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AO JUIZO DA ___ VARA DO TRABALHO DE BRUSQUE/SC

JOAQUINA DE SOUZA, nacionalidade, estado civil, costureira, inscrita no cpf


nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada na Rua xxxx, nº xx, bairro xxxx, na
cidade de xxxxx-SC, vem, por intermédio de sua advogada, que esta
subscreve, com escritório na Rua xxxx, nº xx, bairro xxx, na cidade de Joinville,
onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 840, parágrafo 1 º
da CLT, vem, a presença de Vossa Excelência, propor RECLAMATÓRIA
TRABALHISTA, pelo rito ordinário, conforme artigo 840, parágrafo 1º, CLT,
contra ATTOS TEXTIL LTDA, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ xxxxxxxxx,
com sede na Rua xxxx, nº xx, bairro xxxx, na cidade de Blumenau-SC, pelos
fatos e fundamento que passa a expor:

I- DA BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS

A Reclamante foi admitida na empresa da Reclamada em 01/04/2017, para


receber R$ 2500,00 (dois mil e quinhentos reais), acrescido de R$ 500,00
(quinhentos reais) no período de julho/2020 a julho/2021. Sua tarefa consistia
em realizar o acabamento de peças de lingerie. Era intensamente cobrada para
costurar o maior número de peças possíveis. Chegava a fazer mais de 60
peças por dia, eis que era extremamente empenhada.
No dia 02/08/2021, por volta das 17h, a Reclamante sofreu um acidente de
trabalho, quando uma bobina se desprendeu da maquina e a atingiu
diretamente na face, nesse momento a mesma não utilizava nenhum
equipamento de proteção. Em decorrência do acidente a Reclamante se
submeteu a tratamento médico e psicológico, gastando com os profissionais R$
3.000,00 (três mil reais). Além dos gastos, teve a perda de visão do olho
esquerdo e uma cicatriz na face.
Em razão do acidente, a Reclamante ficou afastada das atividades laborais de
18/08/2021 à 15/04/2021, onde durante esse período recebeu auxilio doença
acidentário. Também nesse período restou incapacitada de continuar sua
atividade de costuras particulares, que realizava após o horário de trabalho
para acrescentar sua renda, em média, R$ 1.000,00 (mil reais) por mês.
A reclamante retornou ao trabalho em 16/04/2022, porém em razão do
acidente, teve perda de 40% da sua capacidade laborativa, a qual foi
comprovada por pericia médica do INSS e notada por seus supervisores. Foi
dispensada devido a isso, sem justa causa, no dia 18.07.2022, quando recebeu
as verbas da extinção contratual.
Diante destes fatos, não resta alternativa, senão a propositura da presente
ação.

II- DAS PRELIMINARES

II.1- DA JUSTIÇA GRATUITA


A Reclamante permanece desempregada, assim resta comprovada a
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo, devendo
ser concedida a justiça gratuita, na forma do artigo 790, parágrafo 4º, da CLT.
Desta forma devem ser deferidos os benefícios da justiça gratuita em favor da
Reclamante, nos termos do artigo 720, parágrafo 4º, da CLT
II.2 – DA REINTEGRAÇÃO
A reclamante sofreu acidente de trabalho e foi afastada para gozo de auxilio
doença acidentário no período de 18/08/2021 à 15/04/2021, retornando ao
labor em 16.04.22.
Assim, a Reclamante tem garantida até 16.04.23 a manutenção do seu
contrato de trabalho na empresa, pelo prazo mínimo de 12 meses, a teor do
artigo 118, da Lei 8213/91. Desta feita, a Reclamante deve ser reintegrada,
com pagamento dos salários vencidos apurados em R$ xxx,xx

III- NO MÉRITO
III.1- DA RESPONSABILIDADE DA RECLAMADA NO ACIDENTE
III.1.1- DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
A atividade de risco desempenhada pela empresa Reclamada é considerada
inerente, visto que as máquinas de costura utilizadas pela Reclamante são
fornecidas pela própria empresa. Ou seja, enquadra-se perfeitamente na teoria
objetiva da responsabilidade civil, de acordo com o artigo 927, parágrafo único,
do CC. Está, afirma que, havendo ato ilícito, o dado e o nexo de causalidade,
há o dever de reparar.
Pelo exposto, deve-se considerar a responsabilidade objetiva no acidente.
III.1.2- DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
Caso não seja de entendimento do juízo, sustenta-se, por consequência, a
teoria da culpa da empresa Reclamada. Eis que se admite a comprovação de
comportamento desidioso quanto ao cumprimento das normas de segurança
do trabalhador, com fulcro no artigo 157, CLT. Assim, praticou ato ilícito, nos
termos do artigo 186, CC, logo tem o dever de reparar, na forma do artigo 927,
caput, CC.
Neste contexto, deve ser reconhecida a responsabilidade objetiva, observando,
também, as diligências necessárias para o feito.
III.2- DOS DANOS PATRIMONIAIS/MATERIAIS
III.2.1- DO DANO EMERGENTE
A Reclamante se submeteu a tratamento médico e psicológico, gastando com
os profissionais R$ 3000,00 entre honorários e medicamentos. Assim, deve ser
indenizada pelas despesas de tratamento conforme disposto no artigo 949, do
CC. Logo, deve ser a reclamada condenada ao pagamento de R$ 3000,00.
III.2.2- DOS LUCROS CESSANTES
A Reclamante em decorrência do acidente deixou de auferir R$ 1000,00 por
mês no período de 02/08/2021 à 16/04/2022.
Assim, havendo lesão a saúde deve ser indenizado dos lucros cessantes até
ao fim da convalescença, de acordo com o artigo 949, do Código Civil.
Pelo exposto, deve a empresa efetuar o pagamento R$ xxxx,xx, nos termos do
artigo 949, do Código Civil.
III.2.3- DA INCAPACIDADE LABORATIVA – PENSIONAMENTO
A Reclamante perda de 40% da sua capacidade laborativa em decorrência do
acidente ocorrido na empresa da Reclamada. Logo deve ser deferido pensão
correspondente a importância do trabalho para que se inabilitou na forma do
Artigo 950 do Código Civil.
Deste modo, requer a Reclamante o pagamento de pensão em parcela única
em valor apurado de R$ xxxx,xx, de acordo com o artigo 950, parágrafo único
do CC.
III.3- DANO EXTRAPATRIMONIAL
III.3.1- DOS DANOS MORAIS
A Reclamante sofreu acidente de trabalho que lhe causou danos à saúde e a
sua integridade física, bens juridicamente tutelados no artigo 223, c, CLT, logo
deve ser indenizada na forma do artigo 223-A, da CLT.
Deste modo, considerando a intensidade do sofrimento e a extensão e a
duração dos efeitos da ofensa, estabelecidos no artigo 223, G, II e V da CLT,
sofreu dado de natureza grave, devendo ser fixado a indenização em R$
xxxx.xx, com base no parágrafo 1º, do artigo 223-G.
III.3.2 – DOS DANOS ESTÉTICOS
Já exposto nos fatos, a Reclamante adquiriu uma cicatriz na face, a qual foi
consequência direta do acidente, o qual não teria acontecido se a Reclamada
observasse corretamente as normas de segurança necessárias no ambiente de
trabalho.
O artigo 5º, X, da CFRB, junto com o artigo 223 da CLT, resguardam a
imagem, a honra e a integridade física dos indivíduos, assegurados estes do
direito de reparação pelo bem jurídico eventualmente lesado.
Logo, requer-se a condenação da Reclamada ao pagamento de indenização
pelos danos estéticos sofridos pela Reclamante, no valor de R$ xxxxx,xx
oriundos da cicatriz citada.
III.4 – DO SALÁRIO POR FORA
A Reclamante, no período de julho de 2021 a julho de 2022, recebia o valor de
R$ 500,00 (quinhentos reais) extrafolha, em razão dos bons serviços
prestados. Este valor pago deve ser integrado ao salário, pois compreende-se
que todo valor “in natura” que a empresa, por força do contrato ou de costume,
forneça habitualmente ao empregado, se compreende também como salário,
conforme o art. 458, CLT.
Assim, deve ser deferido dos reflexos, apilhados em R$ xxxxx,xx

IV- DOS PEDIDOS


Diante destes fatos e fundamentos jurídicos o Reclamante pleiteia:
a) A citação e notificação, por correio, da Reclamada para comparecer à
audiência, apresentando sua defesa, sob pena de incidir nos efeitos da
revelia e confissão;
b) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790,
parágrafo 4º da CLT;
c) A reintegração da Reclamante, com pagamento dos salários vencidos
apurados em R$ xxx,xx;
d) O recebimento da inicial e o regular processamento do feito para que seja
declarada a responsabilidade objetiva da reclamada ou, não seja esse o
entendimento de Vossa Excelência, subsidiariamente, seja declarada a
responsabilidade subjetiva, passível de comprovação de eventual culpa do
reclamado;
e) A condenação da Reclamada ao pagamento de danos
patrimoniais/materiais, nas modalidades de:
e.1) danos emergentes na razão de R$ 3.000,00 (três mil reais), relativos às
despesas com tratamentos médicos e psicológicos;
e.2) lucros cessantes na razão de R$ xxxxxx,xx, relativos ao valor que deixou
de auferir mensalmente;
e.3) pensionamento, pago em parcela única no valor de R$ xxxxx,xx em
decorrência da perda de capacidade;

f) A condenação da Reclamada ao pagamento de danos extrapatrimoniais,


nas modalidades de:
f.1) dano moral, na importância de R$ xxxxx,xx;
f.2) dano estético, no valor de R$ xxxxx,xx;

g) A integralização do valor de R$ 500,00 no salário da Reclamante, com


reflexos;
h) a produção de todos os meios de provas em direito admitido;
i) a condenação da i) a condenação da Reclamada ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, estes últimos no importe de 20% sobre
o valor da causa;
Por fim, atribui-se ao valor da causa, o valor de R$ xxxx,xx.
Nestes termos, espera deferimento.

Joinville, 30.08.2022

Advogado
OAB

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