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Ciclo de vida

de Produtos Industriais
Com base em LIDWELL, W.; HOLDEN, K.; BUTLER, J. Princípios universais do Design :
125 maneiras de aprimorar a usabilidade, influenciar a percepção, aumentar o apelo e ensinar
por meio do design. Porto Alegre : Bookman, 2010.

Essências do Desenho Industrial/Design


Ensino de Projeto à Moda Clássica

Marcos Brod Júnior


Desenho Industrial / UFSM
ciclo de vida
O conceito de ciclo de vida, que aqui introduzimos, refere-se
às trocas (input e output) entre o ambiente e o conjunto dos
processos que acompanham o “nascimento”, “vida” e a “morte”
de um produto. [...] Em “ciclo de vida” considera-se o produto
desde a extração dos recursos necessários para a produção
dos materiais que o compõe (“nascimento”) até o “último
tratamento” (morte) desses mesmos materiais após o uso
do produto. (MANZINI; VEZZOLI, 2002, p.91)
o que considerar?
Gestação Crescimento Maturidade
Declínio Público Fator Ecológico
Mercado Concorrência Produção
Ciclo de Vida e
Meio Ambiente
Uma nova abordagem no desenvolvimento de
produtos ambientalmente conscientes chama-se
Life Cycle Design (Projeto do Ciclo de Vida)
e baseia-se em uma visão de que o produto deve
ser projetado considerando, em todas as suas fases,
o conceito de ciclo de vida.

O objetivo do Life Cycle Design é o de reduzir


a carga ambiental associada a todo o ciclo de vida
de um produto. A intenção é que as trocas de
materiais e energia bem como o impacto de todas
as emissões/refugos sejam reduzidos ao mínimo
possível.

Para esse fim, deverá ser definido um perfil das fases


do ciclo de vida do produto, partindo da extração da
matéria prima, até a eliminação dos seus refugos
e resíduos (MANZINI e VEZZOLI, 2011).

Estratégias de Life Cycle Design


e fases do Ciclo de Vida
(Manzini e Vezzoli, 2011)
Deste ponto de vista, portanto, todas as atividades
necessárias para produzir, distribuir, utilizar, eliminar/descartar
um produto são consideradas uma só unidade.

Isto tudo implica a passagem, do projeto de um produto,


ao projeto do sistema-produto inteiro, entendido exatamente
como o conjunto dos acontecimentos que determinam
o produto e o acompanham durante o seu ciclo de vida.
(MANZINI e VEZZOLI, 2011, p. 100)
Ciclo de Vida e
Administração
Com relação ao ciclo de vida de um produto,
Kotler (1999) define quatro fases
considerando as vendas e cinco fases considerando
os lucros obtidos com as vendas. Estas fases são:

Primeira fase: Desenvolvimento do produto.


Começa quando a empresa encontra e desenvolve
Ciclo de vida de um produto
a ideia de um novo produto. Durante esse (Kotler, 1999)
desenvolvimento, as vendas são iguais a zero e os
custos do investimento são crescentes.
Aparece no gráfico como lucro negativo.

Segunda Fase: Introdução. Terceira Fase: Crescimento. Quinta Fase: Declínio.


Período de lento crescimento das vendas Período de rápida aceitação no mercado e de Período em que as vendas e os lucros caem
à medida que o produto é introduzido no mercado. lucros crescentes. Isto supondo que o produto em decorrência da obsolescência e/ou
Não há lucros nesse estágio devido aos altos foi aceito pelo mercado. outros produtos concorrentes.
custos da introdução, especialmente com
propaganda e distribuição. Quarta Fase: Maturidade.
Período em que o crescimento das vendas diminui.
As vendas começam a diminuir, pois outros
novos produtos concorrentes estão se projetando.
Ciclo de Vida e
Publicidade
Introdução: A estratégia publicitária deve ter como
alvo os usuários iniciais e despertar neles
a necessidade latente que o produto visa satisfazer.
O esforço publicitário nessa fase é intenso, isto é,
deve-se buscar o máximo de divulgação do
produto para apresentá-lo ao público. Isso acaba Os estágios do
ciclo de vida
predispondo mais consumidores a testarem do produto.
o produto e mais varejistas a distribuí-lo. (Santos, 2005)

Crescimento: O foco da campanha Maturidade: Nesse estágio, a publicidade deixa Declínio: A estratégia publicitária predominante
deve ser estendido ao mercado como um todo, de ter a função de informar sobre as necessidades nessa fase é enfatizar os baixos preços, visando
procurando sedimentar a ideia de que a satisfação que o produto visa a satisfazer, pois isso já está a reduzir estoques. Caso se utilizem táticas
com o produto será real. Deve-se iniciar um trabalho consolidado na mente do consumidor. A estratégia de “maquiar” o produto para suavizar a curva
de consolidação da marca. O esforço publicitário deve publicitária, portanto, é usar a atividade como um de declínio, deve-se tomar cuidado para esses
ser moderado, pois a curva de vendas já está em meio para diferenciar a marca dos concorrentes investimentos não anularem o lucro residual
ascensão e a ideia é “colher” o que foi plantado na fase similares. O esforço publicitário, em geral, deve ser do produto. O esforço publicitário deve ser
de introdução. A comunicação servirá apenas para moderado, pois a marca já é conhecida pelo mínimo e as promoções de venda também,
realizar uma espécie de manutenção das mensagens público-alvo. As promoções de vendas se tornam deixando que a própria marca incite as vendas.
na memória dos consumidores. As promoções as “vedetes”, com o foco na tentativa de atrais
de vendas também devem ser moderadas, clientes da concor-rência e aumentar o consumo
apenas para desenvolver a preferência pela marca. e a lealdade dos usuários habituais.
Ciclo de Vida e
Desenho
de Produtos
O ciclo de vida de produtos industriais
também é trabalhado pela
engenharia. Este gráfico (Figura 2.6), foi proposto
por Bruce Archer em 1974 e é composto
por cinco fases: Desenvolvimento, Introdução,
Refinamento, Melhoramento e Diversificação.
Ciclo de Vida
de produto
Na primeira fase, existem custos de pesquisa (Archer , 1974)
e desenvolvimento e ferramentas de recuperação.
Aqui, melhoria do produto ou a redução Quando o produto ou o serviço torna-se
Uma gestão sábia terá reservado recursos de custos deve ser de uma ordem um pouco maior, totalmente inútil, deve ser retirado e
para o objetivo da segunda fase – refinamento e um redesign pode ser um acompanhamento substituído por outra fonte de lucros adequados.
de produto – contra o dia em que a apropriado a ele. Outras linhas de produtos devem ser
primeira onda de entusiasmo vier a diminuir e os simultaneamente desenvolvidas, mas
custos sejam aparados e o desempenho evoluído. A fase quatro ocorre quando o mercado está se escalonadas de tal forma que as fases negativas
tornando saturado, com competições onipresentes ou de baixo rendimento de um sejam compensadas
A terceira fase é introduzida quando e finas margens de lucro. Agora a diversificação pelas fases de alto rendimento do outro.
os concorrentes encontrarem o caminho é chamada para que a mesma tecnologia de produção Há uma abundância de evidências que a falta
para reproduzir as patentes, introduzirem e a mesma ideia básica de produto possam ser de sucesso comercial de muitas empresas é devido
designs alternativos para chegar ao mesmo aplicadas com diferentes finalidades ou em à incapacidade de ver a inovação como um
fim, ou simplesmente plagiarem. mercados adicionais. processo de criação contínua, mas com fases
distintas que exigem um plano estratégico.
Ciclo de Vida,
PPI e Desenho
Industrial
De acordo com Archer (1974, p.97) a maior
consequência do recente trabalho sobre a
gestão da inovação tecnológica é o reconhecimento
de que a essência do negócio é a modulação de valor,
preço e custo e que o próprio núcleo do negócio
de fabricação é a manipulação principal das
qualidades marginais dos artefatos.

O Design não é apenas um elemento na estratégia


corporativa. Enquanto o negócio de fabricação Medeiros
for relevante, ele é o elemento chave e, na indústria & Gomes
transformadora, pelo menos, Design é o nome do jogo. (2001)

(i) Pré-Natal, (ii) Natal, com as etapas de Nascimento e Infância, e (iii) Pós-Natal, etapas de Adolescência,
etapas de Concepção e Gestação, deve-se pensar prima-se pela modelagem do produto, promoção Maturidade, Velhice e Senilidade, otimiza-se
o produto através da qualidade da mercadoria, estratégias de lançamento, controle e ajusta-se a produção, aprimorando o desenho
e organização da equipe de planejamento de qualidade e pesquisa comportamental do mercado; do produto, controlando a qualidade da
do projeto e desenho do projeto; produção e do produto e também promovendo
a marca (BROD JUNIOR, 2004, p.110).
Representação Gráfica do Conceito de Projeto de Produto do “Berço ao Berço”. Fonte: GUIMARÃES (2006, p. 36)

Ciclo de Vida
do berço ao berço
Como pode-se analisar nos Ciclos de Vida
apresentados, o produto tem sempre sua morte
decretada ao fim de sua vida. Estes são Ciclos
chamados de "Berço ao Túmulo" onde
o que foi projetado nasce (berço) e morre (túmulo)
ao fim de sua utilidade para os consumidores.

Braungart e Mc Donaugh (2009)


propõem que ao fim do Ciclo exista não
Segundo Braungart e McDonaugh (2009),
uma morte, mas sim um renascimento do produto.
Esta ideia de renascimento os autores nomearam
as coisas devem ser projetadas para que sirvam
de “Berço ao Berço” e seu gráfico foi baseado em
Guimarães (2006, p. 34), o qual apresenta um espiral
sempre ou de alimento para a indústria aplicar em
de renovação, onde em cada fim de ciclo exista
um novo berço para o produto/matéria-prima.
novos projetos ou para o meio ambiente recuperar
seus nutrientes de forma segura.
Com base na abordagem apresentada uma concepção
sustentável de produto pode ser realizada e que, de
acordo com Guimarães (2006, p. 35), seu projeto
leve em consideração os recursos naturais
locais e as necessidades também locais.
Ele é projetado para um uso por uma ou mais pessoas com um tempo
de vida o mais longo possível. De qualquer forma, como em algum
momento ele ficará obsoleto (técnica ou esteticamente), ele é
projetado para reassumir outra forma ou outra função como um novo
produto. Quanto mais esse ciclo se repetir, mais verde é o projeto [...]
em um sistema produtivo que use um mínimo de recursos e não gere
resíduos, não altere o ecossistema e não imponha nenhum dano aos
seres humanos envolvidos na sua produção e uso. Nesta concepção
o projeto é feito para necessidades de pequenos grupos e não
para a massa, para conseguir atender às necessidades dos diferentes
públicos. No geral, no entanto, o foco está na sociedade e não no indivíduo.
(GUIMARÃES, 2006, p. 35)

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