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INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ, Campus ITAPIPOCA

DEPARTAMENTO DE ENSINO

COORDENADORIA DA LICENCIATURA EM MÚSICA

PROFESSOR: ANTONIO VALRICELIO LINHARES DA SILVA

DISCIPLINA: DIDÁTICA

Kênia Braga Moura

Itapipoca – CE

Fevereiro de 2022
A escola atual apresenta elementos que evidenciam uma didática técnico-
instrumental? Comente com exemplos elucidativos e faça uma conclusão.

Ao falar de educação, é comum associarem a figura de um professor e a figura de um


aluno. Ao primeiro, é atribuído o título de detentor de saber, ao outro um mero aprendiz.
Certamente, essa afirmação é ultrapassada, afinal um dos maiores educadores da
história da humanidade afirmou com humildade e lucidez que: “quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1997).

Além disso, há, porém, não somente esses dois sujeitos, mas também um terceiro
elemento no processo de ensino aprendizagem: o elemento de estudo. Para que esse
elemento de estudo seja de fato obtido será necessário a didática. Na didática, há três
dimensões: técnica, politica e humana.

Observado a sala de aula e recordando as memórias escolares do passado, é possível


perceber que muitos professores desconhecem e/ou não consideram relevantes essas três
dimensões do campo da didática. Relembro e confesso a dificuldade em aprender a ler e
a escrever, isto porque minha professora alfabetizadora não demonstrava a dimensão
humana da didática. Ela pressionava os alunos e falava grosserias, porque os alunos não
sabiam ler. Lembro-me de uma conversa que tive com ela, na qual ela me perguntou o
porquê de não querer aprender. Na época, eu era uma criança, não tive argumentos para
tal questionamento, mas hoje reflito: por que tal pergunta era relevante para aquele
momento? Por que a professora não considerou os aspectos do desenvolvimento infantil
e preparou metodologias voltadas para como a criança aprende? Por que deveria ser
atribuído o “não aprender” como querer do aprendiz?

Certamente, eu desejava saber ler e escrever, mas o insucesso se deu devido a vários
fatores que resultaram não somente em um atraso escolar, mas também traumas
psicológicos. Tendo em vista, que, por muitos anos, me considerei culpada ao não
conseguir aprender algo.

É interessante esclarecer que há sim uma parcela de responsabilidade do aluno, no


entanto há também uma linguagem que respeita a identidade do aluno, há, portanto, uma
dimensão humana que deve ser considerada ao ensinar.
Diante desses argumentos e pelas observações que fiz em alguns estágios durante o
curso de Licenciatura em Pedagogia, afirmo que em alguns casos ainda há uma didática
técnica-instrumental. Infelizmente, gostaria de contar uma nova história, no entanto a
realidade é essa. Alguns professores tentam se desfazer de uma didática que
desconsidera essas 3 dimensões e prioriza somente as avaliações externas, mas os
gestores pressionam os professores a voltarem seus olhares para os resultados
quantitativos.

Assim, é preciso buscar o equilíbrio e a mudança, esta a qual já ocorre por meio dessas
nossas reflexões no curso de Licenciatura em Música, mais precisamente na disciplina
de Didática.

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