dete r mine a te mpera tura do fil a me nto d a lâ mpa da qu an do e m
funcion a mento nor mal.
Dad o:  do mat eri al = 156 , 25.10 - 6 0 C - 1
Resp os ta: 162 5 0 C

7 0 ) Um fi o condu tor , nu m d ete rmi nad o c ircuito , su bmetid o a u ma t ens ão in va ria nte,
apres enta -se inicial me nte pe r corrid o p or u ma c orre nte d e 5A; ap ó s algu m t empo
nota -se q ue a corr ente pass a a ser de 4A. Det er mine n e stas condi ções a va riação
de te mper atur a do fi o.
Dad o:  do ma teri al = 10 - 2 0 C - 1
Resp osta: 25 0 C

8 0 ) Um fio conduto r de comp r ime nto ini cial   , a pr esenta a 25 0 C , uma r esist ência
R = 90  ; corta-s e um p edaç o de 1 m de fio, e elevand o -se a te mpera tura do fio
res ta nte p ara 75 0 C, ve rifica - se que a resistê nci a ôh mica do mes mo é de 10 0  .
Sabe ndo - se que o  do ma teri al é de 4 x 1 0 - 3 0 C - 1 , dete r min e o co mp riment o
inicial   d o fio.

Resp osta:  = 1 3,5 0m

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