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ESTRUTURA

ORGANIZACIONAL,
AVALIAÇÃO, CONTROLE
E REGULAÇÃO DO SUS

Autoria: Milena da Silva Santos

1ª Edição
Indaial - 2020

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2020


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
S237e

Santos, Milena da Silva

Estrutura organizacional, avaliação, controle e regulação do SUS. /


Milena da Silva Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

115 p.; il.

ISBN 978-65-5646-237-0
ISBN Digital 978-65-5646-238-7

1. Sistema único de saúde. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo


da Vinci.

CDD 610
Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Conceitos do Sus..............................................................................7

CAPÍTULO 2
Articulação e Integração no Sus.....................................................45

CAPÍTULO 3
Desafios do Sus..............................................................................81
APRESENTAÇÃO
Neste livro, você entenderá como funcionam os mecanismos de deliberação
e de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), baseados na participação
na valorização dos mecanismos de controle social, e como eles auxiliam na
construção das Políticas Estaduais e Municipais de Saúde.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos


sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento
para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o
transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para
toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso
universal ao sistema público de saúde, sem discriminação. A atenção integral
à saúde, não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com
qualidade de vida, visando à prevenção e à promoção da saúde (BRASIL, 2006).

No decorrer dos estudos, veremos que a gestão das ações e dos serviços
de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federação: a
União, os Estados e os Municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange
tanto as ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média
e serviços de alta complexidade, os serviços de urgência e emergência, a
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária
e ambiental e a assistência farmacêutica.

Antes de iniciarmos o primeiro capítulo, vejamos, de acordo com


(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020), as responsabilidades dos entes que compõem
o SUS.

A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde.


O governo federal é o principal financiador da rede pública de saúde.
Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos gastos
no Brasil em saúde pública em todo o país, os estados e municípios, em geral,
contribuem com a outra metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula
políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações,
empresas etc.). Também tem a função de planejar, elaborar normas, avaliar e
utilizar instrumentos para o controle do SUS.

Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O


gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os
repassados pela União. Além de ser um dos parceiros para a aplicação de
políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde.
Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização
federal. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização do
atendimento à saúde em seu território.

O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela


União e pelo estado. O município formula suas próprias políticas de saúde e é
um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde.
Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização
federal. Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o
atendimento pleno de sua população, para procedimentos de complexidade que
estejam acima daqueles que pode oferecer.
C APÍTULO 1
CONCEITOS DO SUS

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Conceituar processos de atenção e regulação, na diretriz do SUS, visando o


controle social, análise e gestão.

• Entender as decisões da regulação, fazendo um diagnóstico desde a criança


até o idoso.

• Aprender como se dá a regulação, através dos acessos dos serviços de saúde.


ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado acadêmico, neste capítulo, você dominará os conceitos e diretrizes
do SUS, bem como a política nacional de regulação e os acessos dos serviços de
saúde, desde a infância até a geriatria.

Entendemos que o SUS corresponde a um conceito de saúde que implica na


complexidade, na diversidade e na amplitude da produção da vida humana. Entre
os novos caminhos para a saúde que o SUS pode nos trazer, está a possibilidade
de inovação ao campo conceitual da atenção à saúde, principalmente no que diz
respeito à configuração de redes regionalizadas e hierarquizadas para a atenção.
Vejamos que, essas redes precisam, por princípios éticos e legais, considerar
como suas diretrizes, o atendimento integral, a descentralização da gestão e a
participação social.

Quando falamos em SUS, implicamo-nos necessariamente com os caminhos


da descentralização da gestão setorial, da integralidade da atenção à saúde e da
participação popular com poder deliberativo. São essas as direções de processos
de trabalho na gestão e a organização do trabalho e das práticas cotidianas. A
cada diretriz correspondem possibilidades distintas, mas sempre entrecruzadas,
estabelecendo rotações de eixo e produção de sentidos.

Você estudará o que está definido na lei, a produção efetiva de movimentos


sociais, como demanda e necessidade de pessoas, e que o SUS deve buscar
dar conta de pensar e organizar um sistema de saúde que corresponda ao
conceito abrangente de saúde como expressões da vida, conforme nos indicam a
Constituição Federal (1988) e a Lei Orgânica da Saúde (1990).

2 CONCEITOS E DIRETRIZES DA
REGULAÇÃO EM SAÚDE
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua a saúde como o estado
de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
doenças. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições
de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de saúde.
Equilíbrio dinâmico, harmonia, integração corpo e mente espiritualidade. À medida
que os anos passam, o autocuidado deve aumentar (BRASIL, 2006).

Antes de tudo, vejamos a população brasileira em números, de acordo com


o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somos

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190.732.694 milhões de brasileiros, 84% vivem em áreas urbanas e para cada


100 mulheres há 95,9 homens, ou seja, existem mais de 3,9 milhões de mulheres
a mais que homens.

Ainda, no crescimento das regiões brasileiras entre os censos de 2000-


2010, levantou-se que: a Região Sudeste, com 80.353.724 pessoas, de 42,8%
para 42,1% cresceu 10,97%; a Região Nordeste, com 53.078.137, de 28,2% para
27,8%, cresceu 11,18%; a Região Sul, com 27.384.815, de 14,8% para 14,4%,
cresceu 9,07%; a Região Norte, com 15.865.678, aumentou de 7,6% para 8,3%,
cresceu 22,98%; e a Região Centro-Oeste, com 14.050.340, de 6,9% para 7,4%,
cresceu 20,94%) (IBGE, 2010).

O censo ainda nos traz que São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas,
seguido de Rio de Janeiro com 6.323.037, Salvador com 2.676.606, Brasília logo
atrás com 2.562.963, Fortaleza com 2.447.409, em sexto lugar, Belo Horizonte
com 2.375.444 e, em décimo lugar, no país, está Porto Alegre com 1.409.939
pessoas.

De acordo com Veras (2009), o crescimento da população idosa


é um fenômeno mundial e, no Brasil, as modificações ocorrem de
forma radical e bastante acelerada. A cada ano, 650 mil novos idosos
são incorporados à população brasileira, a maior parte com doenças
crônicas e alguns com limitações funcionais.

A seguir, uma figura revelando que, em 2025, teremos, nesta população, mais
idosos do que jovens. Trazemos aqui uma indagação, se estamos preparados
para o envelhecimento do país, se temos diretrizes nesta faixa etária?

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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

FIGURA 1 – ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA,


POR SEXO, NOS ANOS 2000, 2025 E 2050

FONTE: IBGE (2010, s.p.)

Pós-graduando, vale a leitura de artigos sugeridos e a discussão


grupal, a critério, no ambiente onde você está inserido.
Um dos artigos sugeridos é Desigualdade social e saúde
entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios, de Maria Fernanda Lima-Costa e
colaboradores, disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/
v19n3/15878.pdf.
Sugerimos também a leitura do artigo intitulado Condições de
saúde, capacidade funcional, uso de serviços de saúde e gastos com
medicamentos da população idosa brasileira: um estudo descritivo
baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, acessando
o link https://www.scielo.br/pdf/csp/v19n3/15877.pdf, bem como do
artigo Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: repercussões
do modelo de atenção à saúde sobre a seguridade social, disponível
em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v9n4/a02v9n4.pdf, ambos escritos
por Aloyzio Achutti e Maria Ines Reinert Azambuja.

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Vistos esses artigos, damo-nos conta de que a saúde brasileira


carece de assistência, principalmente na população idosa por ser
a mais fragilizada e necessitada. Com base nos textos, qual sua
opinião frente aos artigos lidos?

R.:

Continuando em nossa linha de pensamento, vimos que os idosos são a


maioria no país, vejamos como se deu o índice de envelhecimento nas regiões e
onde precisamos ampliar e regular os serviços para acesso em sua totalidade nas
faixas etárias.

TABELA 1 – ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO POR ANO, SEGUNDO REGIÕES BRASIL


Índice de envelhecimento, por ano, segundo regiões Brasil, 1991, 1996, 2000 e
2005
Região 1991 1996 2000 2005
Brasil 21,0 25,0 28,9 33,9
Norte 10,9 12,9 14,7 16,6
Nordeste 18,4 22,0 25,5 30,3
Sudeste 25,4 30,3 34,8 40,8
Sul 24,1 28,6 33,4 39,3
Centro-Oeste 14,7 18,3 22,1 26,4
FONTE: IBGE (2010, s.p.)

O índice de envelhecimento mostra a participação crescente de idosos em


relação aos jovens na população, evidenciando a redução do índice de natalidade
e o aumento da esperança de vida ao nascer, conforme a tabela a seguir.

TABELA 2 – TAXA BRUTA E TAXA PADRONIZADA DE


NATALIDADE, POR ANO, SEGUNDO REGIÕES BRASIL
Taxa bruta e taxa padronizada de natalidade, por ano, segundo regiões Brasil,
1991, 1995, 2000 e 2004
Região 1991 1995 2000 2004
Bruta Bruta Bruta Padronizada Bruta Padronizada
Brasil 23,39 21,97 21,06 20,94 18,17 18,11
Norte 31,93 30,14 28,63 28,15 23,62 22,75
Nordeste 26,81 25,13 24,29 24,23 21,66 21,26

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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Sudeste 20,23 19,20 18,71 18,52 15,87 15,84


Sul 21,49 19,77 17,96 18,41 14,83 15,61
Centro-Oes-
24,38 22,34 20,70 19,22 19,16 17,95
te
FONTE: IBGE (2010, s.p.)

No período, observam-se valores decrescentes para todas as regiões


brasileiras. Os dados padronizados evidenciam as diferenças regionais, sendo
que as regiões Norte e Nordeste apresentam os mais elevados níveis de
natalidade e as regiões Sul e Sudeste os mais reduzidos.

GRÁFICO 1 – ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER REGIÕES BRASILEIRAS

FONTE: IBGE (2010, s.p)

Concluímos com essas ilustrações que nasce menos brasileiros do que


morrem, tornando, assim, nosso país um país de “cabelos brancos”.

Verifica-se que existe uma tendência ao aumento na estimativa de vida ao


nascer, em anos de vida, fechando com dados populacionais, que evidenciam um
aumento no número de idosos. Justifica-se, então, ações de saúde pontuais para
essa população.

TABELA 3 – ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER: INDICADOR DA REGIÃO SUL

FONTE: IBGE (2010, s.p.)

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Cabe lembrarmos que os princípios do SUS conceituados a


seguir, são de acordo com a Constituição Federal (1988), disponível
no site do Ministério da Saúde.

• Universalização: a saúde é um direito de cidadania de


todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo
que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as
pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras
características sociais ou pessoais.
• Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir
desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos
serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades
distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente
os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
• Integralidade: este princípio considera as pessoas como
um todo, atendendo a todas as suas necessidades.

FONTE: <http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/3295-
lei-n-8080-30-anos-de-criacao-do-sistema-unico-de-
saude-sus#:~:text=Princ%C3%ADpios%20do%20
SUS%3A,outras%20caracter%C3%ADsticas%20sociais%20
ou%20pessoais.>. Acesso em: 11 nov. 2020.

Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da


saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.

O princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras


políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes
áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
Ainda, sobre os princípios organizativos, o Ministério da Saúde (2020) traz,
regionalização e hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis
crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica,
planejados a partir de critérios epidemiológicos e com definição e conhecimento
da população a ser atendida.

A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já


existem, visando seu comando unificado. Já a hierarquização deve proceder
à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam
parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis
em uma dada região.
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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Descentralização e comando único: descentralizar é redistribuir poder


e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde,
descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o
controle e a fiscalização por parte dos cidadãos.

No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o


município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais,
técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função.

Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção


constitucional do mando único, em que cada esfera de governo é autônoma e
soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a
participação da sociedade.

Participação popular: a sociedade deve participar no dia a dia do sistema.


Para isso, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que
visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.

O texto anterior nos dá uma ideia de como o SUS foi construído.


Será que temos clareza de nossos direitos e deveres? Com base
nesta indagação, solicitamos que você registre sua resposta no
espaço a seguir. Estes registros poderão questionar certezas ou
elucidar dúvidas que possuímos em relação às nossas ações e
atitudes.

R.:

Para falarmos nos conceitos e diretrizes da regulação na saúde pública,


precisamos lembrar um pouco da história. O INAMPS – Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social –, fazia um repasse financeiro segundo
média histórica com teto físico e financeiro e não levava em conta a demanda e
não atendia à necessidade da população.

Em, 1988, cria-se a Constituição do SUS, grande marco na saúde pública até
os dias atuais, logo após, em 1990, com a Lei nº 8.080, regulamentou-se o SUS

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(com o artigo 16 da Constituição) e a Lei nº 8.142, que regulamenta o repasse


de recursos e cria os Conselhos Municipais de Saúde, grande marco na história,
podendo contar com esse importante instrumento até hoje.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é também


chamada de “Constituição Cidadã”. Ela é considerada um marco fundamental
na redefinição das prioridades da política do Estado na área da saúde coletiva. É
ela que marca a criação do Sistema Único de Saúde como um sistema de direito
universal, descentralizado e participativo.

Em 1993, com a Lei nº 8.689, extingue-se o INAMPS, cria-se o INSS –


Instituto Nacional de Seguridade Social – e se permite a transferência de recursos
humanos do estado e da União para o município. Através da Norma Operacional
Básica (NOB), em 1996, dá-se início ao processo de municipalização com níveis
de gestão incipiente, parcial e semiplena, definindo as competências do Município,
Estado e União.

Em suma, na regulação, o município é responsável pela gestão da atenção


básica e o estado e a união pela gestão da alta complexidade, sendo assim, os
responsáveis deverão organizar e executar, incluir a proposta, inserir a estratégia,
organizar o fluxo de usuários, garantir a infraestrutura, selecionar, contratar
e remunerar as equipes, programar as ações, alimentar as bases, realizar o
monitoramento, qualificar os recursos, firmar, monitorar e avaliar os indicadores,
consolidar, acompanhar e avaliar o trabalho, estimular e viabilizar a capacitação,
buscando parcerias com organizações governamentais.

Seguindo a história na saúde pública, cria-se a NOB 98, de 1998, que traz
a Gestão Plena do Sistema e a Plena de Atenção Básica (PAB), com pactuação
de indicadores para avaliação e acompanhamento das ações do município. Aqui,
o repasse de recursos se dá com valor fixo per capita e mais valor específico de
acordo com a adesão dos municípios a projetos e programas do Ministério da
Saúde (2020).

Em 1999, a Portaria nº 1.399 do MS regulamenta a NOB SUS 01/1996,


dispondo sobre a transferência de recursos fundo a fundo.

De acordo com Ministério da Saúde, acesso em 2020, desde 2001, a


Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) estabelece um conjunto de
estratégias com definições de responsabilidades assumidas em conjunto pela
União, estados e municípios: organização de sistemas funcionais de assistência
à saúde e ações de atenção básica que devem ser desenvolvidas por todos
os municípios de acordo com o perfil epidemiológico. Aqui, a transferência de
recursos se dava através do Piso de Atenção Básica Ampliada (PABA) com

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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

algumas ações de média complexidade à Atenção Básica, repassava uma


parcela fixa de R$ 12,00/habitante/ano e uma parcela variável com a adesão
do município a programas e projetos do MS, como Programa Saúde da Família
(PSF), Assistência Farmacêutica Básica e Qualificação do SUS (QUALISUS) etc.

FIGURA 2 – FINANCIAMENTOS DA SAÚDE

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

Em 2006, cria-se o Pacto pela Saúde, através da Portaria GM nº


399, de 22 de fevereiro. O pacto se divide em Pacto pela Vida, Pacto
de Gestão do SUS e Pacto em Defesa do SUS.

• O Pacto pela Vida traz as questões de saúde do idoso, câncer


de colo uterino e de mama, mortalidade infantil e materna, doenças
emergentes e endêmicas com ênfase na tuberculose, hanseníase,
dengue, malária e influenza, promoção da saúde e fortalecimento da
atenção básica.
• O Pacto pela Defesa do SUS busca implementar um projeto
permanente de mobilização social, elaborar e divulgar a carta dos
direitos dos usuários do SUS.
• O Pacto de Gestão visa definir, de forma inequívoca, a
responsabilidade de cada instância gestora do SUS, estabelecer
as diretrizes para gestão do SUS, bem como os desafios atuais
para atenção básica: a gestão e planejamento, o financiamento,
os recursos humanos, a organização do trabalho, a estrutura
física e equipamentos, os sistemas de informação, a assistência

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farmacêutica, o conselho gestor e controle social, a integração das


ações de vigilância em saúde e a integração entre Atenção Básica
(AB) e serviços especializados.

FIGURA 3 – FIGURA ILUSTRATIVA SOBRE AS DIMENSÕES DO PACTO

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

A Portaria nº 1.996/2007 define a política de Educação Permanente em


Saúde, reafirma seus princípios como norteadores para a construção de tal política
e das ações educativas na saúde, recolocando a questão de que as demandas
para a formação e desenvolvimento dos trabalhadores no SUS sejam definidas a
partir da identificação dos problemas cotidianos referentes à atenção, à saúde e
à organização do trabalho. Além disso, reafirma a compreensão e tratamento da
gestão da educação na saúde (formação e desenvolvimento) como uma questão
de natureza tecnopolítica, uma vez que envolve mudanças nas relações, nos
processos, nos atos de saúde, nas organizações e nas pessoas.

Reafirma, também, a necessidade de articulação intra e interinstitucional


que cria compromissos entre as diferentes redes de gestão, de serviços de saúde
e educação e do controle social, possibilitando o enfrentamento criativo dos
problemas e uma maior efetividade das ações de saúde e educação.

As ações de Educação na Saúde passam a compor o Pacto de Gestão, do


Pacto pela Saúde. A responsabilidade pelas ações de educação na saúde está
incluída na agenda da gestão do SUS, como atividade que pode e deve contribuir
para o seu desenvolvimento, consolidando mudanças nas práticas de saúde em

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Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

direção ao atendimento dos princípios fundamentais do SUS.

Os gestores passam a contar com o financiamento federal regular e


automático para a Educação na Saúde, por meio do Bloco de Financiamento
da Gestão com repasse Fundo a Fundo. Assim, terão condições de planejar
regionalmente no curto, médio e longo prazo ações educativas de formação e
desenvolvimento que respondam às necessidades do sistema e estejam de
acordo com a realidade local.

A Educação Permanente em Saúde (EPS) tem o objetivo de constituir


uma rede de ensino-aprendizagem no exercício de trabalho no SUS, com a
sua recomposição na direção das necessidades da população/usuários como
cidadãos de direitos. Afinal, no setor da saúde ocorre uma concentração do saber
em áreas técnicas de profissionais específicos, que anulam as realidades locais
em prol do conhecimento técnico que impõe uma linha de prescrições ao trabalho.
Portanto, faz-se necessário ampliar as possibilidades de respostas para além do
normatizado, por meio da interação intersubjetiva, em direção às necessidades
de saúde dos usuários/população (CECCIM, 2005).

A educação permanente de saúde faz parte da saúde e da


regulação, pois sem a uniformidade das informações não se
faz política de saúde eficaz. Para pensar, anotar e despertar
interesses, existe uma Política de Educação Permanente em Saúde
no âmbito municipal? Que estrutura organizacional é responsável
pela condução dessa política no âmbito municipal? Qual a dotação
orçamentária destinada à Política Municipal de Educação Permanente
em Saúde? Qual a participação das instâncias de controle social na
formulação e implementação dessa política? O Plano Municipal de
Saúde contempla as questões da formação e desenvolvimento dos
trabalhadores para o SUS? Que linhas de ação estão contempladas
na Política Municipal de Educação Permanente em Saúde? O que foi
realizado nos últimos dois anos nessa área?

R.:

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ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Atualmente, o SUS vem passando por intensivos movimentos


que visam sua qualificação e efetivação enquanto política de saúde
no Brasil. Esses movimentos incluem:

• A Portaria nº 4.279/2010 que estabelece as diretrizes para a


organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS).
• O Decreto nº 7.508/2011 que regulamenta a Lei nº 8.080
e dispõe sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS),
o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa.
• A Portaria nº 1.459/2011 que institui a Rede Cegonha.
• A Portaria nº 1.654/2011 instituindo o Programa Nacional de
Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e
o Incentivo Financeiro do PMAQ-AB.
• A Portaria nº 2.979/2011, dispondo sobre a transferência de
recursos aos Estados e Distrito Federal para qualificação de gestão
no SUS.
• A Rede de Atenção Integral em Saúde Mental e o processo
de implantação das Linhas de Cuidado em Saúde Mental, Álcool e
outras Drogas.

Cada um destes documentos, portarias, decretos, pactuações trazem


implicações para os arranjos da gestão, da atenção, do controle social e da
formação, impactando diretamente nos modos de organizar o processo de
trabalho em saúde. Novos coletivos, comissões, grupos condutores de caráter
multiprofissional e intersetorial, apoio institucional, matriciamento se expandem da
atenção para a gestão.

Os indicadores podem ser sociais, econômico-financeiros e de saúde, dentre


outros. Dentre os indicadores de saúde, destacamos os indicadores de morbidade
(doença), de mortalidade e de cobertura assistencial.

Para se organizar todo este fluxo, os municípios constroem o Plano de Saúde,


que é um documento de intenção política, de diagnóstico, de estratégias, de
prioridades e de metas vistos sob uma ótica analítica. Trata-se de um instrumento
referencial básico que reflete as diferentes realidades de saúde de uma população
para propor estratégias de enfrentamento dos problemas evidenciados.

20
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

No âmbito do Sistema de Planejamento do SUS, define-se como Plano


de Saúde o instrumento que, a partir de uma análise situacional, apresenta
as intenções e os resultados a serem buscados no período de quatro anos,
expressos em objetivos, diretrizes e metas.

O Plano deve ser construído com base nos níveis de atenção e diagnóstico
de cada município. Um planejamento bem feito, dar-se-á uma regulação de
qualidade.

FIGURA 4 – ILUSTRATIVA SOBRE O SISTEMA DE SAÚDE

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

O processo de formulação do Plano de Saúde, além de requisito legal, é um


dos mecanismos relevantes para se assegurar o princípio de unicidade do SUS e
a participação social.

Ele deve ser submetido na íntegra ao Conselho de Saúde correspondente,


para apreciação e modificações que julgarem necessárias. As ações, os recursos
financeiros e outros elementos que dão sequência prática ao Plano não são
objeto de explicitação no instrumento Plano de Saúde. A Programação Anual em
Saúde é uma etapa posterior, que será contemplada após a conclusão do Plano
Municipal de Saúde.

Em síntese, o Plano de Saúde deve ser a expressão das políticas e dos


compromissos de saúde numa determinada esfera de gestão. É a base para a
execução, o monitoramento, a avaliação e a gestão do sistema de saúde.

21
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Compete ao SUS, o cuidado com seus trabalhadores, para além do


ordenamento de recursos humanos e a formação em todos os sentidos possíveis.
Emerge a necessidade de formular novos desenhos formativos compatíveis com
os movimentos desencadeados pelo próprio SUS, pois a qualidade de vida é um
conceito multidimensional que abrange aspectos físicos, sociais e emocionais.

O acolhimento faz parte de uma das diretrizes de maior relevância ética/


estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS, sendo aplicado
não somente ao usuário, mas a todos os envolvidos nos processos. Como diretriz,
podemos inscrever o acolhimento como uma tecnologia do encontro, um regime
de afabilidade construído a cada encontro e, através destes, a construção de uma
rede de conversações afirmadoras de relações de potência nos processos de
produção de saúde (FRANCO, 1999).

O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética,


não pressupõe hora ou profissional específico para fazê-lo e implica em
compartilhamento de saberes, angústias e invenções tomando para si a
responsabilidade de “abrigar e agasalhar”, sempre respeitando as suas
demandas, com responsabilidade e resolutividade sinalizada pelo caso em
questão (TEIXEIRA, 2003).

Por não se tratar de formulações baseadas unicamente em repasses


sistemáticos e maciços de informações, mas da educação viva em ato,
acompanhando o trabalho vivo em ato da saúde, é que surge a proposta de
composição de caminhos, percursos e itinerários formativos. Não se faz regulação
sem união e sem seguir leis, isto é uma diretriz.

Vale a pena assistirmos ao filme Os Intocáveis, link do trailer


no https://www.youtube.com/watch?v=u3AUxnzuNKs, ele conta a
história de um milionário tetraplégico que contrata um homem da
periferia para ser o seu acompanhante, apesar de sua aparente falta
de preparo. No entanto, a relação que antes era profissional cresce e
vira uma amizade que mudará a vida dos dois.
O que queremos despertar em você, acadêmico, é que devemos
a todo instante nos colocar no lugar do outro. Somos trabalhadores do
SUS ou da saúde privada, trabalhamos com doenças na maioria das
vezes impossíveis de serem esperadas. E, ao mesmo tempo, temos
uma burocracia a seguir. Fazer planejamento, faz-se necessário de
acordo com a legislação e padronização, mas também, atingir os
anseios do usuário.

22
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Com base no modelo teórico, você consegue vincular algo de


sua experiência a este filme. Alguma vez se deu conta que seria
direito do usuário, mas a legislação assim não permitia, descreva
no espaço que segue. A regulação está próxima do planejamento na
sua opinião?

R.:

3 POLÍTICA NACIONAL DE
REGULAÇÃO
A Política Nacional de Regulação, instituída pela Portaria GM/MS nº
1.559/2008, está organizada em três dimensões integradas entre si: Regulação
de Sistemas de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde e Regulação do Acesso
à Assistência, que devem ser desenvolvidas de forma dinâmica e integrada, com
o objetivo de apoiar a organização do sistema de saúde brasileiro, otimizar os
recursos disponíveis, qualificar a atenção e o acesso da população às ações e
aos serviços de saúde (BRASIL, 2017).

Com o objetivo de implementar a operacionalização da Central Nacional de


Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), foi editada a Portaria SAS nº 688, de
6 de abril de 2017, que reformula Regulamento Técnico da CNRAC e das CERAC
– Centrais Estaduais de Regulação de Alta Complexidade (BRASIL, 2017).

Constatada a necessidade de complementação da rede de saúde, deverá


ser observada a preferência que as entidades privadas, sem fins lucrativos, têm
em participar do sistema de saúde (Lei nº 8.080/1990, art. 24 e 25) (BRASIL,
2017).

Conforme previsto na Portaria nº 2.567/2016, com estas entidades deverá


ser celebrado o instrumento de contrato quando houver a prestação de serviços
de saúde.

A Regulação do Acesso à Assistência, em especial, consiste na ordenação


e qualificação dos fluxos de acesso às ações e serviços de saúde, de modo
a otimizar a utilização dos recursos assistenciais disponíveis e promover a

23
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços,


em tempo oportuno, dispondo, para tal, entre outros instrumentos, de diretrizes
operacionais e protocolos de regulação (BRASIL, 2017).

Como estratégia da Regulação do Acesso à Assistência, foi instituída,


no âmbito do SUS, a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade,
por meio da Portaria GM/MS nº 2.309/2001, com a finalidade de organizar a
referência interestadual de pacientes que necessitam de assistência em
alta complexidade nas especialidades de cardiologia, neurologia, oncologia,
traumatologia e ortopedia e procedimentos cirúrgicos relativos à cirurgia
bariátrica (BRASIL, 2017).

Quanto ao sistema de informação disponibilizado pelo Ministério da Saúde


(2020), o Sistema de Regulação (SISREG) é um sistema web, criado para o
gerenciamento de todo complexo regulador, por meio de módulos que permitem
a regulação do acesso de consultas, exames, procedimentos de média e alta
complexidade, bem como a regulação das internações de urgência e cirurgias
eletivas (BRASIL, 2017).

Com o intuito de estabelecer prazo para que Estados, Distrito Federal e


Municípios comprovem ao Ministério da Saúde a execução dos recursos
financeiros transferidos para a implantação e/ou implementação de Complexos
Reguladores e informatização das Unidades de Saúde, no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), nos termos do disposto no art. 14, da Portaria GM/MS
nº 2.923/2013, o Ministério da Saúde editou a Portaria GM/MS nº 2.615, de 22
de agosto de 2018, prevendo a data de 31/12/2018 como limite máximo para a
comprovação da execução dos recursos (BRASIL, 2017).

A fim de estabelecer incentivo financeiro de investimento e custeio para


fomento das ações de regulação, no âmbito do SUS, o Ministério da Saúde
editou as seguintes portarias: Portaria GM/MS nº 2.923/2013, Portaria GM/MS
nº 1.792/2012 e Portaria GM/MS nº 2.655/2012.

Faça uma pausa aqui. Pense na sua realidade como profissional


ou cidadão. Em seu município, como são as demandas na saúde
pública. São seguidos critérios de acordo com a política nacional?

R.:

24
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Vamos falar um pouquinho em protocolos: sem eles não


há regulação, os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
(PCDT) são documentos que estabelecem critérios para o
diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento
preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados,
quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de
controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados
terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS (BRASIL,
2006).

Devem ser baseados em evidência científica e considerar critérios de eficácia,


segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas
(BRASIL, 2006).

As Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em oncologia são


documentos baseados em evidência científica que visam nortear as melhores
condutas na área da Oncologia (BRASIL, 2006).

A principal diferença em relação aos PCDT é que, por conta do sistema


diferenciado de financiamento dos procedimentos e tratamentos em oncologia,
este documento não se restringe às tecnologias incorporadas no SUS, mas
ao que pode ser oferecido a este paciente, considerando que o financiamento
é repassado como procedimento para o atendimento aos centros de atenção
e a autonomia desses na escolha da melhor opção para cada situação clínica
(BRASIL, 2006).
As Diretrizes
Nacionais
Os Protocolos de Uso são documentos normativos de escopo
Brasileiras são
mais estrito, que estabelecem critérios, parâmetros e padrões para documentos
a utilização de uma tecnologia específica em determinada doença ou norteadores das
condição (BRASIL, 2006). melhores práticas
a serem seguidas
As Diretrizes Nacionais Brasileiras são documentos norteadores por profissionais de
saúde e gestores,
das melhores práticas a serem seguidas por profissionais de saúde e
sejam eles do setor
gestores, sejam eles do setor público ou privado da saúde (BRASIL, público ou privado
2006). da saúde (BRASIL,
2006).

25
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

As Linhas de Cuidados apresentam a organização do sistema de saúde


para garantir um cuidado integrado e continuado, com o objetivo de atender às
necessidades de saúde do usuário do SUS em sua integralidade (BRASIL, 2006).

As diretrizes para a organização de Redes de Atenção à Saúde (RAS),


no âmbito do SUS, propostas pelo Ministério da Saúde, evidenciam a Atenção
Básica como centro de comunicação da RAS, assumindo um papel-chave na sua
estruturação como ordenadora da Rede e coordenadora do cuidado (BRASIL,
2006).

Para tanto, a Atenção Básica, a partir das Unidades Básicas de Saúde


(UBS), deve ser o nível fundamental de um sistema de atenção à saúde, pois
constitui a porta de entrada preferencial, ou seja, o primeiro contato dos usuários
com o sistema, sendo o primeiro elemento de um processo contínuo e integral de
atenção (BRASIL, 2006).

A regulação assistencial ou regulação do acesso, entendida como a


“disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do
cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada”, é um poderoso
mecanismo de organização e gestão da rede de atenção à saúde no âmbito
municipal, trazendo benefícios para a população usuária dos serviços (BRASIL,
2006).

Na gestão, o processo regulatório favorece a resolução dos casos que


exigem a ação coordenada de vários pontos da rede de atenção, além de permitir
o conhecimento mais aprofundado e dinâmico da rede assistencial (BRASIL,
2006).

Também favorece a identificação das áreas críticas e das necessidades


de saúde de maneira ampliada, orientando para o melhor controle dos gastos,
melhor utilização dos recursos e qualidade na prestação de serviços. Esses
processos devem ocorrer nos seus vários locos de produção do cuidado, sejam
eles realizados em uma UBS – a partir da microrregulação qualificada in loco
ou nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), Complexos Reguladores
Municipal, Estadual e Nacional. Alguns instrumentos são muito importantes nesse
processo, entre eles os Protocolos de Regulação do Acesso, que compreendem
diretrizes para a solicitação e uso adequado e racional das tecnologias de apoio
diagnóstico e terapias especializadas (BRASIL, 2006).

Estes documentos estabelecem critérios qualificados de avaliação de risco,


identificando as prioridades e garantindo a agilidade no acesso para aqueles
pacientes que mais necessitam. A estes se somam outros instrumentos como

26
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

os Sistemas de Informação em Saúde da Regulação, que tem como objetivo


principal sistematizar e gerenciar as rotinas desde o Complexos Reguladores até
a microrregulação que ocorre nas UBS (BRASIL, 2006).

Faça a leitura de pelo menos um protocolo da regulação


de serviços de saúde, você encontrará em: www.saude.gov.br_
regulaçao.

Você conseguiu vislumbrar novos horizontes em termos de


modelos de organização da regulação? A partir destes enfoques,
para melhor sistematização de suas ideias, sugerimos que elabore
um texto, uma síntese.

R.:

A população brasileira está cada vez mais velha, seguindo uma


tendência que se observa desde 1992. Pessoas com 60 anos ou
mais, que eram 7,9% da população brasileira em 1992, passaram
a ser 11,1% no ano de 2008. Já são quase 21 milhões de pessoas
com mais de 60 anos. A proporção de brasileiros idosos aumentou
5,7% em 2008 em relação a 2007. O Estado do Rio de Janeiro tem a
maior proporção de pessoas com mais de 60 anos e concentra quase
15,0% dos brasileiros nessa faixa etária. No Rio Grande do Sul e em
São Paulo, eles representam 13,5% e 11,9% respectivamente, do
total de residentes (IBGE, 2010).

27
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

No Brasil, existe atualmente em torno de 20 milhões de pessoas com idade


igual ou superior a 60 anos, representando aproximadamente 10,0% da população
brasileira. Em 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos,
com estimativa de 32 milhões de idosos (BRASIL, 2010).

O Brasil hoje é um “jovem país de cabelos brancos” (Jornal ZH).

Reportagem do Jornal Zero Hora (ZH), esta mesma frase


em uma de suas matérias. A população brasileira envelheceu
rapidamente nos últimos anos, uma população mais suscetível às
doenças. Como você vê as políticas públicas, neste sentido, dentro
da regulação, você entende que os idosos são prioritários?

R.:

Vamos aprofundar os estudos na saúde frágil do idoso,


para entendermos a importância da regulação dos serviços de
atendimento a esta faixa etária.
De acordo com Oliveira, Wender e Marinheiro (2010), a
fratura de fêmur está entre as lesões traumáticas mais comuns na
população idosa, podendo ocorrer na região proximal, distal ou ainda
na diáfise femoral. Causada geralmente por traumas pequenos e
não intencionais, como as quedas da própria altura, que ocorrem
em função da senescência ou de fatores extrínsecos, representa
importante causa de mortalidade e de incapacidade na população de
60 anos ou mais.

28
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Na Argentina, estudo realizado em 26 centros médicos de agosto de 2001 a


julho de 2002, a fim de determinar a incidência de fratura de quadril na cidade de
Rosário, concluiu que, na população de 65 anos ou mais, a incidência foi 646 por
100.000 (847 para mulheres, 343 para homens); o sexo feminino sofreu 2,5 vezes
mais quedas que o sexo masculino. O risco para indivíduos com idade inferior a
69 anos de idade foi o mesmo para ambos os sexos, porém a partir dos 70 anos
aumenta exponencialmente para o sexo feminino. A fratura do colo femural do
idoso tem como opções de tratamento a osteossíntese e as artroplastias parcial e
total do quadril (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010).

Siqueira et al. (2007) afirmam que as quedas de idosos são atualmente uma
das maiores preocupações, pela frequência e pelas consequências em relação à
qualidade de vida, já que, segundo Gama e Gómez-Conesa (2008), as quedas
seguem representando uma destacada causa de perda funcional, ingresso
precoce em instituições e aumento de morbidade e mortalidade dos idosos.

A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada pela diminuição


da densidade mineral óssea, com alterações na sua microestrutura que conduzem
a um aumento da fragilidade óssea e uma tendência a fraturas por traumatismos
pouco intensos. Estas constituem o verdadeiro problema de saúde pública
devido a sua alta taxa de morbimortalidade e altos custos. Estima-se que 70,0%
das fraturas de quadril esperadas para 2050 ocorrerão na Ásia, América Latina
e África. No Brasil, dados epidemiológicos sobre a incidência ou prevalência de
fraturas são escassos (OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010).

As mulheres idosas com fratura de fêmur proximal têm 1,5 vezes mais
chance de morrer que uma sem fratura no período de dois anos. Diversos estudos
relatam que pacientes idosos com fratura do fêmur proximal após quatro meses de
recuperação tem 43,0% da sua capacidade comprometida (OLIVEIRA; WENDER;
MARINHEIRO, 2010).

As cirurgias de revisão são mais frequentes nos casos tratados com fixação,
porém a taxa de mortalidade tardia (13 anos) é a mesma para todos esses
tratamentos. O tratamento da fratura tem por finalidade restaurar a anatomia
óssea, a função do membro e reabilitar o paciente efetivamente, devolvendo
sua funcionalidade para executar as atividades que realizava antes do evento
(OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010).

Alguns estudos vêm demonstrando o impacto financeiro dos recursos


médico-hospitalares utilizados no tratamento da fratura de fêmur para o sistema
de saúde e para a sociedade.

29
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

O custo indireto do comprometimento músculo esquelético excede os custos


diretos (80% versus 20%). O custo social e econômico da fratura de fêmur se
eleva ainda mais pelo fato de que, após um período variável de internação, as
taxas de mortalidade permanecem altas, os cuidados médicos permanecem
intensivos e programas de reabilitação por longos períodos se tornam necessários
(OLIVEIRA; WENDER; MARINHEIRO, 2010).

Constatou-se que a fratura de quadril é um grave problema para a gestão


financeira do setor de saúde e representa uma iniciativa que visa a conscientizar
os vários atores do sistema para a importância do custo na tomada de decisão.
A pessoa idosa merece destaque neste cenário por ser o principal ator da tríade:
sistema (forma de remuneração dos serviços de saúde), assistência (tecnologia
em crescente inflação) e resultado (custo-benefício) do tratamento (OLIVEIRA;
WENDER; MARINHEIRO, 2010).

Com a educação dos diagnosticados com osteoporose, é possível conseguir


reduções importantes dos dados de fraturas e consequente melhoria da qualidade
de vida, porque se entende que a educação para a saúde, feita por grupos
especializados, poderá ajudar os profissionais de saúde, pessoas e famílias a
atingirem a qualidade de vida (BRASIL, 2006).

Visto que o custo na saúde pública é imenso, quanto mais se investe, mais se
tem crise, das internações realizadas, o custo médio com Autorização Internação
Hospitalar (AIH) foi de R$ 972,00 para cada paciente, destas, dados apontam que
metade vai para Unidade Terapia Intensiva (UTI), com um custo adicional de R$
478,00.

O envelhecimento é um direito personalíssimo e, sua proteção,


um direito social. É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a
proteção à vida e à saúde, mediante políticas sociais públicas que
permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade
(art. 8º e 9º do Estatuto do Idoso). A política do idoso está dentro da
regulação de uma forma muito leviana, pois o que se cobra não há
possibilidade na prática (CECCIM, 2005).

30
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Diante do exposto, frente ao Estatuto do Idoso, 2017, como


você vê a política nacional de regulação, estão ambos inseridos um
no outro.

Para se ter uma regulação efetiva, os recursos humanos devem


ser capacitados para tal, então, foi a Organização Pan-americana
da Saúde (OPAS) quem difundiu, na década de 1980, a ideia de
que para alcançar o desenvolvimento dos sistemas de saúde da
região era preciso elaborar uma estratégia capaz de promover a
adesão dos trabalhadores aos processos de mudança no cotidiano
e seus processos de trabalho. Isso porque era necessário propor
uma alternativa capaz de responder ao esgotamento do modelo
de educação continuada, caracterizado pela atualização de
conhecimentos específicos por meio de capacitações pontuais para
determinadas categorias profissionais. Embora a EPS possa abranger
diversas ações de capacitação, elas serão necessariamente parte de
uma estratégia maior, tendo como horizonte a mudança institucional.

As ações de capacitação e formação são as consideradas competências


do SUS, tanto na Constituição Federal, quanto na Lei Orgânica da Saúde.
Compete ao SUS, conforme assume a Constituição Federal (1988), no artigo
200, ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde e incrementar o
desenvolvimento científico e tecnológico.

Todo município deve formular e promover a gestão da educação permanente


em saúde e processos relativos a ela, orientados pela integralidade da atenção à
saúde, criando, quando for o caso, estruturas de coordenação e de execução da
política de formação e desenvolvimento, participando do seu financiamento.

31
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

FIGURA 4 – ASSISTÊNCIA EM SAÚDE NO SUS

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

A Lei Orgânica da Saúde (1990), nos Art. 12 e 13, indica a criação de


comissões intersetoriais com a finalidade de articular programas e políticas de
interesse para a saúde, entre elas os recursos humanos e a ciência e tecnologia.

O Art. 14 afirma que deverão ser criadas Comissões Permanentes de


integração entre serviços de saúde e instituições de ensino profissional e superior,
com a finalidade de propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e
educação de trabalhadores do Sistema único de Saúde.

A efetiva consolidação do SUS exige (por imposição ética) novas estéticas à


formação. Nesse caso, não se está falando de uma política educativa informativa
e corretiva cujo SUS se coloca como um lugar para o exercício prático e o acúmulo
de experiência, mas como experimentação de um processo vivo em ato.

Avanço: conforme a Constituição Federal de 1988, a “Saúde


é direito de todos e dever do Estado” (BRASIL, 1988, s.p.). No
período anterior à CF/1988, o sistema público de saúde prestava
assistência apenas aos trabalhadores vinculados à Previdência
Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos
serviços hospitalares, cabendo o atendimento aos demais cidadãos
às entidades filantrópicas.

32
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Converse com seus pais, avós e/ou pessoas mais velhas que
você e pergunte como era ir ao serviço público de saúde antes de
1990.

R.:

Também quando há novos integrantes no quadro de recursos humanos,


conforme Araújo et al. (2006), sugere que o acolhimento seja feito aos poucos
para que tanto alunos como servidores sintam-se parte integrante da equipe e
sugere quatro principais objetivos:

1. diminuir a inquietação dos recém-chegados;


2. diminuir o turnover (rotatividade);
3. otimizar o tempo;
4. desenvolver expectativas realísticas, no sentido de não permitir
devaneios por parte do recém-chegado e despropósitos por parte
da empresa.

Em princípio, o treinamento se concentrava apenas no desenvolvimento de


habilidades técnicas, mas com as atuais exigências do mercado, é preciso ir além,
investir em educação complementar, treinamento em formação de equipe, tomada
de decisões e capacidade de comunicação, como, também, instrução nas áreas
de informática e tecnologia.

Os principais objetivos de um acolhimento são (UFRN, 2004): contribuir


para fortalecer o desempenho profissional dos novos colaboradores, promover o
acolhimento e integração dos novos servidores à instituição e as suas atividades
específicas, criar canais igualitários de acesso à informação para todos os novos
colaboradores, construir um banco de dados que ofereça subsídios para estudos
futuros sobre a variação do desempenho entre alunos, estagiários, servidores,
cumprir com à legislação sobre estágio probatório do servidor público.

33
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

4 REGULAÇÃO DO ACESSO À
SERVIÇOS DE SAÚDE
Para termos saúde integral, como lemos anteriormente, há a necessidade de
acesso aos serviços de saúde. Para entendermos como o acesso aos serviços é
base importante para nossa saúde, como sugestão, assista ao filme Sicko: SOS
saúde, que dá uma ideia de como esta questão é abordada.

No contexto em que está inserido, você percebe de que forma


são estes acessos aos serviços de saúde? Apresente sua opinião
referente aos acessos de saúde que têm em sua região. Quais são
os pontos positivos e pontos negativos nestes acessos de saúde.

R.:

Vamos seguindo nossos estudos, considerando a Lei nº 8.080, de 19 de


setembro de 1990, em seu Art. 2º § 1º que é:

Dever do Estado de garantir a saúde na formulação e execução


de políticas econômicas e sociais que visem à redução de
riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
de condições que assegurem acesso universal e igualitário
às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação (BRASIL, 1990).

Na mesma lei, é definida Vigilância Epidemiológica, em seu Art. 6º § 2º:

Entende-se por um conjunto de ações que proporcionam


o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de
saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar
e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos (BRASIL, 1990).

Considerando ainda, na mesma Lei, em seu Art. 7º, diz que:

As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados


contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de

34
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes


previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos
os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em
todos os níveis de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou
privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua
saúde;
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos
serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento
de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única
em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de
saúde.

A professora titular Deisy Ventura, coordenadora do doutorado


em Saúde Global e sustentabilidade da Faculdade de Saúde
Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da
Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), escreve
uma matéria intitulada Coronavírus: não existe segurança sem
acesso universal à saúde, que é o verdadeiro retrato da regulação
do acesso à saúde. Assim, dizemos que não existe segurança sem
acesso universal, afinal, o nosso SUS preconiza tal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou ontem, 30 de
janeiro, que o coronavírus é uma emergência internacional de saúde
pública, com base no Regulamento Sanitário Internacional vigente
em 196 países desde 2007. A declaração produz efeitos positivos,
como o de chamar a atenção dos governos para um tema de saúde,
incentivar o compartilhamento de informações, inclusive científicas e
encorajar investimentos em pesquisa. Também pode produzir efeitos
negativos como o pânico, a inversão de prioridades em saúde pública
e a profusão de notícias falsas. Pode, sobretudo, criar a equivocada
impressão de que o coronavírus é atualmente a maior ameaça à
saúde pública mundial, quando ele é não mais do que a ponta de um

35
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

descomunal iceberg.
O coronavírus é a sexta emergência internacional declarada
pela OMS. A primeira foi a gripe A (H1N1), entre 2009 e 2010,
propagada a partir do México. A segunda foi a expansão do
poliovírus, sobretudo em regiões de conflitos armados, declarada
em 2014 e ainda em vigor. A terceira e a quinta referem-se ao vírus
ebola, sendo declaradas, respectivamente, entre 2014 e 2015 na
África Ocidental; e em 2019 na República Democrática do Congo.
A quarta emergência teve como epicentro o Brasil: foi a síndrome
congênita do vírus Zika, em 2016.
É difícil comparar tais emergências porque suas causas e
características são múltiplas e complexas. O traço comum entre
elas é justamente o conceito de emergência de saúde pública de
importância internacional (sigla em inglês: PHEIC). Segundo o
Regulamento Sanitário Internacional, a declaração de emergência
não se deve ao número de casos, à letalidade de uma doença ou
mesmo ao desempenho dos países que são seu epicentro. O que
motiva tal declaração é o risco de propagação internacional da
ameaça, além da necessidade de coordenação intergovernamental
da resposta.
Em outras palavras, se cada Estado adotar medidas por conta
própria, em uma escala que pode ir da negligência ao exagero, sem
levar em conta informações e recursos compartilhados por centros de
pesquisa, agências internacionais e outros Estados, as possibilidades
de controle da doença serão radicalmente diminuídas, enquanto as
de causar danos desnecessários serão muito aumentadas.
No plano das relações internacionais, há um elemento decisivo
na nova emergência: o de ter a China como epicentro. O surto de
Síndrome Respiratória Aguda Grave (sigla em inglês: SARS),
ocorrido em 2003, também na China, teve crucial importância na
história da saúde global. A tomada de consciência sobre o impacto
do vertiginoso aumento do tráfego internacional de pessoas sobre a
propagação internacional das doenças contribuiu para desbloquear
as negociações do Regulamento Sanitário Internacional, que se
arrastavam há anos. A relevância econômica e o regime político
da China são complicadores que a OMS deverá gerir com máxima
cautela durante esta emergência.
Devem ser igualmente objeto de cautela as liberdades
fundamentais e a dignidade das pessoas. Segundo a Organização
Mundial do Turismo, um bilhão e meio de viagens internacionais
ocorreram em 2019 para fins de turismo e negócios. Comparado a
este dado, o número de migrantes internacionais é muito inferior,
sendo estimado em cerca de 300 milhões. Mesmo o número de

36
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

pessoas refugiadas não supera estimativas de cerca de 40 milhões.


No entanto, em geral são migrantes e refugiados, e não turistas ou
executivos, os alvos de represálias indevidas durante emergências
sanitárias. Com razão, a OMS destaca em suas recomendações
a importância de evitar a discriminação e o estigma por conta da
origem, pois o que garante a segurança de todos é que as pessoas,
em qualquer caso, sejam alvo de cuidado e respeito.
Por fim, cabe abordar a possibilidade de chegada do coronavírus
ao Brasil, lembrando que só existe segurança sanitária verdadeira
em sistemas capazes de cobrir a totalidade do território com acesso
universal à saúde. A detecção de uma doença não pode depender de
recursos financeiros para pagar um atendimento, e ainda menos a
sua prevenção e o seu tratamento.
Este sistema já existe no Brasil: é o Sistema Único de Saúde
(SUS). Apesar de seu subfinanciamento crônico e incontáveis
mazelas, o SUS revelou para o mundo a Síndrome Congênita do
Vírus Zika, graças aos notáveis profissionais de saúde que atuam
no sertão nordestino e aos centros de pesquisa que resistem aos
ataques brutais à ciência brasileira recentemente intensificados.

FONTE: Adaptado de <jornal.usp.br/?p=298903>. Acesso em: 10 nov. 2020.

Quais são as políticas públicas/ações de acesso existentes no


seu município para a qualificação da saúde pública? De que forma
o profissional/serviços de saúde que está na ponta da rede pode
atuar para ajudar pessoas dependentes aos acessos dos serviços
de saúde?

R.:

37
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

No Brasil, em decorrência do envelhecimento da população, o gasto com


saúde deverá crescer como proporção do PIB e deverá acarretar, em 2050, um
gasto total em saúde de 10,3% do PIB.21.

FIGURA 5 – ENVELHECIMENTO HUMANO

FONTE: <https://joysoria.files.wordpress.com/2010/08/2uykoqs.
jpg>. Acesso em: 10 nov. 2020.

A saúde pública merece o melhor, todos acabam utilizando a


saúde pública de alguma forma. Cabe a todos construir um futuro
melhor e isto é tarefa diária e contínua. Para que isso seja possível
e não passe apenas de belas palavras, cada um deve cumprir o seu
papel de forma adequada, com engajamento, dedicação, satisfação,
ética, conhecimento, formação e honestidade.

Acadêmico, uma reflexão sobre a intoxicação e a cervejaria, de


Antonio Dercy Silveira Filho.
Parabéns aos servidores da saúde pública de Belo Horizonte
e Minas Gerais que conseguiram estabelecer o nexo causal
entre a “misteriosa doença” que atingiu inicialmente um bairro de
classe média alta de BH e a contaminação de um lote da cerveja
Belorizontina. A mais vendida do selo que a produz. O SUS é uma
das maiores conquistas da sociedade brasileira.

38
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

Vamos pensar nos acessos aos serviços de saúde. Você que defende
o fim do SUS ou o fim da estabilidade do servidor, ou pior, a substituição de
toda mão de obra laboral pública estatal pela privada, pense e responda para
si mesmo: você mora num bairro classe média alta? Acha que não usa o SUS
pois ele é só para os pobres? Toma cerveja? Então poderia ser você um dos
contaminados que ficaram doentes, certo? Sem o SUS, a iniciativa privada iria
fazer uma investigação dessas? Onde está o interesse econômico? Nas pessoas
saudáveis ou doentes chegando aos hospitais e consultórios? Supondo que uma
equipe de trabalhadores da iniciativa privada, não estáveis, pagos para fazerem
a Vigilância Epidemiológica e Sanitária o fizessem e descobrissem que a cerveja
mais vendida é a culpada da nova doença. Diante dos interesses econômicos e
políticos que estruturam nossa sociedade, o que aconteceria com a investigação?
O que aconteceria com esses trabalhadores sem estabilidade?

A população toda precisa do SUS, considerado o maior plano nacional, pois


precisamos do SUS para qualquer intervenção, mesmo tendo outros planos de
saúde, o SUS ainda sai na frente, quem faz as vacinas? Quem investiga AIDS?
Quem faz a Vigilância Epidemiológica? Quem faz os curativos? Quem faz a
vigilância sanitária? A melhoria das condições de saúde da população só pode
advir de uma política econômica socialmente justa que permita condições de vida
mais adequadas à maioria da população.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao finalizarmos este capítulo, é importante reforçar que devemos fortalecer e
expandir as ações do SUS e o acesso aos serviços, com mobilização comunitária,
avaliação contínua e melhoria da gestão das políticas de saúde e acesso aos
serviços.

Para isso, profissionais da equipe multiprofissional da saúde deverão sempre


ser capacitados para atender, visando garantir a melhoria da qualidade de vida
dos munícipes, promovendo os direitos dos pacientes, conforme preconiza o
SUS, que é prevenir, vigiar, promover e recuperar a saúde. Oferecendo suporte
aos profissionais de saúde futuros para melhor compreenderem a complexidade
do sistema e, assim, prestarem atendimento mais qualificado.

De um lado, a tarefa da formação e desenvolvimento de pessoal e da


produção de conhecimento, de outro, a tarefa da implementação de uma rede
de atendimento e cuidados relativos à saúde das populações, imprimindo uma
dimensão coletiva à saúde e pedindo a formulação de novas disposições para
a educação em saúde. A gestão do setor da saúde tem aí um novo significado
relevante: a estruturação de si mesma de maneira descentralizada, capaz de

39
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

estimular gestões descentralizadas e regionalizadas em diferentes esferas de


Governo, constituindo-se como desafio do desenho da rede do SUS.

O capítulo teve a intenção de provar que sem articulação não se faz uma rede
estruturada, como profissionais ou futuros profissionais de saúde ou até mesmo
apaixonados pela saúde pública que, quando se trata de sistema único de saúde,
todo investimento é pouco, pois o tratamento pode se tornar mais caro e mais
agressivo do que a prevenção e a promoção da qualidade de vida. A regulação
se deu a partir dos conceitos dos processos de atenção e regulação, na diretriz
do SUS, visando o controle social, análise e gestão, bem como entendemos as
decisões da regulação, fazendo um diagnóstico desde a criança até o idoso,
encerrando os estudos de acessos dos serviços de saúde.

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para que Estados, Distrito Federal e Municípios comprovem, ao Ministério da
Saúde, a execução dos recursos financeiros transferidos para a implantação e/
ou implementação de Complexos Reguladores e informatização das Unidades
de Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, nos termos do
disposto no art. 14, da Portaria nº 2.923/GM/MS, de 28 de novembro de 2013.
Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/
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Técnico da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) e das
Centrais Estaduais de Regulação de Alta Complexidade (CERAC). Disponível
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Acesso em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 2.923, de 28 de novembro de 2013. Institui incentivo


financeiro de investimento para a aquisição de equipamentos e materiais
permanentes e de custeio para re-forma, destinados à implantação e/ou
implementação de Centrais de Regulação de Consultas e Exames e Centrais de
Regulação de Internações Hospitalares de que trata a Portaria nº 1.559/GM/MS,
de 1º de agosto de 2008, e implementação de Unidade Solicitante no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/

40
Capítulo 1 CONCEITOS DO SUS

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BRASIL. Portaria nº 1.792, de 22 de agosto de 2012. Institui incentivo


financeiro de custeio destinado às Centrais de Regulação organizadas no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
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BRASIL. Portaria nº 1.559, de 1º de agosto de 2008. Institui a Política Nacional


de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1559_01_08_2008.html. Acesso em: 11
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BRASIL. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as


diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/
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BRASIL. Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela


Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do
Referido Pacto. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
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Portaria nº 2.309, de 19 de dezembro de 2001. Disponível em: http://bvsms.


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11 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 1.399, de 15 de dezembro de 1999. Regulamenta a NOB


SUS 01/96 no que se refere às competências da União, estados, municípios
e Distrito Federal, na área de epidemiologia e controle de doenças, define a
sistemática de financiamento e dá outras providências. Disponível em: http://
www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/Pm_1399_1999.pdf. Acesso em: 11
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BRASIL. Instrução Normativa nº 01/98 de 2 de janeiro de 1998. Regulamenta


os conteúdos, instrumentos e fluxos do processo de habilitação de Municípios,
de Estados e do Distrito Federal às novas condições de gestão criadas pela
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB SUS 01/96.
Disponível em: http://www.redeblh.fiocruz.br/media/in98 [1].pdf. Acesso em: 11

41
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 2.203, de 5 de novembro de 1996. Aprova a Norma


Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB-SUS 01/96. Disponível
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Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, e dá
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da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
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ccivil_03/leis/l8142.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%208.142%2C%20DE%20
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ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

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das fraturas por fragilidade óssea em uma população de mulheres brasileiras
na pós-menopausa residentes na cidade de Chapecó/SC. Rev. bras. ginecol.
obstet., Rio de Janeiro, v. 32, n. 7, p. 360, 2010.

44
C APÍTULO 2
ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Integrar com diferentes políticas de pesquisa no campo de gestão das redes de


atenção em saúde.

• Entender a articulação e a integração do SUS, necessariamente com os


caminhos da regulação, avaliação, auditoria, bem como saúde suplementar.

• Articular com as esferas do SUS, para que a integração seja realizada de forma
total.
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

46
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, o especializando entenderá o papel do gestor público e
privado e de suas equipes e dos programas e ações.

Quanto mais alta na hierarquia a função gestora exercida, maior o poder


político que o profissional pode exercer em relação a outros profissionais, incluindo
os cogestores. Eles devem seguir legislação específica, sendo amparados pela
Lei nº 8.080, que, em seu art. 198, traz a seguinte colocação:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada, organizada de acordo com as
diretrizes:
I- descentralização, com direção única em cada esfera de
governo;
II- atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III- participação da comunidade (BRASIL, 1990).

Em síntese, concluiremos que o exercício do poder em saúde se caracteriza


em três grandes grupos: o administrativo, o técnico e o político.

2 REGULAÇÃO, CONTROLE,
AVALIAÇÃO E AUDITORIA
Iniciaremos o capítulo falando do papel dos Gestores Estaduais e Municipais
da Saúde, de acordo com Ministério da Saúde (2020) e sobre a importância de
cada gestor na regulação, controle, avaliação e auditoria, que é:

• Elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da


pessoa idosa no SUS.
• Definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação
da política, programas, ações e serviços, considerando a
composição tripartite.
• Promover a articulação intra e intersetorial para a efetivação
da Política, programas, ações e serviços à população local e
regional.
• Implementar as diretrizes de educação permanente,
estabelecendo mecanismos para qualificação dos profissionais
do Sistema Estadual e Local de Saúde do SUS e Complementar.
• Estabelecer instrumentos e indicadores de gestão para o
acompanhamento e avaliação do impacto das ações e serviços.
• Manter a articulação com municípios para apoio à implementação

47
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

e supervisão das ações.


• Exercer a vigilância sanitária no tocante à saúde da pessoa idosa
e ações decorrentes no seu âmbito.
• Apresentar e aprovar a proposta de inclusão da política de saúde
da pessoa idosa nos conselhos de saúde.
• Executar as deliberações das Conferências do Idoso.
• Promover a continuidade de serviços sociais e de saúde,
acessíveis, de baixo e médio custo, de alta qualidade e
adequados para a terceira idade (necessidade direitos).
• Oferecer treinamento e educação para cuidadores formais e
informais e aos próprios idosos.
• Propiciar educação permanente aos profissionais.
• Reconhecer e permitir a participação ativa dos idosos nas
atividades de geração de renda e redução da pobreza.
• Proporcionar oportunidades de trabalho formal, informal e
voluntário aos idosos para aumentar a renda mensal.
• Incentivar a participação integral dos idosos na vida familiar e
comunitária.
• Assegurar proteção, segurança, autonomia e dignidade.
• Reduzir as iniquidades nos direitos sociais e humanos das
mulheres mais velhas.

Pesquisando no dicionário Significados (2020, s.p.), a palavra


auditoria tem seguinte definição: “Auditoria é um exame sistemático
das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor,
que tem o objetivo de averiguar se elas estão de acordo com as
disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram
implementadas com eficácia e se estão adequadas”.

As figuras a seguir são imagens da logomarca do Sistema Único de Saúde e


da Agência Nacional de Saúde, fiscalizadora do sistema privado.

48
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

FIGURA 1 – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

FONTE: <https://bit.ly/32NZ88P>; <https://bit.ly/38PybWb>. Acesso em: 15 nov. 2020.

Sabemos que não há diferença de auditoria pública ou privada,


quando um serviço está bem organizado. Então, mãos à obra.
Vamos falar da auditoria, o Departamento Nacional de Auditoria
do SUS (Denasus), departamento vinculado à Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa (SGEP), é a unidade do Ministério da
Saúde competente para realizar atividade de auditoria para verificar
a adequação das ações e serviços públicos de saúde e a sua
regularidade quanto aos aspectos técnico-científicos, contábeis,
financeiros e patrimoniais da aplicação dos recursos do SUS.

A atividade de controle exercida pelo Denasus, a Auditoria, somada às


atividades de supervisão e de monitoramento próprias da gestão, representam o
controle interno do SUS.

Além disso, nos termos do Decreto nº 1.651/1995, que regulamenta o


Sistema Nacional de Auditoria (SNA), o Denasus é o órgão de atuação federal do
Sistema e, de acordo com a Lei nº 8.689/1993, o órgão central do SNA.

A missão do Denasus, de acordo com o site do Ministério da Saúde (2020,


s.p.), é:

Realizar auditoria no SUS, contribuindo para qualificação da


gestão, visando melhoria da atenção e do acesso às ações e
aos serviços de Saúde" e a visão é "ser referência em auditoria,
reconhecido pela construção do SNA e sua contribuição para
a universalização do acesso e qualidade da atenção à saúde
do SUS.

49
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

O Denasus tem suas competências elencadas no Art. 40 do Anexo I -


Estrutura Regimental do Ministério da Saúde, acesso ao site em 2020, o Decreto
nº 8.901/2016, que representam três macroatividades desenvolvidas com vistas a
atingir a sua consecução, quais sejam: auditoria, monitoramento e promoção do
SNA.

A atividade de auditoria visa subsidiar os órgãos de governança do SUS, aí


incluídas as instâncias colegiadas e tripartites, como Conselho Nacional de Saúde
(CNS) e Comissão Inter Gestora Tripartite, na formulação de políticas públicas de
saúde e de gestão estratégica, democrática e participativa do SUS.

Tal atividade se dá de forma independente e objetiva, por meio da avaliação


da adequação das ações e serviços públicos de saúde e de sua regularidade
quanto aos aspectos técnico-científicos, contábeis, financeiros e patrimoniais da
aplicação dos recursos do SUS.

Os resultados das atividades de auditoria, quando identificada irregularidade


na aplicação dos recursos do SUS, prestam-se ainda, nos termos do Art. 27 da Lei
Complementar nº 141/2012, a auxiliar os Tribunais de Conta e Ministério Público
à adoção de providências legais de suas alçadas.

As atividades de As atividades de monitoramento consistem em avaliar a


monitoramento implementação de medidas saneadoras com vistas à resolução
consistem oportuna de deficiências detectadas em atividades de auditoria
em avaliar a
realizadas pelo Denasus.
implementação de
medidas saneadoras
com vistas à
resolução oportuna
de deficiências
detectadas em
atividades de
auditoria realizadas
pelo Denasus.

50
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

FIGURA 2 – DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS

Informa sobre os direitos do cidadão, para que possamos entender


a auditoria e a hierarquia como profissionais auditores

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

A atividade de monitoramento, além de acompanhar a evolução do


desempenho das entidades auditadas, permite retroalimentação do sistema,
na medida em que produz informações estratégicas para tomada de decisão,
ou seja, fornece aos gestores o feedback de que necessitam para verificar se
as ações que vêm adotando têm contribuído para o alcance dos resultados
desejados.

51
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

A implementação de Protocolos de Regulação do Acesso


constitui um salto de qualidade na configuração da estrutura
reguladora do município, na medida em que esses instrumentos
induzem a implementação da Rede de Atenção à Saúde, a
resolutividade da Atenção Básica (AB) promovem a equidade do
acesso.

A insuficiência percebida atualmente nas ações de média e alta complexidade


ambulatorial pode ter seu impacto negativo reduzido através da utilização desses
instrumentos já na AB.

Vale ressaltar que os Protocolos de Regulação do Acesso são complementares


aos Protocolos Clínicos que são “recomendações sistematicamente desenvolvidas
com o objetivo de orientação de médicos e pacientes acerca de cuidados de
saúde apropriados em circunstâncias clínicas e específicas” (DENASUS, 2020,
s.p.).

Assim sendo, no cumprimento de suas atribuições de Gestão do Sistema


Único de Saúde, seguem os principais objetivos esperados:

• Melhorar a adequação do encaminhamento do paciente, levando


em conta a compatibilidade da hipótese diagnóstica, quadro
clínico com o exame solicitado, compatibilidade do quadro clínico,
hipótese diagnóstica e CID com o exame solicitado.
• Identificar a demanda de usuários que precisam de acesso à
rede de atenção especializada ambulatorial, de acordo com o
grau de prioridade da classificação de risco proposta e com o
procedimento solicitado.
• Diminuir o tempo de espera de atendimento na rede de atenção
especializada ambulatorial dos pacientes considerados mais
complexos ou vulneráveis, garantindo o princípio da equidade.
• Padronizar o processo regulatório.
• Melhorar as relações interpessoais e aumentar o nível de
satisfação dos usuários e profissionais de saúde.
• Servir como instrumento de estudo para melhor planejamento de
ações e aprimoramento das políticas públicas em saúde.
• Ajudar os órgãos de controle (Auditoria, Conselho Municipal ou
Estadual de Saúde, Tribunal de Contas e Ministério Público) na

52
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

compreensão na Rede de Atenção Especializada Ambulatorial.


• Estimular as equipes de profissionais de saúde da atenção básica
a assumir o protagonismo no processo regulatório em saúde.

Recomenda-se que este protocolo seja incorporado ao conjunto Recomenda-se


que este protocolo
de instrumentos utilizados pelos profissionais de saúde, fortalecendo
seja incorporado
as ações que buscam a integralidade da assistência e a equidade do ao conjunto de
acesso à população. instrumentos
utilizados pelos
Através da auditoria, somos responsáveis em manter um canal profissionais de
de pesquisa de satisfação do usuário, importante colocar que todo saúde, fortalecendo
as ações que
usuário de plano de saúde tem um disque denúncia, esse disque
buscam a
denúncia funciona quando você não conseguir agendar algum integralidade da
atendimento ou quando o profissional médico solicita ou procedimento assistência e a
ou exame e o plano o nega. Segue, a seguir, uma ilustração do fluxo equidade do acesso
na ANS para esse tipo de reclamação. à população.

FIGURA 3 – AGÊNCIA REGULADORA

FONTE: Adaptada de Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020)

53
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Neste momento, convidamos você a conversar com um


profissional de saúde, com um usuário de plano de saúde e com
um usuário do Sistema Único de Saúde, perguntando-lhes como
marcar um exame laboratorial de sangue ou urina simples, como
marcar um raio X e uma tomografia, qual o tempo de espera, se é
fácil realizar esse exame, quais os entraves que teremos até chegar
no tomógrafo?

De acordo com Ministério da Saúde (2020), o governo federal


aprovou a portaria que institui indicadores que serão utilizados
para pagamento do desempenho da Atenção Básica em 2020. Os
indicadores para pagamento por desempenho do Programa Previne
Brasil pactuados para 2020 são:

• Pré-natal
º Proporção de gestantes com pelo menos seis consultas pré-
natal realizadas, sendo a primeira até a 20ª semana de gestação.
º Proporção de gestantes com solicitação/realização de exames
para sífilis e HIV.
º Proporção de gestantes com atendimento odontológico
realizado.
• Saúde da mulher
º Cobertura de mulheres entre 25 e 64 anos com exame
citopatológico de colo uterino solicitado/realizado nos últimos três
anos.
• Saúde da criança
º Cobertura vacinal de poliomielite inativada e de pentavalente.
• Doenças crônicas
º Percentual de pessoas hipertensas com pressão arterial aferida
em cada semestre.
º Percentual de diabéticos com solicitação/realização de
hemoglobina glicada.

54
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

O pagamento através de metas cumpridas não será diferente na alta


complexidade também.

Como você avalia o serviço público e privado de saúde no


sentido do financiamento? Converse com profissionais da área ou
exponha a sua opinião frente a esta situação.

A seguir, uma figura que explicita os critérios de avaliação de qualidade dos


planos privados, são critérios avaliados através das certificações de acreditação e
pesquisa de satisfação dos usuários. A pesquisa de satisfação de beneficiários é
uma forma de estímulo às empresas, por meio de pontuação extra.

FIGURA 4 – CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DO FATOR DE QUALIDADE

55
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

Na auditoria e contratualização são selecionados os problemas


e definidos os indicadores para análise: mortalidade infantil;
mortalidade materna; câncer de mama; câncer de colo uterino;
hanseníase; tuberculose; diabetes e hipertensão.

A análise dos diversos indicadores dos municípios de um agrupamento


em que sejam identificadas “brechas”, pode apontar para necessidades
de intervenção através de ações assistenciais ou atividades que envolvam
capacitação, adequação de estrutura, qualificação da informação, vigilância em
saúde, entre outros.

No âmbito das ações assistenciais, essas análises podem orientar o


processo de programação visando o enfrentamento dos problemas priorizados. A
seguir, visualizaremos os eixos de atenção à saúde, seja homem, mulher, criança
e idoso.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) se


dispõe a qualificar a saúde da população masculina na perspectiva de linhas de
cuidado que resguardem a integralidade da atenção.

56
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

Reconhece que os homens buscam o serviço de saúde por meio da atenção


especializada, o que traz como consequência, o agravamento de sua condição
em virtude do retardo na atenção.

Dessa forma, torna-se necessário fortalecer e qualificar a atenção primária,


garantindo, assim, a promoção da saúde e a prevenção do adoecimento.

Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com


regularidade, as medidas de prevenção primária.

A Coordenação Nacional de Saúde dos Homens (CNSH), do


Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria
de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, trabalha no sentido
de fomentar, acompanhar e prestar cooperação aos Estados e
Municípios, visando à implantação e implementação da PNAISH,
valorizando e respeitando as diversidades loco-regionais e,
promover, no âmbito de sua competência, a articulação intersetorial
e interinstitucional necessária à implementação desta, entre outras.

A política possui cinco temas prioritários para nortear sua ação técnico-política
na gestão. São eles: (i) acesso e acolhimento; (ii) saúde sexual e reprodutiva; (iii)
paternidade e cuidado; (iv) prevenção de violências e acidentes; e (v) doenças
prevalentes na população masculina.

A Coordenação Geral da Saúde das Mulheres, do Departamentos de Ações


Programáticas Estratégicas (DAPES), atua para a promoção da melhoria das
condições de vida e da saúde das brasileiras por meio de ações que ampliam o
acesso aos serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde.

A Coordenação desenvolve ações em temas estratégicos,


como: planejamento reprodutivo (métodos contraceptivos); atenção
obstétrica (pré-natal, parto puerpério, urgências e emergências
obstétricas e aborto), vigilância epidemiológica do óbito materno,
violência sexual e doméstica, climatério; gênero e saúde mental;
feminilização da Aids e infecções sexualmente transmissíveis; câncer
de colo de útero e mama.

57
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

As ações da área também têm como foco as mulheres negras, quilombolas,


em situação de prisão; indígenas, do campo e da floresta, com deficiência,
transexuais, lésbicas, bissexuais, idosas, em situação de rua e ciganas, entre
outras.

A discussão se pautava predominantemente sobre o controle da natalidade.


O Ministério da Saúde teve papel fundamental, pois influenciou no âmbito do
Governo Federal, este, por sua vez, posicionou-se e defendeu o livre arbítrio
das pessoas e das famílias brasileiras em relação à quando, quantos e qual o
espaçamento entre os/as filhos/as.

Trata-se de um documento histórico que incorporou o ideário feminista para


a atenção à saúde integral, inclusive responsabilizando o estado brasileiro com os
aspectos da saúde reprodutiva.

Desta forma, as ações prioritárias foram definidas a partir das necessidades


da população feminina. Isso significou uma ruptura com o modelo de atenção
materno-infantil até então desenvolvido.

O PAISM, enquanto diretriz filosófica e política, incorporou também princípios


norteadores da reforma sanitária, a ideia de descentralização, hierarquização,
regionalização, equidade na atenção, bem como de participação social.

Além disso, propôs formas mais simétricas de relacionamento entre os


profissionais de saúde e as mulheres, apontando para a apropriação, autonomia e
maior controle sobre a saúde, o corpo e a vida.

Assistência, em todas as fases da vida, clínico ginecológica, no campo da


reprodução (planejamento reprodutivo, gestação, parto e puerpério) como nos
casos de doenças crônicas ou agudas.

O conceito de assistência reconhece o cuidado médico e o de toda a equipe


de saúde com alto valor às práticas educativas, entendidas como estratégia para
a capacidade crítica e a autonomia das mulheres.

Em 2003, teve início a construção da Política Nacional de Atenção Integral à


Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes, quando a equipe técnica de Saúde da
Mulher avaliou os avanços e retrocessos alcançados na gestão anterior.

Em maio de 2004, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de


Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes, construída a partir
da proposição do Sistema Único de Saúde (SUS) e respeitando as características
da nova política de saúde.

58
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

Na análise preliminar, foram considerados os dados obtidos por intermédio


dos estudos e pesquisas promovidos pela Coordenação Geral de Saúde da
Mulher para avaliar as linhas de ação desenvolvidas.

Destaque para o Balanço das Ações de Saúde da Mulher (1998-2002), o


Estudo da Mortalidade de Mulheres em Idade Fértil, a Avaliação do Programa
de Humanização do Pré-natal e Nascimento, a Avaliação dos Centros de Parto
Normal e a Avaliação da Estratégia de Distribuição de Métodos Anticoncepcionais.

Em seguida, a Coordenação Geral buscou a parceria dos diferentes


departamentos, coordenações e comissões do Ministério da Saúde.

Incorporou as contribuições do Movimento de Mulheres, do Movimento de


Mulheres Negras e de trabalhadoras rurais, sociedades científicas, pesquisadores
e estudiosos da área, organizações não governamentais, gestores do SUS e
agências de cooperação internacional.

Finalmente, submeteu a referida Política à apreciação da Comissão Inter


setorial da Mulher, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Em julho de 2005, foram operacionalizadas as ações previstas no Plano de


Ação construído e legitimado por diversos setores da sociedade e pelas instâncias
de controle social do Sistema Único de Saúde (SUS).

O que é criança? A criança é um ser humano em pleno desenvolvimento.


As experiências vividas nos primeiros anos de vida são fundamentais para a
formação do adulto que ela será no futuro. Por isso, é muito importante que a
criança cresça em um ambiente saudável, cercada de afeto e com liberdade para
brincar.

Importante: a criança deve ter seu crescimento e desenvolvimento


acompanhados regularmente pela equipe da Unidade Básica de Saúde mais
próxima de onde mora.

• Toda criança tem direito a:


º Ser registrada gratuitamente.
º Realizar o teste do pezinho entre o 3º e o 5º dia de vida.
º Ter acesso a serviços de saúde de qualidade.
º Ter acesso à escola pública e gratuita perto do lugar onde mora.

59
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

º Receber gratuitamente as vacinas indicadas no calendário


básico de vacinação.
º Ter direito de viver intensamente a infância.
º Ter acesso à água potável e alimentação adequada.
º Ser acompanhada em seu crescimento e desenvolvimento.
º Ser acompanhada pelos pais durante a internação em hospitais.
º Viver em um lugar limpo, ensolarado e arejado.
º Ter oportunidade de brincar e aprender.
º Viver em ambiente afetuoso e sem violência.

Para cuidar da criança, educar e promover sua saúde e seu desenvolvimento


integral, é importante a parceria entre os pais, a comunidade e os profissionais de
saúde, de assistência social e de educação.

É importante estimular desde cedo o desenvolvimento da criança para que


ela adquira autoconfiança, autoestima e desenvolva capacidade de relacionar-se
bem com outras crianças, com a família e com a comunidade. Desse modo, terá
maior possibilidade de tornar-se um adulto bem adaptado socialmente.

Vigiar o desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida é de


fundamental importância, pois é nesta etapa da vida extrauterina que o tecido
nervoso mais cresce e amadurece, estando, portanto, mais sujeito aos agravos.

Devido a sua grande plasticidade, é também nesta época que a criança


melhor responde aos estímulos que recebe do meio ambiente e às intervenções,
quando necessárias.

O Sistema de Gestão Integrada da Saúde Pública (SIGA


SAÚDE) é o sistema de informações on-line adotado pela SMS
São Paulo, que permite que as UBS e Centrais de Regulação
locais, regionais e Complexo Regulador desenvolvam suas funções
reunindo, processando, consolidando e distribuindo os dados, ações
que não seriam possíveis sem o uso das novas tecnologias de
comunicação.

60
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

Através dele, todas as fases do atendimento em saúde ficam organizadas


num mesmo sistema de dados acessado, via Internet, por qualquer unidade que
integre o sistema de saúde do município.

A seguir, seguem as portarias que o SUS tem em função da


pandemia do novo coronavírus, e suas habilitações:

Portaria nº 660, de 1º de abril de 2020

Habilita leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto


Tipo II – COVID-19 e estabelece recurso do Bloco de Custeio das
Ações e Serviços Públicos de Saúde – Grupo de Atenção de Média
e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, a ser disponibilizado
ao Estado do Rio Grande do Sul e Município de Canoas. Disponível
em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-660-de-1-de-abril-
de-2020-*-252498207. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 774, de 9 de abril de 2020

Estabelece recursos do Bloco de Custeio das Ações e dos


Serviços Públicos de Saúde a serem disponibilizados aos Estados,
Distrito Federal e Municípios, destinados ao custeio de ações e
serviços relacionados à COVID-19. Disponível em: https://www.in.gov.
br/en/web/dou/-/portaria-n-774-de-9-de-abril-de-2020-251969714.
Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 734, de 7 de abril de 2020

Renova a qualificação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA)


24h, (Zona Norte Moacyr Scliar) e mantém os recursos do Bloco
de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde – Grupo de
Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar
incorporados ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade
(MAC), do Estado do Rio Grande do Sul e Município de Porto Alegre.
Disponível em: https://brasilsus.com.br/wp-content/uploads/2020/04/
portaria734.pdf. Acesso em: 16 nov. 2020.

61
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Portaria nº 791, de 13 de abril de 2020

Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber


recursos referentes ao incremento temporário do Limite Financeiro
da Assistência de Média e Alta Complexidade (MAC). Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-791-de-13-de-abril-
de-2020-252494117. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 796, de 14 de abril de 2020

Habilita leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto


Tipo II – COVID-19 e estabelece recurso do Bloco de Custeio das
Ações e Serviços Públicos de Saúde – Grupo de Atenção de Média
e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar a ser disponibilizado
ao Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.in.gov.
br/en/web/dou/-/portaria-n-796-de-14-de-abril-de-2020-252495729.
Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 801, de 14 de abril de 2020

Credencia automaticamente como equipes de Atenção Primária


(eAP) os códigos das Identificações Nacionais de Equipe (INE) das
equipes de Atenção Básica com carga horária equivalente à Equipe
de Saúde da Família certificadas no 3º Ciclo do Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-801-de-
14-de-abril-de-2020-252495810. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 802, de 14 de abril de 2020

Habilita Estados, Distrito Federal e Municípios ao recebimento


de incentivo para estruturação e implementação de ações
de alimentação e nutrição, com base na Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN), referente ao exercício financeiro de
2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-
802-de-14-de-abril-de-2020-252495750. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 805, de 14 de abril de 2020

Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber


recursos destinados à aquisição de equipamentos e materiais
permanentes para estabelecimentos de saúde. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-805-de-14-de-abril-

62
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

de-2020-252498010. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 806, de 14 de abril de 2020

Habilita Municípios a receberem recursos referentes ao


incremento temporário do Piso da Atenção Básica (PAB). Disponível
em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-806-de-14-de-
abril-de-2020-252498034. Acesso em: 16 nov. 2020.

Portaria nº 807, de 14 de abril de 2020

Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber


recursos financeiros de capital destinados à execução de obras
de construção. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/
portaria-n-807-de-14-de-abril-de-2020-252498158. Acesso em: 16
nov. 2020.

Portaria nº 808, de 14 de abril de 2020

Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber


recursos financeiros de capital destinados à execução de obras
de ampliação. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/
portaria-n-808-de-14-de-abril-de-2020-252498017. Acesso em: 16
nov. 2020.

Portaria nº 810, de 14 de abril de 2020

Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber


recursos destinados à aquisição de equipamentos e materiais
permanentes para estabelecimentos de saúde. Disponível em: https://
www.cosemsrn.org.br/wp-content/uploads/2020/04/portaria810.pdf-
RN.pdf. Acesso em: 16 nov. 2020.

3 POLÍTICAS DE REGULAÇÃO DA
SAÚDE SUPLEMENTAR
Para falarmos de regulação da saúde suplementar, vamos primeiro entender
a regionalização, que é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e utilizada no

63
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

sistema privado. A regionalização é um eixo estruturante do Pacto de Gestão e


deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde, os processos de
negociação e pactuação entre os gestores.

As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em um espaço


geográfico contínuo, identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir
de identidades culturais, econômicas e sociais, de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados do território.

Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionalizada em


uma determinada região, é necessário a pactuação entre todos os gestores
envolvidos, do conjunto de responsabilidades não compartilhadas e das ações
complementares, esses envolvidos vão trabalhar para unificar os serviços de uma
forma que, financeiramente, seja viável.

O Colegiado de Gestão Regional se constitui num espaço de


decisão através da identificação, definição de prioridades e de
pactuação de soluções para a organização de uma rede regional de
ações e serviços de atenção à saúde integrada e resolutiva.

As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em um espaço


geográfico contínuo, identificadas pelos gestores municipais e estaduais, a partir
de identidades culturais, econômicas e sociais, de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados do território.

Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionalizada em


uma determinada região, é necessário a pactuação entre todos os gestores
envolvidos, do conjunto de responsabilidades não compartilhadas e das ações
complementares.

64
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

Acadêmico, faça uma navegação pelo site da Agência Nacional


de Saúde Suplementar (ANS) www.ans.gov.br.

FIGURA – SITE ANS

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

Para se regular um serviço é preciso planejar, o PlanejaSUS define-se como


Sistema de Planejamento do Sistema Único de Saúde. A atuação contínua,
articulada, integrada e solidária das áreas de planejamento das três esferas de
gestão do SUS.

A ANS trabalha da mesma forma, o funcionamento do Sistema de


Planejamento do SUS e da ANS tem por base a formulação e/ou revisão periódica
dos seguintes instrumentos: o Plano de Saúde e as respectivas Programações
Anuais de Saúde e os Relatórios Anuais de Gestão.

O Sistema de Planejamento tem uma agenda estabelecida, mediante a qual


responde também às exigências constitucionais e legais, entre as quais figuram:
a elaboração do Plano Plurianual (a cada quatro anos) e as suas revisões, das
propostas anuais de diretrizes orçamentárias e do orçamento, que balizam a
aprovação das respectivas leis.

65
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Faça uma navegação pelo site da saúde do governo federal,


www.saude.gov.br, olhe a adesão de programas, planejamento e
aplicativos que dispomos para um trabalho eficaz.

FIGURA – SITE SAÚDE GOVERNO FEDERAL

FONTE: Adaptada de <www.saude.gov.br>. Acesso em: 22 nov. 2020.

Você conseguiu navegar? Sugerimos que elabore um texto


sobre um programa escolhido. Quais ferramentas você não
conhecia? Relate aqui ferramentas de planejamento que você
conhece que não foram citadas, tais como e-gestor.

Pós-graduando, vale a leitura de artigos sugeridos e a discussão


grupal, a critério, no ambiente onde você está inserido.

• Leis nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990 (Leis Orgânicas da Saúde).


• Portarias nº 399, de 22 de fevereiro de 2006 e de nº 699, de 30

66
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

de março (Pacto pela Saúde).


• Portaria nº 3.085, de 1º de dezembro de 2006, que regulamenta o
Sistema de Planejamento.
• Portaria nº 3.332, do dia 28 subsequente, que aprova orientações
gerais relativas aos instrumentos do planejamento.

Você conseguiu ler algumas legislações propostas? Sugerimos


que elabore um texto. Sabemos que tais legislações ainda estão
em vigor, mesmo com novas leis pela frente. Gostaríamos que você
lesse uma portaria atual sobre planejamento e nos contasse seu
impacto de aprendizagem.

Continuando nosso estudo sobre o planejamento dos serviços, nossa Lei nº


8.080/1990, traz em seu artigo 36º que o processo de planejamento e orçamento
do Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal,
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da
política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos
Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União.

A Lei nº 8080/1990, em seu parágrafo primeiro, determina que os planos de


saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de direção do
Sistema Único de Saúde (SUS) e seu financiamento será previsto na respectiva
proposta orçamentária.

E em seu segundo parágrafo, diz que é vedada a transferência de recursos


para o financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em
situações emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.

A Lei nº 8.142/1990, no seu artigo quarto, entre os requisitos para o


recebimento dos recursos provenientes do Fundo Nacional de Saúde, fixa que
os municípios, estados e o Distrito Federal devem contar com plano de saúde e
relatório de gestão.

67
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Estes dias estava escrito no Jornal do Comércio que, “Planejar


consiste, basicamente, em decidir com antecedência o que será
feito para mudar condições insatisfatórias no presente ou evitar que
condições adequadas venham a deteriorar-se no futuro” (CHORNY,
1998).

O Pacto pela vida é constituído por um conjunto de compromissos sanitários,


expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da
situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal,
estaduais e municipais.

O Pacto de gestão do SUS radicaliza a descentralização


de atribuições do Ministério da Saúde para os estados e para os
municípios, reiterando a importância da participação e do controle
social, explicitando as diretrizes para o sistema de financiamento
público tripartite.

Introduzimos aqui, o Pacto do financiamento, que estabelece blocos específicos:


atenção básica; atenção de média e alta complexidade; vigilância em saúde; assistência
farmacêutica.

O Pacto de gestão do SUS configura-se em eixos prioritários para a aplicação de


recursos (investimentos), bem como o estímulo à regionalização e aos investimentos
para a atenção básica.

Partindo para os documentos que devem ser cumpridos pela gestão, temos o
Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, que
devem manter coerência com o Plano de Saúde, guardando uniformidade de objetivos,
diretrizes e metas. O plano de saúde é, enfim, instrumento que norteia todas as
atividades.

No âmbito do Sistema de Planejamento do SUS, define-se como Plano de


Saúde o instrumento que, a partir de uma análise situacional, apresenta as intenções
e os resultados a serem buscados no período de quatro anos, expressos em objetivos,
diretrizes e metas.
68
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

No âmbito do Sistema de Planejamento do SUS, a elaboração do Plano


compreende dois momentos: análise situacional e formulação dos
No âmbito do
objetivos, diretrizes e metas.
Sistema de
Planejamento
Ao final do período de vigência do Plano de Saúde, é necessário do SUS, a
que seja feita a sua avaliação, retratando os resultados efetivamente elaboração do
alcançados, de modo a subsidiar a elaboração do novo Plano, com as Plano compreende
correções de rumos que se fizerem necessárias e a inserção de novos dois momentos:
análise situacional
desafios ou inovações.
e formulação dos
objetivos, diretrizes
A Programação Anual de Saúde é o instrumento que operacionaliza e metas.
as intenções expressas no Plano de Saúde.

Na Programação, são detalhadas – a partir dos objetivos, das diretrizes e das


metas do Plano de Saúde – as ações, as metas anuais e os recursos financeiros que
operacionalizam o respectivo Plano.

Relatório Anual de Gestão é o instrumento que apresenta os resultados alcançados


com a execução da Programação Anual de Saúde (Art. 4º da Portaria nº 3.332/2006).

As diretrizes para a organização de Redes de Atenção à Saúde (RAS), no âmbito


do SUS, propostas pelo Ministério da Saúde, evidenciam a Atenção Básica como
centro de comunicação da RAS, assumindo um papel-chave na sua estruturação como
ordenadora da Rede e coordenadora do cuidado.

Para tanto, a Atenção Básica, a partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS),
deve ser o nível fundamental de um sistema de atenção à saúde, pois constitui a porta
de entrada preferencial, ou seja, o primeiro contato dos usuários com o sistema, sendo
o primeiro elemento de um processo contínuo e integral de atenção.

A regulação assistencial ou regulação do acesso entendida como a


“disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão,
de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada” (BRASIL, 2001, s.p.), é um
poderoso mecanismo de organização e gestão da rede de atenção à saúde no âmbito
municipal, trazendo benefícios para a população usuária dos serviços.

Na gestão, o processo regulatório favorece a resolução dos


casos que exigem a ação coordenada de vários pontos da rede
de atenção, além de permitir o conhecimento mais aprofundado e
dinâmico da rede assistencial.

69
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Também favorece a identificação das áreas críticas e das necessidades de


saúde de maneira ampliada, orientando para o melhor controle dos gastos, melhor
utilização dos recursos e qualidade na prestação de serviços.

Estes processos devem ocorrer nos seus vários locos de produção do


cuidado, sejam eles realizados em uma UBS, a partir da microrregulação
qualificada in loco ou nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), Complexos
Reguladores Municipal, Estadual e Nacional.

Alguns instrumentos Alguns instrumentos são muito importantes nesse processo,


são muito
entre eles, os Protocolos de Regulação do Acesso, que
importantes nesse
processo, entre compreendem diretrizes para a solicitação e uso adequado e racional
eles, os Protocolos das tecnologias de apoio diagnóstico e terapias especializadas.
de Regulação
do Acesso, que Esses documentos estabelecem critérios qualificados de
compreendem avaliação de risco, identificando as prioridades e garantindo a
diretrizes para a
agilidade no acesso para aqueles pacientes que mais necessitam.
solicitação e uso
adequado e racional
das tecnologias de A estes, somam-se outros instrumentos, como os Sistemas de
apoio diagnóstico Informação em Saúde da Regulação, que tem como objetivo principal
e terapias sistematizar e gerenciar as rotinas desde os Complexos Reguladores
especializadas. até a microrregulação que ocorre nas UBS.

Convido você a escolher cinco procedimentos de saúde e fazer


uma pesquisa, qual valor deles na saúde privada e na saúde pública.
Faça também uma lista para discussão e compare com sua opinião.

4 A SAÚDE SUPLEMENTAR NO
BRASIL
A saúde suplementar no Brasil é a atividade que envolve a operação de
planos e seguros privados de assistência médica à saúde, referidos simplesmente
como planos ou seguros de saúde.

Hoje, o setor brasileiro de planos e seguros de saúde é um dos maiores


sistemas privados de saúde do mundo. Aproximadamente, 160 mil médicos atuam
na saúde suplementar e atendem usuários de planos e seguros de saúde.

70
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

A importância da Saúde Suplementar, a partir de 2000, passou a


A importância da
ser regulada e fiscalizada pela ANS, vinculada ao Ministério da Saúde. Saúde Suplementar,
Observe o fluxo a seguir cujos atendimentos realizados pelo SUS ao a partir de
paciente que tem plano de saúde, o SUS deverá ser ressarcido. 2000, passou a
ser regulada e
FIGURA 5 – FLUXOGRAMA fiscalizada pela
ANS, vinculada ao
Ministério da Saúde.

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

De acordo com IBGE, o perfil da distribuição dos leitos no Brasil, em 2010,


de acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), são
556.071, sendo que no SUS são 355.530 (64%) e na Saúde Suplementar 200.541
(36%).

71
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Mais um indicador que demonstra o tamanho da área da saúde no Brasil:


5.531 cidades no Brasil têm menos de 556.071 habitantes, ou seja, temos mais
leitos do que habitantes em alguns municípios. Então, numa conta fácil, o SUS
regula dois a cada três leitos no Brasil. Como vimos no Capítulo 1, nosso sistema
de saúde pública tem virtudes que não encontramos em nenhum outro país.

Vamos fazer uma pesquisa verificando quantos leitos temos em


cada Estado do Brasil na saúde privada, na saúde pública e na saúde
suplementar e fazer uma tabela para discussão. Compare com sua
opinião. Se não conseguir extrair por público e privado, pode ser num
total, sem problemas, ou somente do sistema público.

[...]
Chama a atenção a variação dos leitos SUS e SS (Saúde
Suplementar), como a oftalmologia, otorrinolaringologia, plástica e
queimados, os quais temos muito mais no SUS, e gastroenterologia,
neurologia, oncologia, ortopedia, queimado pediátrico e cirúrgico
torácico é muito maior na SS.
Outro fato é que no SUS existem equipamentos específicos
para o tratamento de AIDS, o que não ocorre na saúde suplementar.

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

Dando continuidade aos nossos estudos, como fonte de dados para a


composição do infográfico (Figura 6), utilizamos as seguintes matérias veiculadas
pelo site O globo, tendo como fonte o site da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (2020, s.p.): “Internação de pacientes de planos na rede pública
cresce 60% – Em cinco anos, número de internações aumentou em mais de
103 mil, atingindo quase 277 mil em 2010” e “Planos: hospital público atrai pela
excelência, proximidade e por ser compulsório em caso de acidente”.

72
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

As matérias abordam o crescimento do número de brasileiros que, mesmo


possuindo plano de saúde privado, recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS),
a rede pública do Brasil. O período analisado foi de cinco anos (2005-2010).

O texto fornece dados (números, percentuais e hipóteses) para retratar


e explicar o aumento noticiado. A partir dessas informações, a ANS fez a
composição do infográfico (Figura 6).

Primeiramente, selecionaram os dados mais relevantes da


notícia: o número de pacientes com planos atendidos no SUS em
2005 e em 2010. A essa informação foi conferido um destaque maior.
Ela foi posicionada à frente do mapa do Brasil, para melhor sinalizar
ao leitor que se trata de uma realidade brasileira. Proporcionalmente,
ao número de pacientes com plano atendidos no SUS em cada ano,
inseriram a ilustração de bonecos (sete para 173.326, em 2005, e 12
para 276.850, em 2010).

Utilizaram, ainda, dois gráficos para ilustrar o crescimento de brasileiros com


plano, de 19,2%, em 2005, para 23,8%, em 2010. Os dados de cada ano estão
representados por tons de cores diferentes: os de 2005, pelo azul e o cinza claros
e os de 2010, pelo azul e cinza escuros. A infografia mantém esse padrão na
informação de maior destaque.

Outro dado que consideramos relevante foi o percentual de crescimento, no


mesmo período, do número de internações de pacientes com plano no SUS para
parto e pós-parto e para tratamento de câncer.

As porcentagens foram destacadas em tamanho e pela cor verde, como no


título, e seguidas de legendas.

Relatam que, não poderíamos esquecer de abordar no infográfico as


hipóteses que explicariam o crescimento noticiado.

Por isso, selecionaram os três principais argumentos e os destacaram com


ícones relacionados a seus conteúdos.

Um gesto positivo com a mão para o fator “excelência” de alguns hospitais


públicos brasileiros, uma casa para o fator “proximidade”, que diz respeito à
distância entre a casa dos pacientes e as unidades hospitalares procuradas,
e uma ambulância para o fator “compulsório”, pois, em casos de acidentes, as
vítimas são obrigatoriamente levadas para hospitais públicos.
73
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

FIGURA 6 – INFOGRÁFICO

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

FIGURA 7 – FONTE SITE AGÊNCIA DE SAÚDE SUPLEMENTAR MATÉRIA O GLOBO

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

74
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

De acordo com publicação da ANS (2020), os resultados


mostram também a satisfação dos beneficiários. Também em 2018,
82% dos benificiários das operadoras que realizaram a pesquisa,
responderam como bom e muito bom para o atendimento do seu
plano e cerca de 78% dos beneficiários recomendariam o plano de
saúde para amigos e familiares.

De acordo com a ANS (2020), a pesquisa de satisfação de beneficiários é


uma forma de estímulo às empresas, por meio de pontuação extra. Todas devem
seguir as diretrizes estabelecidas e documentadas através de informes técnicos
da ANS, com metodologia padronizada, representativa e com validade estatística.

Encerramos este capítulo com esta figura, lembrando do quão importante


é o sistema público de saúde para o brasileiro, sendo o amparo para o povo
necessitado. Infelizmente, muitos não veem o SUS como um sistema de saúde e
sim como o refúgio. Assim, todos os profissionais deveriam ter um período longo
de trabalho no SUS, no início da carreira.

FIGURA 8 – SAÚDE – DIREITO DE TODOS

FONTE: Ministério da saúde (2020, s.p.)

75
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao finalizarmos este capítulo, temos a certeza de que você, especializando,
teve um contato com a articulação e integração no SUS.

Tendo como base nos estudos, o princípio da regulação, do controle,


da avaliação e da auditoria, bem como as políticas de regulação da saúde
suplementar e a saúde suplementar no Brasil.

Vimos como integrar com diferentes políticas de pesquisa no campo de


gestão das redes de atenção em saúde. Agora, somos capazes de entender
a articulação e a integração do SUS, necessariamente com os caminhos da
regulação, avaliação, auditoria, bem como saúde.

REFERÊNCIAS
ANS. ANS publica índice de desempenho da saúde
suplementar: Indicador permite a comparação entre as empresas.
2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/
noticia/2020-03/ans-publica-indice-de-desempenho-da-saude-
suplementar#:~:text=Satisfa%C3%A7%C3%A3o,sa%C3%BAde%20para%20
amigos%20ou%20familiares. Acesso em: 22 nov. 2020.

ARAUJO, L. C. G. de. Gestão de Pessoas, estratégias e integração


organizacional. São Paulo: Atlas, 2006.

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br/auditoria/. Acesso em: 22 nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 8.901, de 10 de novembro de 2016. Aprova a Estrutura


Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das
Funções de Confiança do Ministério da Saúde, remaneja cargos em comissão
e funções gratificadas e substitui cargos em comissão do Grupo Direção e
Assessoramento Superiores - DAS por Funções Comissionadas do Poder
Executivo – FCPE. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2016/decreto/D8901.htm. Acesso em: 22 nov. 2020.

BRASIL. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta


o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores
mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de

76
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização,


avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689,
de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm. Acesso em: 16 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela


Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do
Referido Pacto. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2006/prt0399_22_02_2006.html. Acesso em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 3.332, de 28 de dezembro de 2006. Aprova


orientações gerais relativas aos instrumentos do Sistema de Planejamento
do SUS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/
prt3332_28_12_2006.html. Acesso em: 22 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 95, de 26 de janeiro de 2001. Aprova a Norma Operacional


da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2001 que amplia as responsabilidades
dos municípios na Atenção Básica; define o processo de regionalização da
assistência; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão
do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação
de estados e municípios. Disponível em: http://observatoriohospitalar.fiocruz.br/
biblioteca/portaria-gmms-no-95-de-26-de-janeiro-de-2001. Acesso em: 22 nov.
2020.

BRASIL. Decreto nº 1.651, de 28 de setembro de 1995. Regulamenta


o Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/d1651.htm.
Acesso em: 16 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.689, de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção do


Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, e dá
outras providências. Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/indexsearch.
php?PID=104915. Acesso em: 16 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as


condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. acesso em: 16
nov. 2020.

77
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

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78
Capítulo 2 ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SUS

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na pós-menopausa residentes na cidade de Chapecó/SC. Rev. bras. ginecol.
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79
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

80
C APÍTULO 3
DESAFIOS DO SUS

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Discutir a complexidade dos cenários e situações em saúde.

• Saber analisar as dimensões técnicas, políticas e administrativas, bem como


negociação da pactuação, através das normativas estabelecidas na legislação.

• Entender a implementação da regulação e auditoria de saúde respeitando a


programação pactuada, através de sistemas contratualizados.
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

82
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Lendo o Guia de Informações sobre serviços públicos, trazemos o trecho a
seguir que faz uma apresentação perfeita de nosso último capítulo.

O Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecido em nossa Constituição


Federal de 1988, não é apenas um serviço de saúde, mas um sistema
importantíssimo e estratégico para a integração nacional de todo o povo brasileiro,
bem como dos cidadãos estrangeiros que escolheram aqui residir.

Por essa razão, é indispensável a difusão do seu funcionamento para todos


os cidadãos, sejam eles pessoas idosas, jovens ou adultas de todas as faixas de
renda. E, na medida do possível, também às nossas crianças que já se encontram
na fase escolar. O SUS é um sistema de saúde universal, portanto, todos têm
direito a suas ações e serviços, sem exceções.

Sabendo de sua importância, compreendendo o direito a que fazem jus,


certamente os cidadãos passarão a defender o SUS frente às autoridades
constituídas e exigirão eficiência e bom acolhimento por parte de seus funcionários
públicos, controle efetivo dos estoques de medicamentos a serem distribuídos,
manutenção sistemática das máquinas necessárias para os mais diversos exames
etc.

Isto porque uma das principais causas de violência urbana é, sem sombra
de dúvida, o descaso que sentem muitos cidadãos quando, ao buscar o serviço
médico para si ou para seus amigos e familiares necessitados, nada encontram. A
revolta se faz presente e a razão evapora.

O país que oferece aos seus cidadãos um ótimo serviço público e gratuito
de atendimento à saúde, só poderá esperar como contrapartida a convivência
pacífica de sua sociedade.

O Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser entendido como uma “Política de
Estado”, consistente na materialização de uma decisão adotada pelo Congresso
Nacional, em 1988, na chamada Constituição Cidadã, de considerar a Saúde
como um “Direito de Cidadania e um dever do Estado”.

Trata-se de um sistema importantíssimo que garante a todos os indivíduos


residentes no Brasil o acesso universal a bens e serviços que garantam sua saúde
e bem-estar, de forma integral e igualitária. E, justamente, por garantir a todos o
acesso à saúde, o SUS é, hoje, considerado o nosso maior e mais importante
projeto de inclusão social em construção.

83
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Por essa razão, é necessário que todos nós saibamos sobre o seu
funcionamento, porque somente se tivermos consciência de sua importância
e se bem compreendermos o direito a que fazemos jus, poderemos defendê-
lo e, principalmente, exigir a adoção de medidas que garantam o seu bom
funcionamento.

É fato que a população brasileira vem atravessando um rápido processo de


envelhecimento, com aumento crescente da expectativa de vida.

Segundo dados do IBGE, em 2008, a expectativa de vida média era de 33,7


anos, subindo para 73,48 anos em 2010, sendo que, em 2008, o Brasil apresentou
um contingente de 21 milhões de idosos, representando 11% da população –
dados da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD). Informações
do CEInfo e da Secretaria Municipal de Saúde, a população estimada para 2011
– Dados da Fundação SEADE – apontam que somente na Capital de São Paulo
temos 1.346.649 de idosos, com 60 anos ou mais, representando 11,87% da
população (IBGE, 2018).

Além disso, a assistência básica ao idoso é uma preocupação recente, por


isso a importância de saber que existem leis específicas de proteção ao idoso e
que já há serviços nessa área, porque somente com o efetivo uso desses serviços
pela população, mesmo com as limitações presentes até o momento, poderemos
contribuir para a melhoria da atenção integral ao idoso, proposto pelo SUS.

A construção de um sistema público de saúde eficiente e de qualidade só


será possível com a participação popular, o controle social e o pleno exercício de
direitos.

2 DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO
DA REGULAÇÃO
Iniciando os estudos do Capítulo 3, vamos ver a rede que comporta os
Estados para entendermos os desafios da implementação da regulação. A rede
estadual de saúde no Estado e municípios deve ser composta por:

• I - Hospital Geral – Internação hospitalar em Unidades gerais e


especializadas.
• II- Hospital Dia.
• III - Atendimento ambulatorial especializado ou centro de
especialidades.

84
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

• IV - Centro de Referência de Assistência à Saúde.


• V - Assistência Domiciliar: Internação Domiciliar (ID) e
Atendimento Domiciliar (AD).
• VI- Hospital de Cuidados Paliativos. A rede estadual deve estar
integrada.

Pensando neste leque de serviços, já dá para imaginar os


desafios da implementação. Faça uma pesquisa explicando como
está a implementação em seu município e dê sua opinião.

A resposta é com base em um artigo nominado Práticas e


desafios da regulação do Sistema Único de Saúde, que traz também
seus desafios.

Objetivo

Analisar os entraves e desafios enfrentados pelos gestores e


profissionais de regulação em suas práticas nas centrais reguladoras
municipais.

Métodos

Estudo descritivo exploratório com enfoque qualitativo, aplicado


em quarenta gestores e profissionais de regulação, no período de
setembro de 2017 a novembro de 2018, por meio de entrevista
semiestruturada, resultando em duas categorias de análise: fatores
limitantes e fatores facilitadores da gestão e operacionalização do
setor de regulação do SUS.

Resultados

Na análise dos enunciados, foram encontradas evidências dos


seguintes fatores limitantes: falha nos critérios de encaminhamento,
indisponibilidade de leitos, grande demanda, dificuldades sistêmicas
em relação ao sistema de regulação, procedimentos de difícil
agendamento e execução, aumento da demanda reprimida de
procedimentos eletivos e dificuldades no fluxo de informações entre a
atenção primária e a regulação. Na categoria de fatores facilitadores,
as possibilidades mais significativas foram: ampliação da capacidade
de conhecer a realidade do usuário, melhoria na atenção primária

85
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

e incrementos de recursos financeiros para a saúde, capacitação e


formação em saúde e reestruturação, além de reorganização dos
procedimentos internos de regulação.

Conclusão

Os fatores limitantes da regulação demonstram a necessidade


de fomentar ações que ofereçam a todos os usuários do SUS o
acesso pleno aos serviços de saúde.

FONTE: BASTOS, L. B. R. et al. Práticas e desafios da regulação


do Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde Pública, v. 54, n. 25, fev.
2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
89102020000100221&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 22
nov. 2020.

Para implementação da regulação, devemos ter certeza das prioridades


dentro da saúde, que terá como base a criança e o idoso, sempre tornando as
ações nessas faixas etárias primordiais.

A Internação Domiciliar é aquela prestada na sua residência após a


Internação Hospitalar e/ou após ter alta do Hospital Dia Geriátrico, por um período
curto de, no mínimo, oito dias e, no máximo, 30 dias.

Após esse período, o idoso volta à unidade da ESF e/ou Básica para
continuar a supervisão e o acompanhamento de sua saúde.

A Assistência Domiciliar ao Idoso, a mais simples, prestada na residência


do idoso pela Equipe da Estratégia de Saúde da Família que abrange os
procedimentos de diagnóstico, terapêuticos e de reabilitação, as ações de
prevenção e de manutenção da capacidade funcional, autonomia e defesa de
direitos, identifica e orienta o cuidador familiar e ou informal.

Este resumo, de uma pesquisa no Hospital Clínicas de Porto


Alegre (HCPA), traz uma reflexão sobre tratamento de saúde e,
aqui, poderemos refletir o quanto devemos evoluir para sanarmos os
desafios para um SUS melhor.

86
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

A educação em saúde para idosos portadores de diabetes


mellitus no município de Gramado.

Resumo

Dentro desta política de saúde, o Município de Gramado/RS


vem realizando atividades educativas para portadores de diabetes
mellitus em grupos, que acontecem de forma centralizada, o grupo
reúne todos os diabéticos do Grupo Hiperdia e conta com 1.349
pacientes cadastrados. Destes, 153 participam do Grupo e, dos
participantes, 70 são idosos. Nos encontros mensais, promovidos
pela equipe multidisciplinar, são repassadas informações sobre
alimentação saudável, atividade física, uso de medicação, nos
quais intervém junto aos pacientes e familiares a fim de promover
uma assistência multidisciplinar adequada, na qual é proporcionado
atendimento diferenciado aos pacientes idosos diabéticos. Diante
disso, este estudo tem o objetivo de verificar o entendimento para o
autocuidado dos idosos diabéticos através da educação permanente
em saúde, avaliação contínua e melhoria da gestão do cuidado
em diabetes. Para tanto, profissionais de saúde são capacitados
para atender aos portadores de diabetes e ensiná-los a controlar
a doença, visando garantir a melhoria da qualidade de vida dos
portadores. Perguntados se têm conseguido manter sua glicemia
controlada, 76% dos idosos conseguem manter sua glicemia pós-
prandial inferior a 140 mg/dl, 17% referem que mantêm sua glicemia
até 200 mg/dl e 07% referem muito alterada, acima de 200mg/dl. Com
relação à monitorização da glicemia, perguntou-se: você acredita ser
importante para seu autocuidado? 91% dos idosos responderam Sim
e 9% responderam não. Nas questões levantadas pela enfermeira
sobre como aplicar a insulina e descartar os resíduos, se ainda geram
dúvidas: dos 58 idosos, 9% responderam sim e 91% responderam
que não tem dúvidas. Com relação à metodologia utilizada para os
idosos, eles acreditam que deveria ser melhorada a educação para
o autocuidado: 17% dos Idosos apostam na utilização das figuras,
43% atividades práticas, 7% gostariam de apresentação de vídeos,
26% relatam estar bom da forma que está. Ainda completam o
comprometimento da equipe. Ao finalizar este estudo é importante
reforçar que o projeto foi elaborado para fortalecer e expandir
as ações do SUS para educação em saúde para o autocuidado,
avaliação contínua e melhoria da gestão do cuidado em diabetes.

87
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Palavras-chave: Educação em Saúde. Diabetes Mellitus. Idosos.

FONTE: SANTOS, M. da S. A educação em saúde para idosos


portadores de diabetes mellitus no município de Gramado. Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2012.

Voltando aos nossos estudos, podemos incluir as atividades de atendimento


às pessoas idosas, vítima de violência e maus-tratos, DST, como a AIDS e outras,
sempre verificando se o governo está implementando e regulando essas ações
previstas em lei.

Na área destinada à cultura e ao lazer, pode-se contar com uma ou duas


salas, para a realização de oficinas de leitura, artesanato, pintura, crochê, tricô,
teatro, dança, coral, informática, jogos de mesa, para o desenvolvimento de
atividades ocupacionais de interesse de grupos de pessoas idosas, de ambos os
sexos.

O centro de referência deve estar dotado de: infraestrutura física; mobiliário e


redes; recursos materiais e equipamentos; específicos em geriatria e gerontologia;
equipes profissionais especializadas na área; normas técnicas e protocolos
clínicos; sistema informatizado para agendamento, encaminhamento, para
referência e contra referência e acompanhamento.

Todos os fluxos de referência e contra referência deverão estar organizados


e implementados, bem como a porta de entrada será pela Atenção Básica (UBS e
ESF) mais próxima de sua residência.

O médico geral comunitário ou clínico geral, após a avaliação da situação,


identifica a necessidade de maior investigação para estabelecer o diagnóstico
médico e/ou de outro tratamento especializado.

Elencamos alguns critérios principais a serem considerados na


implementação da regulação do centro de atendimento para população geral e
idosa: necessidades de cobertura assistencial, mecanismos de acesso e fluxos de
referência e contra referência, níveis de complexidade dos serviços, série histórica
de atendimentos realizados, distribuição geográfica dos serviços e integração com
a rede de AB e ESF. A seguir, uma figura sobre os desafios na implementação da
regulação.

88
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

FIGURA 1 – DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA REGULAÇÃO

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

Este resumo é de uma pesquisa no Hospital Clínicas de Porto


Alegre (HCPA) que traz uma reflexão sobre tratamento de saúde e,
aqui, poderemos refletir o quanto devemos evoluir para sanarmos
os desafios para um SUS melhor, bem como pensarmos em novas
perspectivas de atendimento.

Qualidade de vida e fatores de risco em mulheres com fraturas


de fêmur no período pós-menopáusico.

Introdução

As fraturas de fêmur na pós-menopausa são as consequências


da osteoporose de maior morbimortalidade.

Objetivos

Caracterizar a qualidade de vida, a saúde geral e os fatores


associados em mulheres pós-menopáusicas que foram submetidas à
cirurgia de correção de fraturas de colo do fêmur.

Métodos

Estudo observacional transversal com 100 mulheres residentes


em Gramado/RS, submetidas à cirurgia para correção de fraturas

89
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

de fêmur durante o período pós-menopausa nos últimos 15 anos


(2000-2015). Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, os dados foram obtidos por análises de prontuários e
pelo preenchimento de questionários (sociodemográfico, sintomas
depressivos, qualidade de vida específico para a osteoporose). As
variáveis foram expressas como frequências, médias e desvios-
padrões ou medianas e percentis 25 e 75. Análises de distribuições
e Correlações de Spearman foram conduzidas. As análises foram
realizadas no SPSS, versão 18.0, e a significância estabelecida
como p≤0,05.

Resultados

Dezenove mulheres foram inseridas neste estudo, sendo


as demais excluídas por óbito em decorrência da cirurgia ou de
complicações relacionadas. A média de idade e a mediana da
idade da menopausa foram de 79,16±8,58 e 48 [44,50 – 50,50]
anos. Apenas uma mulher (5,26%) não apresentou outras doenças
além de osteoporose, sete (36,84%) apresentaram complicações
pós-operatórias e oito (42,11%) usam, atualmente, dispositivos de
mobilidade para deambulação. Quatro mulheres (21,05%) usaram
terapia hormonal por mais de um ano no período do climatério. A
maioria das mulheres não consumiu álcool no último ano (78,95%)
e nunca fumou (52,63%). As médias dos domínios de bem-estar
geral (6,59±2,44), função física (5,99±2,07), sintomas (6,40±2,73)
e de interação social (5,15±2,84) apresentaram escores inferiores
a outros estudos envolvendo mulheres de faixa etária semelhante.
Os domínios de bem-estar geral e de estado psicológico foram
diferentes entre mulheres que apresentavam sintomas depressivos,
quando comparadas ao grupo sem sintomas (p=0,017 e p=0,005,
respectivamente). Um dado extremamente preocupante é que
somente 15,79% das mulheres já fraturadas faziam uso atual de
medicamentos para tratar a osteoporose.

Conclusões

Evidenciou-se um alto índice de óbito. Poucas idosas se


tratavam para a osteoporose, o que somado às disfunções de bem-
estar geral e de estado psicológico, apresentou impacto negativo
sobre a qualidade de vida destas mulheres.

90
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

Palavras-chave: Fraturas do fêmur. Qualidade de vida.


Osteoporose.

FONTE: <https://www.lume.ufrgs.br/
bitstream/handle/10183/179224/001057146.
pdf?sequence=1>. Acesso em 18 nov. 2020.

3 AUDITORIA E CONTRATUALIZAÇÃO
DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
A contratualização inicia no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
(CNES), veja a ilustração a seguir.

FIGURA 2 – CONTRATUALIZAÇÃO DA REDE DE SERVIÇOS DE SAÚDE

FONTE: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2020, s.p.)

Todos serviços contratualizados dentro de um estabelecimento


deverão atender a todas as faixas etárias e elas deverão ter o
acolhimento e classificação de risco, sendo, nesta etapa, a interação
e a escuta muito importante para a definição do risco e consequente
encaminhamento para a obtenção do objetivo seguinte, que é o
diagnóstico funcional e etiológico, bem como o plano de cuidados
que será realizado pela própria Equipe de Saúde da Família e ou
Equipe Básica de Saúde, para que a auditoria seja realizada.

91
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

A seguir, temos um fluxograma da contratação de serviços, para entendermos


as contratualizações e suas liberações para trabalhar dentro de cada nível, seja
ele municipal, estadual ou federal.

FIGURA 3 – FLUXOGRAMA DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

De acordo com o Ministério da Saúde (2020), a contratualização é um


processo pelo qual as partes, o gestor municipal/estadual do SUS e representante
legal do hospital, estabelecem metas quantitativas e qualitativas de atenção à
saúde e de gestão hospitalar, formalizadas por meio de um instrumento contratual:
convênio, contrato, Termo de Ajuste, PCEP ou outro.

Esse instrumento é composto por duas partes: o contrato propriamente dito


e o documento com a descrição das metas qualitativas e quantitativas, que serão
acompanhados e avaliados por uma Comissão de Acompanhamento formada
pelo gestor, hospital, usuários e outros.

A experiência do Ministério da Saúde (MS) com o processo de contratualização


iniciou, em 2004, com a implantação das políticas de reestruturação dos hospitais
de ensino e dos hospitais filantrópicos.

Ao adotar essas políticas, o Ministério da Saúde implantou um novo modelo


de financiamento para esses hospitais, baseado no repasse de incentivos
92
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

financeiros calculados a partir da série histórica da produção hospitalar de cada


estabelecimento.

Neste contexto, instituiu-se o Incentivo de Adesão à Contratualização (IAC),


permitindo o repasse de recursos aos estabelecimentos hospitalares mediante
publicação de portarias.

Atualmente, 1.034 hospitais recebem o Incentivo de Adesão à


Contratualização, representando um impacto financeiro de R$ 2.359.515.474,07.

• Vantagens da contratualização:
º Programação orçamentária e financeira.
º Facilitação dos processos de avaliação, controle, regulação dos
serviços ofertados.
º Possibilidade de investimento na gestão hospitalar.
º Adequação dos serviços conforme a demanda e necessidades
do gestor local de saúde.
º Maior transparência na relação com o gestor local do SUS.
º Melhor inserção institucional na rede de serviços de saúde.
º Ampliação dos mecanismos de participação e controle social.
º Possibilidade de questionamento e enfrentamento dos arranjos
de poder institucional.
º Valorização dos aspectos referentes ao ensino, pesquisa e
produção de conhecimento.
º Integração ensino-serviço.
º Indução de um maior comprometimento do corpo de
colaboradores da unidade hospitalar (contrato interno).
º Melhor alocação e gestão dos recursos públicos por meio da
racionalização do gasto e da qualidade do serviço prestado.
º Fortalecimento da relação entre o gestor e o prestador de serviço,
uma vez que as metas passam a ser formuladas em parceria.

Cabe informar que o Incentivo de Qualificação de Gestão Hospitalar (IGH)


foi revogado e incorporado na Portaria de Consolidação GM/MS nº 6, de 28 de
setembro de 2017.

Em 1º de novembro de 2017, a Portaria GM/MS nº 2.925, revogou os Artigos


324 a 339, do Capítulo II, da Seção VII, Do Incentivo de Qualificação da Gestão
Hospitalar (IGH) da Portaria de Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017,
que consolida as normas sobre o financiamento dos recursos federais para as
ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde.

93
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Diretrizes para a contratualização de hospitais no âmbito do SUS (Portaria


de Consolidação nº 2, de 28 de julho de 2017, que instituiu a Consolidação das
normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde, Anexo
2 do Anexo XXIV, página 148 à 150.

Ainda é um processo de relacionamento entre financiadores e prestadores,


assente numa filosofia contratual, envolvendo uma explicitação da ligação entre
o financiamento atribuído e os resultados esperados, baseada na autonomia e
responsabilidade das partes e sustentado num sistema de informação que permita
um planeamento e uma avaliação eficaz, considerando como objeto do contrato
metas de produção, acessibilidade e qualidade.

A auditoria pode ser definida como um conjunto de ações usadas


para assessorar e prestar consultoria para a organização.
Os procedimentos são verificados através de controles internos
(ou externos) que dão margem para o auditor opinar e aconselhar
visando à melhoria da empresa.
As ações de uma auditoria também é se fazer cumprir as
contratações dos serviços. A seguir, as finalidades de uma auditoria
no SUS.

De acordo com Ministério da Saúde (2020), a auditoria é um instrumento


de gestão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a
alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade
da atenção à saúde oferecida aos cidadãos e conceitualmente é o conjunto de
técnicas que visa avaliar a gestão pública, de forma preventiva e operacional,
sob os aspectos da aplicação dos recursos, dos processos, das atividades, do
desempenho e dos resultados mediante a confrontação entre uma situação
encontrada e um determinado critério técnico, operacional ou legal.

O que é auditoria, pesquisando no Significados (2020, s.p.), “auditoria é


um exame sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou
setor, que tem o objetivo de averiguar se elas estão de acordo com as disposições
planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficácia
e se estão adequadas”.

94
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

Auditoria é um exame analítico e pericial que acompanha o desempenho


das operações contábeis expressas em um balanço. Muitas vezes é usada a
expressão auditoria contábil, que serve para descrever a avaliação de uma
empresa no panorama da contabilidade.

Os profissionais que participam de auditoria de demonstrações financeiras


são certificados e devem seguir rigorosas normas profissionais.

As principais empresas de auditoria são Deloitte, PricewaterhouseCoopers,


KPMG, Ernst & Young, entre outras. As auditorias podem ser classificadas
em: auditoria externa e auditoria interna.

• A auditoria externa se distribui em diversas áreas de gestão, como


auditoria de sistemas, auditoria de recursos humanos, auditoria da
qualidade, auditoria de demonstrações financeiras, auditoria jurídica,
auditoria contábil etc.
• A auditoria interna tem como objetivo avaliar o processo de gestão
no que se refere a aspectos, como a governança corporativa, gestão
de riscos e procedimentos de aderência às normas, a fim de apontar
eventuais desvios e vulnerabilidade às quais a organização está sujeita.

Enquanto o auditor externo é um profissional que é contratado de fora e


tem um tempo limitado para resolver problemas da empresa, o auditor interno é
funcionário da própria empresa, que dispõe de mais tempo e de conhecimento
com relação à empresa em questão.

No âmbito da saúde, existe a auditoria hospitalar que pode ser aplicada


nas várias áreas de um hospital, como auditoria em enfermagem. Nestes casos,
a auditoria tem como objetivo averiguar se os serviços disponibilizados têm
qualidade e cumprem as normas estabelecidas.

A auditoria é uma questão de aprendizagem e formação, para que todas as


pessoas envolvidas no atendimento dos pacientes possam ter a melhor prestação
possível.

Uma auditoria é uma revisão das demonstrações financeiras, o sistema


financeiro, registros, transações e operações de uma entidade ou de um
projeto, efetuada por contadores, com a finalidade de assegurar a fidelidade dos
registros e proporcionar credibilidade às demonstrações financeiras e outros
relatórios da administração.

A auditoria também identifica deficiências no sistema de controle interno e no


sistema financeiro e apresenta recomendações para melhorá-los.

95
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

As auditorias podem diferir substancialmente, dependendo de seus objetivos,


das atividades para os quais se utilizam as auditorias e dos relatórios que se
espera receber dos auditores. Em geral, as auditorias podem ser classificadas em
três grupos:

1. Auditoria financeira.
2. Auditoria de cumprimento.
3. Auditoria operacional.

• Benefícios da auditoria em sistemas de saúde:


º Buscar a conformidade em todos os processos.
º Identificar e corrigir erros.
º Reduzir custos.
º Melhorar processos.
º Garantir mais qualidade na prestação do serviço de saúde ao paciente.
º Identificar ações preventivas.
º Controlar riscos.
º Identificar fraudes.

O Sistema Nacional de Auditoria (SNA) tem como competência


precípua a avaliação técnico-científica, contábil, financeira e
patrimonial do SUS. As ações de auditoria estão voltadas para o
diagnóstico e a transparência, com estímulo ao controle social.

O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus/Ministério da


Saúde), órgão central do SNA, tem se caracterizado como um órgão relevante de
controle interno no âmbito do SUS, a partir de mudanças conceituais, normativas
e operacionais, em consonância com seus princípios e diretrizes, alterando a
lógica da produção/ faturamento para a lógica da atenção aos usuários cidadãos
e em defesa da vida, incorporando a preocupação com o acompanhamento das
ações e análise dos resultados.

A concretização do SNA dar-se-á de forma descentralizada, por meio dos


órgãos estaduais, municipais e da representação do Ministério da Saúde em cada
estado da Federação, expressando, assim, a sua dimensão técnica e política.

96
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

Por isso, o componente estadual e municipal do SNA deve ser instituído por
ato formal no organograma da secretaria de saúde, com estrutura físico-financeira,
logística definida, equipe multiprofissional, bem como aquele que utiliza sistema
informatizado e procedimentos padronizados na realização da ação de auditoria.

A equipe multiprofissional deve ser capaz de desenvolver ações técnicas e


administrativas de auditoria. A estrutura do componente de auditoria deve variar
conforme a complexidade da rede de serviços de saúde.

Recomenda-se a adoção do Sistema Informatizado de Auditoria do SUS


(SISAUD/SUS) para garantir a padronização de procedimentos, rotinas, fluxos
e geração de relatórios. Isso possibilita a atuação uniforme das equipes e a
sistematização e acompanhamento das atividades de auditoria no SNA. A figura a
seguir traz as finalidades da auditoria de uma forma dinâmica e ilustrativa.

FIGURA 4 – FINALIDADES DA AUDITORIA

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

Destacamos aqui o resumo de uma pesquisa no Hospital Clínicas


de Porto Alegre (HCPA) que traz uma reflexão sobre tratamento de
saúde e, baseada nela poderemos refletir o quanto devemos evoluir
para sanarmos os desafios para um SUS melhor.

97
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

Fatores de risco e sintomas depressivos geriátricos em


mulheres com fraturas de fêmur no período pós-menopáusico

Edison Luiz Correa de Lucena Junior


Milena da Silva Santos
Maria Celeste Osório Wender

Apresentação

Com o crescimento da população idosa, estudos apontam que


as fraturas de fêmur durante o período pós-menopausa ainda é a
principal consequência da osteoporose. Este trabalho se refere a
um estudo prospectivo com a finalidade de caracterizar os sintomas
depressivos geriátricos e os fatores associados em mulheres pós-
menopáusicas que foram submetidas a procedimentos cirúrgicos em
decorrência de fraturas de fêmur.

Métodos

O Hospital Arcanjo São Miguel, localizado no município de


Gramado/RS, foi o local de estudo. Trata-se de uma amostra de
conveniência, em que 100 mulheres submetidas a procedimentos
cirúrgicos por fraturas de fêmur durante o período pós-menopausa
nos últimos 15 anos (2000-2015) foram recrutadas e inseridas. Após a
concordância de participação na pesquisa (Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido), os dados foram levantados por análises de
prontuários, pelo preenchimento da Escala de Sintomas Depressivos
Geriátricos e de um questionário sociodemográfico semiestruturado.
Dados antropométricos e questões referentes aos hábitos e estilos
de vida foram analisados. Variáveis categóricas foram expressas
como frequências, e variáveis contínuas como médias e desvios-
padrões ou medianas e percentis 25 e 75. Análises de distribuições
e correlações foram aplicadas, realizadas no SPSS, versão 18.0, e a
significância estabelecida como p≤0,05.

Resultados

Das 100 mulheres recrutadas, apenas 19 não faleceram em


decorrência da cirurgia ou de complicações relacionadas. A idade
média e da menopausa das participantes foi de 79,16±8,58 e 48
[44,50 – 50,50] anos. Apenas uma mulher (5,25%) não possuiu
morbidade à osteoporose, sete (36,84%) apresentaram complicações
pós-operatórias e oito (42,11%) usam dispositivos de mobilidade

98
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

para deambulação. Quatro mulheres (21,05%) usaram terapia


hormonal por mais de um ano, nove (47,37%) relataram sintomas da
menopausa e oito (42,11%) apresentaram fraturas de fêmur severas
(42,11%). A maioria das mulheres não consumiu álcool no último ano
(78,95%) e nunca fumou (52,63%). Treze mulheres descreveram
como boa ou muito boa a percepção atual da vida (68,42%), e poucas
faziam uso de medicamentos para a osteoporose (15,79%). Onze
mulheres (57,89%) afirmaram que não vale a pena viver como vive
agora, que se aborrecem com frequência, que temem que algo ruim
possa lhe acontecer e que a condição atual de saúde não possui
solução; sendo nove (47,37%) categorizadas com propensas a ou
que apresentavam sintomas depressivos geriátricos.

Conclusões

Dentre as idosas submetidas à fratura de fêmur, um alto índice


de óbito em decorrência da cirurgia ou de complicações relacionadas
foi evidenciado. Adicionalmente, poucas idosas se encontravam em
tratamentos específicos para a osteoporose. O aborrecimento e
a sensação de desesperança com a vida na maior parte do tempo
também foram evidentes, alertando a necessidade de estratégias
que visem a minimização desse quadro, preservando, assim, a
qualidade de vida e de autonomia de idosas na pós-menopausa.

FONTE: SANTOS, M. S. et al. Fatores de risco e sintomas


depressivos geriátricos em mulheres com fraturas de fêmur no
período pós-menopáusico. Porto Alegre: HCPA, 2017.

4 PROGRAMAÇÃO PACTUADA E
INTEGRADA (PPI)
Começamos pelo conceito de Programação Pactuada Integrada (PPI), que
é o processo instituído no âmbito do SUS, em consonância com o processo de
planejamento, são definidas e quantificadas as ações de saúde para a população
residente em cada território, bem como efetuados os pactos intergestores para
garantia de acesso da população aos serviços de saúde. A figura a seguir dá
conta do tripé de sustentação do contrato.

99
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

FIGURA 5 – TRIPÉ DE SUSTENTAÇÃO DO CONTRATO

FONTE: <https://observatoriohospitalar.fiocruz.br/sites/default/files/
inline-images/texto%20Sheila.png>. Acesso em: 1º dez. 2020.

A Programação Pactuada Integrada é uma ferramenta da


gestão pública de saúde que, em consonância com o processo de
planejamento regionalizado e hierarquizado, define e delimita as
ações de saúde para atender as necessidades da população em
cada território, seja municipal, regional, estadual ou interestadual, ou
seja, consiste em os gestores da Saúde estabelecerem pactos, com
o objetivo de garantir à população o acesso aos serviços de saúde.

Ela faz parte dos instrumentos para o planejamento e gestão no âmbito


do SUS são: o Plano de Saúde e as respectivas Programações Anuais e o
Relatório de Gestão. Estes instrumentos se interligam sequencialmente compondo
um processo cíclico de planejamento e gestão para operacionalização integrada,
solidária e sistêmica do SUS. Seus objetivos são:

100
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

• Buscar equidade no acesso aos serviços de saúde.


• Orientar a alocação de recursos financeiros.
• Definir os limites financeiros de média e alta complexidade, compostos
por parcela destinada à população própria e referenciada.
• Possibilitar a transparência dos pactos intergestores a serem explicitados
no termo de compromisso para garantia de acesso.
• Possibilitar a visualização de parcela de recursos federais, estaduais e
municipais alocados para custeio da assistência à saúde.
• Fornecer subsídios para os processos de regulação de acesso.

Após o processo de programação pactuada integrada, é fundamental que


sejam adotados mecanismos para seu monitoramento e avaliação, buscando o
permanente direcionamento para uma alocação consistente de recursos, que
mantenha a coerência com os demais processos de gestão.

Conjunto de atividades que buscam acompanhar rotineiramente a execução


física e financeira das ações e dos fluxos pactuados.

Os complexos regulatórios de acesso se configuram como uma das


ferramentas de excelência para o monitoramento dos pactos firmados:
• Comparativo entre parâmetros físicos adotados e produzidos por
agregados de procedimentos da área ambulatorial.
• Comparativo entre parâmetros físicos sugeridos e adotados nas áreas
estratégicas.
• Comparativo entre os percentuais de participação por clínica hospitalar.
• Comparativo entre os percentuais de internação adotados e realizados
para população própria.
• Fluxos pactuados e realizados para a alta complexidade ambulatorial e
área hospitalar.
• Identificação de vazios assistenciais.
• Comparativo entre valores médios adotados e produzidos para a
população própria e referenciada.
• Comparativos entre limites financeiros e valores produzidos.

Seus pressupostos gerais são:

• Contribuir na organização de redes de serviço regionalizadas e


hierarquizadas.
• Integração com o processo geral de planejamento.

101
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

• Orientação por problema de saúde com base em prioridades.


• Conectividade com SIA, SIH, SCNES e sistema de regulação.
• Coordenação do gestor estadual com a participação do COSEMS
e aprovação na CIB.
• Consonância com o processo de regionalização.

Seus eixos orientadores compreendem, na centralidade da atenção básica,


novos parâmetros e novas aberturas programáticas considerando áreas de
atuação, em consonância com a integração das programações, das fontes dos
recursos programados e do processo de programação e relação intergestores. A
figura a seguir ilustra que a PPI tem abrangência nacional.

FIGURA 6 – ABRANGÊNCIA DA PPI

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

A seguir, o mapa do estado do Rio Grande do Sul e suas divisões das


microrregiões de saúde.

102
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

FIGURA 7 – RIO GRANDE DO SUL E SUAS DIVISÕES


DAS MICRORREGIÕES DE SAÚDE

FONTE Ministério da Saúde (2020, s.p.)

Sabendo que os Marcos do Desenvolvimento a serem alcançados


por faixa etária e o instrumento de classificação e conduta para o
desenvolvimento integral da criança estão disponíveis na Caderneta
de Saúde da Criança, assista ao vídeo Apurando o olhar para a
vigilância do desenvolvimento infantil, uma iniciativa da Coordenação-
Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM/
DAPES/SAS/MS), produzido em parceria com o BID e Alana,
apresenta recomendações para a Vigilância do Desenvolvimento na
faixa etária de 0 a 36 meses, baseada nos componentes anamnese,
exame físico e vigilância dos marcos do desenvolvimento, ilustrando
um marco para cada área do desenvolvimento: interação social,
motora grossa, motora fina e linguagem. Discuta com profissionais de
saúde como está a pactuação e os atendimentos propostos em seu

103
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

município e estado frente à saúde da criança, que atinge os objetivos


propostos na Carteira de Saúde da Criança. Agora faça anotações
das suas identificações.

FONTE: Adaptado de <https://www.mirimpediatria.com.br/


post/2019/01/31/apurando-o-olhar-para-a-vigil%C3%A2ncia-
do-desenvolvimento-infantil>. Acesso em: 1º dez. 2020.

R.:

Apurando o olhar para a vigilância do desenvolvimento infantil,


elencamos uma lista de reprodução com todos os vídeos, assista-os

• Pílula 1 – Abertura – Apurando o olhar para a vigilância do


desenvolvimento infantil.
https://www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8.

• Pílula 2 – Vigilância do desenvolvimento infantil.


https://www.youtube.com/watch?v=AylpQ_TMP7Y.

• Pílula 3 – Marcos do desenvolvimento – 0 a 6 meses.


https://www.youtube.com/watch?v=TkMf_OE27cM.

• Pílula 4 – Marcos do desenvolvimento – 6 a 18 meses.


https://www.youtube.com/watch?v=aVluXOx-Vzw.

• Pílula 5 – Marcos do desenvolvimento – 18 a 36 meses.


https://www.youtube.com/watch?v=k6ViNF6Sm6g.

• Pílula 6 – Classificação do desenvolvimento e conduta.


https://www.youtube.com/watch?v=k6ViNF6Sm6g&t=50s.

104
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

A Centralidade da Atenção Básica prevê a programação da assistência que


deve partir das ações básicas em saúde, para compor o rol de ações de maior
complexidade tecnológica, estabelecendo os patamares mínimos de demanda
orientada pelos problemas e estratégias da atenção básica, não apenas na sua
dimensão assistencial como de promoção e prevenção.

A PPI, define novos parâmetros de atenção básica e média complexidade


construídos a partir das áreas prioritárias do Ministério da Saúde, publicados em
portaria.

A PPI também traz a incorporação de áreas priorizadas pela


Vigilância em Saúde na construção de parâmetros para assistência
e a utilização dos parâmetros já definidos pelas redes de alta
complexidade, bem como a utilização de referência em séries
históricas de produção para as ações não priorizadas ou de difícil
parametrização.

Através de novas aberturas programáticas, a PPI tem como base a


programação da atenção básica e de média complexidade ambulatorial:

• A partir de áreas estratégicas.


• A programação das ações que não estão organizadas por áreas
estratégicas orientada pela estrutura da Tabela Unificada de
Procedimentos.
• A flexibilidade no nível de agregação dos procedimentos,
seguindo a estrutura da tabela unificada para a área ambulatorial.
• A programação hospitalar orientada pelas clínicas de acordo com
a distribuição de leitos do Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (CNES).
• A possibilidade de programação de procedimentos que não estão
previstos nas Tabelas de Procedimentos.
• A programação descendente na alta complexidade e ascendente
na média complexidade.
• A programação dos procedimentos financiados pelo Fundo de
Ações Estratégicas (FAEC).
• Compensação de acordo com as aberturas programáticas
definidas.

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ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

A programação das ações executadas pelos serviços financiados por valores


globais, compreendem áreas estratégicas, a seguir:

• A saúde da mulher, englobando o pré-natal risco habitual, o pré-


natal alto risco, o planejamento familiar, o câncer de colo e o
câncer de mama.
• A saúde da criança, englobando o crescimento e desenvolvimento,
as doenças preveníveis, as afecções respiratórias, a asma, a
diarreia.
• A saúde ocular, compreendendo a triagem auditiva neonatal.
• A saúde do adolescente e a saúde do adulto, compreendendo
principalmente os cuidados com diabetes e hipertensão.
• A saúde do idoso e a saúde bucal, compreende os procedimentos
coletivos e os procedimentos individuais.
• A estratégia da alimentação e nutrição que engloba os programas
de desnutrição: leve, moderada e grave, da anemia, da
hipovitaminose a e da obesidade: infantil e adulto.
• A saúde do trabalhador, incluindo as dermatoses ocupacionais
e a exposição a materiais biológicos, as Lesão por Esforço
Repetitivo (LER), Doenças Ocupacionais Relacionadas ao
Trabalho (DORT) e ou distúrbios osteo musculares relacionados
ao trabalho, as pneumoconioses, o Perda Auditiva Induzida por
Ruído Ocupacional (PAIR), a exposição ao benzeno, a exposição
ao chumbo e a intoxicação por agrotóxico.
• A saúde mental na Atenção Básica (AB), os Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS), através de ambulatórios, e
desinstitucionalização com leitos integrais.
• As urgências deverão estar liberadas sobre demanda espontânea
e pequenas urgências em atendimento pré-hospitalar.
• Os atendimentos nas Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e
outras doenças transmissíveis, devem ser priorizados, bem como
cito as mais incidentes, a hepatite B e C, DST/AIDS e diagnóstico
de sífilis em gestantes, HIV em gestantes, HIV em parturientes,
HIV na população geral, acompanhamento clínico em portadores
HIV, hanseníase, tuberculose, meningite e malária.
• A alta complexidade ambulatorial, que compreendem a terapia
renal substitutiva e os exames complementares de média
complexidade, e serviços prestados, na área de oncologia, como
a quimioterapia, a oncologia clínica, a oncologia pediátrica,
também a hematologia, as aplicações de radioterapia com e sem
braquiterapia.
• A saúde da pessoa com deficiência, englobando a saúde auditiva,
sendo o atendimento em serviços de média complexidade e

106
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

atendimento em serviços de alta complexidade.


• Os serviços de fonoterapia também são pactuados na PPI, bem
como as bolsas de colostomia, reabilitação motora, serviços de
reabilitação, e uso de órteses e próteses.
• Aplicação de litotripsia.
• Os atendimentos aos queimados, a hemoterapia e triagem
clínica de doador, como coletas, exames imuno-hematológicos,
sorologia total, enfim, inclusive o processamento do sangue,
tudo está pactuado, a agencia pré-transfusional e transfusional,
os exames de patologia clínica especializada, os de
radiodiagnóstico, neurodiagnóstico, angiografias, os exames de
medicina nuclear (sem densitometria), com densitometria óssea,
ressonância magnética, tomografia, radiologia intervencionista,
hemodinâmica.
• Na PPI hospitalar – média complexidade, pactuamos as
especialidades cirúrgicas, os procedimentos buco maxilo facial,
os de cardiologia, cirurgia geral, consultas de endocrinologia,
de gastrenterologia, ginecologia, nefrologia/Urologia,
neurocirurgia, oftalmologia, oncologia, ortopedia/Traumatologia,
otorrinolaringologia, plástica, consulta torácica, consultas para
transplante, consultas obstétricas, obstetrícia clínica, obstetrícia
cirúrgica e consultas pediátricas. A figura a seguir traz uma
ilustração em quadrinhos sobre os desafios da PPI.

FIGURA 8 – DESAFIOS DA PPI

FONTE: < https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/35067/mod_resource/content/1/


Unidade%202/imagens_js/m04_u02_t02_p08_01/1.png>. Acesso em: 1º dez. 2020.

107
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

O resumo de mestrandos pesquisadores do Programa de


Pós-Graduação do Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), traz uma
reflexão sobre doação de órgãos e tecidos apontando, na PPI é a
maior complexidade que temos para pactuar.

Doação e transplante de órgãos e tecidos:


importância da educação permanente em saúde

Milena da Silva Santos


Quiti dos Anjos Lopes
Maria Aparecida Leopoldino

Introdução

Para que o transplante de órgãos e tecidos aumente no Brasil, é


essencial que se melhorem os quatro pilares que apoiam o processo
de doação para transplante: legislação, financiamento, organização
e educação. Que pode ser a partir da conscientização por parte
da equipe que cuida de um possível doador (PD). Para tanto, faz-
se necessária à Educação Permanente em Saúde (EPS) desses
profissionais que lidam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e
nos serviços de emergência dos Hospitais.

Objetivo

Identificar as produções científicas da área da Enfermagem


quanto à importância da EPS entre os profissionais de saúde que
lidam com um PD.

Método

Revisão sistemática realizada nas bases de dados da Medline,


LILACS, BDEnf e IBCS, artigos científicos disponíveis gratuitamente,
publicados no período de 4/2/1997 a 4/2/2016, nas línguas espanhola
e portuguesa com os descritores: Teaching, Tissue and Organ
Procurement e Patient Education as Topic.

Resultados

Para aumentar o número de transplantes de órgãos e tecidos

108
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

deve-se garantir a adequada preservação e posterior viabilidade


dos órgãos e tecido até sua extração. Isso implica investimentos
em materiais e equipamentos especializados, além de equipe de
profissionais capacitados para identificar e diagnosticar a morte
encefálica. Sobretudo, é necessário realizar a entrevista familiar e
executar os cuidados de manutenção dos órgãos e tecidos. Estudos
demonstram que ainda há, no Brasil, um número insuficiente de
profissionais para a assistência aos possíveis doadores, contrariando
as exigências normativas de quantificação adequada da equipe como
indispensável para o cuidado de qualidade e parte da estrutura do
serviço. Fazendo-se, assim, necessário a EPS que, de acordo com
Portaria Ministerial visa promover mudanças nas práticas de saúde
do SUS e produzir resultados sanitários satisfatórios ao cidadão e a
coletividade sobre um determinado tema, como é o caso de doação
e transplante de órgãos e tecidos.

Conclusão

Na Educação Permanente em Saúde, as necessidades de


conhecimento e a organização de demandas educativas são geradas
no processo de trabalho apontando caminhos e fornecendo pistas ao
processo de formação, desta forma reforça a importância desta, em
transplante de órgãos.

FONTE: SANTOS, M. da S.; LOPES, Q, dos A.; LEOPOLDINO,


M. A. Doação e transplante de órgãos e tecidos: importância da
educação permanente em saúde. JBT J Bras Transpl., v. 20, n. 3,
p. 35-36, 2017. Disponível em: https://site.abto.org.br/wp-content/
uploads/2020/06/3-5-1.pdf. Acesso em: 22 nov. 2020.

Pesquise em seu município se há todas essas pactuações, se


prestam este atendimento no município ou encaminham para outro
pactuado.

R.:

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ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

As pactuações na área pediátrica também tem suas peculiaridades e dentro


das especialidades clínicas temos as especialidades para atendimento em AIDS,
cardiologia, clínica geral, dermatologia, hansenologia, hematologia, nefrologia/
Urologia, neonatologia neurologia, oncologia, pneumologia.

Destacam-se, na lista das pactuações, outras especialidades, como crônicos,


psiquiatria (hospital geral/hospital especializado), reabilitação, pneumologia
sanitária, Hospital Dia, fibrose cística, intercorrência pós-transplante, geriatria,
saúde mental, cardiologia, cirurgia cardiovascular, cirurgia cardiovascular
pediátrica, cirurgia vascular, procedimentos endovasculares extracardíacos,
laboratório de eletrofisiologia e neurologia.

A integração com a vigilância é pactuada no sentido de identificação das


ações de média e alta complexidade assistenciais decorrentes dos agravos
priorizados pela vigilância. Instrumento de programação com uma plataforma
comum, preservadas as especificidades do objeto de trabalho de cada área.

As fontes de recursos estão na programação de parcela dos recursos de


fontes estaduais e municipais destinados ao custeio da assistência à saúde:

• Compra de serviços privados.


• Complementação de tabela.
• Cofinanciamento de serviços financiados globalmente.
• Termos aditivos aos hospitais filantrópicos, entre outros.

As etapas compreendem:

• Etapa preliminar de programação.


• Diretrizes gerais.
• Regionalização.
• Configuração da base.
• Nível de agregação.
• Macroalocação.
• Reserva técnica.
• Incentivos permanentes de custeio.
• Recursos a serem programados pelos municípios.
• Definição de Parâmetros.

A Etapa de Programação Municipal compreende:

• Diretrizes gerais do município.


• Distritos sanitários.
• Macroalocação dos recursos municipais.

110
Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

• Nível de agregação.
• Definição de Parâmetros.
• Encaminhamentos para outros municípios.

Pactuação regional, pactos intermunicipais ou interestaduais, Consolidação


da PPI Estadual e ajustes necessários.

Deve ser realizada a compatibilização com a programação dos


estabelecimentos de saúde (FPO) e a atualização das programações contínua
com revisão global, no mínimo, a cada gestão estadual, respeitando as pactuações
da CIB, consolidação das programações estaduais através de módulo federal,
Padrões da Pt 1.097 e Tabulador.

Pós-graduando, encerraremos o Capítulo 3 sabemos que cada estado


tem as suas divisões das regiões de saúde, como anteriormente trouxemos as
microrregiões, agora, veja como se divide o estado do Rio Grande do Sul, nas
suas macrorregiões.

FIGURA 9 – DIVISÕES REGIONAIS DE SAÚDE

FONTE: Ministério da Saúde (2020, s.p.)

111
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao finalizarmos este livro, destacamos que o Sistema Único de Saúde tem
três esferas de atuação: Federal, Estadual e Municipal. O nível federal tem,
principalmente, as atribuições de:

a) formular, avaliar e apoiar políticas;


b) normalizar ações;
c) prestar cooperação técnica aos Estados, ao Distrito Federal e
Municípios;
d) controlar, avaliar as ações e os serviços, respeitadas as
competências dos demais níveis.

A direção estadual do SUS tem como principais atribuições:

a) promover a descentralização de serviços;


b) executar ações e procedimentos de forma complementar aos
municípios;
c) prestar apoio técnico e financeiro aos municípios.

Para a direção municipal do SUS compete, principalmente, a execução, o


controle, a avaliação das ações e serviços das ações de saúde.

Sabemos que o SUS apresenta três grandes problemas estruturantes:


no plano da organização macroeconômica – a segmentação que conduz ao
dilema entre a universalização e a segmentação; no plano da organização
microeconômica – a fragmentação do sistema e seu modelo de gestão; e no
plano econômico – o seu subfinanciamento.

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suplementar: Indicador permite a comparação entre as empresas.
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Capítulo 3 DESAFIOS DO SUS

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br/auditoria/. Acesso em: 22 nov. 2020.

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legislações que instituem o Incentivo de Qualificação da Gestão Hospitalar
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prt2925_03_11_2017.html. Acesso em: 22 nov. 2020.

BRASIL. Portaria de Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017.


Consolidação das normas sobre o financiamento e a transferência dos recursos
federais para as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde.
Disponível em: http://svs.aids.gov.br/dantps/cgiae/vigilancia-do-obito/servico-
verificacao-obito/portaria-consolidacao-6-28092017.pdf. Acesso em: 22 nov.
2020.

BRASIL. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta


o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores
mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de
rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689,
de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm. Acesso em: 16 nov. 2020.

BRASIL. Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela


Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do
Referido Pacto. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
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o Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/d1651.htm.
Acesso em: 16 nov. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.689, de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção do


Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, e dá
outras providências. Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/indexsearch.
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113
ESTruTurA orGANiZACioNAL, AVALiAÇÃo, CoNTroLE E rEGuLAÇÃo Do SuS

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização


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