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O golpe e a repressão de instalam na Paraíba

O modelo de governo populista que levou Pedro Gondim, apoiado pela máquina
partidária da UDN, por um lado, e por setores da esquerda do outro nas eleições de
1960, a frente do governo do estado da Paraíba havia, assim como o governo
federal de João Goulart, entrado em colapso na medida em que a tensão entre
Direita e Esquerda aumentava e não podia mais contida por medidas conciliadoras
do estado, levando Gondim a se alinhar aos setores conservadores e, antes mesmo
da ascensão do golpe, fazer uso do aparelho repressivo para atacar setores da
esquerda.

Paralelamente a essa aproximação do governo com a direita, nos bastidores essas


forças de direita já avançavam na sua conspiração golpista, temendo a suposta
ameaçadora mobilização das forças de esquerda. Na Paraíba, segundo apresenta a
autora Monique Cittadino em depoimentos que recuperou de sujeitos da época em
seu livro; “Populismo e Golpe de Estado na Paraíba (1945-1964)”, a articulação do
golpe de 1964 no estado teria contado com a participação conjunta dos setores
civis, em sua maioria proprietários rurais, e militares.

O processo de conspiração incluiu a organização dos proprietários rurais em


associações de latifundiários como a PARA, posterior LILA, milícias particulares
formadas tendo em vista a defesa de suas propriedades privadas, que reprimiam os
movimentos populares de camponeses, como as Ligas Camponesas, juntamente
com grupamentos da polícia militar e exército, apostos para uma luta armada, se
preciso fosse, se houvesse resistência popular ou governamental.

Isso se torna um indício de que, apesar da anterior aproximação do govenador


Pedro Gondim com as forças federais na Paraíba, à sua participação efetiva em
toda conspiração golpista que se formava é improvável, uma vez que a sua reação
imediata e de membros, após a eclosão do golpe quanto a posição a ser tomada foi
de completa indecisão e de que fora pego de surpresa com os eventos que
pipocavam pelo país entre os dias 31 de março e 01 de abril de 1964.

Ao tomar conhecimento da eclosão do golpe, Pedro Gondim e seus auxiliares


realizam uma reunião que adentra a madrugada no Palácio da Redenção visando
decidir qual posição tomar. Logo ficando claro que o governo estadual não detinha
uma posição definida, ou mesmo homogênea, a ser tomada, uma vez que parte da
sua equipe de governo defendia o rompimento com o governo Goulart e adesão ao
golpe, enquanto parte pretendia que o governo paraibano tomasse uma posição de
apoio a Jango.

A posição de Gondim, onde ele se colocou favorável ao golpe, só foi revelada de


última hora, ainda contando com uma pressão de membros das forças armadas que
se encontravam no estado. Sua posição garantiu-lhe não apenas a continuidade de
seu mandato de governador, como a continuidade de sua liberdade, uma vez que as
forças militares golpistas estavam caçando mandatos e encarcerando qualquer
político que não aderisse à nova ordem.

Com a oficialização do golpe, o próximo passo empreendido pela direita é o


desmantelamento do Estado Populista, que passou a não atender mais as
reivindicações da ordem capitalista mundial, e sua substituição pelo Estado
Burocrático-Autoritário que seria responsável por promover a dominação política e
econômica absoluta da burguesia.

O passo inicial para que as forças golpistas paraibanas alcançassem esse objetivo
passava pela desmobilização e repressão sobre as manifestações e organizações
populares, no que fora nomeado como “Operação Limpeza”. Posta em prática,
setores organizados ligados às esquerdas sofreram severa perseguição; Sindicatos
trabalhistas, a União Nacional dos Estudantes, as Ligas Camponesas, um dos
principais alvos de perseguições por se tratar do setor de esquerda organizado mais
forte do estado, foram extintas e seus líderes, tais como Pedro Fazendeiro e Negro
Fuba, foram presos, torturados e assassinados.

Por fim, pode-se concluir de toda essa articulação golpista no estado da Paraíba
que, apesar do Governo Gondim ser rapidamente cooptado a se aliar a “revolução”
e tendo ele mesmo, anterior ao golpe, rompido o pacto populista que o levou ao
poder e se aliado a direita, reprimindo a esquerda desde muito cedo, ele fora pego
de surpresa pelos eventos que se seguiram a noite de 31 de março de 1964, tendo
se decidido em favor do golpe em última horá.

O mesmo vale para as organizações de esquerda e da enorme repressão dirigida à


elas pelo aparato repressor estatal que, mesmo vivendo a situação de perseguição
governamental anterior ao golpe, não se preparara e, assim como o governo de
Pedro Gondim, fora pega de surpresa.

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