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 Filosofia

Ceticismo: o que é, ceticismo na filosofia


e um resumo sobre
Filosofia - Manual do Enem
Publicado por Clara Tadayozzi
 - Última atualização: 28/7/2022

Índice
1) Introdução
2) Quais são as principais ideias do ceticismo?
3) Quem são os filósofos céticos?
4) O que os céticos defendem
5) Exercícios

Introdução
A palavra ceticismo vem do grego, sképsis, que significa "exame,
investigação". Trata-se de uma corrente filosófica que defende que não se
pode atingir a certeza absoluta a respeito da verdade, sendo necessário
o constante questionamento e investigação sobre os fenômenos que
permeiam a existência humana.

Essa doutrina filosófica surgiu na Grécia Clássica, com o filósofo Pirro de


Élis (360 a.C. - 270 a.C.) e, com o passar do tempo, se dividiu em algumas
ramificações, como o ceticismo filosófico e o ceticismo científico.

Quais são as principais ideias do ceticismo?


O ceticismo propõe um constante estado de dúvida, defendendo a hipótese
de que não é possível chegar a uma conclusão definitiva sobre a verdade ou
um conhecimento específico. Sendo assim, é uma corrente filosófica que se
opõe a crenças, opiniões e pensamentos assumidos pelo senso comum como
verdades, bem como rejeita dogmas, fenômenos religiosos ou metafísicos.

Essa doutrina foi fundada pelo filósofo grego Pirro de Élis, que não deixou
nenhum registro escrito sobre suas convicções, mas teve suas ideias
propagadas pelos discípulos que o procederam, como Tímon de Fliunte e
Sexto Empírico.
Representação De Pirro
De Élis, Por Thomas Stanley, The History Of Philosophy, 1655

Segundo os pressupostos céticos, a ideia de felicidade está atrelada a aceitar


os contextos como eles são, sem a tentativa de julgar os acontecimentos e
emitir opiniões sobre eles. Para Pirro, a verdade absoluta é inatingível, e
portanto, a busca por conclusões definitivas e inquestionáveis é apenas perda
de tempo e fonte de inquietação e frustração.

O filósofo supõe que, somente atingindo esse estado neutro sobre as questões
pertinentes à existência humana, chamado de afasia, é que se alcançaria a
paz interior capaz de gerar felicidade. Essa ausência de perturbações e
inquietações da mente é denominada ataraxia e representa a serena
felicidade, conquistada a partir do domínio ou da extinção de paixões, desejos
e inclinações sensórias.

O movimento defendido pelos céticos de suspender o julgamento sobre as


coisas é chamado de epoché, que significa "colocar entre parênteses" e
representa a atitude de não aceitar nem negar uma determinada proposição ou
juízo.

Dessa forma, o ceticismo se opõe diretamente ao dogmatismo, que, por sua


vez, admite que o conhecimento humano é apto à obtenção de verdades de
caráter incontestável. Os adeptos do ceticismo refutam essa premissa,
sujeitando todas as supostas verdades ao questionamento e à abstenção de
julgamentos.

Assim, o termo "cético" é atualmente utilizado para se referir a pessoas que


apresentam uma postura incrédula, duvidando das circunstâncias diversas que
se associam às questões e conhecimentos humanos.  

Quem são os filósofos céticos?


Como já citado, o filósofo considerado o "pai" do ceticismo, também
denominado pirronismo, foi Pirro de Élis, um pintor que começou a ter contato
com a filosofia por meio das obras de Demócrito.

Pirro acompanhou o rei Alexandre Magno em suas expedições pelo Oriente,


nas quais teve contato com diferentes culturas, costumes, doutrinas e o
misticismo de pensadores das regiões da Índia e Pérsia, o que fez o filósofo
começar a questionar suas próprias convicções.

Nesse contexto, Pirro percebeu que as noções de bom e ruim, justo e injusto,
certo e errado, eram diferentes para cada civilização, e com isso, desenvolveu
uma postura questionadora perante a vida, que resultou em sua teoria de que
não existe verdade absoluta.

Como ele não deixou registros escritos de seu trabalho, seus pensamentos
foram divulgados por meio das obras de seus discípulos, principalmente os
escritos de Tímon de Fliunte. Outros pensadores também difundiram o
ceticismo, como Carnéades e Sexto Empírico, considerado a maior
autoridade do ceticismo grego.
Representação De Sexto Empírico (Domínio
Público)

Outros nomes do ceticismo antigo que se destacam são Enesidemo, Agripa e


Antíoco de Laodicéia, filósofos que retomaram os conceitos céticos depois de
Pirro. Já na Idade Moderna, no período do Renascimento e da Revolução
Francesa, a doutrina foi recuperada pelos filósofos Montaigne e David Hume,
se expandindo com a “Nova Academia”.

O que os céticos defendem


Os adeptos do ceticismo defendem que não existe a verdade absoluta sobre
nada, sendo a renúncia de qualquer certeza a condição para a felicidade. Entre
os pressupostos do ceticismo, estão:

 Não existe verdade inquestionável e definitiva;


 A felicidade consiste em não julgar coisa alguma;
 O ser humano deve manter uma posição neutra sobre as questões que
o envolvem para alcançar a paz interior;
 Não existem dogmas, fenômenos religiosos ou metafísicos;
 A busca por verdades definitivas é inconclusiva e fonte de inquietação e
frustração;
 O que parece ser verdade é apenas ilusão passageira;
 Não se deve buscar a verdade absoluta, mas o entendimento de como
as coisas estão dispostas no momento em que as conhecemos;
 Oposição ao dogmatismo e às crenças estabelecidas pelo senso
comum.

Enem 2016
Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto, e que, da
mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade, que os homens
agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo.
Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não
se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo,
precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB,
1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:


A. Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
B. Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.
C. Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.
D. Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.
E. Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo.

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