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Legislação Aplicada à Área

de Riscos e Emergências
Ericka Patrícia Lima de Brito
Alcione Moraes de Melo

Curso Técnico em
Segurança do Trabalho
Legislação Aplicada à Área
de Riscos e Emergências
Ericka Patrícia Lima de Brito
Alcione Moraes de Melo

Curso Técnico em
Segurança do Trabalho

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

2.ed. | Agosto 2022


Professor Autor Catalogação e Normalização
Ericka Patrícia Lima de Brito Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Alcione Moraes de Melo
Diagramação
Revisão Jailson Miranda
Ericka Patrícia Lima de Brito
Alcione Moraes de Melo Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Coordenação de Curso Renata Marques de Otero
Alcione Moraes de Melo Manoel Vanderley dos Santos Neto

Coordenação Design Educacional Coordenação Geral


Deisiane Gomes Bazante Maria de Araújo Medeiros Souza
Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Izabela Pereira Cavalcanti
Jailson Miranda Escola Técnica Estadual
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Descrição de imagens Gerência de Educação a distância


Helisangela Maria Andrade Ferreira
Sumário
Introdução .................................................................................................................................... 6

1.Competência 01 | Legislação Brasileira Específica a Incêndios .................................................... 7

1.1. Aspectos legais, legislação de prevenção contra incêndio ....................................................................... 7


1.2.NR-23....................................................................................................................................................... 13
1.3. COSCIP-PE ............................................................................................................................................... 14
1.3.1 Classificação das edificações e definição de sistemas .......................................................................... 15
1.3.2 Sistemas de prevenção e combate a incêndios.................................................................................... 19
1.4. ABNT ....................................................................................................................................................... 22
2.Competência 02 | Legislação Brasileira Específica a Procedimentos de Emergências ................ 24

2.1. NBR 15219 - Plano de Emergência contra Incêndios ............................................................................. 24


2.1.1. Objetivo ............................................................................................................................................... 25
2.1.2. Referências Normativas ...................................................................................................................... 25
2.1.3. Definições da NBR 15219:2020 ........................................................................................................... 25
2.1.4. Plano de Emergência ........................................................................................................................... 27
2.1.5. Elaboração do plano de emergência contra incêndio ......................................................................... 28
2.1.6. Implantação do plano de emergência contra incêndio ....................................................................... 29
2.2. NBR 14.276 - Programa de Brigada de Incêndio .................................................................................... 33
2.2.1. Objetivo ............................................................................................................................................... 36
2.2.2. Definições ............................................................................................................................................ 36
2.2.3. Requisitos e Procedimentos ................................................................................................................ 37
2.2.3.1. Composição da Brigada de Incêndio ................................................................................................ 37
2.2.3.2. Seleção de brigadistas de emergência ............................................................................................. 38
2.2.3.3. Capacitação da brigada de emergência ........................................................................................... 39
2.2.3.4. Recursos materiais da brigada de emergência................................................................................. 40
2.3. Exemplos de Normas Regulamentadoras que tratam sobre prevenção para situações de emergência 42
3.Competência 03 | Legislação Brasileira Específica a Acidentes do Trabalho .............................. 44

3.1. Acidente do Trabalho: Conceito Legal e Conceito Prevencionista ......................................................... 44


3.2 Lei 8.213/1991......................................................................................................................................... 47
3.2.1 Considera-se acidente do trabalho (art. 20 Lei n. 8213) ...................................................................... 48
3.2.2 Não é considerado como doença do trabalho (art. 20 inciso 1 da lei .8213) ....................................... 48
3.2.3 Equiparam-se a acidente do trabalho (Art. 21 da lei n. 8.213)............................................................. 48
3.2.4 Comunicação de acidente do trabalho................................................................................................. 51
3.2.5 Dia do acidente do trabalho ................................................................................................................. 52
3.3 Da responsabilidade sobre o acidente de trabalho................................................................................. 53
Conclusão .................................................................................................................................... 55

Referências ................................................................................................................................. 56

Minicurrículo do Professor .......................................................................................................... 57

Alcione Moraes de Melo ............................................................................................................................... 57


Ericka Patrícia Lima de Brito .......................................................................................................................... 57
Introdução
Caro Estudante,

Nesta disciplina serão abordados conhecimentos importantes para você e para a sociedade,
relacionados à Legislação Aplicada à Área de Riscos e Emergências. Apesar de esta ser uma temática
de ampla gama de informações, iremos abordar conteúdos introdutórios, fundamentais e conceituais
sobre medidas para minimizar os efeitos de uma emergência, onde você, como futuro profissional de
Segurança do Trabalho poderá observar que esta disciplina é essencial dentre as atribuições ao qual
você irá desempenhar no dia a dia.
Em termos práticos, iremos observar como a influência de grandes incêndios nortearam
mudanças importantes nas normas e legislações do País.
Na segunda competência vamos conhecer sobre o plano de emergência e formação da brigada
de incêndio.
Ao final, conheceremos um pouco mais sobre os conceitos e tipos de acidentes do trabalho,
como realizar a comunicação de acidente e benefícios dos trabalhadores e observar a importância da
prevenção para evitar o acidente para todos.

Bons Estudos!

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1.Competência 01 | Legislação Brasileira Específica a Incêndios

1.1. Aspectos legais, legislação de prevenção contra incêndio


Ao longo dos anos, a sociedade foi aumentando a percepção sobre a importância da
prevenção contra incêndios nas edificações, ao observar que a falta e/ou adoção de medidas erradas,
não planejadas, poderiam acarretar em perdas de vidas, prejuízo ao patrimônio, ao meio ambiente,
entre outros.
O conhecimento de medidas de prevenção contra incêndios é essencial para todos,
especialmente para sua formação como futuro Técnico de Segurança do Trabalho - TST. Na Portaria
3.275/1989, o Ministério do Trabalho e Emprego, definiu as atribuições do técnico em segurança do
trabalho, constando dentre as atividades: informar os riscos existentes do ambiente de trabalho ao
empregador e aos empregados, orientar sobre as devidas medidas para eliminação e/ou controle dos
riscos, etc. Como também, três atribuições que consideramos relacionados com a proteção contra
incêndio que gostaríamos de destacar:

(...) VII - Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção,


ampliação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância das medidas
de segurança e higiene do trabalho, inclusive por terceiros;

(...) IX - Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio,


recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados indispensáveis, de
acordo com a Legislação vigente, dentro das qualidades e especificações técnicas
recomendadas, avaliando o seu desempenho;

(...) XVII - Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades à prevenção de acidentes


do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;

Observe que resumindo os três incisos acima, segundo a Portaria 3.275, o técnico de
segurança deverá aplicar medidas de segurança para qualquer alteração no ambiente de trabalho,
ou seja, da fase do projeto à execução da atividade; identificar e inspecionar os sistemas de proteção
contra incêndio, bem como articular e contribuir com outras instituições relacionadas com prevenção
de acidentes, exemplo: o Corpo de Bombeiros Militar.

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Acesse o link abaixo para conhecer as atribuições do técnico de segurança do
trabalho:
https://www.normasbrasil.com.br/norma/portaria-3275-1989_180582.html

Nesse contexto, caro estudante, vamos conhecer algumas Leis e Normas que são
imprescindíveis para proteção contra incêndio, como é o caso da NR – 23, que trata sobre a proteção
contra incêndios, o Coscip-PE, que é o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado
de Pernambuco, entre outras referentes ao tema.
No passado não existia legislações específicas no País sobre a temática, após grandes incêndios que
essa realidade foi sendo alterada.

Vamos conhecer alguns incêndios de grandes proporções no Brasil?

1. GRAN CIRCO NORTE-AMERICANO


Em dezembro de 1961, o Gran Circo Norte-Americano estava se apresentando em Niterói/RJ,
para três mil pessoas. O fogo começou minutos antes do encerramento do show e logo se alastrou
pelo picadeiro, pois a lona era de material altamente inflamável. O local não possuía medidas de
proteção a incêndio, saída de emergência, extintores, etc. Existem relatos que o local apresentava
problemas também nas instalações elétricas. O incêndio matou mais de 500 pessoas. Segundo
investigações da justiça, o incêndio teve causa criminosa, que foi comandado por um ex-funcionário
do circo, com ajuda de dois cúmplices.

Para saber mais detalhes sobre esse incêndio, conhecido como um dos
maiores do Brasil acesse os link’s:
https://www.youtube.com/watch?v=y12CuYOf5T8
https://www.youtube.com/watch?v=Y60fY5ocz7o

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2. EDIFÍCIO JOELMA
No centro de São Paulo, um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no 12º andar
provocou um grande incêndio, no Edifício Joelma, no dia 1 de fevereiro de 1974. O prédio de 25
andares, utilizado para funcionamento de um banco e salas comerciais, contava com mais de 750
funcionários. O fogo se propagou rapidamente entre os andares, resultando na morte de mais de 187
pessoas e 300 feridos. Algumas pessoas desesperadas se jogaram pelas janelas e sacada, para se
livrarem do fogo e da fumaça. O prédio apresentava problemas de construção, não tinha escada de
emergência, porta corta-fogo, etc.

Figura 01: Registro do incêndio no Edifício Joelma


Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/relembre-o-incendio-no-edificio-joelma-marco-na-historia-quadricentenaria-
de-sao-paulo.html
Descrição da imagem: prédio em chamas

3. BOATE KISS
O incêndio na Boate Kiss, ocorreu em janeiro de 2013, completou mais de 7 (sete) anos e ainda
está sendo investigado. Essa tragédia ocasionou na morte de 242 jovens, no município de Santa
Maria, que fica a 290km de Porto Alegre, no Rio grande do Sul. Nos laudos periciais falam de uma
sucessão de erros que ocasionou essa tragédia, como o caso da realização de show pirotécnico em
ambiente fechado. O teto da boate era coberto de espuma altamente inflável e tóxico, que facilitou
o alastramento rapidamente do fogo. O local só continha uma única porta para saída das pessoas, no

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momento do incêndio muitos morreram tentando sair da Boate. Além da falta de equipamentos
adequados e funcionários treinados para atuarem em situações emergência

Figura 02: Boate Kiss após o incêndio


Fonte: https://www.cruzeirodovale.com.br/brasil/sete-anos-apos-incendio-na-boate-kiss-primeiro-reu-sera-julgado/
Descrição da imagem: área da Boate Kiss com o que sobrou após o incêndio.

Acesse o link abaixo e veja nesta reportagem mais erros que colaboraram para
tragédia da Boate Kiss
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/01/dois-anos-depois-
veja-24-erros-que-contribuiram-para-tragedia-na-kiss.html

São inúmeras as causas que contribuíram nesses casos de incêndios relatados, numa análise
simplória percebemos que ambos não foram projetados avaliando a prevenção contra incêndio,
como também faltavam equipamentos de combate ao princípio de incêndio, pessoas treinadas para
atuarem em situações de emergência, locais com rotas de fuga e sinalizações adequadas, além da
falta de legislações específicas ou descumprimento das existentes, entre outras causas.

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Mas afinal de contas, o que esses incêndios interferiram na Legislação brasileira?
Após os grandes incêndios todos começaram a ter maior percepção dos riscos e assim
tendo regras de prevenção e proteção mais rigorosas no País. No entanto, o processo para
elaboração, aprovação e fiscalização do cumprimento de Leis no Brasil ainda é lento.
Observe que as primeiras legislações de segurança no Brasil apresentavam como foco a
proteção ao trabalhador, como visto na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, emitida em 1943. A
partir da atualização da CLT em 1977, foi dada ao Ministério do Trabalho a responsabilidade de
complementar as Normas existentes, conforme Art. 200, do capítulo V:

(...) estabelecer disposições complementares às normas de que trata este


Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de
trabalho, especialmente sobre:
(...) IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas
adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes,
construção de paredes contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como
garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e
protegidas, com suficiente sinalização;

Em 1978, o Mistério do Trabalho, através da Portaria de 3.214, aprovou as primeiras 28


Normas Regulamentadoras, sendo a NR-23 específica para proteção contra incêndios.
No País tivemos, também, a criação de diversas Normas Brasileiras que padronizaram os
sistemas e plano de combate à emergência.
Outro exemplo foi a Lei nº 13.425, assinada em 30 de março de 2017, que entrou em vigor
cinco anos após o incêndio na Boate Kiss, conhecida popularmente como a Lei Kiss, que “estabelece
diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em
estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público".
Com essa Lei, o governo federal reforçou a responsabilidade de segurança contra
incêndios de todos os envolvidos no projeto, descrevendo quem tem competência para expedir o
alvará de funcionamento, fiscalizar, como também os estabelecimentos e profissionais envolvidos.

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Dentre as exigências da Lei, temos que os órgãos que realizam a fiscalização das atividades de
engenharia e arquitetura exigem a apresentação de projetos técnicos devidamente aprovados pelo
poder público municipal.

Quais os estabelecimentos devem adequar-se a essa Lei?


De acordo com o Art 2º, § 1º: os “estabelecimentos, edificações de comércio e serviços e
áreas de reunião de público, cobertos ou descobertos, cercados ou não, com ocupação simultânea
potencial igual ou superior a cem pessoas” devem cumprir as diretrizes da Lei. Mas, essa regra tem
exceção, sendo estendida também para estabelecimentos com o número de pessoas inferior a cem
pessoas, desde que sejam destinadas a locais:
• Principalmente ocupados por idosos, crianças ou pessoas com dificuldade de locomoção;
• Ou estabelecimentos com grande quantidade de materiais de alta inflamabilidade em seu
interior.
O não cumprimento dessa Lei poderá acarretar na aplicação de advertência, multa,
interdição e embargo do estabelecimento.

Atenção
A partir dessa Lei ficou exigido que seja ministrado conteúdo relativo à
prevenção e ao combate a incêndio e a desastres, nos cursos de graduação
em Engenharia e Arquitetura, nos cursos de tecnologia e de ensino médio
correlatos.

Acesse o link abaixo e conheça a Lei 13.425/17:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13425.htm

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1.2.NR-23
De acordo com a NR-23 que trata de Proteção contra incêndios, no item 23.1, fala que:
“Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com
a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis”. Ou Seja, fica obrigatório seguir os requisitos da
NR-23, que são itens fundamentais de proteção contra incêndios, como também o empregador
deverá cumprir os decretos estaduais, considerando a particularidade de cada tipo de
estabelecimento.
Corrobora nesse sentido a Consolidação das Leis de Trabalho – CLT, de 1977, capítulo V,
sobre segurança e medicina do trabalho, que segundo seu Art. 154, o cumprimento das empresas “de
outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos
sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como
daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho”.
Adicionalmente, o empregador deverá informar para todos os empregados, segundo a
NR-23, os seguintes assuntos:
• A utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
• Os procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança; e
• Os dispositivos de alarme existentes.
O ambiente de trabalho deverá ter saídas, em número suficiente, a fim de evitar
dificuldades para o abandono do local, nas situações de emergência. Bem como, essas saídas deverão
ser projetadas de modo a garantir que possam ser utilizada de forma rápida e segura. Por isso, fica
proibido o fechamento de qualquer saída de emergência, durante o período de trabalho. Mas, de
acordo com a NR-23, pode-se utilizar dispositivo de travamento nas saídas de emergência, no
entanto, esse deverá permitir “fácil abertura do interior do estabelecimento”.
Os locais que forem planejados para utilização em caso de emergência precisam indicar a
direção da saída, através de sinalizações que podem ser placas ou sinais luminosos. A Figura abaixo
apresenta alguns modelos de placa utilizadas para sinalizar as rotas de fuga.

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Figura 03: Exemplos de placas de sinalizações de rota de fuga
Fonte: https://setechamas.com.br/portfolio/placa-sinalizacao-rota-de-fuga/
Descrição da imagem: A imagem representa figuras de placas verde, com bonecos andando para direita ou esquerda,
subindo ou descendo escada, conforme direção da seta que representa a saída de emergência. Tem, também, o
desenho de uma placa escrita: SAIDA DE EMERGÊNCIA.

Para conhecer na íntegra a NR-23, acesse:


https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-23.pdf

1.3. COSCIP-PE
As edificações, além de cumprir as exigências da NR-23, precisam atender também as
legislações, Decretos, Instruções Técnicas, estabelecidas pelo Estado, como vimos no tópico anterior.
Nesse sentido, cada Estado deve possuir suas próprias Normativas de proteção contra incêndio e/ou
indicar as instruções técnicas que serão adotadas.
Neste contexto, temos o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de
Pernambuco – Coscip-PE, que tem por finalidade, conforme seu Art. 1º. “estabelecer as condições
mínimas de segurança contra incêndio e pânico em edificações, determinar o seu cumprimento e
fiscalizar sua execução”. No qual, esse Código, tem abrangência para as edificações construídas, em
construção e a que venham ser construídas localizadas na área do Estado de Pernambuco. De acordo
com o Código apenas as residências privativas unifamiliares estão isentas do cumprimento das
exigências estabelecidas, exceto as exceções previstas.

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Conheça na íntegra o Coscip do estado de PE, através do link:
https://www.intranet.bombeiros.pe.gov.br/storage/get/file/1684

O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco – CBMPE tem dentre suas competências a


função de estudar, planejar e fiscalizar o cumprimento desse Código.

1.3.1 Classificação das edificações e definição de sistemas

As edificações são classificadas quanto ao risco de incêndio em conformidade com a Tarifa de


Seguro-Incêndio do Brasil – TSIB, do Instituto de Resseguros do Brasil - IRB. Para realizar essa
classificação de risco deve-se tomar como base a classificação da ocupação, seguida pelo Corpo de
Bombeiros Militar de Pernambuco - CBMPE.

Caso a edificação tenha mais de uma classificação de ocupação e risco, para


fins de dimensionamento de sistemas de segurança contra incêndio e pânico,
prevalecerá, a ocupação de maior risco.

Essa classificação de ocupação, descrita abaixo, servirá para dimensionar o sistema de


segurança contra incêndio da edificação.

TIPO OCUPAÇÃO DESCRIÇÃO DA OCUPAÇÃO


Residencial Privativa Residência de uma só família, onde independe
A
Unifamiliar número de pavimentos ou área construída. Ex.: Casas.
Conjunto de unidades habitacionais, reunidos em um
Residencial Privativa só bloco ou edifício, tendo a existência de áreas
B
Multifamiliar coletivas cobertas no interior da edificação ou fazendo
parte da mesma. Ex.: Apartamentos.

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Abrigam, grupos de pessoas, com aproveitamento e
ocupação de áreas coletivas, com a ocupação
C Residencial Coletiva
domiciliar de intenção permanente, não inferior a seis
meses. Ex.: conventos, internatos, etc.
Abrigam, em regime residencial ou domiciliar
exclusivamente transitório, grupos de pessoas com
aproveitamento e ocupação de áreas coletivas, por
D Residencial Transitória
tempo não superior a 30 dias, podendo, em casos ter
exceção desse tempo. Ex.: hotéis, motéis, albergues,
etc.
São desenvolvidos processos de trabalho mercantil,
de compra e venda e de oficinas de consertos ou
serviços, como também pequenas lanchonetes, área
E Comercial
inferior a 50 m², sendo o atendimento desenvolvido
exclusivamente no balcão. Ex.: Supermercado,
padaria, oficina, açougues, etc.
São destinadas à condução de negócios e prestação de
serviços pessoais. Ex.: Consultórios médicos,
F Escritório
escritórios, agências de viagens e empregos,
barbearias, etc.
Abrigam ocupações residenciais privativas conjugadas
G Mista
com comerciais ou de escritórios.
Tem natureza de congregar uma população flutuante
ou temporária em um dado momento, provocada por
H Reunião de Público um evento isolado esporádico, transitório ou
descontínuo. Ex.: Teatro, cinema, bares, estádios,
boate, auditório, etc.
São destinadas ao tratamento de pessoas portadoras
I Hospitalar de distúrbios de qualquer natureza, deficiências físicas
ou psíquicas e de patologias clínicas diversas, ou

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cuidados especiais, desde que impliquem
internamentos ou permanência temporária. Ex.:
hospital, asilos, etc.
São aquelas administradas pelos poderes públicos
J Pública
constituídos.
São destinadas ao ensino pedagógico, à formação,
aperfeiçoamento, habilitação e atualização de
profissionais, à educação ou à formação escolar em
K Escolar todos os graus, e, ainda, aquelas destinadas à
formação e modelação muscular e corporal, com
permanência de tempo não inferior a 60 (sessenta)
dias.
São aquelas destinadas às ocupações com processos
L Industrial de industrialização, atividades fabris, e similares.
Serão classificados em conformidade com a TSIB – IRB.
São as edificações destinadas, exclusivamente, a
estacionamento e guarda de veículos automotores,
inclusive embarcações e aeronaves, exploradas ou
M Garagem
não comercialmente, e a garagens coletivas, desde
que instaladas no interior de áreas edificadas ou
construídas.
São aquelas construções em que o risco de ocupação
envolva armazenamento, guarda, depósito ou
N Galpão ou Depósito estoque de materiais. As edificações definidas neste
artigo serão classificadas em função da natureza do
material a ser armazenado.
Produção, manipulação, Serão classificadas em função das seguintes
armazenamento e distribuição ocupações:
O
de derivados de petróleo e/ou destilarias, refinarias e congêneres; parques de
álcool e/ou produtos perigosos tancagem ou tanques isolados; plataformas de

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carregamento; postos de serviços e/ou pontos de
vendas a varejo; armazéns ou depósitos de produtos
acondicionados; instalações e/ou parques de
acondicionamento; instalações que envolvam
recipientes estacionários.
Edificações destinadas a realização de atos litúrgicos
ou religiosos, seitas religiosas, sessões, reuniões e/ou
P Templos Religiosos eventos que envolvam religião, crença ou qualquer
manifestação de fé, independente da forma de
expressão.
São aquelas que, por sua natureza de ocupação ou
condições de existência apresentem processos de
trabalho que envolvam riscos específicos, ou que
Q Especiais
tenham existência efêmera ou temporária quanto à
sua instalação, exigindo proteção especial contra
sinistros. Ex.: Museus, bibliotecas, etc.

Quadro 01: Classificação de ocupação.


Fonte: COSCIP-PE - Governo do Estado de Pernambuco (1994)

A partir da classificação da ocupação, podem-se definir os sistemas de segurança contra


incêndio, mas é necessário seguir a análise de alguns parâmetros, tais como:
• Área total construída e/ou coberta;
• Área construída por pavimento;
• Número de pavimentos;
• Altura total da edificação ou de áreas ou setores específicos, em caso de ocupações diversas;
• Número total de economias habitáveis na edificação e/ou em agrupamentos e por pavimento
edificado;
• Distâncias a serem percorridas pela população no caminhamento em circulações ou acessos,
partindo-se do local mais afastado até às saídas de emergência, em cada pavimento
considerado;

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• Natureza das circulações e/ou acessos;
• Natureza específica de sua ocupação, nos casos de indústrias, depósitos, galpões e casas
comerciais, isoladas ou não, e edificações congêneres, entre outros descritos no Coscip.

1.3.2 Sistemas de prevenção e combate a incêndios

Caro estudante, vamos aprender sobre os sistemas de prevenção de combate a incêndios?


Os sistemas citados pelo Coscip-PE são os:
• Portáteis e transportáveis;
• Fixos automáticos e sob comando;
• Chuveiros automáticos.

Dos sistemas portáteis e transportáveis – são os extintores de incêndios que podem ser manual ou
sobre rodas.
• Manual – destinado a combater o princípio de incêndio, com capacidade mínima de uma
Unidade Extintora;
• Sobre rodas – que contém mangueira de no mínimo 5,0 m de comprimento, e provido de
difusor, esguicho ou pistola, apresente-se montado sobre carretas e tenha, no mínimo, as
capacidades previstas do Coscip-PE, em função do agente extintor.

Figura 04: Extintores, com carga de água, portátil manual de 10l e sobre rodas com 75l
Fonte: https://www.bucka.com.br/extintores/
Descrição da imagem: Dois exemplos de extintores de incêndio, com carga de água. O primeiro na versão de 10l e o
segundo sobre rodas, na versão de 75 litros.

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O agente extintor é a substância que é eficaz para a extinção do fogo, exemplo: água, pó
químico e gás carbônico - CO2. Para realizar o dimensionamento de proteção por extintores será
conforme a necessidade de Unidades Extintoras – UE, do ambiente que será protegido.
Observe no quadro abaixo como se constitui uma Unidade Extintora – UE, considerando um aparelho
e o mínimo da capacidade do agente ou substância:
Substância ou Agente Capacidade do extintor
Água ou espuma 10 litros
Gás carbônico 6 kg
Pó químico 4 kg

Quadro 02: Extintor - Agente e capacidade


Fonte: Governo do Estado de Pernambuco (1994)

Atenção
- É exigido no mínimo de duas Unidades Extintoras para cada pavimento,
mezanino, jirau ou risco isolado;
- É aceita a instalação de apenas uma Unidade Extintora, desde que a área a
ser protegida seja igual ou inferior a 50 m²;
- Na instalação, os extintores não devem ter a sua parte superior acima de 1,60
m do piso e não devem ser instalados nas escadas e nas antecâmaras das
escadas a prova de fumaça;
- Devendo ser instalados em locais com menor possibilidade do fogo bloquear
seu acesso; boa visibilidade; protegidos contra intempéries e não fiquem
encobertos ou obstruídos.

De acordo o Coscip-PE, Art. 33, para realizar o dimensionamento da quantidade, tipo e a


capacidade dos extintores faz-se necessário saber:
• Natureza do fogo a extinguir;
• Área total a ser protegida;
• Riscos que os mesmos venham a oferecer ao operador;
• Classe ocupacional do risco isolado;
• Área máxima de proteção de uma unidade extintora;

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• Distância a ser percorrida para alcançar o extintor.
Nas suas inspeções de segurança, como futuro técnico, deverá verificar se os extintores
encontram-se devidamente sinalizados, com fácil visualização, rápida localização e identificação do
equipamento e de seu agente extintor. O Coscip-PE fala da utilização de discos de sinalização, que
deverão ser formados por um círculo interno, com a cor identificadora do agente extintor
correspondente, a indicação do fone do Corpo de Bombeiros (193) e circunscrito por outro na cor
vermelha, em cores firmes. Esse círculo interno dos discos de sinalização deverá obedecer à seguinte
configuração:
• Círculo interno na cor BRANCA, para identificação dos aparelhos com o agente extintor a base
de água;
• Círculo interno na cor AMARELA, para identificação dos aparelhos com o agente extintor gás
carbônico;
• Círculo interno na cor AZUL, para identificação dos aparelhos com o agente extintor pó
químico.
Obs.: Segundo o Coscip, poderão ser admitidas também setas de sinalização.

Dos sistemas fixos automáticos e sob comando - são formados por sistemas de hidrantes, de
mangueiras semi-rígidas e de chuveiros automáticos.
- Os sistemas de proteção por hidrantes e por carretel com mangotinho são conjuntos
formados por canalizações, reservatórios de água, mangueiras ou mangotinhos, esguichos e
acessórios hidráulicos, destinado exclusivamente para a extinção de incêndios. A instalação da rede
de hidrantes poderá ser interna e/ou externos da edificação.
- Chuveiros automáticos – sprinklers - conjunto formado por canalizações, válvulas,
reservatório d’água, chaves de fluxo, bicos dos chuveiros, e, quando for o caso, sistema de bombas,
destinado à proteção contra incêndio e pânico. Os sprinklers têm por finalidade: proteger áreas de
maior risco; evitar a propagação dos incêndios; garantir um caminhamento seguro às rotas de fuga.

21
Figura 05: Hidrante e chuveiro automático
Fonte: https://bombeiros.com.br/hidrante-incendio/
https://www.gcbrazil.com.br/chuveiros-automaticos/
Descrição da imagem: Primeira imagem é um hidrante instalado em abrigo/armário vermelho com mangueira. A
segunda imagem é um chuveiro automático - sprinkler de teto em metal inox circular e bulbo central com líquido
interno na cor vermelha, logo abaixo deste um dispersor.

O Coscip-PE ainda trata do sistema de detecção e alarme de incêndio, dos sistemas e


dispositivos para evacuação de edificações em caso de emergência, do sistema de proteção e de
estruturas, por isso é essencial e importante à leitura completa desse Código.

Lembrete: É necessária a aprovação do projeto de prevenção de combate e incêndio pelo


Corpo de Bombeiros.

1.4. ABNT
Caro estudante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT ganhou poder de lei,
em relação às normas de proteção contra incêndios, ao ser citada pela NR-23, ou seja, ficando
obrigatória o seu cumprimento caso não exista decreto estadual específico sobre determinado tema
na área de proteção contra incêndios. Sendo assim, os ambientes de trabalho também precisam estar
em conformidades com as normas técnicas aplicáveis.
Segue algumas NBR’s relacionadas com a prevenção e o combate a incêndios, conforme
apresentado no Quadro abaixo.

Nº da Norma Norma
NBR 9077 Saídas de emergência;
NBR 11742 Portas corta-fogo para saída de emergência

22
NBR 13714 Hidrantes ou mangotinhos
NBR 10897 Proteção contra incêndios por chuveiro automático
NBR 12693 Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio
NBR 14276 Programa de brigada de incêndio
NBR 10898 Sistemas de iluminação de emergência
NBR 12692 Inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio
NBR 9441 Sistemas de Detecção e Alarme de incêndio
NBR 15219 Plano de emergência
NBR 12962 Extintores de incêndio — Inspeção e manutenção

Quadro 03: NBR’s


Fonte: http://www.abnt.org.br/

Pesquise sobre os objetivos da ABNT, para conhecer mais sobre o tema.

Agora que você acabou de ler esta competência, assista a Videoaula.

23
2.Competência 02 | Legislação Brasileira Específica a Procedimentos de
Emergências

2.1. NBR 15219 - Plano de Emergência contra Incêndios


Visando evitar que uma diversidade de ações fossem realizadas e assim houvesse uma
certa confusão no momento da aplicação das possíveis ações, surgiu a necessidade de uma
padronização, ou seja, a realização de especificações que pudessem ser utilizadas por todos visando
a eficiência, bem como a realização de padrões mínimos no combate a incêndios. Desta forma, a NBR
15219 de 2020 apresenta de forma clara o plano de emergência contra incêndios, porém, é
importante lembrar que, mesmo diante dessa normatização, as empresas podem, de acordo com a
sua característica ou riscos envolvidos, ampliar esta norma com outros parâmetros visando o
combate ao incêndio.

Agora que você já entendeu um pouco da importância da NBR 15219:2020,


vamos estudar de forma mais detalhada os tópicos desta norma?
Acesse:
https://pdfcoffee.com/nbr-15219-2020-plano-de-emergencia-requisitos-e-
procedimentos-pdf-free.html

De maneira geral, esta norma está subdividida em 05 (cinco) principais tópicos, com 06
(seis) anexos, conforme apresentado na Figura 06:

REFERÊNCIAS PLANO DE
ESCOPO DEFINIÇÕES ANEXOS
NORMATIVAS EMERGÊNCIA

Figura 06: Principais Tópicos abordados na NBR 15219:2020


Fonte: As autoras
Descrição da imagem: fluxograma em formato de setas coloridas, onde cada seta tem a seguinte sequência: escopo,
referências normativas, definições, plano de emergência e anexos.

A seguir, iremos estudar de forma detalhada alguns itens desta norma.

24
2.1.1. Objetivo

A NBR 15219:2020 tem por objetivos:


Estabelecer os requisitos mínimos para a ELABORAÇÃO, IMPLANTAÇÃO e MANUTENÇÃO
de um plano de emergência contra incêndio, visando proteger a vida e o patrimônio, bem como
reduzir as consequências sociais do sinistro e os danos ao meio ambiente.

2.1.2. Referências Normativas

Uma norma técnica para ser elaborada é pautada em requisitos de outras normas, desta
forma, com a NBR 15219:2020, podemos observar que a mesma seguiu determinações abordadas
nas seguintes NBRs:
• ABNT NBR 14023 – Registro de atividades de bombeiros
• ABNT NBR 14096 – Viaturas de combate a incêndios – Requisitos de desempenho, fabricação
e métodos de ensaio
• ABNT NBR 14276 –Brigada de emergência de incêndio – Requisitos e procedimentos
• ABNT NBR 14608 – Bombeiro profissional civil – Requisitos e procedimentos
• ABNT NBR ISO 31000 – Gestão de Riscos - Diretrizes

2.1.3. Definições da NBR 15219:2020

Para facilitar o entendimento de alguns termos utilizados, a norma apresenta algumas


definições. É importante que você, estudante, esteja sempre atento as diferenciações de cada um
destes termos utilizados na NBR 15219:2020, que são:
• Bombeiro civil: Profissional capacitado para atuação em serviços de prevenção e de
atendimento de emergências em edificações, plantas e/ou instalações privadas ou públicas
de acordo com a legislação vigente.
• Brigada de emergência: Grupo organizado, formado por pessoas voluntárias ou indicadas,
treinado e capacitado para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio,
abandono de área, prevenção de acidentes e primeiros socorros, dentro de uma área
preestabelecida na edificação, planta ou evento.

25
• Grupo de apoio permanente: Grupo de pessoas composto por diretos ou terceiros cuja
função na empresa está volta as atividades de segurança, saúde e meio ambiente.
• Emergência: Situação crítica e fortuita que representa perigo à vida, ao meio ambiente e ao
patrimônio, com potencial de gerar dano contínuo e que obriga a uma imediata intervenção.
• Planta: Local onde estão situadas uma ou mais edificações ou área a ser utilizada para um
determinado evento ou ocupação.
• Ponto de encontro de abandono de área: local predeterminado, seguro para encontro
protegido dos efeitos da ocorrência, com base no pior cenário identificado na análise de risco,
sendo o local predeterminado para onde o líder de abandono de área orienta-se e dirige-se,
juntamente com os demais funcionários de sua responsabilidade
• População fixa: Aquela que permanece regularmente na planta, considerando-se os turnos
de trabalho e a natureza da ocupação, bem como os terceiros nestas condições.
• População flutuante: Aquela que não permanece regularmente na planta, considerando o
número máximo de pessoas previstas em projetos, procedimentos e/ou período de atividade
e ocupação.
• Profissional habilitado: Pessoa previamente qualificada e com registro no conselho de classe
competente
• Risco: A NBR 15219/2020 apresenta quatro conceitos para os diferentes tipos de ricos, a
saber:

RISCO ALTO RISCO BAIXO RISCO IMINENTE RISCO MÉDIO

•Planta com carga •Planta com carga •Risco com •Planta com carga
de incêndio de incêndio até indícios que de incêndio entre
acima de 1.200 300 MJ/m² requerem açoes 300 e 1.200
MJ/m² imediatas MJ/m².

Figura 07: Classificação dos riscos de acordo com a carga de incêndio conforme NBR15219:2005
Fonte: As autoras
• Descrição da imagem: quatro quadros com cores diferentes. No primeiro quadro – Risco alto: Planta com carga
de incêndio acima de 1.200 MJ/m²; segundo quadro – Risco baixo: Planta com carga de incêndio até 300
MJ/m²; terceiro quadro – Risco iminente: Risco com indícios que requerem ações imediatas
. Quarto e último quadro – Risco médio: Planta com carga de incêndio entre 300 e 1.200 MJ/m²

26
• Rota de fuga: caminho contínuo, devidamente protegido e sinalizado, iluminado,
proporcionado por portas, corredores, saguão, passagens externas, balcões, vestíbulos,
escadas, rampas, conexões entre túneis paralelos ou outros dispositivos de saída, ou
combinações destes, a ser percorrido pelo usuário em caso de emergência, a partir de
qualquer ponto da edificação, recinto de evento ou túnel, até atingir a via pública ou espaço
seguro (área de refúgio), com garantia de integridade física
• Saída de emergência: Saída acessível, devidamente sinalizada para um local seguro.
• Terceiros: Pessoal integrante de uma empresa prestadora de serviço na planta.

2.1.4. Plano de Emergência

A NBR 15219:2020 apresenta 08 (oito) itens fundamentais para o Plano de Emergência,


conforme Figura 08.

Elaboração do plano de emergência

Implantação do plano de emergência

Procedimentos básicos de
atendimento de emergência
Capacitações por meio de programas
REQUISITOS

contínuos
Divulgação do plano de emergência
por meio de comunicação
Procedimentos para a realização de
exercícios simulados

Manutenção do plano de Emergência

Auditoria do Plano

Figura 08: Principais itens para a elaboração do Plano de Emergência segundo NBR 15219:2020.
Fonte: As autoras
Descrição da Imagem: Quadros descrevendo os 8 requisitos para elaboração do plano de emergência. Os
requisitos são: Elaboração do plano de emergência contra incêndio; Implantação do plano de emergência
contra incêndio; Procedimentos básicos de atendimento de emergência; Capacitações por meio de programas
contínuos; Divulgação do plano de emergência por meio de comunicação; Procedimentos para a realização de
exercícios simulados; Manutenção do plano de emergência contra emergência; Auditoria do plano.

27
2.1.5. Elaboração do plano de emergência contra incêndio

O plano de emergência deve ser elaborado formalmente por uma equipe multidisciplinar,
liderado por um ou mais profissionais especializados, levando-se em conta os seguintes aspectos:

a) tipo de ocupação, conforme estabelecido no Anexo A, por exemplo, residencial, comercial,


industrial, educacional etc.;
b) riscos específicos inerentes à ocupação;
c) construção, acabamento e revestimentos, por exemplo, alvenaria, concreto, metálico,
madeira, parede construída sem argamassa ou outros métodos construtivos;
d) dimensões da área total construída e de cada uma das edificações, altura de cada edificação,
número de pavimentos, se há subsolos, garagens e outros detalhes, por exemplo,
compartimentação vertical e/ou horizontal;
e) população fixa e/ou flutuante e suas características, por exemplo, crianças, idosos, pessoas
com deficiência e/ou mobilidade reduzida, ou outras características;
f) característica de funcionamento, horários e turnos de trabalho, e os dias e horários fora do
expediente;
g) acessibilidade para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida;
h) rotas de fuga e áreas de refúgio;
i) recursos humanos integrantes da equipe de emergência, por exemplo, brigada de
emergências, bombeiros civis, grupos de apoio ou outros recursos humanos dedicados ao
atendimento de emergências;
j) recursos materiais, sistemas e equipamentos existentes, por exemplo, extintores de incêndio,
sistema de hidrantes, iluminação de emergência, escada para acesso à saída de emergência,
portas corta-fogo, saídas de emergência, chuveiros automáticos, sistema de detecção e
alarme de incêndio, sistema motogerador de incêndio ou outros sistemas e equipamentos;
k) localização e recursos externos, por exemplo, área urbana, área rural, características da
vizinhança, distâncias de outras edificações e/ou riscos, tempo de resposta médio do corpo
de bombeiros, do SAMU, defesa civil, policiais, remoção para os hospitais, existência de planos
de auxílio mútuo ou outros recursos dedicados para atendimento de emergências.

28
2.1.6. Implantação do plano de emergência contra incêndio

Na fase de implantação, basicamente 04 (quatro) requisitos devem ser atendidos:

Implantação do plano de emergência contra incêndio


Procedimentos
Exercícios
Básicos nas Treinamento Divulgação
Simulados
Emergências
Figura 09: Requisitos da fase de implantação do plano de emergência contra incêndio
Fonte: As autoras
Descrição da imagem: a imagem apresenta as fases da implantação do plano de emergência contra incêndio, que são:
procedimentos básicos nas emergências, treinamento, divulgação e exercícios simulados.

Agora que fixamos quais são os requisitos básicos, vamos conhecer quais as principais
funções de cada um na implantação do plano de emergência contra incêndio.

a) Procedimentos básicos na emergência contra incêndio


Para a fase de procedimentos básicos na emergência contra incêndio, ou seja, na fase
efetiva, uma sequência de parâmetros devem ser previamente divulgadas ao menos as seguintes
instruções, para os casos de abandono de área ou edificação:
• Acatar as orientações dos brigadistas;
• Manter a calma;
• Caminhar em ordem, sem atropelos;
• Permanecer em silêncio;
• Havendo pessoas em pânico, se possível, acalmá-las e avisar a um brigadista;
• Não voltar para apanhar objetos;
• Ao sair de um lugar, fechar as portas e janelas sem trancá-las;
• Não se afastar das outras pessoas e não parar nos andares;
• Levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho;
• Ao sentir cheiro de gás, não acender ou apagar luzes;
• Deixar a rua e as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal de socorro médico;
• Encaminhar-se ao ponto de encontro e aguardar novas instruções.

Ainda nesta fase, uma sequência de parâmetros devem ser seguidos, conforme
apresentado no Quadro a seguir.

29
SEQUÊNCIA PARÂMETROS RESUMO

1 ALERTA Identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa


pode, pelos meios de comunicação disponíveis ou alarmes,
alertar os ocupantes, os brigadistas, os bombeiros civis e o
apoio externo. Este alerta pode ser executado
automaticamente em edificações que possuem sistema de
detecção de incêndio.

2 ANÁLISE DA Após o alerta, deve ser analisada a situação, desde o início


SITUAÇÃO até o final da emergência

3 COMUNICAÇÃO Nas plantas com mais de um pavimento, setor, bloco ou


INTERNA E EXTERNA edificação, deve ser estabelecido previamente um sistema
de comunicação entre os brigadistas e as equipes de
emergências da planta, a fim de facilitar as operações
durante a ocorrência de uma situação real ou simulado de
emergência. Esta comunicação pode ser feita por meio de
telefones e/ou quadros sinópticos e/ou interfones e/ou
sistemas de alarme e/ou rádios e/ou sistemas de som
interno

4 APOIO EXTERNO O corpo de bombeiros e/ou outros órgãos públicos ou


privados locais devem ser acionados imediatamente,
preferencialmente por um brigadista, e informados do
seguinte: a)nome do solicitante e número do telefone
utilizado; b)endereço completo, pontos de referência e/ou
acessos; c)características da emergência, local ou
pavimento; d)quantidade e estado das eventuais vítimas,
quando esta informação estiver disponível.

5 ISOLAMENTO DA A área da ocorrência deve ser isolada fisicamente, de modo


ÁREA a garantir a segurança dos trabalhos de emergências e evitar
que pessoas não autorizadas entrem no local.

6 ABANDONO DE O coordenador de emergência ou o líder de brigada deve


ÁREA determinar o início do abandono e priorizar os locais
afetados, os pavimentos superiores a estes, os setores
próximos e os locais de maior risco. Proceder ao abandono
da área parcial ou totalmente, quando necessário, conforme
comunicação preestabelecida, conduzindo as populações
fixa e flutuante para a área de refúgio ou para o ponto de

30
encontro de abandono de área, ali permanecendo até o
estabelecimento final da emergência.
7 ABANDONO DE O abandono de comunidades é de competência dos órgãos
COMUNIDADE públicos, prioritariamente a defesa civil dos municípios,
entretanto, a planta pode participar do planejamento e/ou
execução das ações sob a coordenação dos órgão públicos,
sendo que, em situações de incidentes ou acidentes que
ofereçam riscos e/ou perigos para grupos de pessoas em
áreas públicas e/ou fora da área da planta, deve ser
considerada a necessidade da remoção de pessoas de suas
ocupações (residenciais, comerciais ou industriais), que pode
demandar desde um imóvel, uma rua, um quarteirão ou até
mesmo um ou múltiplos bairros, devendo para essas ações,
ser estabelecido o sistema de comando de incidentes (SCI).

8 ELIMINAR OU Quando necessário, devem ser providenciados o controle ou


REDUZIR OS RISCOS o corte de fluxos de energias e suprimentos, parada ou
desligamento de equipamentos. Se possível, estas ações
devem ser executadas pelo pessoal especializado que
compõe o GAT.
9 CONTROLE DA Os integrantes das equipes de emergências devem,
EMERGÊNCIA conforme necessário e/ou possível, proceder ao controle da
emergência, inclusive auxiliando os bombeiros, quando da
chegada destes, conforme treinamento específico dado aos
integrantes das equipes de emergências.

10 DIVISÃO DAS O coordenador de emergência deve dividir a equipe de


ATRIBUIÇÕES DAS emergência em equipe de salvamento, primeiros socorros,
EQUIPES DE abandono de área, combate a incêndio etc., com o objetivo
de estabelecer atribuições específicas das equipes e de seus
EMERGÊNCIAS
integrantes.
11 EMERGÊNCIAS Os primeiros socorros e tratamentos devem ser prestados às
MÉDICAS vítimas, de acordo com o plano de emergência da planta e o
treinamento específico dado aos integrantes das equipes de
emergências, de acordo com a ABNT NBR 14276, para os
brigadistas e, quando aplicável, de acordo com a ABNT
NBR14608, para os bombeiros civis.

31
12 CONFINAMENTO DO Confinar o incêndio ao local ou equipamento de origem, ou
INCÊNDIO ao cômodo ou compartimento de origem, ou ao pavimento
de origem, ou à edificação de origem, de modo a evitar a sua
propagação e consequências.
13 CONTROLE DO O controle do incêndio deve ser executado de acordo com o
INCÊNDIO plano de emergência da planta e com o treinamento
específico dado aos integrantes das equipes de emergências,
de acordo com a ABNT NBR 14276, para os brigadistas e,
quando aplicável, de acordo com a ABNT NBR 14608, para os
bombeiros civis.

14 ACIDENTES COM O controle de acidentes envolvendo produtos classificados


PRODUTOS como perigosos deve ser executado de acordo com o plano
PERIGOSOS de emergência da planta e com o treinamento específico
dado aos integrantes das equipes de emergências, de acordo
com a ABNT NBR 14276, para os brigadistas. Quando
aplicável, de acordo com a ABNT NBR 14608, para os
bombeiros civis.

15 RESCALDO Garantir, por meio de inspeção, que, após o combate ao


incêndio, não exista qualquer possibilidade de reignição.

16 PRESERVAÇÃO DO Manter o local preservado para que possa ser periciado, se


LOCAL necessário.

17 INVESTIGAÇÃO O coordenador de emergências da planta deve designar os


responsáveis para iniciar o processo de investigação e
elaborar um relatório sobre o ocorrido e as ações de
controle. Devem ser investigadas e/ou analisadas as
possíveis causas de acidente ou incêndio, bem como os
procedimentos de controle adotados, utilizando, além da
coleta de dados de imagens e entrevistas, os registros de
ocorrências para poder emitir o relatório, com o objetivo de
propor medidas preventivas e corretivas para evitar a sua
repetição
.

Quadro 04: Sequência, parâmetros e resumo dos procedimentos básicos na emergência contra incêndio
Fonte: as autoras

32
b) Capacitações por meio de programas contínuos

Devem ser providenciados treinamentos específicos de atendimentos de emergências


aos integrantes da a equipe de emergências da planta, de acordo com a ABNT NBR 14276 e, quando
aplicável, com a ABNT NBR 14608.

c) Divulgação do plano de emergência por meio de comunicação


O plano de emergência deve ser divulgado para toda a população fixa da planta, por meio
de orientação (palestra, vídeo etc.) e de um resumo impresso distribuído aos ocupantes da planta, de
forma a garantir que todos tenham conhecimento dos procedimentos básicos a serem executados
em caso de emergência.

NÃO SE ESQUEÇA:

A representação gráfica contida no plano de emergência contra incêndio,


com destaque para as rotas de fuga e saídas de emergência, deve estar
afixada na entrada principal e em locais estratégicos de cada edificação, de
forma a divulgar o plano e facilitar o seu entendimento.

d) Exercícios simulados
Devem ser realizados exercícios em cenários simulados para cada hipótese acidental
identificada no plano de emergência da planta. Importante ressaltar que, deverá ser realizado ao
menos um exercício simulado completo a cada 12 meses.

2.2. NBR 14.276 - Programa de Brigada de Incêndio


Outra NBR de extrema importância com relação à Legislação de Riscos e Emergências, é
a NBR 14.276, que define sobre a necessidade de uma padronização sobre a atividade de brigada de
incêndio. Mas, o que seria uma brigada de incêndio?
Segundo Brentano (2015), a brigada de incêndio é definida como um grupo organizado
de pessoas que são treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, realizando ações como auxílio

33
na evacuação do local, priorizando a segurança das pessoas, prestação dos primeiros socorros, bem
como no combate ao princípio de incêndio.

Figura 10: Brigada de Incêndio


Fonte: https://blog.previnsa.com.br/wp-content/uploads/2018/02/158673-guia-completo-sobre-brigada-de-incendio-
saiba-mais-649x433.jpg
Descrição da imagem: Dois homens utilizando os equipamentos de proteção individual, segurando mangueira de
incêndio para resfriar o local na frente dele que encontra-se em chamas.

Assim, ainda segundo Brentano (2015), como principais funções de uma brigada,
seguindo uma ordem de prioridades, são:
1. Orientar e ajudar na saída com segurança das pessoas que ocupam a edificação;
2. Prestar os primeiros socorros;
3. Combater o foco de fogo para proteger a vida humana e a propriedade;
4. Avisar, receber e orientar o corpo de bombeiros para o acesso ao local do fogo

Mas, e como está organizada a NBR 14.276?


Esta NBR está subdividida em 10 (dez) principais tópicos e 05 (cinco) anexos, conforme
apresentado na Figura 11.

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Escopo

Referências Normativas

Termos e Definições

Requisitos e Procedimentos

Procedimentos para a brigada de emergência


NBR 14.276

Desempenho de tempo de resposta

Procedimentos básicos de atendimento de emergência

Procedimentos para realização de exercídiossimulados

Procedimentos para a avaliação anual

Etapas para a implantação da brigada de emergência

ANEXOS

Figura 11: Principais itens para a elaboração do Plano de Emergência segundo NBR 14.276:2020
Fonte: As autoras
Descrição da Imagem: Quadro descrevendo como é a subdivisão da NBR 14.276, que é: escopo, referências normativas,
termos e definições, requisitos e procedimentos, procedimentos para a brigada de emergência, desempenho de tempo
de resposta, procedimentos para realização atendimento de emergência, procedimentos para a realização de exercícios
simulados, procedimentos para a avaliação anual, etapas para a implantação da brigada de emergência e anexos.

A seguir iremos nos aprofundar no estudo de alguns tópicos relevantes que


compõem a NBR 14276:2020. Porém, é importante que você estudante e
futuro Técnico de Segurança do Trabalho busque conhecer ainda mais as
determinações desta norma. Acesse:
https://pdfcoffee.com/nbr-14276-2020-brigada-de-incendio-e-emergencia-
requisitos-e-procedimentos-pdf-free.html

35
2.2.1. Objetivo

A NBR 14276:2020 tem como objetivo estabelecer os requisitos e procedimentos para


composição, treinamento e atividades das brigadas de emergência de incêndio, para proteger a vida
e o patrimônio, bem como para reduzir as consequências sociais e os danos ao meio ambiente.
É importante ressaltar que, esta norma é aplicável para toda e qualquer planta.

2.2.2. Definições

Um dos itens da NBR 14276:2020 apresenta alguns conceitos, tais como:


• Bombeiro: profissional que presta serviços de prevenção e atendimento de emergências,
atuando na proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio;
• Bombeiro Civil: profissional capacitado para atuação em serviços de prevenção e de
atendimento de emergências em edificações, plantas e/ou instalações privadas ou públicas
de acordo com a legislação vigente;
• Brigada de Emergência: grupo organizado, formado por pessoas voluntárias ou indicadas,
treinado e capacitado para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio,
abandono de área, prevenção de acidentes e primeiros socorros, dentro de uma área
preestabelecida na edificação, planta ou evento;
• Exercício Simulado: Exercício prático realizado periodicamente para manter a equipe de
emergência e os ocupantes das edificações em condições de enfrentar uma situação real de
emergência;
• População Fixa: Aquela que permanece regularmente na planta, considerando-se os turnos
de trabalho e a natureza da ocupação, bem como os terceiros nestas condições;
• População Flutuante: Aquela que não permanece regularmente na planta, considerando o
número máximo de pessoas previstas em projetos, procedimentos e/ou período de atividade
e ocupação;

36
2.2.3. Requisitos e Procedimentos

Agora estudante, chegamos num item de grande relevância da norma, que apresenta
significados importantes para que se tenham resultados satisfatórios quando relacionados as ações
da brigada quando do incêndio. Para tanto, a realização de planejamento, monitoramento e análise
crítica são de extrema relevância.
De nada adianta possuir equipamentos apropriados, se não existe uma organização na
equipe. Assim, a Figura 12 apresenta os pontos que iremos nos atentar para entender melhor os itens
que serão fundamentais para o funcionamento adequado da brigada de incêndio.

Composição da Brigada de Emergência

Seleção de Brigadista de Emergência

Capacitação da Brigada de Emergência

Recursos Materiais da Brigada de Emergência

Figura 12: Itens fundamentais para o funcionamento adequado da brigada de incêndio


Fonte: As autoras
Descrição da imagem: Figura apresenta pontos fundamentais para funcionamento da brigada que são: Composição da
brigada de incêndio, seleção de brigadista de emergência, capacitação da brigada de emergência, recursos materiais da
brigada de emergência.

Vamos agora nos aprofundar nestes tópicos?

2.2.3.1. Composição da Brigada de Incêndio

Para a realização do cálculo para a composição da brigada de incêndio, é preciso


consultarmos levarmos em consideração três itens:
1. População Fixa;
2. Grau de Risco; e
3. Grupos/Divisões de ocupação da planta e
4. Distância de deslocamento dos brigadistas.

37
Importante lembrar que:

A quantidade necessária de brigadistas para a formação da primeira equipe para o


atendimento no tempo de resposta, para plantas de baixo e médio risco e/ou com população fixa
acima de quatro pessoas, deve ser de pelo menos dois brigadistas; para plantas de alto risco e/ou
com população fixa acima de dez pessoas, deve ser de pelo menos quatro brigadistas. Entretanto,
devem ser considerados prioritariamente os procedimentos descritos no plano de emergência para
a composição mínima da primeira equipe.

Vamos fixar?

Plantas de baixo e médio risco e/ou Plantas de alto risco e/ou com
com população fixa acima de 04 população fixa acima de 10 (dez)
(quatro) pessoas pessoas

No mínimo 02 (dois) brigadistas No mínimo 04 (quatro) brigadistas

Figura 13: Quantidade necessária de brigadistas para a formação da primeira equipe para o atendimento no tempo de
resposta para diferentes tipos de plantas
Fonte: As autoras
Descrição da imagem: Figura apresenta a quantidade mínima para plantas de baixo e médio risco e/ou com população
fixa acima de 04 (quatro) pessoas e para plantas de alto risco e/ou com população fixa acima de 10 (dez) pessoas

2.2.3.2. Seleção de brigadistas de emergência

Para a seleção dos candidatos a brigadistas, os mesmos devem atender aos critérios
relacionados a seguir:
a) Ter mais de 18 anos;
b) Ser alfabetizado;
c) Possuir bom conhecimento das instalações da planta;
d) Participar e ser aprovado no treinamento de brigadista.

38
2.2.3.3. Capacitação da brigada de emergência

Em termos de capacitação da brigada de emergência, é importante se atentar a alguns


critérios, tais como:
1. Todos os brigadistas devem participar de treinamentos conforme o nível de treinamento;
2. A planta que não for enquadrada em qualquer das divisões de classe de ocupação previstas
no Anexo A deve ser classificada por analogia com o nível de risco mais próximo;
3. Quando em uma planta houver mais de uma classe de ocupação, o nível de treinamento deve
ser conforme o grupo, a divisão e o grau de risco do setor ou processo do local onde o
brigadista trabalha;
4. Os conteúdos para o treinamento dos brigadistas, de acordo com o nível de treinamento,
estão estabelecidos na Tabela B.2 da NBR 14276/2020;
5. O responsável pelo treinamento dos brigadistas, pode adequar a carga horária recomendada
no Anexo C da NBR 14276/2020 ao conteúdo dos módulos para cada nível de treinamento;
6. Os módulos do treinamento podem ser realizados separadamente, desde que não haja
prejuízo na continuidade do aprendizado e na sequência do conteúdo programático, bem
como não ultrapasse o período de 12 meses do treinamento anterior;
7. Todos os treinamentos práticos de salvamento e combate a incêndio com fogo real devem ser
realizados em instalações fixas externas ou internas próprias, ou instalações móveis de
treinamento (IMT), desde que estas instalações, equipamentos e recursos materiais e
humanos próprios ou contratados atendam aos requisitos de acordo com a ABNT NBR 14277.
8. A proporção de instrutores e auxiliares de instrutores por alunos deve ser de acordo com a
ABNT NBR 14277 para todos os treinamentos práticos de salvamento e combate a incêndio
com fogo real, ou outros que necessitem de atenção quanto à segurança dos participantes,
devido aos riscos da atividade educacional;
9. O brigadista que concluir e for aprovado no treinamento deve receber um certificado,
expedido pela instituição e/ou pelo responsável pelo treinamento de brigada.

39
2.2.3.4. Recursos materiais da brigada de emergência

O último tópico referente a requisitos e procedimentos apresenta alguns detalhes


relacionados aos equipamentos para utilização em situações de emergências. A norma descreve as
seguintes ações:
• Deve haver um ou mais locais como armário de brigada de emergência, exclusivos para abrigar
os materiais e equipamentos para utilização em atendimento de emergências.
• Todos os recursos materiais e equipamentos devem ser compatíveis com os procedimentos
estabelecidos no plano de emergência para os atendimentos na planta.
• Deve haver uma reserva técnica de todos os materiais de consumo para a reposição imediata
após os atendimentos.
• Todos os equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção respiratória
autônomo (EPRA) devem ser específicos e compatíveis para a adequada proteção.
• Todos os EPI e EPRA devem estar em conformidade com a legislação específica.
• Os EPI devem ser utilizados de acordo com o nível de brigada de emergência, conforme
especificado no Quadro 5.
• Podem ser utilizados equipamentos de proteção complementares e/ou com características
diferentes dos especificados no Quadro 5, considerando a peculiaridade e riscos do combate
a incêndio a ser executado.
• Todos os brigadistas devem utilizar EPRA de acordo com a ABNT NBR 13716;
• Os EPRA devem atender aos requisitos técnicos estabelecidos na ABNT NBR 13716 e estar em
conformidade com as recomendações de fabricação e manutenção.
• Para atendimento de emergências envolvendo produtos perigosos, devem ser utilizados os
EPI, sendo as características destes equipamentos conforme o nível de proteção requisitado;
• A brigada de emergência pode contar com viaturas para os atendimentos de emergências
• Quando houver veículo para atendimento a emergências médicas (ambulância), este deve
estar em conformidade com os requisitos da ABNT NBR 14561.
• Quando houver viatura de combate a incêndios e emergências, esta viatura deve estar em
conformidade com os requisitos da ABNT NBR 14096.
• Deve ser elaborado um estudo para estabelecer os recursos materiais específicos com base

40
• nos riscos e características da planta, que deve ser desenvolvido formalmente por uma equipe
multidisciplinar, liderada por profissional habilitado.

Nível 1 - Básico Nível 2 - Intermediário Nível 3 – Avançado


Óculos de proteção Capacete de segurança Capacete de bombeiro com
Lluvas de vaqueta Balaclava proteção para os olhos
Óculos de proteção Jaqueta de bombeiro
Camisa de manga comprida Calças de bombeiro
Luvas de vaqueta Luvas de bombeiro
Calçado de Segurança Botas de bombeiro
EPRA
Quadro 5. EPI e EPRA para combate a incêndio conforme o nível de brigada de emergência
Fonte: NBR 14276/2020

FIQUE LIGADO:

Segundo a NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade, o


PROFISSIONAL HABILITADO é aquele trabalhador previamente qualificado e
com registro no competente conselho de classe.

Como ações de emergência, a norma indica a aplicação de procedimentos básicos


estabelecidos no plano de emergência contra incêndio da planta até que se esgotem todos os
recursos destinados aos brigadistas.
Estudamos nesta competência duas NBR’s de grande relevância no combate ao incêndio.
No tópico a seguir iremos nos atentar como as determinações sobre esta temática são abordadas em
algumas Normas Regulamentadoras.

41
2.3. Exemplos de Normas Regulamentadoras que tratam sobre prevenção para
situações de emergência
As Normas Regulamentadoras apresentam diversos direcionamentos relacionados à
prevenção de acidentes do trabalho nos diversos segmentos. Nesta disciplina já vimos algumas
determinações da NR -23, que trata sobre a proteção contra incêndio. Mas será que em outras
normas esse assunto também é tratado? Como este assunto é tratado? Quais seriam essas normas?
É isso que iremos ver a partir de agora!
a) Norma Regulamentadora 10
A NR 10 dispõe sobre os conhecimentos em instalações e serviços em eletricidade. No item
10.9 que trata sobre a proteção contra incêndio e explosão, determinações importantes para situação
de emergência são abordadas, tais como:

• As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem possuir proteção contra
incêndio e explosão;
• Todos os matérias envolvidos para as instalações elétricas quando em ambientes com
atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no
âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação;
• Os processos ou equipamentos em eletricidade estática deverão dispor de proteção específica
e dispositivos de descarga elétrica;
• Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou
explosões, deverão possuir dispositivos de proteção;
• Os serviços em instalações elétricas em áreas classificadas só poderão ser realizados mediante
permissão para o trabalho com liberação formalizada.

b) Norma Regulamentadora 20

A NR 20 apresenta requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho


contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção,
armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.
Nesta NR, a proteção contra incêndio é sempre abordada, principalmente no que tange aos seguintes
itens:

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• Projeto das instalações;
• Prontuário da Instalação;
• Plano de manutenção e inspeção das instalações;
• Cursos de capacitação dos trabalhadores;
• Plano de prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios, explosões e
emissões fugitivas
• Plano de respostas a emergências da instalação
• Comunicação de Ocorrências

Outras normas como a NR-33, NR-35 e a NR 37 também trazem no seu escopo


determinações sobre prevenção para situações de emergência. Sugerimos que você estudante,
realize uma leitura destas normas e identifique como esta temática vem sendo abordada.

Veja agora a Videoaula da competência 2, que preparamos para você.

43
3.Competência 03 | Legislação Brasileira Específica a Acidentes do
Trabalho
Em virtude da industrialização, os acidentes do trabalho começaram a surgir de forma
crescente em todos os países. O Brasil no início dos anos 1970 apresentou dados superiores aos
demais países, sendo considerado como o campeão de acidentes do trabalho. O ano de 1975
apresentou números alarmantes, com uma média de 1,5 milhão de acidentes. Segundo a Organização
Internacional do Trabalho - OIT, atualmente o país ainda ocupa a quarta posição do ranking mundial
de acidentes do trabalho, atrás apenas de países como a China, Índia e Indonésia.
Em virtude desses números cada vez mais crescentes, houve a necessidade de uma legislação
que evidenciasse a prevenção desses acidentes. Assim, vamos nesta competência estudar um pouco
mais sobre algumas Legislações Brasileiras Específicas a Acidentes do Trabalho.

Para esta competência, é importante que você estudante estude


detalhadamente a Lei 8.213/1991.
Acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm

3.1. Acidente do Trabalho: Conceito Legal e Conceito Prevencionista

Mas afinal de contas, qual a diferença entre o conceito legal e o conceito prevencionista?

O Conceito prevencionista é abordado segundo a NBR 14.280 da ABNT, e define acidente


do trabalho como a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o
exercício do trabalho, de que resulte ou possa resultar lesão pessoal.

Vamos fixar melhor esta informação?

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Figura 14: Resumo do conceito de Acidente do Trabalho segundo a NBR 14.280
Fonte: As autoras, adaptado da NBR 14.280
Descrição da imagem: fluxograma em formato de setas coloridas, onde cada seta descreve o conceito prevencionista na
seguinte sequência: ocorrência imprevista e indesejável; instantânea ou não, relecionada com o exercício do trabalho;
e, resulte ou possa resultar lesão pessoal.

Alguns conceitos importantes e amplamente utilizados são destacados nesta NBR, conforme
apresentado no Quadro abaixo.

PARÂMETRO CONCEITO
Acidente de trajeto Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local de
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,
inclusive veículo de propriedade do empregado, desde que não haja
interrupção ou alteração de percurso por motivo alheio ao trabalho
Ato inseguro Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou
favorecer a ocorrência de acidente
Doença do trabalho Doença decorrente do exercício continuado ou intermitente de atividade
laborativa capaz de provocar lesão por ação imediata
Doença profissional Doença do trabalho causada pelo exercício de atividade específica,
constante de relação oficial
Dias perdidos Dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal,
excetuados o dia do acidente e o dia da volta ao trabalho
Dias debitados Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o
cálculo do tempo computado
Horas-homem de Somatório das horas durante as quais os empregados ficam à disposição do
empregador, em determinado período.
exposição ao risco
de acidente
Taxa de frequência Número de acidentes por milhão de horas-homem de exposição ao risco,
em determinado período
de acidentes
Taxa de frequência Número de acidentados com lesão com afastamento por milhão de horas-
homem de exposição ao risco, em determinado período
de acidentados com

45
lesão com
afastamento
Taxa de frequência Número de acidentados com lesão sem afastamento por milhão de horas-
homem de exposição ao risco, em determinado período
de acidentados com
lesão sem
afastamento
Taxa de gravidade: Tempo computado por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em
determinado período

Quadro 06: Conceitos segundo a NBR 14.280/2001


Fonte: Adaptado de NBR 14.280/2001

Observe que na tabela, foram apresentadas três diferentes taxas. Essas são de extrema
importância para cálculo do indicador de desempenho de cada empresa, assim, não esqueça:

Taxa de frequência com •TFCA = (nº de acidentados com afastamento x 1.000.000/homens-hora


afastamento de exposição ao risco)

Taxa de frequência sem •TFSA = (nº de acidentados sem afastamento x 1.000.000/homens-hora


afastamento de exposição ao risco)

Taxa de Gravidade •TG = (nº de dias perdidos + debitados) x 1.000.000

Figura 15: Cálculo das diferentes taxas segundo a NBR 14.280


Fonte: Adaptado da NBR 14.280
Descrição da imagem: São três quadros, que cada um apresenta uma taxa e como é realizado seu cálculo. Taxa de
frequência com afastamento (TFCA) = (nº de acidentados com afastamento x 1.000.000/homens-hora de exposição ao
risco). Taxa de frequência sem afastamento (TFSA) = (nº de acidentados sem afastamento x 1.000.000/homens-hora de
exposição ao risco). Taxa de Gravidade (TG) = (nº de dias perdidos + debitados) x 1.000.000 .

No ano de 1991, foi promulgada a Lei nº 8.213, que dispõe sobre os planos de benefícios
da previdência social e dá outras providências. Assim, temos nesta legislação o conceito legal de
acidente do trabalho, evidenciado através do artigo 19, ou seja, acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

46
A Figura abaixo apresenta os três principais tópicos abordados pela definição de acidente do
trabalho segundo o conceito legal.

Figura 16: Resumo do conceito de Acidente do Trabalho segundo a lei 8.213/91


Fonte: As autoras, adaptado da Lei 8.213/91
Descrição da imagem: três engrenagens, cada uma de uma cor, descrevendo de modo resumido o conceito legal de
acidente do trabalho. Primeira engrenagem tem a seguinte frase: cause a morte ou perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. Na segunda engrenagem: Provocando lesão corporal ou perturbação
funcional. Terceira: ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou do empregador domestico ou pelo
exercício do trabalho dos segurados.

A seguir, iremos estudar como a Lei 8.213/1991 está estruturada, bem como os principais
conceitos advindos desta lei.

3.2 Lei 8.213/1991


Conforme citado anteriormente, a Lei 8.213/1991 dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social e dá outras providências. A lei está dividida em quatro títulos:

• TÍTULO I: DA FINALIDADE E DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


• TÍTULO II: DO PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
• TÍTULO III: DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

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• TÍTULO IV: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

O Título III desta lei, apresenta definições importantes relacionadas aos acidentes do trabalho,
que iremos abordar nesta competência. Os principais destaques estão no artigo 19 (anteriormente
estudado), artigo 20 e artigo 21, porém, é importante que você como futuro Técnico de Segurança
do Trabalho se aprofunde no conhecimento desta legislação.

3.2.1 Considera-se acidente do trabalho (art. 20 Lei n. 8213)


Segundo este artigo, dois conceitos importantes são atribuídas para acidente do trabalho:
I - Doença profissional: é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social;
II - Doença do trabalho: é aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

3.2.2 Não é considerado como doença do trabalho (art. 20 inciso 1 da lei .8213)
Segundo a Lei 8.213/1991, não são consideradas como doença do trabalho:
a. A doença degenerativa;
b. A inerente a grupo etário;
c. A que não produza incapacidade laborativa;
d. A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva,
salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.

3.2.3 Equiparam-se a acidente do trabalho (Art. 21 da lei n. 8.213)


Vamos conhecer agora quais situações também são consideradas acidentes de trabalho,
conforme a Lei de nº 8.213/91, pois em seu Art. 21 apresenta ainda quatro diferentes tipos de
acidentes que se equiparam ao acidente do trabalho:

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Acidente ligado ao trabalho

O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de alguns


aspectos

A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade

O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho

Figura 17: Acidente do Trabalho segundo a lei 8.213/91


Fonte: As autoras, adaptado da Lei 8.213/91
Descrição da imagem: Os quatro diferentes tipos de acidentes que se equiparam ao acidente do trabalho:
acidente ligado ao trabalho; o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho, em consequência de
alguns aspectos; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; o
acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho.

Desta forma, temos que:

I. “O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação”.

NOTE: será considerado como acidente de trabalho, aquele que tenha contribuído diretamente para
morte, redução ou perda da capacidade para o trabalho, mesmo que o acidente não seja a causa
única. Exemplo: Funcionário levou um corte desempenhando seu trabalho. Foi socorrido e conseguiu
reabilitar o membro cortado. Entretanto, o membro infeccionou e precisou ser amputado.

II. O acidente ocorrido no local e no horário do trabalho, em consequência de:

• Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de


trabalho;
• Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
• Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de
trabalho;
• Ato de pessoa privada do uso da razão;
• Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

49
Você sabe a diferença de imprudência, negligencia e imperícia?
Saiba mais acessando o link:
https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/seguranca-do-trabalho/saiba-qual-
diferenca-entre-impericia-imprudencia-e-negligencia/

Continuando, também equiparam-se a acidente de trabalho:

III. A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua


atividade;

IV. O acidente sofrido pelo funcionário mesmo que fora do local e horário de trabalho:
• Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
• Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
• Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de
seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
• No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação


de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o
empregado é considerado no exercício do trabalho (Art. 21, inciso 1, Lei
8.213/1991)

50
3.2.4 Comunicação de acidente do trabalho
No caso de acidente do trabalho, seja típico, trajeto ou doença ocupacional deverá ser emitido
documento de Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT. A emissão da CAT, é fundamental para
garantir ao trabalhador os seus direitos relacionados aos benefícios previdenciários e trabalhistas.

Quer saber mais sobre a importância da emissão da CAT? Acesse o link


https://blog.mouraesantana.com/o-que-e-a-cat-comunicacao-de-acidente-de-
trabalho-e-por-que-ela-e-tao-importante/

De acordo com o Art. 22 da Lei de nº 8.213/91:


A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do
trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência
e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de
multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de
contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e
cobrada pela Previdência Social (BRASIL, 1991, Art. 22).
Caso a empresa não realize o registro da CAT, estará passível de multa. Podem formalizar
também a comunicação: o próprio acidentado, seus dependentes, sindicato da categoria, médico que
realizou o atendimento, ou qualquer autoridade pública. Nesse caso não terá a exigência do prazo
previsto no Art. 22.

Figura 18: Funcionários socorrendo vítima de acidente do trabalho


Fonte: https://msamorim.com.br/noticia/direito-trabalhista/sofreu-acidente-de-trabalho-saiba-como-emitir-seu-
comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat

51
Descrição da imagem: Funcionários transportando vítima de acidente do trabalho para atendimento médico na
empresa e já pensando no próximo passo que será a emissão da CAT.

O registro da CAT pode ser realizado on-line ou na agência do Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS. O acidentado ou seus dependentes, como também o sindicato da categoria que o
acidentado faça parte deverá receber a cópia dessa comunicação. Portanto, essa comunicação deve
ser emitida em 04 (quatro) vias, sendo:
Ø 1ª via – INSS;
Ø 2ª via – Segurado ou dependente;
Ø 3ª via – Sindicato de classe do trabalhador;
Ø 4ª via – Empresa.

Acesse os link’s abaixo e conheça o formulário da CAT e as instruções de


preenchimento para cada item.
http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/form001.html
http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/form002_instrucoes.html
https://www.youtube.com/watch?v=Y4ocTDbm14I

3.2.5 Dia do acidente do trabalho

Vimos no tópico anterior que a Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT deve ser
realizada à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência (acidente) e, em caso
de morte, de imediato. Porém, você pode estar se perguntando: como saber o dia do acidente de
trabalho quando o tipo do acidente for uma doença ocupacional?
De acordo com o Art. 23 da Lei nº 8.213/91, que trata sobre isso, diz:
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do
trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da
atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for
realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

52
3.3 Da responsabilidade sobre o acidente de trabalho

A Lei 10.406/02 institui o Código Civil, que dentre seus itens fala da responsabilidade civil,
prevista no artigo 186 diz que: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”. Sendo assim, ao infringir essa norma será necessário o pagamento de indenização, conforme
comprovação da análise do caso.
Veja que no Código Civil apresenta sobre a obrigação de indenizar no Art. 927:
Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
Constatado o acidente do trabalho, observa-se também que existem dois tipos de
responsabilidades.
• Responsabilidade securitária - prevista no Art 86, da Lei 8.213/91, que trata sobre o auxílio-
acidente que: “será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação
das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia”. Esse benefício é pago
pela Previdência Social, com os recursos do seguro obrigatório, recolhidos pelo empregador.
Esse benefício é objetivo, sem necessidade de comprovação do dolo ou culpa, por parte do
empregador em relação ao acidente.

• Responsabilidade de natureza contratual – decorrente de dolo ou culpa do empregador, por


não cumprir as obrigações contidas no artigo 157, da CLT:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais;

53
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Na responsabilidade de natureza contratual percebe-se que é subjetiva, tendo o trabalhador
comprovar o dolo ou culpa por parte do empregador para solicitar o ressarcimento pelos prejuízos causados
pelo acidente de trabalho, no qual independente do recebimento da indenização securitária. Podemos
observar isso, na Constituição Federal de 1988, temos no Art. 7º que “são direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra acidentes de
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
ou culpa” (BRASIL, 1988).

Veja agora a Videoaula da competência 3, que preparamos para você.

54
Conclusão
Caro estudante,
Encerramos aqui a disciplina de Legislação Aplicada à Área de Riscos e Emergências!
Durante essas três semanas, pudemos nos aprofundar em diversos conteúdos relacionados às
questões de emergências, incêndios, brigada, acidentes de trabalho, entre outros. Certamente, o
conhecimento adquirido ajudará no desenvolvimento das suas atividades como futuro técnico de
segurança do trabalho.
Na competência 1, entendemos a importância de cumprir a legislação de prevenção e
proteção a incêndios, para evitar e diminuir seus efeitos. Seguimos o conteúdo, na competência 2,
conhecendo requisitos de um plano de emergência e como formar a brigada de incêndio.
Na competência 3 aprendemos sobre acidente de trabalho e como realizar a
Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT.
Esperamos que você tenha aprendido bastante sobre este tema de grande relevância em
âmbito nacional e internacional.

Nos encontraremos em breve!

55
Referências

ABNT. Plano de emergência contra incêndio — Requisitos. Disponível em: <


http://safebombeirocivil.com.br/wp-content/uploads/2017/09/nbr152192005-bombeiro-
profissional-civil.pdf>. Acesso em 22 mai. 2020.

ABNT. Brigada de incêndio — Requisitos. Disponível em: < http://cipa.iqsc.usp.br/files/2016/05/NBR-


14276-Brigada-de-Inc%C3%AAndio.pdfhttp://safebombeirocivil.com.br/wp-
content/uploads/2017/09/nbr152192005-bombeiro-profissional-civil.pdf>. Acesso em 22 mai. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, aprova Consolidação das Leis do Trabalho.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452compilado.htm>. Acesso
em 22 mai. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil De 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 15 jun. 2020.

BRASIL. Normas Regulamentadoras. NR 23 – Proteção Contra Incêndios. Portaria MTb n.º 3.214, de
08 de junho de 1978. Disponível em:
<https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-23.pdf>. Acesso em: 06 mai.
2020.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em 13 jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acessado em 12 de jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.425, de 30 de março de 2017. Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de
prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião
de público; altera as Leis nº s 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002
– Código Civil; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13425.htm>. Acesso em: 06 mai.
2020.

PERNAMBUCO. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico - COSCIP. Disponível em: <
https://www.intranet.bombeiros.pe.gov.br/storage/get/file/1684>. Acesso em 22 mai. 2020.

56
Minicurrículo do Professor

Alcione Moraes de Melo

Mestre do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade


Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), especializando em Engenharia de Segurança do Trabalho na
POLI/UPE, Engenheira Agrícola e Ambiental pela UFRPE, Técnico em Segurança do Trabalho pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE.

Ericka Patrícia Lima de Brito

Doutoranda em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),


Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Especialista em
Engenharia de Segurança do Trabalho pela PUC/Minas, Engenheira Química pela UFPE, Gestora
Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE.

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