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Filosofia Moderna e Contemporânea
Filosofia Moderna e Contemporânea
SUMÁRIO
Racionalismo .................................................................................................................... 4
Empirismo ........................................................................................................................ 5
Iluminismo ........................................................................................................................ 7
Positivismo ....................................................................................................................... 8
Hegelianismo .................................................................................................................... 9
Marxismo ........................................................................................................................ 10
Método científico............................................................................................................ 12
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 26
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NOSSA HISTÓRIA
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FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
TEORIA DO CONHECIMENTO
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A Igreja Católica, por sua vez, contra-atacou a reforma, dando maiores poderes à
Inquisição.
Na Idade Moderna (século XVII ao começo do XVIII), procurou-se vencer o
pessimismo teórico. Para tal, a filosofia moderna (também conhecida como Grande
Racionalismo) propôs algumas mudanças. Em vez de se tentar compreender a natureza e
os seus objetos, a Filosofia deveria se preocupar com a reflexão, ou seja com o sujeito do
conhecimento. Há também a noção de que a natureza, a sociedade e a política podem ser
inteiramente conhecidas pelo sujeito do conhecimento. E, por fim, a realidade seria
racional, um sistema ordenado de causalidades físico-matemáticas perfeitas e plenamente
conhecíveis pela razão humana. (CHAUÍ, p. 48-49)
A razão, para os filósofos modernos, pode ser utilizada pelo sujeito do
conhecimento para não só conhecer a realidade, mas também alterá-la. O homem poderia
controlar a natureza, por meio de máquinas, para a satisfação das suas necessidades. Na
Filosofia Moderna, destacam-se duas correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo.
Racionalismo
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As ideias inatas não são sujeitas a erro, pois são independentes das ideias que vêm
de fora, aquelas formadas pela ação dos sentidos, e pela imaginação. Portanto, para o
racionalismo cartesiano, a razão e o conhecimento surgem de dentro do indivíduo, e não
de fora. Há uma separação entre o material e o “espiritual”. Aquilo que deve ser confiável
é somente o que pode ser captado pelo espírito, as ideias inatas.
Qual a importância do racionalismo cartesiano? Ele acentuou o caráter absoluto e
universal da razão, que descobre todas as verdades possíveis. A partir do século XVII,
buscou-se um ideal matemático, uma matemática universal, uma maneira de se tentar
compreender o mundo, as ideias, as coisas totalmente pela inteligência, com ordem e
medida. A matemática, então, para o racionalismo, é o modelo perfeito de conhecimento
verdadeiro.
A resposta dos britânicos ao racionalismo cartesiano, foi o empirismo,
representado principalmente por Francis Bacon, John Locke e David Hume.
Empirismo
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Entre os empiristas, vale destacar Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-
1704) e David Hume (1711-1776). Bacon tinha como lema “saber é poder” e sua principal
obra foi “Novum Organum”, na qual denuncia os preconceitos e noções falsas, que
dificultam a compreensão da realidade. Ele denomina esses preconceitos e noções falsas
de “ídolos”, que podem ser de quatro tipos: a-) ídolos da tribo – são da própria espécie
humana, quando as percepções fazem analogia com a mente humana e não com o
universo; b-) ídolos da caverna – oriundos dos homens como indivíduos, cada um tem
uma maneira particular de entender as coisas, o que pode corromper a verdade; c-) ídolos
do foro – das relações comerciais e sociais, nas quais os homens se deixam levar mais
pela conversa que pelo intelecto; d-) ídolos do teatro – chegam ao homem por meio de
doutrinas filosóficas e regras viciosas.” (ARANHA & MARTINS, p. 132-133)
John Locke, em “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, preferiu o caminho
psicológico para investigar a origem das ideias, que tem como fontes a sensação e a
reflexão. “Sensação é o resultado da modificação feita na mente por meio dos sentidos.
A reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão se
reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela
sensação.” (ARANHA & MARTINS, p. 133).
Para Locke, a produção de uma ideia simples na mente depende da qualidade do
objeto, que provoca algumas percepções sensíveis. Essas qualidades podem ser primárias
– que possuem caráter objetivo por existirem realmente nas coisas (solidez, extensão,
configuração, movimento, repouso, número) - ou secundárias – que variam sujeito para
sujeito (cor, som, odor, sabor). Já as ideias complexas são atadas e desatadas das ideias
simples. As ideias complexas são formadas pelo intelecto, assim não tem validade
objetiva. São mais como nomes para denominar e ordenar as coisas. “Locke critica a
doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa
(tábua sem inscrições), como uma cera em que não há qualquer impressão, e o
conhecimento só começa após a experiência sensível.” (ARANHA & MARTINS, p. 133)
Segundo o escocês David Hume, só se pode observar os fenômenos, pois o
mecanismo íntimo do real não é passível de experiência. “O que observamos é a sucessão
dos fatos ou a sequência de eventos e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou
eventos. É o hábito criado pela observação de casos semelhantes que nos faz ultrapassar
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o dado e afirmar mais do que a experiência pode alcançar. (ARANHA & MARTINS, p.
134)
Iluminismo
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Positivismo
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Comte classifica as ciências pela ordem de importância e também cronológica:
astronomia, física, química, biologia e física social (sociologia). Ele é tido como o pai da
sociologia. No seu entendimento, a sociologia é dominante com relação aos outros
saberes científicos. A sociologia de Comte aproveita os modelos da biologia para explicar
a sociedade como um imenso corpo. Porém, só algumas pessoas – uma elite como a parte
frontal do cérebro mais desenvolvida, capaz de ter maior inteligência e sentimentos
morais – dirigiria o restante da sociedade – que deveria ser dominada por não saber
controlar sua afetividade, o que causaria desordem. Essa ordem, para Comte, de uma elite
dominar os demais era essencial para a efetivação do progresso da humanidade.
O positivismo exerceu grande influência no Brasil, principalmente por meio de Luís
Pereira Barreto e do militar Benjamin Constant (um dos articuladores da proclamação da
república). Não é à toa que o lema da bandeira brasileira é “ordem e progresso”.
Hegelianismo
O alemão Georg Wilhelm Hegel (1770-1831) diz que a razão é histórica. Há todo
um devir, um vir a ser, um movimento, pois nada seria estático. Usa o princípio da
contradição para desenvolver a sua dialética. “Hegel desenvolve novo conceito de
história, também dialético: o presente é engendrado por longo e dramático processo; a
história não é simples acumulação e justaposição de fatos acontecidos no tempo, mas
resulta de um processo cujo motor interno é a contradição dialética.” (ARANHA &
MARTINS, p. 143) Cada época, segundo Hegel, era regida por um “Espírito do Tempo”
(Zeitgeist). Quer dizer, cada época tinha uma característica peculiar, que a diferenciava
das demais.
Partiu do pressuposto de que todo ser já contém em si a semente da sua própria
destruição. Há três etapas na dialética: 1 – tese (afirmação), 2 – antítese (negação) e 3 –
síntese (negação da negação). O mundo, para Hegel, seria a manifestação da própria Ideia,
sendo a história universal a manifestação da razão. O ponto de partida é a Ideia pura (tese).
Mas para que a Ideia possa se desenvolver, necessita criar algo que lhe é oposto, a
Natureza (antítese) – matéria alienada, ou seja, privada de consciência. Desse conflito,
entre a Ideia (tese) e a Natureza (antítese), nasce o Espírito, que é, ao mesmo tempo,
pensamento e matéria. A Ideia, então, toma consciência de si por meio da Natureza. Esse
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movimento dialético se desenrola sucessivamente até atingir o Espírito Absoluto, a
síntese final, cuja maior representação estaria na Filosofia.
Marxismo
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Escola de Frankfurt
CIÊNCIA E MÉTODO
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Muitas vezes, o senso comum é adquirido pela vivência, pela tradição oral. É
relacionado ao cotidiano, numa tentativa de compreendê-lo, para que se possa atuar no
mesmo. O senso comum é constituído de crenças, pois é espontâneo e não crítico.
Não raro, a ciência confronta o senso comum, no intuito de desmistificar
preconceitos. Antes da revolução científica do século XVII, o senso comum ajudou a
sistematizar o conhecimento. Porém, isso não era o suficiente. Havia uma necessidade de
maior certeza que só poderia ser trazida pela ciência.
A ciência é um corpo de conhecimentos organizados e que permite fazer
classificações. Necessita de investigações sistemáticas, bem fundamentadas. Geralmente,
as explicações científicas baseiam-se em enunciados gerais, os princípios, que explicam
diversos fenômenos. Já o senso comum resulta de conhecimento particular, de uma
amostra da realidade, que é generalizado, às pressas, gerando imprecisão. A seleção dos
dados, nesse caso, não é rigorosa.
O conhecimento científico é geral, pois suas conclusões não valem só para
determinados casos observados, mas para todos os que são semelhantes. Já no senso
comum, o conhecimento é fragmentário, pois explica somente o caso observado, sem se
preocupar com enunciados gerais.
O senso comum é subjetivo, já a ciência é objetiva. Por exemplo, pela pela se pode
sentir calor ou frio, cujas sensações variam de pessoa para pessoa. Com um termômetro
mede-se objetivamente a temperatura. Assim sendo, as conclusões da ciência, dotadas de
objetividade, podem ser verificadas por outros membros da comunidade científica,
porque, na medida do possível, há impessoalidade.
Método científico
Galileu Galilei revolucionou a física no século XVII, ao afirmar que a terra girava
em torno do Sol e não o contrário. A ciência, tal como se conhece hoje, é algo recente,
que tem em torno de 400 anos. Moderna e contemporaneamente, a ciência determina seu
método de investigação e cria um método confiável para fazer o controle desse
conhecimento. Com isso, se atinge um conhecimento sistemático, com precisão e
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objetividade, que possa permitir a elaboração de enunciados gerais acerca dos fenômenos.
Como se sabe, há várias ciências. “Cada ciência se torna então uma ciência particular, no
sentido de delimitar um campo de pesquisa e procedimentos específicos. As ciências são
particulares na medida em que cada uma privilegia setores distintos da realidade: a física
trata do movimento dos corpos; a biologia, do ser vivo etc. Recentemente, a partir do
século XX, surgem as ciências híbridas, tais como a bioquímica, a biofísica, a
mecatrônica, a fim de melhor resolver problemas que exigem, ao mesmo tempo, concurso
de mais de uma delas.” (ARANHA & MARTINS, p. 158)
A ciência pretende conhecer as causas do mundo, a sua estrutura causal. Tende à
imparcialidade, à autonomia e à neutralidade. Por imparcialidade, entende-se que não se
toma partido, pois os dados concluídos foram obtidos por meio de padrões rigorosos de
avaliação, por meio de um método preciso e objetivo. Com relação à neutralidade, pode-
se dizer que, na ciência, não há valoração moral ou social. Seria neutro por não atender a
algum valor em particular, sem servir a interesse específico algum. A autonomia, por sua
vez, se refere ao fato de que as instituições científicas deveriam estar isentas de qualquer
tipo de influência externa, seja do mercado ou do governo, para produzirem teorias
imparciais e neutras.
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e de sua atividade, de se perceber como pertencendo a uma comunidade e identificar os
valores subjacentes à sua prática.” (ARANHA & MARTINS, p. 161)
Razão instrumental
TRABALHO E ALIENAÇÃO
Revolução Industrial
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cabia o ócio digno, ou seja, tempo para melhorar o corpo e o espírito. O mesmo se deu
em Roma, tanto que a palavra negócio significa negação do ócio.
O ditado popular “todos os trabalhos são dignos” remonta a São Tomás de Aquino.
Contudo, como sua doutrina se baseava no greco-macedônico Aristóteles, o doutor
angélico valorizou mais o trabalho intelectual que o trabalho braçal.
Com a ascensão dos burgueses, na Idade Moderna, a situação começou a mudar.
Muitos dos burgueses foram servos dos senhores feudais. Eram acostumados com o
trabalho braçal. Com isso conseguiam acumular certas quantias que lhes permitiam
comprar sua liberdade para que, depois, se tornassem comerciantes.
As fábricas surgiram no começo da Idade Moderna, fazendo surgir uma nova
classe, o proletariado. As antigas corporações de ofício, nas quais os mestres artesões
ensinavam uma profissão aos seus discípulos, sucumbiram ante à nova organização
burguesa do mundo, não conseguindo competir com os então novos produtos
industrializados.
Muitos desses mestres e seus discípulos, assim como grande parte dos camponeses
e demais classes sociais – incluindo nobres empobrecidos, passaram a ser mão-de-obra
barata das fábricas. Os proletários (funcionários) vendiam sua força de trabalho em troca
de salário. O fruto do trabalho não era mais dos trabalhadores, mas do empresário (o
capitalista), que comprava a força de trabalho, vendia a produção e ficava com os lucros.
A revolução industrial acelerou muito a exploração do trabalhador. No século
XVIII, com a máquina a vapor, a indústria têxtil, tendo como maior expoente a Inglaterra,
aumentou a produção. Fato semelhante ocorreu no campo, que também deixou de ser
extremamente rude e artesanal, sendo abarcado igual e paulatinamente pela mecanização.
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que ao extremo, já que naquela época, por exemplo, não existiam direitos trabalhistas.
Com resposta a esta situação, surgiram os movimentos socialistas e anarquistas.
Taylorismo e Fordismo
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Alienação
Marx escreveu que, com a divisão do trabalho e a acentuação da propriedade
privada dos meios de produção, o produto do trabalho deixou de pertencer a quem o
produziu. Há alienação, pois o trabalhador transfere para outrem (o empresário) aquilo
que é seu. Nesse ínterim, o trabalhador perde o centro de si mesmo, sendo controlado em
todo o processo produtivo.
Ocorre, segundo Marx, o fetichismo da mercadoria e a reificação do trabalhador.
Fetichismo da mercadoria ocorre ao se dar demasiado valor ao produto. O valor da
mercadoria (valor de troca) no mercado se torna maior que os valores de uso (o que vale
pela sua utilidade), influenciando sobremaneira as relações humanas.
A mercadoria passa a valer mais que as pessoas. Vale o que a pessoa tem e não o
que a pessoa é. A mercadoria é “humanizada” e a pessoa é “desumanizada”. A pessoa
vira mercadoria e a mercadoria adquire o status de pessoa.
Na alienação na produção, a intensa burocratização das organizações dá a todo o
processo e ao sistema uma imagem de neutralidade e de eficácia, como se estivessem
fundamentados num saber objetivo, neutro, desinteressado. Mas, na verdade, é uma
técnica de controle social. O homem é formatado, coisificado, como se fosse mais uma
peça da imensa engrenagem da fábrica.
O taylorismo, em vez de usar a violência física, utiliza formas de domesticação
sofisticadas, deixando o trabalhador dócil e submisso. “É um sistema que impessoaliza a
ordem, que não aparece mais com a face de um chefe que oprime, diluindo-a nas ordens
de serviço vindas do setor de planejamento. Retira toda a iniciativa do operário, que
cumpre ordens, modela seu corpo segundo critérios exteriores, científicos, e cria a
possibilidade da interiorização da norma, cuja figura exemplar é a do operário-padrão, até
um certo tempo atrás objeto de prêmios e modelo a ser seguido por todos. Ainda hoje o
recurso a gratificações e promoções para se obter índices cada vez maiores de produção
gera a caça aos postos mais elevados na empresa e estimula a competição em vez da
solidariedade. A fragmentação dos grupos e do próprio operário facilita ao dono da
empresa o controle do produto final.” (ARANHA & MARTINS, p. 46)
A alienação na produção se deu tanto no capitalismo quanto no socialismo real.
Na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Vladimir Ilitch Ulianov,
o Lênin, também racionalizou a produção, sob a o pretexto de que os frutos da produção
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não iriam para o capitalista, mas para o Estado, já que a propriedade privada foi eliminada
em 1917, com a Revolução Russa. O resultado foi a burocratização do próprio Estado e,
tal como no capitalismo, houve a “coisificação” do trabalhador.
Mesmo sob o manto da objetividade científica, entre aspas, a racionalização do
trabalho tinha em si uma irracionalidade, pois deixou o homem vazio, relegando a
segundo plano seus sentimentos, emoções e desejos. “As pessoas que aparecem nas fichas
do setor pessoal são vistas de modo impessoal, sem amor nem ódio. O burocrata-diretor
torna-se um profissional que as manipula como se fossem cifras ou coisas.” (ARANHA
& MARTINS, p. 47)
Com a ampliação do setor de serviços, aumentou-se a chamada classe média.
Novas profissões surgiram, abrigando mais executivos e burocratas. Acentuou-se o
individualismo e a competição predatória, deixando o ser humano mais fechado em sua
dimensão privada, já que não se importava mais com as questões públicas, pois estas não
estariam afeitas ao seu trabalho. Os indivíduos buscavam cada vez mais a satisfação
imediata, personificada no hedonismo, ou seja uma cultura focada no prazer e no lazer,
já que no trabalho essa alegria seria impossível. Agora, a alienação se dá no nível do
consumo.
Na alienação no consumo, os trabalhadores ao conseguirem algum progresso
material partilham o espírito capitalista. O consumo é uma atividade humana natural para
a satisfação das suas necessidades. Porém, no capitalismo, por diversas vezes, o ser
humano é induzido a comprar coisas ou serviços que nem sempre compraria se estivesse
mais consciente. “A produção em massa tem por corolário o consumo de massa. O
problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas,
sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem
de maneira alienada. (...) O consumo se torna alienado quando passa a ser um fim em si
e não um meio, criando dessa forma desejos nunca satisfeitos, um sempre querer mais,
um poço sem fundo. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais,
o que faz com que as pessoas gastem sempre mais o que tem.” (ARANHA & MARTINS,
p. 47-48)
O que ocorre com a população de menor poder aquisitivo? Como ela não se revolta
porque não consegue comprar aquilo que vê na televisão e outros meios de comunicação?
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O capitalismo proporciona ilusões de mobilidade social, pelo trabalho e pelo estudo. Caso
isso não ocorra, foi por falta de sorte, incompetência ou algo do tipo. As telenovelas
participam de modo marcante nesse tipo de alienação. Outra fantasia comum é a de ganhar
na loteria. Outro meio de se tentar suprir a ânsia de consumo por produtos caros é a
manufatura de produtos de menor preço e qualidade, semelhantes ao utilizado pela
“madame” ou artista de telenovela, que possam ser comprados pela camada menos
favorecida. O ser humano fica preso na dimensão do consumo, de que o consumo lhe
trará a felicidade. E se perde a liberdade.
Se a produção e o consumo são alienados, também é o lazer. As pessoas vivem
estressadas, pois seus trabalhos são mecânicos e repetitivos. Suas mentes estão tão
“pesada”, que buscam tipos de diversões estimulantes ou mesmo violentas, para tentarem
“sentir” alguma coisa, já que, em vida, parecem quase mortos, zumbis das linhas de
produção ou das cadeias de prestação de serviço. Na alienação do lazer, a publicidade é
decisiva na direção das escolhas, modismos e programas.
Quem tem mais dinheiro, gasta com boliche, patinação, danceterias, restaurantes,
barzinhos específicos, conforme o modismo da época. Mas e quem não dispõe desses
recursos financeiros? “Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura
que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades
gratuitas: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de
futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Essa restrição torna
muito reduzida a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos
que as pessoas se encontram submetidas a várias formas de massificação pelos meios de
comunicação.” (ARANHA & MARTINS, p. 49)
Se a pessoa não tem possibilidade econômica de escolher o seu lazer, não há como
se participar ativamente na construção do seu lazer. Não há reformulação da experiência,
nada se acrescenta, pois se reforçam comportamentos mecanizados.
Sociedade pós-industrial
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trabalhar em casa (tele trabalho). Esses trabalhadores dispõem de maior flexiblidade de
horário e maior autonomia, não precisam bater cartão ou ficarem em locais fixos. Podem
fazer seu serviço na própria residência.
Algumas empresas passam a se preocupar com formas mais saudáveis de
relacionamento, visando ética, compromisso e qualidade de vida. Mas essas preocupações
estão alinhadas com o capitalismo, com intuito sempre de lucro. Ampliam-se também a
quantidade de organizações não governamentais (ONGs), que não são nem do governo,
nem empresas privadas, mas uma forma de uma entidade privada atuar com funções
públicas. As ONGs sobrevivem de doações e, geralmente, abraçam causas públicas e
coletivas.
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das belas artes produzidas ou criadas no presente por artistas individuais, que se dirigiam
a um público majoritariamente burguês, isto é, escolarizado, instruído e endinheirado,
consumidor de obras de arte.”
Embora houvesse uma nítida divisão de classes socioeconômicas para distinguir
cultura popular e cultura erudita, a distinção levou em conta o processo de elaboração de
cada uma delas, assim como a sua qualidade. Dizia-se que a arte popular era mais simples
e menos complexa que a arte erudita, mais sofisticada quanto à forma e conteúdo. A
popular era mais repetitiva e tradicional, já a erudita, de vanguarda e futurista. Quanto ao
público, a autoria geralmente é desconhecida e artista e audiência são praticamente os
mesmos, com relação à erudita, há sempre distinção entre o artista (criador) e a audiência
(consumidores). O artista popular busca inspiração no seu ambiente, na sua vida, que é o
mesmo do seu público, o que facilita a compreensão da sua obra. Na erudita, o artista não
tem sua obra compreendida de imediato porque só entendidos no assunto a entendem,
pois é carregada de novos meios de expressão.
Com o desenvolvimento da sociedade industrial, cada vez mais os trabalhadores
saíram do campo para se fixarem nas cidades. Começaram a morar nas periferias,
deixando para trás sua cultura e arte, originais das suas terras de origem. Mas nos seus
bairros e locais de trabalho, junto aos familiares, novos vizinhos e colegas de serviço,
construíram uma cultura própria, também conhecida como cultura popular. Mas também
viraram consumidores de produtos industriais produzidos em larga escala, réplicas de
qualidade e preço inferior das criações da cultura e da arte de alite, a cultura e a arte de
massa.
Hoje, as artes podem ser classificadas em: “folclore (as tradições coletivas
nacionais populares), popular (as criações dos artistas que pertencem à classe
trabalhadora, erudita ou de elite (as criações complexas e de vanguarda de artistas
individuais que se dirigem a um público restrito) e de massa (financiada por empresas
que fazem tanto as reproduções simplificadas das obras da arte erudita como também
compram para produção em escala industrial as obras de artistas individuais e as destinam
ao mercado de consumo em larga escala).” (CHAUÍ, p. 289)
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permitiria que mais pessoas tivessem acesso aos bens culturais e artísticos. Isso seria uma
democratização cultural e artística, pelo potencial de divulgação, principalmente, dos
livros, artes gráficas, fotografia, rádio e cinema. Um dos exemplos do potencial libertador
da cultura foi a impressão da Bíblia traduzida para o alemão por Martinho Lutero,
impressa por Gutenberg, que inspirou outras impressões do livro sagrado para diversos
idiomas. Democratizou-se a leitura da Bíblia, com isso, os camponeses alemães e
holandeses passaram a questionar seus governantes, pois verificavam, por si mesmos, que
estes não seguiam fielmente o que estava nas escrituras.
No entanto, outro grupo de pensadores da Escola de Frankfurt, especialmente Max
Horkheimer e Walter Benjamin, examinaram uma questão até então ignorada. Com a
inauguração da sociedade pós-industrial, as artes e a cultura se libertaram da religião, mas
eram profundamente influenciadas pelo mercado capitalista e pela ideologia da indústria
cultural. “A expressão indústria cultural significa que as obras de arte são mercadorias,
como tudo o que existe no capitalismo. (...) Sob o poderio das empresas capitalistas, as
obras de arte verdadeiramente criadoras, críticas e radicais foram esvaziadas para se
tornarem entretenimento; e outras obras passaram a ser produzidas para celebrar o
existente, em lugar de compreendê-lo, criticá-lo e propor um outro futuro para a
humanidade. A força de conhecimento, crítica e invenção das artes ficou reduzida a
algumas produções da arte erudita, enquanto o restante da produção artística foi destinado
a um consumo rápido, transformando-se em sinal de status social e prestígio político para
artistas e seus consumidores e em meio de controle cultural por parte dos empresários e
proprietários dos meios de comunicação de massa.” (CHAUÍ, p. 290-291)
A ação da indústria cultural é devastadora e opera silenciosamente nas
consciências. Ela vulgariza as informações, fazendo com que as pessoas percam a
perspectiva crítica. Há uma diferença muito grande entre democratização da cultura e a
massificação cultural. Na democratização cultural, a cultura e a arte são direito de todos
e não privilégios de alguns. Na massificação da indústria cultural, separa-se os bens em
obras caras e obras baratas. Os bens caros são os acessíveis à elite. Os baratos, os dirigidos
à massa dos trabalhadores. Divide-se a população entre a que tem maior poder aquisitivo,
elite culta, e a de menor poder aquisitivo, a massa inculta. Há uma ilusão de que todos os
bens culturais estão disponíveis para todas as classes sociais, tal como num supermercado.
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Ora, sabe-se que os bens num supermercado estão à venda para todos, mas nem
todos podem comprá-los. “A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir
e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-
lo pensar, fazê-lo ter informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com
nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso comum cristalizado
que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova.” (CHAUÍ, p. 292)
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o próprio corpo do indivíduo, formam sua imagem como uma espécie de segunda
natureza ou de máscara colada em sua pele.” (CHAUÍ, p. 295-296)
Os meios de comunicação que mais se destacam, na indústria cultural, são o rádio
e a televisão, pois vendem entretenimento e lazer em forma de informação. Com estudos
mercadológicos, a programação é dívida em públicos A, B, C e D, segundo o poder de
consumo, e as ocupações (dona-de-casa, operário, executivos, etc), para que os
anunciantes possam escolher os melhores horários para veicularem suas mensagens
publicitárias, de acordo com públicos-alvo específicos. Essa regra, porém, não é absoluta.
Empresas podem anunciar produtos em programas não relacionados num primeiro
momento com seu público-alvo, na intenção de captar uma clientela de modo indireto.
No entanto, percebe-se que pode haver influência do anunciante no conteúdo dos
programas, como nos jornalísticos. O poder do anunciante pode também ser verificado
nas telenovelas e programas de auditório, em geral.
Os programas jornalísticos oferecem uma avalanche de informações como se
fossem todas reais, verdadeiras e legítimas. As informações são ligeiras e acabam, em vez
de informar, por desinformar o público. A simplificação demasiada proporciona a
dispersão da atenção e a infantilização das pessoas. Atividades que exigem maior atenção
não são mais atrativas, pois o público já se acostumou com a formatação proporcionada
pelas telenovelas e demais programas de televisão. Uma aula, por exemplo, que exige
maior atenção não chama tanto atenção quanto um espetáculo. E os intervalos das aulas
são como se fossem os intervalos comerciais, tornados tão necessários para que as pessoas
voltem a recobrar a capacidade de atenção.
A informática proporcionou maior aproveitamento das capacidades intelectuais
do ser humano, economizando tempo e demais tipos de esforço. Na primeira revolução
industrial, o trabalho do corpo era otimizado por meio das máquinas. Hoje, com a
informática, é o trabalho intelectual que é otimizado. Essa facilidade comunicativa
aumentou a velocidade das transformações e das transações econômicas. O ditado “tempo
é dinheiro” nunca foi tão verdadeiro quanto agora. Quem se imagina sem internet ou e-
mail hoje?
Há, ademais, alguns comentários acerca do potencial difusor de informações
proporcionados pelos computadores e pela internet. Ao mesmo tempo que ela inclui as
pessoas e as torna mais próximas, ela distancia as que não tem conhecimento de
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informática, por mínimo que seja, deixando-as mais alienadas e longe do mercado de
trabalho e de outros relacionamentos mais qualificados. Verifica-se, atualmente, o
fenômeno do analfabetismo digital. Ou seja, daqueles que não sabem se comunicar ou
utilizar computadores ou aparelhos mais sofisticados. São esses alguns dos paradoxos da
tecnologia.
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BIBLIOGRAFIA
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2006.
[1] Material elaborado para a disciplina de Filosofia.
[3] Alguns autores, inclusive, utilizaram o determinismo para justificar teorias racistas
que influenciaram sobremaneira o modo de pensar ocidental, dando-lhe ares de
cientificismo. No Brasil, por exemplo, pregou-se o estímulo da imigração europeia nos
séculos XVIII e XIX para se “branquear” a população brasileira, evitando-se a sua
degeneração. À época, a população era em sua maioria de mestiços. O modelo ideal de
raça superior era a europeia. Um dos principais artífices dessa ideologia foi o baiano
Raimundo Nina Rodrigues, profundamente influenciado pelas teorias do Conde de
Gobineau.
[4] As teorias dos frankfurtianos eram avançadas para a época, tanto que muitos dos
autores (também de origem judaica) foram perseguidos pelo regime nazista de Adolf
Hitler. Durante algum tempo, os autores se refugiaram em outros países. Por um
período a Escola de Frankfurt teve de se alojar nos Estados Unidos. Atualmente, sua
sede retornou a Frankfurt, na Alemanha.
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