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Esbozos Pirrónicos – Sexto Empírico

Hipotipóses Pirrônicas
Sánches Pacheco, 81, Madrid, 1993.

Escrito na primeira metade do século II d. C., sobre uma escola surgida no século I a.
C., de escrita escolástica. Primeira tradução para o latim em 1562. Sexto (segunda
metade do século I d.C.-130/140 d.C. inicia o uso do termo ceticismo.
Introdução
Influência dos esboços pirrônicos na filosofia moderna: A obra de Sexto Empírico
toma fama nos ensaios de Montaigne, especificamente na Apologia de Raimond Sebond
(Rebate a posição protestante de que a verdade está para cada qual, visto que o homem
não possui meios para alcançar a verdade objetiva, ‘defende’ o catolicismo). A França
vivia o conflito entre católicos e calvinistas. Hipotiposes vigora na primeira metade do
século XVII.
“Os setores tradicionais católicos encontraram nos pensamentos de Sexto Empírico suas
melhores armas contra as pretensões calvinistas de fazer valer sua própria inteligência
frente à autoridade de Roma” p. 9
Charron, La Mothe Le Vayer, Padre Gassendi, Padre Mersenne, Descartes (1596-1650)
Descartes estava no colégio jesuíta em La flèche quando os Esboços foram renascidos.
P.11 Ao querer superar os limites postos pelos céticos Descartes escreve em 1637 o
Discurso do Método e em seguida, na formulação definitiva de seu sistema publica
Meditações Metafísicas, com objetivo de estabelecer uma base sólida para a metafísica,
garantir a existência de Deus e a imortalidade da alma. O diferencial está na verdade
que Descartes introduz na filosofia moderna “uma certeza puramente subjetiva,
impossível de ser destruída, totalmente alheia as pretensões de universalidade da antiga
escolástica e a nova ciência.” p.12
Antecessores da escola cética: Visto a falta de precisão, convenciona-se que a escola
cética tenha nascido no ano 100 a.C. Os herdeiros de Pirro de Eléia (nascido em
Peloponeso 365-360 a.C, entra em contato com os gminosofistas indus através de
Anaxarco) p. 15, desde o século IV a. C. denominam-se céticos ou pirrônicos. Timon
(discípulo direto) Ptolomeu de Cirene (reinstaura) Enesidemo (escreve Argumentações
Pirrônicas) Sexto (fonte de bibliografia cética). Somente os escritos de Diógenes
Laércio garantem a existência de uma escola cética por todo o período Helenístico, de
forma paralela ao antidogmatismo existente na Academia de Platão.
Pirro “Nenhuma coisa é mais: nem mais certa nem mais falsa que outras; nem melhor
nem pior. Com essa disposição de ânimo é como podemos chegar a não nos
pronunciarmos sobre nada e conseguir a ataraxia ou tranquilidade (serenidad) de
espirito” p.15
Tímon 325-320 a. C. por meio das sátiras que parodiava os versos e as estruturas
homéricas, e suas cenas alegóricas em que o herói Pirro luta contra os demais filósofos,
apreço que se iniciou nos seus 30 anos de idade até a morte de Pirro. Seu período ativo
coincide com a direção de Arcesilau da academia
Arcesilau 315-241/240 a. C. morou desde muito jovem em atenas, quinto sucessor da
Academia Platônica, grande parte da primeira metade do século III a.C e grande parte
do começo do século II a.C. “Com Arcesilau o pirronismo deixou de ser uma proposta
quase exclusivamente moral e entrou decididamente no problema gnosiológico da
validez do conhecimento” p.18. Pauta-se na distinção de Parmênides de opiniões e
conhecimento verdadeiro. Ataca as impressões catalépticas.
Carnéades 215/213 – 129/128 a.C. em Cirene. P.20 “Também, com efeito, estava de
acordo que a distinção entre representações mentais verdadeiras e falsas era gratuita,
posto que não havia um critério que permitisse a distinguir umas e outras” p.21
“Carnéades considerava excessiva o princípio pirrônico de “Nada é mais” Por ele foi
proposto deixar de lado a distinção “verdadeiro/falso” e aceitar uma classificação dos
conhecimentos baseada em seu grau de fiabilidade. Distinguiu assim “conhecimentos
prováveis, conhecimentos prováveis e contrastados e conhecimentos prováveis,
constatados e não desconcertantes” p.21
A escola cética: A academia abandona o antidogmatismo com Antíoco em 80 a.C.
Renasce o pirronismo paralelamente com Ptolomeu de Cirene. Sexto governa a escola
entre os anos 110 e 140 d.C.
Enesidemo dirige a escola em torno dos anos 50 a.C. Autor da obra Argumentações
Pirrônicas. Entre as 8 argumentações estavam os oito tropos (formas de argumentar) .
Na obra Esboços do Pirronismo Enesidemo escreve os 10 tropos da suspensão do juízo.
P.28 Diógenes sobre os tropos. Sexto põe Enesidemo como um sucessor de Heráclito,
“e que a suspensão cética do juízo representava só o ponto de partida para chegar a
entender a doutrina de Heráclito de que “a realidade é contraditória”” p.29
- o tempo é algo corpóreo
- as partes devem se considerar as vezes iguais e distintas do todo
- a mente provém de fora do corpo (Sexto sobre Enesidemo no adversus matemáticus)
Distinção que Enesidemo estabelecia entre os fenômenos: alguns são manifestos para
todos e são “verdadeiros”, outros são manifestos só para alguns e são “falsos”, de forma
que “verdadeiros” vem a significar o que não se choca com a opinião comum” p.30
Empirismo médico no século I d.C, a partir de Zeuxis crê-se que todos os dirigentes da
escola cética foram ligados a medicina empírica “A reivindicação de uma medicina
baseada fundamentalmente na experiência surge a princípio do século III a.C, como
reação as tendências demasiadas teorizantes da tradição Hipocrática” p.31.
“Contra o apriorismo dos hipocráticos, os médicos da corrente empirista pretendiam
ater-se estritamente a experiência” p.32, três momentos da medicina 1- recolher dados
sobre a doença do paciente, observação 2- histórico de casos parecidos em outros
pacientes, baseada em testemunho de médicos 3- decidir um tratamento baseado nos
resultados observados de casos parecidos. Sem dedução teórica universalmente válida.
Agripa autos dos 5 modos da suspensão do juízo. “resulta evidentemente o novo
enfoque formal que Agripa pretendeu das ao ceticismo; a diferença dos de Enesidemo,
os de Agripa se dirigem unicamente a como atacar as construções dogmáticas desde o
ponto de vista exclusivo da Lógica.” P.34
“De todo modo convém tomar em conta que Heródoto marca na Escola Cética a
transição do empirismo radical de Menódoto ao metodismo de Sexto” p.37

Sexto Empírico vida na página 39 “A formulação do Ceticismo que terminou por


impor-se foi a que Sexto Empírico compôs em seus Hipotiposes Pirrônicas” p.38.

Nascido na segunda metade do século I d.C. Apolonia. Ligado a medicina empírica e ao


empirismo metódico. Escreveu sua obra em Alexandria.

LIVRO I

Cap I – Sobre a principal diferença entre os sistemas filosóficos.


Aquele que busca: encontra o que busca, nega que seja possível encontrar
(inapreensível) ou persiste na busca. Os primeiros são os dogmáticos, os segundos são
os acadêmicos (Clitomaco e Carnéades) e os terceiros são os céticos (Sexto Empirico
não considera os céticos acadêmicos verdadeiros céticos). O alerta de Sexto é que as
“asserções” não são afirmações positivas, mas descrições tal como aparecem no
momento.

Cap II – Sobre os argumentos céticos


Sexto resume do que se trata as hipotiposes, que se divide em: argumentação geral e
específica. O livro I é a exposição geral, trata portanto de: características, propósitos,
argumentos, princípios, critérios e objetivos, e dos modos da suspensão do juízo.
Epoché. (tropos: método padrão para buscar contradições). O livro II e III é parta
criticar a Lógica, a Ontologia, Cosmologia e a ética.

Cap III – Sobre as denominações do ceticismo


Há vários nomes para a filosofia pirrônica. Pirrônica: atribuída a Pirro. Zetética: por
investigar e indagar. Efética: ou suspensiva, de suspensão. Aporética/ dubitativa: pelo
hábito de duvidar e buscar e tbm pela indecisão em afirmar ou negar.

Cap IV – O que é o ceticismo?


“O ceticismo é uma habilidade que opõe as coisas que aparecem e que são pensadas de
todos os modos possíveis, com o resultado de que devido à equipolência nesta oposição
tanto no que diz respeito aos objetos quanto às explicações, somos levados incialmente
à suspensão e depois à tranquilidade.” (p.116)
É a capacidade de opor, o que aparece x aquilo que é pensado / o que aparece x o que
aparece (objetos da percepção sensível)/ aquilo que é pensado x aquilo que é pensado.
Não é sobre como o que aparece aparece ou o como o que é pensado é pensado.
Equipolência se refere a algo ser crível ou não crível, quando em oposição nenhuma
nem outra é passível de aceitação. A suspensão é um estado em que não se afirma ou se
nega nada. Ataraxia é a impertubabilidade.

Ataraxia através da epoché. Ou seja, é a tranquilidade da alma através do estado mental


de repouso em que não se afirma nem se nega nada.

Cap V – Sobre o cético


Sexto reitera, cético é aquele que possui as qualidade citadas acima.

Cap VI – Sobre os princípios do ceticismo


O objetivo primordial do ceticismo é atingir a tranquilidade nas questões de
investigação. Os homens que perceberam as contradições nas coisas e que duvidaram
sobre elas esperavam encontrar a tranquilidade ao resolver essas questões. “O princípio
básico do ceticismo é o de opor a cada explicação uma outra equivalente, porque
acreditam que assim deixarão de ter uma atitude dogmática.” (p.117)

Cap VII – O cético dogmatiza?


O cético não dogmatiza quando o termo dogma é usado em sua acepção de “dar a
aprovação a algo” (p.117) ou “assentimento a objetos não evidentes da investigação
científica” (p.118). Quando o cético dogmatiza, é na medida em que ele “dá
assentimento a sensações que são o resultado necessário de impressões sensíveis”
(p.117) sendo assim, o cético relata o que lhe aparece e o que lhe afeta no momento em
que sente e que se afeta, assente ao que é evidente. A fala do cético é enunciada em
fórmulas que se auto eliminam e que portanto, não dizem positivamente como a
realidade é, mas somente como ela aparece naquele momento. Exemplos: Tudo é falso;
nada é verdadeiro; Não mais isso do que aquilo

Cap VII – O cético pertence a uma escola? (um sistema)


O cético pertence a uma escola, um sistema, na medida em que isso signifique seguir
um procedimento, de acordo com uma linha argumentativa que leve à suspensão. “Uma
vez que seguimos de modo coerente, de acordo com o que aparece, uma linha de
raciocínio que nos indica uma forma de vida em conformidade com as leis e os
costumes tradicionais e com nossos sentimentos.” (p.118) Não é uma escola se essa for

O que é dogma para o cético? Dogmatizar está em oposição a epoché.

Dogmatizar é tomar por real aquilo que se anuncia. Dogma no dicionário é opinião, doutrina. É afirmar
sem prova. O que é dado como absoluto. Opinião definida ou crença. “assentimento aos objetos não
evidentes” mas na investigação científica.
ADERIR A UM CONJUNTO DE DOGMAS QUE SE RELACIONAM ENTRE SI,
dogma como algo não-evidente.

Cap IX – O cético dedica-se às ciências naturais?


“Não estudamos as ciências naturais com o objetivo de proferir asserções com firme
convicção sobre o objeto destas ciências.” (grifo meu) isso é dogmatizar. O cético se
relaciona com as áreas de estudo de um só modo: colocando em oposição outras
explicações que sejam equivalentes para assim, através da equipolência, alcançar a
tranquilidade. Dogmatizar acerca de qualquer assunto é perigoso em que este ponto
pode ser alterado, sendo assim, permanecer na investigação garante a tranquilidade de
não assentir a uma explicação que pode não ser real e verdadeira.

Cap X – Os céticos rejeitam o aparente?


Não. Não rejeitam as impressões sensíveis imediatas que levam ao assentimento
involuntário. A investigação não é sobre o aparente, mas sim sobre a explicação sobre a
aparência, e se o cético é obrigado a fazer um juízo sobre o que aparece, ele não o faz.

Cap XI – Sobre o critério do ceticismo


Neste momento Sexto discute apenas o critério de ação do ceticismo. “Dizemos então
que para os céticos o critério é a aparência, querendo dizer com isso as impressões
sensíveis, uma vez que estas consistem em sensações e afecções involuntárias e logo
não estão sujeitas ao questionamento”. (P. 120) o critério é portanto aquilo que aparece.
A discussão está no que se refere a ser tal como aparece. A inação não se garante na
medida em que o cético vive de acordo com as normas da vida comum: a orientação
natural (percepção e pensamento), as ações imediatas que as sensação empregam, as leis
e os costumes da sociedade e a instrução nas artes (?). Tudo de maneira não dogmática,
ou seja, não assertiva.

Cap XII – Qual a finalidade do ceticismo?


“Finalidade é aquilo visando o que todas as ações e raciocínios são realizados, enquanto
que ela própria não existe com nenhum outro objetivo; ou ainda, o fim último do que se
deseja.” (p.120)

Busca pela verdade/falsidade das impressões (de modo a alcançar a tranquilidade)


equipolência das controvérsias suspensão do juízo tranquilidade nas
questões de opinião. Ex. Apeles e o pincel (ao desejar pintar a espuma na boca do
cavalo e não conseguir, ele se irrita e joga a esponja, conseguindo por acaso o efeito
desejado)

“Dizemos ainda que a finalidade do cético é a tranquilidade em questões de opinião e a


sensação moderada (moderação das afecções) quanto ao inevitável.” (p.120) alguns
céticos adotaram a suspensão do juízo com outra finalidade. Os que dogmatizam acerca
de algo se perturbam ante a falsidade ou mudança do mesmo, rejeitam a crença
adicional dada à afecção, (seria a opinião adicional de que aquilo é bom ou ruim,
prazeroso ou não, etc) os que não inferem assertivas acerca das coisas, enquanto más ou
boas, não se afligem.

_____________fim da tradução grego-pt Danilo Marcondes______________________

Cap XIII – Dos tropos gerais da suspensão do juízo

“... a tranquilidade da alma é consequência da suspensão do juízo em todas as coisas...”


p.63

Alcança-se a suspensão do juízo dada a contraposição das coisas (fenômenos-


fenômenos, considerações teóricas-considerações teóricas, e uns aos outros), também
contrapõe razões presentes-presentes, presentes-passadas/futuras.. Ex. sistemas
filosóficos válidos atualmente que, apesar de válidos, não era conhecido, ou a antítese
da tese que se adota agora for futuramente conhecida. “De modo que ainda não
devemos dar nosso assentimento a essa tese que de momento parece segura.” P.64

Aos tropos se segue a suspensão do juízo, Sexto não diz ser afirmativo em sua
quantidade e validez.

Cap XIV – Dos 10 tropos de Enesidemo


Argumentos, tipos de argumentação para a suspensão do juízo

São 10 tropos que se englobam em 3:


- a partir de quem julga (4 primeiros) um homem, animal, sentidos e sob alguma
circunstância
- o partir do que se julga (7 e 10)
- ambos (5, 6, 8, 9)
A linha argumentativa dos tropos se dá em relação a algo sempre. Que é o tropo mais
geral.

PRIMEIRO TROPO P. 66 – “... em virtude da diferença entre os animais, de coisas


idênticas não aparecem representações idênticas.” p.66 Se baseia na diversidade das
estruturas corporais.
a- Diferença na formação/geração)
Animais que são gerados através de cópula e outros fora dessa união sexual. §41 Visão
naturalista de Sexto, mostrando sua noção arcaica de biologia.
“É normal, pois, que essas grandes desigualdades e diferenças na gênese produzam
modos de sentir opostos, trazendo como consequência o incompatível, o discordante e o
contraditório.” p.67
b- Diferenças no órgão da visão
“Também a diferença entre as principais partes do corpo e sobretudo naquelas que estão
encarregadas de julgar e sentir, pode produzir uma grande contradição nas
representações mentais dos distintos animais.” P.67 dada as condições diversas da visão
(icterícia, roxidão, sanguinolência, etc), a formação diversa dos olhos, assume-se que
“... temos de pensar que a eles e a nós não se apresentam as coisas externas do mesmo
modo.” P.67 a imagem se constrói para cada um de acordo com o órgão de cada qual
que recebe o fenômeno.
c- Diferença entre os órgãos dos demais sentidos
Diferentes animais captam estímulos/representações/ruídos/gostos de diferentes formas
dado a diferença de suas constituições.
d- Diferenças de constituição
“... assim também é natural que os objetos exteriores se representem mentalmente de
forma distinta, segundo a diferente constituição dos animais que recebem as
representações mentais.” P.70
Isso é mais fácil de conhecer pelo que agrada e desagrada um animal: “se as mesmas
coisas para uns são desagradáveis e para outros prazerosas, e se o prazeroso ou
desagradável reside na imaginação (dependem das impressões), então aos animais se
dão distintas representações mentais dos objetos.” P.71 visto que para diferentes
animais o fenômeno se manisfesta de diferentes formas “podemos dizer como nós
imaginamos os objetos exteriores, mas nos absteremos de dizer como são na realidade.”
P.71
não se pode julgar ou valorar as representações humanas em detrimento da dos animais
irracionais. Pois não há demonstração, como se verá. O problema aqui está nesta
demonstração não ser manifesta e tentar prová-las através das próprias impressões que
estão sendo questionadas. Conclusão: Se as representações se dão diferente entre os
animais e não há como valorar entre eles, deve-se suspender o juízo em relação aos
objetos exteriores.
e- A razão dos animais
O objetivo é gracejar dos dogmáticos. Comparando a racionalidade humana com razão
dos animais. A comparação é feita a partir de um cachorro, demonstrando que os
conhecimentos do cachorro não ficam para trás do conhecimento humano.
§62 Inicia uma argumentação a mais para fazer piada com os dogmáticos. Fará a
comparação entre o animal irracional cachorro e nós.
§63 O objetivo é demonstrar que os animais não são inferiores a nós quanto a confiança
nos sentidos.
§64 o cachorro tem olfato, audição e olhos mais apurados que o dos homens.
§65 A razão é dividida em intrínseca a mente e outra parte ao falar. Faz um breve
comentário em relação ao conceito estóico de razão: “Esta, de acordo com os
principais
dogmáticos que ora se nos opõem, os
da Stoá, parece oscilar entre as seguintes [coisas]: escolher as coisas
apropriadas e evitar as coisas estranhas, o conhecimento das técnicas
que contribuem para isso, e a apreensão das excelências segundo a [sua]
natureza apropriada <e> as relativas
às afecções.” P.115 Sexto toma emprestado o conceito de razão deles para dizer que o
cão, segue as condições.
§68 Cita uma ocasião em que o cachorro Argos manteve a impressão apreensiva
(impressão cataléptica) de Odisseu quando todos os outros tinham esquecido de suas
feições.
§69 Sexto vai dizer que o cachorro é capaz até mesmo de exercer dialética quando este
pondera e fareja qual entre os três caminhos a presa seguiu. (de acordo com Crisipo)
70 os animais são capazes de amenizar suas próprias afecções. Remediando dores,
comendo plantas medicinais, etc.
72 conclui ironizando: o cachorro “[...]faz a escolha do que lhe é apropriado e evita o
que lhe é nocivo, também possui uma técnica que o torna capaz de procurar o que lhe é
apropriado, é capaz de apreender e amenizar suas próprias afecções e não está
desprovido de excelência, então, na medida em que a perfeição da razão intrínseca à
mente repousa sobre tais coisas, o cão assim seria para lá de perfeito.” P.117 Sendo
assim o cachorro estaria de acordo com a definição de razão dos estóicos.
73 Não é necessário investigar a racionalidade da fala, alguns filósofos permaneceram
em silêncio em suas lições. No entanto, pode-se observar animais que enunciam.
74 Ainda que nós não entendamos o que eles falam, não é errado supor que eles
conversem. Supomos um ordenamento na língua estrangeira que desconhecemos.
75 elucidação dos parágrafos precedentes, “por isso provavelmente se poderia dizer que
também os animais chamados irracionais participam da razão (que reside) no
proferimento.” P.118
76 por tudo que foi dito e demonstrado, não se poderia supor que a confiança nas
impressões dos animais não ficam atrás das nossas.
78 foi por abundância argumentativa. Não se deve prejulgar as impressões humanas em
detrimento da dos animais. E também, a impressão que eles têm são tão inseguras
quanto as nossas. Reforça a diferença sensorial entre os animais. Deve-se suspender o
juízo.

SEGUNDO TROPO P. 78– A partir da diferença entre os homens


(caso se aceite que as impressões dos homens são mais confiáveis/racionais que a dos
animais, a suspensão do juízo deve se seguir também, dada diferença entre os homens)
“se diz que há duas coisas da qual os homens são compostos – a alma e o corpo – e nas
duas somos diferentes um dos outros.” P.78 no corpo nos diferenciamos pelas
características externas e pelas características orgânicas.
§80 A diferença de humor entre os corpos humanos influencia na formação das
representações mentais, isso justifica escolhas e as rejeições dos homens das coisas
externas. Desfrutar a partir de objetos diferentes é prova de percepções diferentes.
§81-84 Exemplo de homens que eram afetas de diferentes formas, fora do normal dentre
os homens nas mesmas situações.
§85 “é natural que os homens se diferenciem uns dos outros também no que se refere a
própria alma, pois o corpo é uma espécie de representação da alma, como prova a
Fisionomia.” P.79
§86 a maior diferença entre os dogmáticos está sobre o que convém escolher ou
descartes diante dos assuntos.
§86 cita frases de Homero (odisseia), Euripedes (Fenicias), Píndaro, todas com o
sentido geral de que alguns homens se alegram com isto, outros com aquilo.
“se a mesma coisa fosse bonita e sensata para todos Não haveria dúvida de ser
contestada pelos homens.”(Eurípedes) P.80
§87 visto que a escolha ou a rejeição está no prazer e no desagrado e esta residem no
sentido e na imaginação, mostrou-se que os homens são afetas de diferentes maneiras,
do contrário, se agradariam da mesma forma pelas mesmas coisa. Se os objetos
aparecem de diferente maneira a cada um, deve-se suspender o juízo quanto ao que eles
são em realidade, mas pode-se descrever como os objetos aparecem.
§88 ou cremos no juízo de todos os homens ou no de alguns. A qual dar razão? O
Platônico dirá a Platão, o epicurista a Epicuro. Sem possibilidade de acordo, deve-se
suspender o juízo.
§89 Adotar a posição da maioria é inocência, pois como se consulta a todos? E calcular
o que agrada a maioria. Há a diferença de costumes, costumes étnicos. É forçoso
portanto, pela diferença entre os homens, suspender o juízo.
§90 Ao dogmático que se toma como parâmetro, tomando seu ponto como válido e
rejeitando o dos outros, envolve a si mesmo na disputa. E se apoderam de início daquilo
que está sendo investigado.
TERCEIRO TROPO P.82 –
§91 A partir da diferença entro os sentidos, que eles diferem entre si.
§93 Exemplos de substâncias que são receptivas a algum sentido e a outros não. “Em
consequência, não podemos dizer como é em sua realidade cada uma dessas coisas; só é
possível dizer como aparece em cada momento.” P.82
§94 “Cada uma das coisas sensíveis que nos são manifestas parece oferecer-se sob
diversos aspectos[...]” p.83 Exemplo da maçã que se apresenta de diversas formas, teria
ela essas qualidades ou apenas uma qualidade que se apresenta de diversas formas? É
possível que tenha só uma qualidade e se apresente diferente para os diferentes sentidos.
Ou que esta qualidade não se apresente a nós.
§95 é possível que a maçã tenha uma única forma e que se perceba diferente em cada
sentido dada sua representação.
§96 Sexto supõe uma pessoa que só tem 3 sentidos de nascença, a esta pessoa parecerá
que a substâncias das coisas é de natureza de algum desses três sentidos apenas. §97
assim também pode ser que a maçã possua qualidades sensíveis que estão além das
nossos 5 sentidos. Conclui-se que: percebemos do fenômeno aquilo que é possível
captar, na medida em que somos capazes. Pois ela pode conter outros aspectos que
nossos 5 sentidos não captam, somos limitados.
§98 Sexto indaga a si mesmo, usando um possível argumento dogmático. Daqueles que
dirão que a natureza dotou os sentidos para aquilo que é sensível. Ao qual ele responde:
Qual natureza, se há tanta discrepância entre os filósofos, sobre suas fiabilidade. E
retorna a dizer o problema daquele que julga estar na causa do julgamento.
§99 se não está claro quais as qualidades da maçã, se são essas que se apresentam, mais
do que se apresenta ou além da que ela nos apresenta, não há como definir sua forma. E
assim para todas as coisas sensíveis. Se nem os sentidos captam o externo, quando mais
a razão irá captar. Deve-se suspender o juízo em relação aos objetos exteriores.
QUARTO TROPO P.84 –
§100, retirando a discussão dos sentidos. Segundo as circunstâncias (como está o objeto
de representação) e como elas interferem na formação da representação mental.
- o de estar em um estado normal ou anormal
- o de estar acordado ou dormindo
- em relação a idade
- se está parado ou se move
- se odeia ou se ama
- com fome ou farto
- em relação a estar sóbrio ou não
- segundo as disposições prévias, como o indivíduo se encontrava antes
- se o indivíduo estava com coragem ou acorvadado
- triste ou feliz

§101 - 103 as coisas aparecem diferentes para quem está normal ou em estado anormal.
Lista exemplos. É possível que humores em pessoas de estado anormal sejam as
representações certas e não a de pessoas em estados normais, tomadas por humores
estranhos. Os saudáveis estão em posição diferente das pessoas doentes e vice-versa.
Não há como se fiar nesses humores que parecem diferente para cada um.

§104 Estar dormindo ou acordado vai influenciar na formação das representações


mentais. ARGUMENTO DO SONHO p.86
“Também segundo estar dormindo ou acordados se formam distintas representações
mentais, posto que não imaginamos acordados como imaginamos em sonhos nem
imaginamos em sonhos como imaginamos acordados.” P.86 impressões distintas nos
dois casos, ela é portanto relativa ao momento. Mesmo no sonho há algumas
representações reais.

§105-106 Em relação a idade. Exemplos: a cor parece mais viva aos jovens e mais
opacas aos idosos. O vento é gelado para estes e agradável para aqueles. Assim também
preferências e rejeição estão para a idade. O que segue, de que diferentes idades formam
representações mentais diferentes.
§107 Em relação a estar parado ou movendo-se.
§108 Em relação ao amor e odiar, ao feio e ao bonito. Algum acham lindas as mulheres
que são feias.
§109 uma coisa pode ser saborosa ou desagradável de acordo com a fome ou a
saciedade da pessoa ; as coisas que parecem vergonhosas quando sóbrios não o são
quando bêbados.
§110 das disposições prévias em que se encontram a pessoa que receberá a impressão,
que determinará como aparecerá a ela.
§111 segundo a coragem e a covardia, a mesma situação aparecerá diferente para
ambos; será diferente também para aquele que está triste ou feliz.
“Assim pois, havendo tal disparidade também quanto as disposições e estando os
homens umas vezes em uma disposição e outras em outras, seguramente é fácil dizer
como se mostra a cada qual cada um dos objetos, mas não como é, posto essa que essa
disparidade é sem solução.” P.87 §114 Há uma disparidade nas representações mentais.

§112Não é possível que um homem não esteja tomado por nenhuma dessas disposições
acima, portanto cabe a ele apenas dizer como é a impressão tal como lhe aparece. Julgar
em qual disposição se encontra é estar no problema, não há imparcialidade.

§115 Sexto parece dar uma previa do problema do critério. Quando opomos
representações mentais a representações mentais, precisamos fazer isso com
demonstração, Para fazer um juízo acerca delas, deve-se fazer a partir de um critério.
Ao investigar se o critério é falso ou verdadeiro surge o problema do critério inicial
(assumindo que o critério é verdadeiro, pois o falso nem se considera) e este deve partir
de alguma demonstração. “É que a demonstração sempre necessitará de um critério para
ser sólida e o critério uma demonstração para que se veja que é verdadeiro.” P.89
Caindo no tropo do círculo vicioso, pois um deve estar garantido pelo outro.
São inúmeras as diferentes representações mentais surgidas de acordo com a
diversidade de posição, portanto, deve-se suspender o juízo.

QUINTO TROPO P. 89

§118 Segundo as distâncias, as posições e os lugares os objetos também aparecem


diferentes representações mentais, mesmo que sejam as mesmas coisas.
§118 Exemplo: o tamanho de um barco difere a partir da distância que se observa
§119 Segundo os lugares, as lâmpadas aparecem apagadas no sol e brilhantes no escuro
§120 Segundo a posição, um quadro inclinado parece sem relevo, quando inclinado
pode-se ver profundidade na pintura.
§121 Visto que todos os fenômenos são observados segundo esses três. E isso difere as
representações mentais, deve-se suspender o juízo.
§122 Aos que quiserem fixar representações aos objetos, e isso exige uma
demonstração, não poderá. Apresentar uma demonstração/evidência que não seja falsa,
requer apresentar a evidência anterior. Ad infinitum p.90
§123 Pode se dizer como as coisas aparecem de acordo com esta posição, este lugar,
este ponto, mas não como ele é realmente.

SEXTO TROPO P. 91– Segundo as interferências

§124O objeto não se apresenta em si mesmo, é impossível dizer como ele é em si visto a
mistura de coisas exteriores, talvez explicar nessa relação, mas não em si. Como o
objeto sempre está conjugado com outro, se vê diferente do que ele é.
§125 exemplos: a cor da pele parece diferente ao sol, e na sombra portanto não tem
como dizer como é realmente a cor da pele. §126 Um som se parece agudo ou grave
conforme o ar em volta. Os odores diferem em ambientes diferentes. O corpo na água é
leve e fora dele é pesado Essas são interferências externas.

Todos os sentidos sofrem interferência externa/interna, portanto eles não percebem


como as coisas externas são puramente.
§128 A inteligência também sofre interferências, pois os seus guias, os sentidos são
enganados também. E ela também deve adicionar alguma interferência própria. Para
Sexto os dogmáticos não estão de acordo de onde está a mente, mas em todos os lugares
em que elas apontam, pode-se observar certos humores.

(Parágrafo interessante para observar a visão de Sexto de como se dá o processo


do conhecimento. Partem do exterior e vão para o interior já com interferências
e danos. Para ele os sentidos enganam, mas também a própria mente pode
modificar aquilo que é recebido pelos sentidos. Como é isso em Kant?) A ideal
geral é a mesma, mas ele estabelece algumas coisa. Ele não dá a devida
importância ao erro dos sentidos.
Nos céticos, o conhecimento o aparato cognitivo e as circunstâncias interferem
na apreensão do objeto. Kant considera essas coisas, mas supõe que há sim
possibilidade de conhecimento, que os sentidos garantem em certa medida o
conhecimento. Crítica da Razão Pura

SÉTIMO TROPO – P.92 segundo as quantidades e composições dos objetos


(composições e combinações)
§129-132Temos diversas impressões dos mesmos fenômenos, comidas, remédios,
aglomeração de objetos, conforme a quantidade em que se ingere, observa. E da forma
com que estão organizados.
§133 “Mas não podemos dizer como é em si mesma a natureza das coisas, devido a
disparidade das representações mentais segundo as combinações [...]” p. 93. O
argumento se confirma no exemplo de que o remédio se em doses muito altas pode
fazer mal ao invés de fazer bem.
Este tropo também torna obscuro os objetos exteriores, portanto, deve-se suspender o
juízo.

OITAVO TROPO – P.94


§135 Com relação a algo (relativo), todas as coisas aparecem como com relação a algo.
Portanto, deve-se suspender o juízo em como o objeto é absoluta e objetivamente. É que
as coisas aparecem (não como são) em relação a algo, Sexto frisa. O objeto exterior
sempre aparece em relação àquele que julga. E em relação as coisas que estão em sua
volta.
§136 Sexto relembra a argumentação de que as coisas estão em relação ao que julga
( este homem, animal, este ou aquele sentido, circunstância). E em correlacionado a
(interferências, forma, composição, quantidade ou posição)
§136 todo objeto está em relação a algo na medida em que se distingue de algo ou está
com algo.
§137 segundo alguns dogmáticos (Aritóteles??) há gêneros superiores e espécies
inferiores, estes também estão em relação a algo. §138 Outro exemplo é o signo e o
significado, que estão em relação.
§139 a relatividade das coisas está em relação àquele que julga, não ao universal (???)
Não há portanto como dizer o que é qualquer coisa em sua natureza mas o somente
estando em relação a algo.

NONO TROPO – P.96 Quanto aos acontecimentos frequentes ou raros


“As coisas raras parecem ser valiosas; enquanto que as familiares e acessíveis, de
nenhum modo...” p.96
Julgamos conforme o momento da impressão, portanto não é possível dize-lo em si
mesmo.
“Então, como as mesmas coisas às vezes parecem aterrorizantes ou de valor e outras
não, dependendo de suas aparências frequentes ou raras, concluímos que certamente
podemos dizer como cada um delas se mostra, com ocorrências frequentes ou raras; mas
não poderemos afirmar como é, sem necessidade adicional, cada um dos objetos
exteriores” p. 97

DÉCIMO TROPO p.97 –


§145 Segundo as formas de pensar, costumes, leis, crenças míticas e opiniões
dogmáticas. Faz referência a ética.
§146 uma lei é um contrato escrito que forma um estado, uma norma social é aceitação
comum de algo por vários homens. Passível de punição.
§147 uma crença mítica parte de coisas inventadas, que levam muitos a credulidade
“Uma opinião dogmática é a aceitação de um fato que parece justificar-se em virtude
de alguma analogia ou alguma demonstração.” P.98
§148 -150 Os céticos opõe essas coisas umas contra as outras e contra si mesmas.
Exemplos
§151 “Opomos as opiniões dogmáticas umas as outras quando argumentamos que a uns
parece que existe uma única substância elementar e a outros infinitas; a uns que a alma é
mortal e a outros imortal; a uns que somos regidos por providência dos deuses e a
outros sem essa providência.” P.99
§152 Sexto comenta a oposição entre as leis sobre adultério nos vários costumes.
§153 se opõe um costume a uma forma de pensar
§154 um costume a uma crença mística, exemplo do deus cronos que devorou seu filho
mas o costume e cuidar de seus filhos.
§155 um costume a uma posição dogmática. Exemplo de pedir favores aos deuses
quando Epicuro diz que os deuses não se importam conosco. Aristipo diz que é
indiferente por roupa de mulher quando para eles é vergonhoso.
§156 uma forma de pensar a uma lei, “sendo lei aquilo que não é certo rechaçar um
homem livre e respeitável” p.100, quando os lutadores de luta greco romana fazem isso
frequentemente
§158 uma crença mítica a uma crença dogmática como no caso dos atletas que aceitam
a fama em troca duma vida ruim, mesmo os filósofos dizendo que a fama é uma coisa
má.
§159 uma lei a uma crença mítica toda vez que relatam os deuses sendo homossexuais
quando entre eles este costume é proibido por lei.
§161 e 162 Opõe uma crença mítica a uma opinião dogmática quando relatam que Zeus
transou com mulheres mortais ou quando este sangrou e deixou cair alguma gotas no
chão da terra. Pois isso não seria possível. Derrubam também o mito do centauro, como
uma irrealidade.
Não é possível dizer com a realidade se apresenta objetivamente visto que ela se
apresenta conforme esses 3 acima. Deve-se suspender o juízo acerca da realidade
exterior.

XV – Sobre os cinco tropos de Agripa


- a partir do desacordo: “nos damos conta da insuperável divergência de opiniões que
surge em torno da questão proposta, tanto entre a gente comum como entre os filósofos;
e por ela concluímos na suspensão do juízo ao não poder escolher nem negar nenhuma.”
P.102

- cair em uma recorrência ad infinitum: “o que se apresenta como garantia da questão


proposta necessita de uma nova garantia; e essa, de outra; e assim até o infinito...” p.102

-a partir dele com relação a algo: “que o objeto aparece de tal ou qual forma, segundo
aquele que julga e segundo o que acompanha sua observação...” p.103

- por hipótese: “ao cair em uma recorrência ad infinitum, os dogmáticos partem de algo
que não se justifica, tomando diretamente e sem demonstração creem oportuno tomá-lo
com convênio.” P.103

- círculo vicioso: “ocorre quando o que se deve ser demonstrado, dentro do tema que
está investigando, tenha necessidade de uma garantia derivada do que se está
estudando.” P.103

O assunto proposto sempre será sobre algum conhecimento sensível ou intelectual, e


as duas são questionáveis.

Resolver os dois casos por eles mesmos ou pelo outro?

p. 104 Problema de conhecimento sensível:


Conhecimento sensível requer a causa/confirmação do conhecimento que irá se
explicar que requer a causa que ad infinitum.
Conhecimento sensível

Conhecimento sensível quando o conhecimento intelectual se põe na discussão ele


também
Requer uma explicação, um exame e uma confirmação*
Conhecimento intelectual

*como garantir? Se pelo intelectual – ad infinitum. Se pelo sensível – circulo vicioso


Não se pode resolver por hipótese, tropo por hipótese.

“pois se aquele que dá a hipótese é digno de crédito, nós nunca seremos indignos de
crédito por supor o contrário.” P.104
Se se tomar algo verdadeiro como hipótese: é digno de suspeita/ algo falso: está
apodrecida a base de suas argumentações.
“Ademais, é evidente que tudo que é relacionado com o conhecimento sensível é com
relação a algo, pois é segundo os que recebem a sensação.” P.105
“Por outra parte, também o que é relacionado ao conhecimento intelectual é com
relação a algo, pois as coisas relacionadas com o conhecimento intelectual se formam
segundo aquele que pensa; e se objetivamente fossem tal como se formam não estariam
em discussão.” P.105
E assim são os mais recentes tropos dos céticos, que não querem excluir/substituir os
anteriores, mas sim se unir a eles para mostrar a pretensão dogmática.

XVI – quais são os outros dois tropos?

“Com efeito, parece que todo o que é apreendido se apreende ou a partir dele mesmo ou
a partir de alguma outra coisa, consideram que se chega a inviabilidade de tudo notando
que nada se apreende nem a partir dele mesmo nem de nenhuma outra coisa.” P.106
Os filósofos da realidade se asseguram disso ao dizerem que tanto o conhecimento
sensível como o conhecimento intelectual é insuperável por não poder nos valermos de
nenhum critério. ???????

XVII – Quais são os tropos para a refutação dos causalistas?

Tropos de Enesidemo para mostrar que a causalidade é carente de fundamento:


-“a origem da causalidade, ao residir em coisas não manifestas, não tem uma
confirmação unânime nos fenômenos.” P.107
-“apesar de que muitas vezes há abundantes possibilidades para atribuir causas diversas
ao que se investiga, alguns atribuem isso de uma única forma.” P.108
-“de coisas que se formam ordenadamente possuem causas que não mostram nenhuma
ordem.” P.108
-“segundo o qual quando compreendem como acontecem as coisas que são manifestas
creem que também compreenderam como acontecem o que não é manifesto” p.108,
ignorando a especificidade de cada um
-“segundo o qual, todos postulam asignan – por assim dizer – causas, segundo suas
hipóteses pessoais sobre os elementos e não segundo métodos gerais e aceitos.”
P.108
-“segundo o qual muitas vezes admite o que convém com suas próprias hipóteses e
ignoram o que contraria, inclusive as que são de igual probabilidade.” P.108
-“segundo o qual muitas vezes propõem causas que contradizem, não só os fenômenos,
mas também suas próprias hipóteses.” P.108
-“segundo o qual, por serem tão absurdas as coisas que se dão evidentemente como as
coisas que investigam, constroem suas teorias a partir de coisas absurdas e sobre coisas
não menos absurdas”
???????????

XVIII – Sobre as expressões céticas


Afirma-se de dois modos: geral (denota uma afirmação ou uma negação. Ex. é de dia,
não é de dia) x restrito (denota apenas afirmação)

XIX – Sobre a expressão não é mais/nada é mais (não são usadas em situações
concretas e situações gerais, respectivamente)
São expressões elípticas, está implícito “nada é mais isto do que isto, este ou aquele”
p.110
“Por que é mais isto que aquilo?” p.111
Usam muita mais formas interrogativas do que enunciativas.
Que – por que?

“Em ‘não é mais isto que isto’ deixa claro nossa forma de sentir segundo a qual, em
virtude da equivalência dos opostos, optamos pela neutralidade; entendendo por
equivalência a igualdade enquanto nos parece provável, e entendendo em geral, por
opostos as coisas que impugnam mutuamente, e por neutralidade o assentimento por
nenhuma.” P.111
Por mais que ela denote assentimento ou negação, a toma em um sentido vago e
impróprio. É importante deixar claro o que se impõe a percepção, como expressar isso
claramente não há preferência. Usa-se a expressão nada é mais sem a segurança de sua
validade, mas segundo o que se mostra manifesto.

XX – sobre o “não afirmar nada” não se estabelece nem se nega nada


A expressão não é tomada de forma categórica, é usada para indicar o que, de
momento, ao expressar isso, opina-se sobre as coisas que estão investigando

“Também deve ter-se presente isso: ao dizermos que não se estabelece nem se nega
nada acerca das coisas que sobre algo não manifesto se dizem dogmaticamente;
porque as coisas que não afetam sensitivamente e nos induzem ao assentimento
independentemente de nossa vontade, a essa assentimos.” P.113

XXI – Sobre o “talvez”, o “é possível”, e o “pode ser” A v ¬A

Ser possível que não seja. Pode não ser. Talvez não seja. A imprecisão, a maleabilidade
das expressões suporta, implicitamente, seu contrário.
“Mais uma vez, tão pouco discutimos pela expressão nem nos perguntamos se as
expressões indicam objetivamente isso que dizem, mas – como disse- as tomamos em
um sentido não muito preciso.” P.114
“Na realidade, está claro – suponho – que essas expressões são indicativas de “não-
afirmar-nada”.” P.114

XXII – Sobre o “suspendo o juízo”

A expressão é tomada no lugar de “não posso dizer a qual das coisas presentes devo dar
crédito ou não” p.114. As coisas se mostram iguais em sua credibilidade/não
credibilidade.
“E nem sequer asseguramos se são iguais; só dizemos o que delas nos é manifesto
quando nos aparecem ofrecen.” P.114

SUSPENSÃO DO JUÍZO: “a mente, em virtude da equivalência das coisas em análise


– se mantém em suspensão, sem estabelecer ou rejeitar nada.” P.114

XXII – Sobre o “nada determino”

Determinar, para os céticos pirrônicos, pressupõe assentimento a uma coisa não


manifesta.
“Por que nesse sentido, seguramente, o cético aparecerá como o que não determina
nada, nem quere isso mesmo: “nada determino”.” P.115
A expressão relata um estado de espírito momentâneo, em que, diante das razões, só lhe
é possível relatar o que sente, sem por nada dogmaticamente.

XXIV – Sobre o “Tudo está indeterminado” está:


É um posição de não assentimento ou assentimento aos problemas da investigação
dogmática.
Esmiuçando: “Quanto as coisas que examinei das investigações dogmáticas, parecem
me que nenhuma delas são superiores, em relação a credibilidade ou não credibilidade,
tradução” p.116

XVV – Tudo é inapreensível

“Todas as questões não-evidentes que examinei das investigações dogmáticas, parecem


me que são inapreensíveis.” P.116
Não é a afirmação de que os estudos dogmáticos são de tal natureza que resultam na
inapreensibilidade.
“Eu tomo isso por hora, dada a equipolência das razões, eu não apreendi nenhuma delas;
e consequentemente tudo que ?????????????????

XXVI – Não capto/não apreendo

Ambas se referem ao pathos do cético que momentaneamente não estabelece ou nega


qualquer coisa não-manifesta.

XXVII – A cada argumento se opõe um argumento equivalente

a todo argumento: tudo que foi considerado até o momento pelos céticos e estabelecido
pelos dogmáticos.
argumento: a afirmação dogmática de algo não-evidente estabelecida arbitrariamente.
Equivalente: iguais em credibilidade ou não-credibilidade.

O argumento é direcionado aos céticos em sua forma “opor a cada argumento outro
argumento equivalente” p.118
“A cada argumento que estabeleca dogmaticamente algo, opomos (opõem) um
argumento que se pareça dogmático em sua forma, que seja equivalente enquanto sua
credibilidade ou não credibilidade e o contradiga.” P.118

XXVIII – Notas adicionais sobre as expressões céticas

“... nós absolutamente não afirmamos serem elas verdadeiras, posto que dizemos que
podem refutar-se por si mesmas por estarem incluídas no meio daquilo que anunciam...”
p.119

As expressões são tomadas de forma vaga, e por aproximação. Não se se afirma de


forma definitiva e dogmática nada sobre a natureza dos objetos exteriores, ela são
dirigidas as coisas não manifestas que são estudadas dogmaticamente.

DE QUE FORMA O CETICISMO SE DIFERE DE OUTRAS CORRENTES


FILOSÓFICAS

XXIX – Em que a orientação cética se difere da filosofia de Heráclito

Diz-se que são parecidos por dizerem sobre a contradição pertencente na mesma coisa,
porém os céticos atribuem isso ao fenômeno, os Heraclitianos dizem isso sobre a
realidade. A contrariedade na coisa é postulado de todos os outros filósofos, não apenas
deles, e também de pessoas comuns que inferem isso a partir de suas experiências e
impressões sensíveis.

XXX - Em que a orientação cética se difere da filosofia de Demócrito

Ante a contrariedade, Demócrito afirma que um não é mais que o outro, no entanto o
emprego da expressão é diferente. Demócrito parte da contradição dos fenômenos, mas
o emprego da expressão para a irrealidade das alternativas, e “nós ao de não saber se é
essas duas coisas que aparentam ou nenhuma delas.” P.122

XXXI - Em que a orientação cética se difere da escola Cirenaica

“Mas, diferentes deles, por que la diz que o objetivo é o prazer e a branda agitação da
carne e nós a serenidade de espírito.” P.123

XXXII - Em que a orientação cética se difere da doutrina de Protágoras

Ao destrinchar o argumento de Protágoras o homem é a medida de todas as coisas, num


primeiro momento atribui-se a semelhança, pelo relativismo criado.
“Vemos portanto que ele dogmatiza tanto sobre a matéria ser fluente como que nela
estão as razões de todos os fenômenos, sendo coisas não-manifestas, diante do que nós
mantemos a suspensão” p.125

XXXIII - Em que a orientação cética se difere da filosofia de Acadêmica

Academia antiga: de Platão


“E ademais – quando se dedica como dizem promovendo um exercício – expõe algumas
cosas de forma cética, nem por isso será cético; pois quem dogmatiza sobre uma única
coisa e prefere de forma absoluta uma representação a uma representação quanto a sua
credibilidade ou não credibilidade, ou seu pronuncia sobre algo não manifesto, assume o
caráter dogmático...” p.127, o caráter aporético de suas indagações não concede a ele
um ceticismo, final do § 225

Academia média: de Arcesilau, discípulo de Polemo


A orientação de Arcesilau é quase a mesma dos pirrônicos, pois não faz asserções da
realidade ou irrealidade das coisas, não se inclina com base na probabilidade e a
respeito de tudo suspende o juízo. No entanto, para Pirro, seu emprego argumentativo é
dogmático. § 223???

Academia nova, terceira: de Carnéades e Clitômaco


Apesar de os filósofos da nova academia dizerem que as coisas não inapreensíveis,
diferem dos céticos pirrônicos justamente por AFIRMAREM a inapreensibilidade,
enquanto eles dizem achar ser possível isso. P.128
A afirmação de bom ou mal dos acadêmicos “mas, estando eles convencidos de que é
mais provável que seja objetivamente...” p.129 enquanto os pirrônicos aos dizerem
sobre isso “nada tem a ver com a crença de que o que dizemos seja provável, mas
dizemos sem dogmatismos os imperativos da vida a fim de não impossibilitar a ação.”
P.129
TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS
§ 227: as impressões sensíveis são iguais em credibilidade ou incredibilidade, para os
acadêmicos há impressões mais plausíveis ou não.
“E, entre impressões plausíveis, eles fazem distinções: algumas, veem como
simplesmente prováveis, outras como prováveis e examinadas, e, outras, como
prováveis, examinadas e indubitáveis.” P.47
Desta forma, os acadêmicos cedem, por inclinação ao mais plausível, em contrapartida
os pirrônicos cedem sem inclinação. Vivem conforme as leis e os costumes, e não se
orientando pelo plausível/provável.

Quarta e quinta academia: §225

XXXIV – Se o empirismo médico é a mesma coisa que o ceticismo

Visto que a corrente empírica afirma a inapreensibilidade do não-evidente, difere


portanto da corrente cética. São semelhantes no uso das expressões.
Uma aproximação quanto ao método seria possível na medida em que
§237 tradução português: “... por não pretender fazer asserções a respeito da
apreensibilidade ou inapreensibilidade delas, mas seguindo as aparências, quer apenas
derivar delas o que parece benéfico, de acordo com a prática dos céticos.” P.49

LIVRO II

I – se os céticos podem examinar o que é exposto pelos dogmáticos

É contra argumentado aos céticos: como pode julgar o que não se conhece? Como
refutar os postulados dogmáticos se não os apreende?
??????????????????????????

II- De onde deverá se iniciar a investigação contra os dogmáticos: é necessário uma


critica e um critério, para poder julgar os ramos da filosofia, portanto a partir desses
dois que são ramos da lógica.

III – Sobre o critério

Critério: “tanto aquilo pelo o qual se julga a realidade ou não realidade de algo, quanto
aquilo que guia nossa conduta de vida.” P.140
Critério no sentido geral: “todo instrumento de valoração de uma apreensão” p.141,
critérios.
Particular: “todo instrumento técnico de valoração de uma apreensão” p.141
Muito particular: “todo instrumento de valoração de algo não-manifesto; segundo o qual
não se chamam critérios as coisas da vida, mas só as da lógica e aquelas que os
dogmáticos propõem para o discernimento da verdade.” P.141 OS CÉTICOS TRATAM
DESSE

-por quem (o homem):


- com o que (com a inteligência)
- de acordo com o que (a confrontação da representação para o critério de escolha????)
IV – Se existe realmente algum critério de verdade p.143

Para alguns sim, para outros não e eles suspenderam o juízo se há ou não há. Se tal
ponto não é elucidável, suspende-se o juízo, se é elucidável, por meio do que seria?
Se não há um critério e nem se existe esse critério.
§20 “E por outra parte, para que a disputa surgida em torno do critério seja elucidada, é
preciso que tenhamos um critério que esteja admitido, por meio do qual podemos
decidir. Porém, para que tenhamos um critério admitido, antes é preciso que a disputa
em torno do critério esteja elucidada.” P.143
Cairá no argumento do circulo vicioso e do ad infinitum.

a- Não se sabe o que é o homem: pois segundo os dogmáticos, não só é


inapreensível mas também ininteligível.
Demócrito admite a realidade aos átomos e aos vazios, como compartilhamos a mesma
natureza desses atamos com os animais e só a isso conhecemos, não temos como
distinguir. §24
Homem como animal racional, mortal, receptivo a inteligência e ao saber: contra-
argumento com o primeiro tropo.
§28 Platão expõe uma definição de homem de forma insegura, pois estão em um devir e
nunca são, define conforme o provável.
§29 TRADUZIR
Só apreendemos do corpo aquilo que é acidental a ele, não ele nele mesmo.
A alma é, inapreensível, apreensível, e suspenderam sobre. Para elucidar a sua
apreensibilidade seria necessário mostrar de que forma: pelos sentidos não, pois os
dogmáticos dizem que ela é inteligível, se pelo intelecto, é contraditório pois ele é a
parte mais inacessível da alma. Portanto, com nenhum dos dois.

b- Não está claro se o homem deve ser quem julga


Aos que dizem que o critério deve ser dado pelo julgamento humano, devem dar uma
demonstração. “Mas com demonstração não. Pois a demonstração tem de ser verdadeira
e constratada, por ele, e constratada igualmente por alguém.” P.148
Por quem poderíamos garantir que o homem seja o critério ‘por quem’? se for o homem
se presume o que está investigando, por um animal também é problemático.

c- Nem o critério de um só nem o critério da maioria são seguros


§37 - Aceitando que seja o homem o critério, vamos somente supor que os homens
sejam capazes, e que iremos concordar com isso. Qual deveríamos seguir? Visto que
eles discutem tanto? Ao sábio? E quem é esse? Se até mesmo a isso haverá discussão.
Este sábio é posto em dúvida quanto a existência temporal. § 43 questiona a
confiabilidade das verdades desse sábio.
§43 – Que seja estabelecido pela maioria: “Em primeiro lugar, com efeito, a verdade é
seguramente uma coisa pouco frequente e por isso é mais possível que apenas um seja
mais sábio que a maioria.” P.151
“Em segundo lugar, a qualquer critério se oporá mais gente do que haverá gente para
concordar.” P.151 §44???
Como foi dito no quarto tropo: há infinitos homens e não é possível consultar seus
juízos, para pode decidir o que diz a maioria.
É inapreensível o critério ‘por quem’ as coisas serão ajuizadas.
VI – sobre o “com o que”

Segundo os dogmáticos, os homens é por quem enjuizamos as coisas, e que esses


julgam as coisas segundo suas sensibilidades e inteligência. Os céticos mostram que não
é possível julgar por algum deles nem por eles juntos.

a- O critério dos sentidos


Alguns dizem que os sentidos têm impressões vazias pois nada do que parece, os afeta,
existem realmente; ou que essas existe, e outros que em parte existem, não pode-se estar
de acordo com nenhuma.” P.153

“Mas vamos supor, pelo andamento do argumento, que os sentidos servem perceber as
coisas; ainda assim, eles iriam TRADUZIR DO INGLES
A discussão não é entorno da apreensão ou não que os sentidos dá das coisas, supõe-se
que sim. Os sentidos são afetados de forma contraditória pelas coisas externas.

§53 – “Assim pois, dizer que todas as percepções são verdadeiras, ou que umas são
verdadeiras e outras falsas, ou que todas são falsas, é impossível sentenciar por que não
temos um critério aceito com o qual determinar aquilo que tentamos dar preferência,
nem dispomos de uma demonstração verdadeira e contrastada, ao estarmos investigando
aqui o critério de verdade com o qual convém determinar se uma demonstração é
verdadeira.” P.154

Os sentidos se contradizem tanto estando normais quanto alterados, e não há como


julgar visto não haver um critério de escolha.

b- O critério da inteligência
Primeiro a demonstração de que o intelecto é apreensível inexiste. Mas assumindo que
ela existe que é apreensível, “Na verdade, se nem a si mesmo se vê ela com claridade,
mas que há discrepância sobre sua essência e sobra a forma de sua origem e sobre o
lugar em que está, como poderia apreender com clareza algo das outras coisas?” p.156
Tomar partido, escolher um pressuposto é ASSUMIR O QUE ESTÁ
INVESTIGANDO. Se digo que julgo através da inteligência tomo ela como parâmetro,
se digo que não, que é com algo diferente, não diremos que se julga penas pela
inteligência. Não há uma inteligência melhor que outra, considerando também
temporalidade. Não deve ser critério, portanto.

c- O critério da inteligência e dos sentidos juntos


O intelecto, movido pelos sentidos é forçado a fazer declarações inconstantes e incertas,
e isso não é o requerido de um critério.

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