Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
De forma geral, a conservação pelo uso do frio busca retardar os processos enzimáticos,
químicos e microbiológicos pela diminuição da temperatura, é importante o uso da palavra retardar,
já que não é possível inibir totalmente esses processos, mas sim, atrasá-los o suficiente para que o
alimento se mantenha em bom estado até o seu consumo. No morango in natura, especificamente, é
necessária uma sanitização e armazenação pós-colheita para que ele se mantenha estável para a
estocagem. Dependendo do alimento, é recomendado que ele seja apenas refrigerado ou totalmente
congelado, é importante saber os fatores que influenciam nesse processo, tendo em vista que o
controle da situação vai depender do alimento em questão da sua composição química, tamanho e
constituição, também as suas propriedades e como a interferência que o frio causa nos seus
processos bioquímicos, condutividade térmica e entre outros, esses fatores são importantes
justamente para saber em qual temperatura por ou não o alimento e também o tempo.
A tratamento pelo frio é um método eficiente e atua tanto de formas positivas como
negativas em alimentos de origem vegetal como animal, mas como qualquer outro método de
conservação, ele busca aumentar a avida útil do alimento, dessa forma, ele retarda os processos
químicos, enzimáticos e microbiológicos, no entanto, é importante a temperatura ser baixa e
constante, pois todos esses processos de certa forma “adormecem” em baixa temperatura e
“despertam” com o aumento da mesma, por isso, é importante o auxílio de um tratamento
anteriormente, de preferência com calor, tanto para a inativação parcial das enzimas quanto para os
microrganismos.
A depender da temperatura, existem dois conceitos que podem ser adotados ao tratamento
pelo frio, nas temperaturas de 1 a 8°C é onde o alimento é refrigerado, um processo brando que
necessita de processos auxiliares para um bom resultado, mas nele, ocorre a redução e manutenção
do ponto de congelamento, inibição parcial dos processos microbiológicos, químicos e
microbiológicos e também o aumento sutil da vida útil, é necessário cuidado nesse método, pois o
alimento não é totalmente congelado e nessas temperaturas ainda é possível ver o crescimento de
microrganismos, outro cuidado de suma importância é a umidade relativa, que não deve ser baixa
demais nem alta demais, pois dependo disso o alimento pode ressecar ou absorver umidade, que em
excesso pode ser um meio propício para bolores, esse método, por ser bando possui algumas
limitações, como a resseca e quebra de folhas e casos de hortaliças, podem ocorrer alterações na cor
do alimento, o envelhecimento precoce comparado ao congelamento, e muito cuidado com
alimento de baixa atividade de água (Aw), pois em um ambiente refrigerado de alta umidade, pode
ser que ele absorva essa umidade e ela aumente sua Aw, propiciando o surgimento de
microrganismos.
Nas temperaturas de 0 a – 18°C, é onde o alimento é congelado, nessa temperatura ocorre a
inibição parcial/total dos processos microbiológicos, químicos enzimáticos, além de reduzir a Aw
do alimento, esse processo possui uma preservação muito maior em comparação a refrigeração e
parte do mesmo princípio, tendo a diferença de suma importância, a temperatura mais baixa, pode
ser auxiliado por processos anteriores como branqueamento, é recomendado a utilização de baixas
temperaturas, menores ou igual a -18° C, pois justamente por ser uma temperatura tão baixa, é um
ambiente não favorável para o crescimento dos microrganismos e as reações químicas e
enzimáticas ocorre em velocidades tão lentas, que podem ser consideradas nulas.
No entanto, esse método também deve-se ter cuidado, principalmente com o tempo do
congelamento, que deve ser rápido, pois o tempo definirá como irá acontecer a formação dos
cristais de gelo, se o congelamento for rápido, ocorrerá a formação de pequenos cristais, que é uma
coisa boa, se for demorado, os cristais serão maiores, o que pode resultar em rompimento das
membranas celulares e fibras pelo processo de nucleação, e assim ocasionando a perca de nutrientes
quando o alimento for descongelado, outra questão é o recongelamento do alimento, que não é
recomendado principalmente se for em congeladores comuns, onde o processo é lento, o que
resultaria em uma nova formação de cristais de gelo e novamente a perca de nutrientes pelo
rompimento das células, por isso recomenda-se não recongelar.
A conservação pelo uso da desidratação atua diminuindo o teor de unidade do alimento pela
retirada da água, e possui como objetivo o aumento da vida útil do alimento. Pela retirada da água,
o corre o abaixamento da Aw, e como consequência disso, o alimento se torna um meio menos
favorável ao crescimento de determinados microrganismos, o processo de desidratação, a retirada
da água pode ocorrer por evaporação (secagem) com a aplicação de calor ou frio, ou por
concentração, que no fim, não teremos um alimento desidratado, mas sim um alimento com alto
teor de sólidos solúveis e com pouca água disponível para reações químicas e microbiológicas, a
escolha desse métodos vai depender do alimento.
A secagem pode ocorrer de forma natural ou artificial, na natural temos um ambiente
totalmente aberto e é necessário ter condições climáticas favoráveis, como umidade relativa,
exposição do alimento aos microrganismos e a temperatura ambiente nativa do local, muitas
pessoas podem optar por esse método tendo em vista que ele possui um menor custo, porém, por
todos esses fatores, recomenda-se a secagem artificial, onde tem melhores condições sanitárias e o
processo é mais controlável e a possibilidade de um produto final melhor pode ser mais alta,
importante ressaltar que tanto na secagem artificial como natural, a natureza alimento que
determina o tempo da secagem.
É importante tomar cuidado com o alimento no momento da secagem, pois a sua parte
superior pode acabar cristalizando e isso acabaria dificultando a água sair do seu interior, a
movimentação da água é o que ocorre na secagem, o calor, seja por condução, convecção ou
irradiação penetra no alimento e faz com que a água evapore, esse fenômeno é chamado de difusão
capilar, onde a água, por meio de “túneis” entre as células, consegue escapar, outro método é a
saída da água por difusão de líquidos, que com a secagem, o teor de sólidos aumenta e devido a
diferença de concentração de solutos a água acaba saindo, também existe o movimento devido a
retração, o alimento encolhe e a água dentro dele acaba saindo e entre outros.
A desidratação acaba, de certa forma, renovando o produto, já que o produto final, na
maioria das vezes possui características sensoriais, químicas e físicas totalmente diferente do in
natura, importante ressaltar que o alimento antes da desidratação, pode passar por processos
anteriores como a salga em produtos cárneos e também pode ser necessário um tratamento de pH,
pois todo e qualquer alimento desidratado deve ter pH <4,5 para que o crescimento de
microrganismos não seja favorável tendo em vista que muitos desses alimentos podem ser
conservados a temperatura ambiente.
Entre as vantagens desse método podemos ressaltar o aumento da vida útil do alimento,
conservando por mais tempo, a redução no peso e o preço final que será mais viável, no entanto,
existem limitações e cuidados que esse método deve ter, como o endurecimento da parte superficial
do alimento no momento da secagem pois a água não irá conseguir sair corretamente e o alimento
poderá ter textura emborrachada, cuidados com a retração, gelatinização do amido, perda de
compostos aromáticos, perdas nutricionais e mundaças de pigmento.
A tabela apresentando os resultados de um trabalho de uva desidratada confirma todas as
afirmações acima, pois a Aw diminuiu com a saída da água, umidade também baixou, antocianinas,
e sólidos se elevaram, tudo isso pela saída da água, que ocasiona o aumento dos sólidos, também
observa-se o pH, que aumentou, mas se manteve < 4,5.