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EMPRESAS INDUSTRIAIS

São unidades económicas que reunindo e combinando todos os factores necessários à realização de determinado
processo técnico de produção, transformam matérias em produtos mais próximos da sua utilização final. Deste tipo de
empresas, excluem-se as extrativas, mineiras e mercantis.

1.1. Tipos de empresas industriais


1. Metalúrgicas - as que se dedicam à transformação de metais: ferro, prata, alumínio, etc.;
2. Mecânicas - as que produzem máquinas e ferramentas, automóveis, armas, etc.;
3. Têxteis - as que produzem tecidos (de algodão, de lã, etc.);
4. Químicas - as de sabão, adubos, produtos farmacêuticos, etc.;
5. Alimentares - as de farinha, açúcar, massas, etc..
1.2. Evolução dos produtos na indústria transformadora
O ciclo de fabrico característico das empresas industriais abrange as seguintes fases:
1. Compra de matérias e serviços;
2. Transformação das matérias-primas em produtos acabados;
3. Venda de produtos acabados.
A duração deste ciclo depende de vários factores, tais como: rotação dos stocks, tempo gasto nas diferentes fases de
fabrico, prazos de pagamento das compras, prazos de recebimento das vendas, etc.
2. REGIMES DE FABRICO
A transformação das matérias pode exigir um número maior ou menor de operações, e desenvolver-se num só
centro de actividade ou distribuir-se por diversos serviços ou departamentos fabris.
Quanto ao número de produtos que se podem obter, a fabricação pode ser:
Uniforme - a empresa fabrica um único produto;
Múltipla - a empresa fabrica diversos produtos.
Por sua vez, a fabricação múltipla pode ser:
Conjunta - a partir da mesma transformação de uma matéria-prima ou um conjunto de matérias, obtêmse
simultaneamente diversos produtos. Ex.: na refinação de petróleo obtém-se a
gasolina, o gasóleo, óleos, etc.
Disjunta - os diversos produtos obtêm-se em operações de transformação absolutamente distintas. Ex.: fabrico de
móveis, conservas de carne e peixe, etc.
Quanto ao tipo de laboração ou processo, a fabricação pode ser:
Contínua ou ininterrupta - a produção em curso apresenta-se, em qualquer momento, nas diversas
fases de transformação (refinação do petróleo, fabrico de cimento, etc.);
Descontínua - é o caso contrário do acima mencionado (fabrico de moveis, tipografia, etc.).
No que respeita ao número de operações, a fabricação pode ser:
Simples - verifica-se uma só operação de transformação;
Complexa - verificam-se varias operações de transformação.
A fabricação complexa pode ser:
Linear - quando existem linhas de produção;
Composta - consiste em laborar separadamente vários componentes que por combinações sucessivas dão finalmente
um produto (fabricação de automóveis);
Por sua vez, a fabricação composta pode ser:
Convergente - diversas operações para obter um único produto;
Divergente - diversas operações para obter diversos produtos.
De acordo com os regimes de fabrico, os principais tipos de fabricação são os seguintes:
Fabricação contínua de um único produto - tem um único produto fabricado quase sempre em diversas fases como os
casos de cerveja, óleos alimentares, etc.
Fabricado de produtos diferentes do ponto de vista de qualidade - neste caso, ou diferem as matérias-primas
empregues, ou diferem os processos de fabricação ou diferem uma e outra. É o caso do fabrico de medalhas de metais
preciosos (ouro, prata, bronze) - diferentes matérias e idênticas transformações; fabrico de tecidos
de algodão - as mesmas matérias-primas e tratamentos diferentes; e o fabrico de conservas de frutas e
legumes - diferentes matérias-primas e tratamentos diferentes.
Fabricação de numerosos objectos de formas e dimensões variadas - trata-se aqui de fabricações contínuas, em
massa, em que a diversidade de produtos resulta da diversidade de matérias, de espécies de transformações, de
formas, de dimensões, de acabamentos, etc. Exemplos: fábricas que produzem objectos de vidro, de porcelana, etc.
Fabricação por fases - as matérias passam por estádios diferentes e sucessivos ate se obter o produto acabado. Por
exemplo, o fabrico de tijolos passa por três fases: preparação do barro, moldagem, secagem e cozedura.
Fabricação por obras (encomenda) ou tarefas - É um caso de fabricação descontínua. O fabrico processa-se de forma
que possibilita que um produto seja distinguível dos demais durante todo o ciclo de fabricação, permitindo que se
individualizem os custos que lhe respeitam. A produção aparece fraccionada em partes desiguais, ao contrário do que
acontece na produção em massa. O tempo de execução de cada encomenda ou
de cada série, varia de caso para caso. O objecto da encomenda pode ser um navio, uma casa, uma dúzia de cadeiras,
um cento de cartões-de-visita, um milhar de calendários, etc.

3. MÉTODOS DE APURAMENTO DO CUSTO INDUSTRIAL DOS PRODUTOS


Tendo em conta as características da fabricação podemos distinguir os seguintes métodos de apuramento do custo dos
produtos:
Método Directo ou de Custeio por Ordens de Produção - neste método, os custos industriais são apurados
relativamente às ordens de produção.
Método Indirecto ou de Custeio por Processos - procede-se à acumulação mensal, por produtos, dos custos
industriais, determinando-se o custo unitário de cada produto pelo quociente daqueles custos. mensais pelas
quantidades produzidas nesse período.
Métodos Mistos - em certos casos, o custeio dos produtos é feito até determinada fase por um dos métodos referidos,
continuando nas fases seguintes com o outro método. Ex.: na indústria cerâmica de produtos decorativos por
encomenda, nas fases iniciais de produção o custeio faz-se pelo Método Indirecto e nas fases seguintes pelo Método
Directo.
3.1. Método Directo (ou de Custeio por Encomenda)
O Método Directo ou de Custeio por Ordens de Produção aplica-se nas empresas de produção diversificada,
descontínua, em cujo processo de fabrico, cada um dos produtos ou lote de produtos é perfeitamente distinguível dos
restantes, de modo que é possível imputar directamente a cada um deles os respectivos custos. É o caso das empresas
de construção naval, metalomecânica, reparação de automóveis, etc.
O sistema de custos por encomenda tem por finalidade a determinação directa do custo de um produto ou vários
produtos especificados em cada uma das suas características: quantidade, tipo, dimensão e qualidade. Este sistema
deve ser adoptado sempre que a diferença entre cada um dos produtos ou entre cada lote de produção é tal que
qualquer tentativa para calcular o custo médio de dois ou mais produtos, de dois ou mais lotes, daria resultados
escassamente significativos.
No sistema de custeio por encomenda, o produto é identificado ao longo de todo o processo de fabrico através de uma
ordem de produção – impresso que define o “produto” a fabricar, data em que se deve iniciar e que contém
ainda outras informações necessárias.
Por este sistema, para apurar o custo de cada ordem, é necessário determinar desde o início até ao fim da execução
(i) o custo das matérias directas consumidas (frequentemente designadas por materiais nas actividades que recorrem
a este método);
(ii) o custo da mão-de-obra directa aplicada; e
(iii) os custos indirectos de produção.
Os custos de cada encomenda são acumulados numa Ficha de Custos por ordens de produção, podendo o período de
cálculo do custo da produção acabada não coincidir com o mês, dado que a duração da execução da ordem pode ser
diferente. O custo das Matérias Directas é conhecido a partir das requisições de materiais feitas pelas
diversas ordens de produção, e a Mão-de-obra Directa aplicada, através do registo dos tempos de trabalho dos
operários nas várias ordens de produção. Uma vez que não se pode conhecer o montante dos Gastos Gerais de
Fabrico que cabe a cada uma das ordens de produção, pelas razões já conhecidas, estes são imputados às várias
ordens através de uma base de alocação.

Objectivos do Método Directo


1. Especificar as encomendas que proporcionam uma margem de lucro e as que causam prejuízos;
2. Calcular os custos e preços de trabalhos semelhantes a executar no futuro;
3. Controlar a eficiência da empresa mediante um confronto entre os custos calculados e os efectivamente suportados.
Caraterísticas essenciais do Método Directo
1. O produto é identificado ao longo de todo o processo de produção, pela respectiva ordem de fabrico;
2. São identificados e determinados todos os custos de produção directos relativos ao produto ao longo de todo o
processso de fabrico;
3. O custo industrial é determinante por ordens de produção (lotes, obras, etc) e o custo unitário nem sempre é
determinável, dado a ordem de fabrico ou produção poder abranger artigos diversificados;
4. O período a que respeita o custo industrial do produto corresponde ao tempo de produção da ordem;
5. O custo da produção em vias de fabrico no fim do mês é dado pelo saldo da ficha de custos (somatório dos custos
acumulados até à data com a respectiva obra de produção);
6. A empresa em questão produz fundamentalmente por encomenda, em regime de produção múltipla e descontínua.
Trata-se de um tipo de fabricação por ordens ou tarefas.
Vantagens do Método Directo
1. Permite comparar o perco de venda com o respectivo custo, isto é, um controle dos resultados já verificados;
2. Ajuda a formular custos previsionais, isto é, custos futuros de encomendas semelhantes.
Inconvenientes do Método Directo
1. A utilização dos custos passados para calcular os futuros é mais ou menos relativa;
2. O seu funcionamento implica elevadas despesas administrativas.
Tipos de encomendas
Numa empresa que utiliza este método de custeio, podemos ter as encomendas (obras) classificadas em:
1. Encomendas principais: as relativas as produções principais destinadas à venda ou ao armazém. È o caso de uma
empresa metalomecânica que fabrica guindastes para os portos em que por cada guindaste ou lote de guindastes do
mesmo tipo é aberta uma folha de obra, esta por sua vez desdobrada em muitas outras subobras;
2. Encomendas patrimoniais: respeitam os trabalhos para imobilizado. Por exemplo, a construção de um pavilhão
feita por pessoal da empresa destinado a armazém de sucatas, constitui um custo não referente à actividade típica da
empresa;
3. Encomendas internas: as que se referem a trabalhos para reabastecer o armazém da própria empresa (construção de
embalagens, ferramentas, peças de substituição), com vista a que possam ser fornecidos aos departamentos em vez de
se adquirirem no mercado.
Verificações de dados elementares
1. A ordem de fabrico
2. O registo das encomendas
3. As requisições de aprovisionamento
4. As verificações referentes à MOD
5. A folha ou ficha de encomenda.

3.2. Método Indirecto ou de Custeio por Processos


Nas empresas em que a produção se desenrola de forma contínua ou ininterrupta ou por séries de produtos
homogéneos, não é economicamente viável a individualização dos produtos durante as fases de fabrico, pelo que o
custo industrial dos produtos fabricados é feito de acordo com o método indirecto ou de custeio por processos.
O sistema de custeio por processos ou método indirecto é o processo de cálculo em que os custos são alocados para
produtos idênticos que são produzidos continuamente em série, fases ou processos. É empregue em empresas em que
a manufacturação envolve um único produto homogéneo, que flui através do processo de produção numa base
contínua. A produção desenvolve-se de forma ininterrupta e contínua ou por séries de
produtos homogéneos. A definição de produto para efeitos de custeio permite distinguir um bem homogéneo, sendo
possível determinar o custo industrial do mês da unidade física do produto, dividindo o custo industrial global do mês
pela quantidade produzida.
Por este método, as matérias-primas vão sendo consumidas e tranformadas ao longo dos períodos por cada
ordem de fabricação, pelo que se aguarda o final do mês para se conhecerem os respectivos custos que, divididos
pelos produtos fabricados no mesmo período, se obtém o custo unitário.
O Método Indirecto ou de Custeio por Processos caracteriza-se pelo seguinte:
1. O produto não é identificável por ordens de produção, apenas se conhecendo a produção de cada mês e os
respectivos custos directos;
2. O custo industrial é determinado por produtos;
3. Dado que o produto tem que ser homogéneo é possível determinar o custo unitário;
4. O período a que respeita o custo industrial é necessariamente o mês;
5. Para determinar o custo da produção em vias de fabrico no fim de cada mês terá de se efectuar a
inventariação de PVF no fim do mês e proceder-se à sua valorização;
6. A empresa em questão produz fundamentalmente para stock, em regime de produção uniforme ou com
um número pequeno de produtos. Trata-se de um tipo de fabricação por fases.
Pelo sistema de custeio por processos, procede-se à acumulação mensal por produtos dos custos industriais. E para
apurar o custo de cada produto é necessário:
1. Identificar as fases de produção e os centros de custos que a cada uma correspondem;
2. Determinar as quantidades de matérias directas consumidas no mês e respectivo valor, e também os custos de
transformação;
3. Determinar as quantidades de semiprodutos consumidas no mês para além da 1ª fase;
4. Medir as quantidades de semiproduto ou de produto acabado obtidas no mês em cada Fase; e (v) dividir o custo
mensal global de cada fase pela quantidade produzida nessa fase para encontrar o custo médio.

Aspectos distintivos dos Métodos Directo e Indirecto


Método Directo Método Indirecto
Regimes de Fabrico Produção múltipla, diversificada, descontínua. Ex: construção civil e reparação naval. Produção
uniforme ou com pequeno número de produtos. Ex: refinação de petróleo, cerveja, massas,...
Produção por encomenda para estoque. Produção fundamentalmente para
estoque. Forma de cálculo do custo industrial Por ordens de produção (lotes, obras,
etc.);
O custo unitário nem sempre é determinável, dado que a ordem de produção pode abranger artigos diversificados. Por
produtos; Dado que o produto é homogéneo, é
possível determinar o custo unitário. Período a que respeita o Custo Industrial do
Produto Corresponde ao tempo de produção da ordem.
É necessariamente o mês. Identificação do Produto
É identificável ao longo de todo o processo de produção pela ordem de
fabrico.
Identificam-se os custos relacionados com a ordem.
O produto não é identificável por ordens de produção. Basta conhecer a produção do mês e os respectivos custos
directos.
Acumulação dos custos industriais é feita por ordens de produção nas fichas de custos;
A acumulação é feita durante todo o período de produção da ordem.
É feita por cada produto; Acumulação mensal dos custos.
Determinação do custo da produção em vias de fabrico no fim do mês
Pelo saldo da ficha de custos.
Terá de se efectuar a inventariação da Produção em vias de fabrico no fim do
mês e proceder-se à sua valorização.
3.3. Valorização da produção em vias de fabrico
No método directo, o custo da produção em vias de fabrico no fim de cada mês é dado directamente pela ficha de
custos. Com efeito, regista-se naquela os custos verificados com relação à ordem de produção e se no fim do mês esta
não se encontrar termindada, o saldo da ficha é o custo da produção em vias de fabrico.
No método indirecto acumulam-se os custos verificados no mês sem distinguir se respeitam à produção ou à
produção em vias de fabrico. No fim de cada mês, procede-se à inventariação da produção em curso de fabrico,
conhecer-se o seu grau de acabamento e valorizá-la.
O conhecimento da quantidade em curso de fabrico e o respectivo grau de acabamento consitui, em muitas indústrias,
tarefa difícil. Torna-se, assim, necesário encontrar com bom senso o procedimento adequado. Em algumas indústrias
a produção em curso no fim do mês é sempre idêntica ou irrelevante, o que permite desprezála para efeitos de custeio.
Noutra é possível efectuar estimativas adequadas.
Conhecida a quantidade em curso e o grau de acabamento, recorre-se ao Método das Unidades equivalente para
valorizar aquelas existências.

3.3.1. Método das Unidades Equivalentes


O pressuposto básico é que o custo do produto no método indirecto é obtido pela soma dos custos obtidos ao longo
dos diversos centros.
Na prática, porém, não é assim porque:
1- Nem sempre todo o produto iniciado é terminado, ou seja, nem todo o produto terminado foi iniciado nesse
período. Resumindo, pode haver produtos em vias de fabrico no início e no fim do período considerado;
2- Nem todo o produto que termina uma fase contínua o processo até ao fim ou passa para o processo seguinte ou
fases seguintes. Pode ser vendido ou armazenado na forma em que se encontra;
Assim sendo, é preciso encontrar o custo unitário no final de cada fase. Há que atribuir valor aos PVF. Para avaliação
da produção em curso recorre-se ao Método das Unidades Equivalentes.
Este método é adoptado para valorizar a produção em vias de fabrico. Consiste em reduzir as quantidades
(número de unidades) em curso de fabrico, com graus de acabamento variáveis, a unidades de produto acabado.
A unidade de produto acabado constitui a unidade equivalente.
3.4. Método Misto
Quando o método de custeio dos produtos se faz pelo método indirecto até certa fase de produção e, a partir daqui
segue-se o método directo.
Para o primeiro caso, utiliza-se o método indirecto e, para o segundo, o método directo.
É o caso das empresas que produzem certos produtos que podem ser vendidos nos mercados na qualidade de
semiacabados, ou serem adaptados consoante o pedido de certos clientes.
4. PRODUÇÃO CONJUNTA
Os processos produtivos das empresas podem ser simples ou múltiplos.
Os processos produtivos simples são aqueles cujo objecto é a fabricação de um único produto. Os processos
produtivos múltiplos são aqueles através dos quais se obtêm vários produtos diferentes. Por outro lado, os processos
produtivos podem ser disjuntos ou conjuntos.
Produção disjunta
É um regime de fabricação múltipla em que, a partir da transformação das matérias-primas, se obtêm vários
produtos autónomos, isto é, a produção de cada um deles não depende dos outros.
Produção conjunta
Considera-se que uma empresa labora em produção conjunta quando a fabricação de um produto obriga
necessariamente à fabricação de dois ou mais produtos, a partir da transformação de uma matéria-prima.
Exemplos:
Ø Obtenção do petróleo, gasóleo e fuel a partir da destilação do petróleo bruto;
Ø Produção de leite, manteiga, queijo e soro a partir do leite;
Ø Produção de farinhas de 1ª e 2ª qualidade, sêmeas a partir da moagem do trigo.
Custos conjuntos
São aqueles que respeitam a um processo produtivo de que resultam dois ou mais produtos e que até determinada fase
de fabricação ( o chamado ponto de separação) não se podem identificar como produtos distintos.
Podem ocorrer em diferentes fases da produção da empresa, isto é, numa fase intermédia ou numa fase final.
A repartição dos custos conjuntos, depende do facto de os produtos terem ou não valor comercial igual o que à
partida, sugere uma classificação dos produtos de acordo com o seu valor comercial.
4.1. Tipologia de produtos em produção conjunta
Os produtos conjuntos têm as seguintes designações consoante a sua importância relativa: Co-produtos, Subprodutos
e Resíduos.

Produtos Principais ou Co-produtos


Designam-se por produtos principais ou co-produtos os produtos conjuntos que aqueles que constituem o objecto
principal da exploração e têm um valor comercial elevado quando comparados com outros proodutos.
Entre sí não apresentam diferenças significativas.
Subprodutos ou produtos secundários
São produtos secundários ou de baixo valor comercial, não tendo a fabricação como objectivo a sua produção, mas
sim a do produto principal, estando os subprodutos apenas associados. Ex.: as sêmeas nas moagens. Estes produtos
secundários podem ser vendidos ou utilizados na própria exploração, como matérias.
Embora vendáveis, o seu valor comercial tende a ser inferior ao dos produtos principais. No caso de venda, o
montante obtido pode ser encarado como um benefício a adicionar aos resultados da venda dos produtos principais ou
como deduções ao respectivo custo industrial. Se, para vender o subproduto, for necessário suportar encargos, estes
deverão ser deduzidos ao valor da venda.Se o produto for utilizado na própria exploração poderá ser contabilizada,
por exemplo, pelo preço corrente no mercado.
Resíduos, desperdícios ou refugos
São aqueles produtos que podem ter algum valor comercial ou não. Estes podem resultar da utilização das matérias-
primas ou da própria transformação (escórias, poeiras, ossos no abate de gado, sobras de chapa não aproveitáveis
numa metalomecânica, etc.). Alguns deles não têm qualquer valor. Outros podem ser vendidos ou utilizados na
produção. Consideremos os seguintes casos:
1. Valor nulo - estes desperdícios e resíduos podem não ter qualquer outro valor, mas a sua eliminação ou seja
desaparecimentos implicarem gastos. Se o montante desses gastos for pequeno, poderá contabilizarse como despesas
gerais da empresa. Caso contrário, corresponde a um acréscimo do custo de produto principal.
2. Venda - no caso de serem vendidos, têm um tratamento contabilístico idêntico ao dos subprodutos, ou seja, o valor
da venda poderá constituir um acréscimo nos resultados ou uma diminuição do custo industrial.
3. Reutilização - a avaliação e contabilização dos desperdícios e resíduos que se utilizam na exploração, regra geral
como combustíveis, poderão ser feitas a preços de mercado ou a preços convencionais.
Os resíduos, desperdícios ou refugos, nem sempre existem. Casos existem em que os resíduos, para além de não
possuírem qualquer valor, a sua remoção e transporte envolve custos adicionais que devem ser considerados custos
dos produtos que os acasionaram.
4.2. Apuramento do custo industrial dos produtos conjuntos
Na produção conjunta, o custeio dos produtos apresenta dificuldades específicas. Com efeito, neste tipo de produção,
podemos distinguir duas fases principais na fabricação dos produtos:
1. Fase da produção conjunta, que é a que se verifica até ao ponto de separação dos produtos, ocasionando gastos que
se designam por custos conjuntos.
2. Fase(s) seguinte(s) - que eventualmente pode(m) não existir - em que os semiprodutos obtidos no ponto de
separação são acabados, em regime de produção disjunta, implicando os chamados custos específicos.
O problema que a produção conjunta apresenta, no que respeita ao custeio dos produtos, tem a ver com os custos
conjuntos. Com efeito, estes são custos comuns aos produtos conjuntos, não havendo qualquer possibilidade de
conhecer os custos reais de cada um deles. Assim, e tendo em conta a necessidade de calcular os custos por produtos,
adoptam-se certos critérios para repartir os custos conjuntos pelos produtos.
4.3. Critérios de repartição dos custos conjuntos pelos produtos
4.3.1. Co-produtos
Na produção conjunta existe habitualmente, dificuldade na obtenção dos custos reais que estão imputados a cada um
dos produtos, pelo que se utilizam para cálculo dos custos por produto, métodos ou critérios que permitem repartir os
custos conjuntos pelos diversos produtos (coprodutos, subprodutos e resíduos); embora os custos industriais unitários
dos produtos conjuntos não tenham relevância para se tomarem decisões relacionadas com a sua rendibilidade, visto
não influenciarem o aumento ou diminuição da produção, nem quaisquer transformações a efectuar nos produtos.
Quanto aos co-produtos, adoptam-se, entre outros, os seguintes critérios:
1. Das quantidades produzidas (ou do custo unitário médio) - repartem-se os custos conjuntos pelos produtos
proporcionalmente às quantidades obtidas de cada um deles. Usado quando os produtos principais se encontram
expressos na mesma unidade de medida. Apresenta o inconveniente de não atender ao valor comercial nem aos custos
específicos industriais e não industriais dos produtos.
2. Do valor de venda da produção - consiste em repartir os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente ao
respectivo valor de venda da produção. Ultrapassa as limitações do anterior ao permitir a sua aplicação em produtos
expressos em unidades de medida diferentes e ao ponderar o valor comercial de cada produto. Porém, apresenta ainda
o inconventiente de não levar em conta os custos específicos industriais e não industriais dos diversos produtos;
3. Do valor de venda da produção reportado ao ponto de separação - repartem-se os custos conjuntos pelos produtos
proporcionalmente ao seu valor de venda no ponto de separação, isto é, ao valor de venda da produção deduzido dos
custos específicos industriais e não industriais.
4.3.2. Subprodutos
Para a valorização dos subprodutos podem ser utilizados os seguintes critérios:
1. Custo nulo - os produtos principais (co-produtos) suportam todos os custos conjuntos e assume-se que os
subprodutos não possuem qualquer custo. Os produtos principais ficam, por conseguinte, com um custo superior e o
valor de venda dos subprodutos representa, na sua totalidade, um lucro para os mesmos.
2. Lucro nulo (o mais utilizado) - atribui-se aos subprodutos, um custo igual ao valor da sua venda no mercado.
Assim, os subprodutos não propiciam qualquer resultado, pelo que o valor de venda deduzido dos custos com a venda
é - subtraído dos custos conjuntos. O valor dos custos atribuídos aos coprodutos é, assim inferior e os subprodutos
proporcionam um resultado nulo.
4.3.3. Resíduos
Quando os resíduos têm valor de mercado - este é conhecido - poderá adoptar-se um critério idêntico ao referido para
os subprodutos, isto é, atribuir-se-lhe um custo igual ao seu valor de venda. São frequente os casos em que os
resíduos não têm qualquer valor de venda ou que este é hipotético. Neste caso, não se atribui ao resíduo qualquer
custo aquando da sua obtenção e, no caso de ser conseguido qualquer proveito com a sua venda, aquele é considerado
no resultado do produto ou produtos que o ocasionaram. Noutros casos, além de não terem qualquer valor, acontece
que a remoção dos resíduos da fábrica ocasiona encargos que devem ser considerados do produto ou produtos que os
ocasionaram.
4.3.4. Escolha dos critérios
Põe-se, agora, a questão de seleccionar qual dos critérios atrás referidos para a repartição dos custos conjuntos pelos
co-produtos deve ser adoptado no caso concreto.
A questão liga-se também com a utilização dos custos industriais que a partir daqueles critérios se determinam.
Aquela utilização limita-se à avaliação dos stocks de produtos existentes no fim de cada período contabilístico e, por
conseguinte, à determinação dos resultados. Com efeito, os custos unitários determinados a partir daqueles co-
produtos serão valorizados por custos unitários que, relativamente ao respectivo valor de venda reportado ao ponto de
separação, se traduzem por percentagens iguais.
4.4. Os custos conjuntos e a tomada de decisões
Os custos industriais unitários determinados para os produtos conjuntos não servem para tomar decisões relacionadas
com a rentabilidade daqueles, nomeadamente as que se relacionam com:
1. O aumento ou redução da produção, pois não se pode aumentar ou reduzir isoladamente a produção de um produto,
pois esta arrastará, necessariamente, a produção do outro. Tendo em conta que na produção conjunta não é possível
conhecer qual a parte dos custos conjuntos que a cada produto respeita, decisões deste tipo só podem ser tomadas a
partir do resultado global do grupo de produtos em causa.
2. Transformação adicional que deve ser feita aos produtos obtidos no ponto de separação. A questão que se coloca é:
"vender o produto no estado em que se obtém no ponto de separação ou efectuar operações de transformação
adicionais, e qual a profundidade destas". Estas decisões deverão basear-se nacomparação dos proveitos adicionais
resultantes da transformação em causa com os custos específicos
do produto que aquela ocasiona.
5. PRODUÇÃO DEFEITUOSA
Nem sempre os produtos acabados são obtidos com os padrões de qualidade, dimensões ou relativamente à matérias e
aos custos de transformação dispendidos, nas quantidades consideradas normais. Poderão distinguirse,
fundamentalmente as seguintes situações:
1. Em certas actividades, a qualidade ou a dimensão do produto acabado obtido pode não ser uniforme, pelo que se
classifica a produção em diversas qualidades ou escolhas, de valor de venda diferenciado; na indústria cerâmica -
como é o caso da produção de azulejos – o controlo de qualidade a que se submete o produto leva a que seja
classificado em dois grupos – 1ª e 2ª escola - de valor sensivelmente diferente; na indústria do vestuário, também
parte da produção obtida tem defeitos, pelo que é classificada em escolhas com valores de venda diferenciados;
2. Noutras actividades, obtêm-se unidades que não se encontram em condições de serem vendidas, entrando nalguns
casos, de novo no ciclo de produção. É o caso do fabrico de bolachas, em que é característica do processo de fabrico
obterem-se bolachas partidas ou de qualidade inferior aos padrões estabalecidos. Estas unidades defeituosas
designam-se por “pisão”. Este é moído, entrando novamente na produção como matéria-prima;
3. Em certas produções, a quantidade de produto obtido está relacionada linearmente com a qualiade de matéria-
prima utilizada. A obtenção de uma quantidade mais baixa do que a normal implica prejuízos que convém
determinar.
A questão da produção defeituosa deve ser analisada sob uma dupla perspectiva:
(i) controlo de custos e (ii) determinação do custo industrial dos produtos.
Sob o aspecto de controlo de custos, o apuramento e reporte de dados sobre produção defeituosa interessam para que
se possam tomar decisões correctivas.
Contabilisticamente, os defeitos de fabrico são sujeitos a um dos seguintes tratamentos:
Ø Considerados dentro dos padrões normais de fabricação e o seu custo repartido pela produção sem defeito;
Ø Considerados acidentais e o seu custo deduzido ao custo de produção para ser imputado à Conta de
Resultados Acidentais

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