O documento descreve experiências marcantes do autor durante o ensino médio. Um episódio em particular na aula de física o impactou ao ouvir o professor descrever gastos com eletricidade equivalentes ao salário dos pais do autor. Isso despertou uma consciência das diferenças socioeconômicas existentes. Posteriormente, ao ver operários de construção civil da janela da sala de aula, o autor refletiu que poderia estar entre eles ao invés de ser aluno, caso não tivesse tido a oportunidade de estudar.
O documento descreve experiências marcantes do autor durante o ensino médio. Um episódio em particular na aula de física o impactou ao ouvir o professor descrever gastos com eletricidade equivalentes ao salário dos pais do autor. Isso despertou uma consciência das diferenças socioeconômicas existentes. Posteriormente, ao ver operários de construção civil da janela da sala de aula, o autor refletiu que poderia estar entre eles ao invés de ser aluno, caso não tivesse tido a oportunidade de estudar.
O documento descreve experiências marcantes do autor durante o ensino médio. Um episódio em particular na aula de física o impactou ao ouvir o professor descrever gastos com eletricidade equivalentes ao salário dos pais do autor. Isso despertou uma consciência das diferenças socioeconômicas existentes. Posteriormente, ao ver operários de construção civil da janela da sala de aula, o autor refletiu que poderia estar entre eles ao invés de ser aluno, caso não tivesse tido a oportunidade de estudar.
Durante o meu ensino médio muitas experiências vivenciadas no ambiente
escolar, para além do conteúdos e saberes apreendidos, se fixaram na minha
memória de uma forma que mesmo hoje, discorridos anos, se mantém vívidas como se fosse uma banalidade que só se mantém lembrada por ter acontecido recentemente. As aulas de física são momentos que podem funcionar muito bem com a utilização de exemplos cotidianos onde existe a presença de fenômenos físicos que ilustram de forma mais didática algo que se encontra teorizando através de fórmulas nos livros e é algo que os professores dessa área costumam adotar com frequência. Um dos episódios mais significativos pra mim aconteceu na aula de física por decorrência de alguns exemplos cotidianos que o professor utilizou pra ilustrar algum conteúdo que, diferente do exemplo, não me recordo mais. Ele falava com entusiasmo sobre alguma propriedade física da eletricidade e citou o caso da casa dele onde tinha instalado o aparelho de segurança e que só tinha o inconveniente de que, ao somar o tamanho da casa dele, que demandava iluminação, o uso de ar-condicionado, portão elétrico da garagem e o uso de outros equipamentos de demandava consumo de eletricidade a sua conta de luz aumentava significamente, podendo atingir mais de um salário mínimo mensal. Acho que, enquanto um adolescente de quinze anos foi um pequeno choque saber que alguém falava com tanta naturalidade que apenas em uma despesa de eletricidade mensalmente gastava algo que representava mais da metade do que meus pais juntos conseguiam ganhar trabalhado um mês inteiro e que era o que poderia ser gasto em todas as despesas de uma família com cinco pessoas durante todo um mês. Como Paulo Freire sinaliza em “A Importância do Ato de Ler” o professor não deve impor o seu conhecimento ao aluno .... Tem que entender o universo dos alunos para partir daí.... (Procurar citação correta). Episódios como esses onde alguém narrava uma realidade muito diferente da minha, vindo de professores e colegas de turma, e que me faziam sentir o abismo existente entre o interlocutor e eu foram frequentes e, depois de um certo tempo, pararam de me causar espanto, não que eu começasse a naturalizar aquilo. Acredito que a sensação foi me despertando uma primária consciência das diferenças que podem existir separadas por tão pouco espaço geográfico. Existiam alunos que compartilhavam uma realidade similar a minha e outros... Com o processo de expansão física que vivia o Campus a nossa turma foi realocada para uma sala recém construída que ficava no primeiro andar, do lado de uma nova construção que acontecia simultaneamente as minhas aulas, de modo que, enquanto eu assistia aula,ao olhar pela janela eu poderia acompanhar os pedreiros, serventes e mestres de obra na sua rotina de trabalho e enxergar meu pai entre os trabalhadores, não a pessoa física dele com a sua fisionomia, mas projetar a possibilidade dele ser um daqueles trabalhadores que ali se encontravam a trabalhar e não ocupando o lugar do professor a minha frente, na reitoria, na biblioteca, em nenhum desses lugares mais prestigiados. Meu pai poderia ser um daqueles operários e, se eu não me encontrasse estudando ali naquele momento, em um futuro próximo eu também poderia estar ali conhecendo um lugar como o IFPB como operário e não como aluno.