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O modelo de governo populista que levou Pedro Gondim, apoiado pela máquina
partidária da UDN, por um lado, e por setores da esquerda do outro nas eleições de
1960, a frente do governo do estado da Paraíba havia, assim como o governo
federal de João Goulart, entrado em colapso na medida em que a tensão entre
Direita e Esquerda aumentava e não podia mais contida por medidas conciliadoras
do estado, levando Gondim a se alinhar aos setores conservadores e, antes mesmo
da ascensão do golpe, fazer uso do aparelho repressivo para atacar setores da
esquerda.
O passo inicial para que as forças golpistas paraibanas alcançassem esse objetivo
passava pela desmobilização e repressão sobre as manifestações e organizações
populares, no que fora nomeado como “Operação Limpeza”. Posta em prática,
setores organizados ligados às esquerdas sofreram severa perseguição; Sindicatos
trabalhistas, a União Nacional dos Estudantes, as Ligas Camponesas, um dos
principais alvos de perseguições por se tratar do setor de esquerda organizado mais
forte do estado, foram extintas e seus líderes, tais como Pedro Fazendeiro e Negro
Fuba, foram presos, torturados e assassinados.
Por fim, pode-se concluir de toda essa articulação golpista no estado da Paraíba
que, apesar do Governo Gondim ser rapidamente cooptado a se aliar a “revolução”
e tendo ele mesmo, anterior ao golpe, rompido o pacto populista que o levou ao
poder e se aliado a direita, reprimindo a esquerda desde muito cedo, ele fora pego
de surpresa pelos eventos que se seguiram a noite de 31 de março de 1964, tendo
se decidido em favor do golpe em última horá.