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USP – Universidade de São Paulo

PROCAM – Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental

MÉTODOS QUALITATIVOS NA
PESQUISA INTERDISCIPLINAR
Estudo de Caso – Percepção Ambiental – Análise de Conteúdo

Adalberto Wodianer Marcondes da Silva Larissa Giroldo


Amanda Martins Jacob
Mariana Gutierres Arteiro da Paz
Carmen Lucia Melges Elias Gattás
Eloísa Albuquerque Papucides Bosco Tiago Niela
José Alfredo Bosi Rafael Gianesella Galvão

ICA - 5763 Pesquisa Interdisciplinar Ambiental


Primeira Parte

1. ESTUDO DE CASO
Contextualização e Considerações Gerais – Estudo de Caso como
Método de Pesquisa – Projeto e Lógica do Estudo de Caso – Exemplo
de Tese do PROCAM.
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

Segundo GIL (2002) O estudo de caso é um método de investigação


em pesquisa social caracterizado por:
 Estudar poucos objetos de pesquisa de maneira aprofundada (com
o maior nível de detalhamento possível)
 Investigação de fenômenos e condições específicas

 Utilização favorável na análise de temas com alta complexidade,


permitindo a formulação de problemas e a construção de hipóteses

(...) Em resumo, o estudo de caso permite uma investigação para preservar as


características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real – tais
como: ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos,
mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação
de setores econômicos (YIN, 2005, p. 20).
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

O Estudo de Observação direta


Caso Levantamento de
documentos e arquivos
Entrevistas

Pode ser:
 Descritivo
 Exploratório
 Explanatório
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

Para determinar se o estudo de caso é o método ideal de


análise da pesquisa, o autor Robert Yin (2005),
estabeleceu um protocolo com base em três perguntas:
 Existem questões do tipo “como” e “por que” nas perguntas de
pesquisa?
 Quando o pesquisador possui pouco controle sobre os fenômenos e
acontecimentos que ocorrem dentro do objeto de estudo?
 Quando a pesquisa se concentra em fatos contemporâneos?
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

A proposição de estudos de caso único deve considerar a


existência de casos (YIN, 2005):
 RAROS, ÚNICOS OU EXTREMOS – Ocorre quando o fenômeno estudado possui
um comportamento atípico ou extremamente raro, no qual não há teorias
explicativas relacionadas (pelo menos não convincentes) e quando o caso é
fundamental para testar uma teoria específica
 TÍPICOS OU REPRESENTATIVOS – Ocorre quando a situação ou o fenômeno
estudado reflete com certa precisão a teoria proposta.
 REVELADORES – Situação ou fenômeno até então inacessível à investigação
científica.
 LONGITUDINAIS – Estudo de um mesmo caso sob pontos de vista diferentes no
tempo
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

Limitações no uso dos estudos de caso:


 Falta de concisão ou rigor na pesquisa devido a falta de protocolo
 Dificuldade de generalização científica
 Falta de literatura na área sobre os procedimentos necessários para a instauração dos
estudos de caso (YIN, 2005).

Características do Pesquisador: (YIN, 2005)


 Fazer boas perguntas e a partir delas saber interpretar as respostas
 Ser um bom ouvinte e não se deixar levar por ideologias e conceitos pré-concebidos
 Saber adaptar-se as diferentes situações que surgem ao decorrer da pesquisa
 Possuir uma noção clara acerca das questões que estão sendo estudadas sem perder o
foco da pesquisa
 Ser imparcial em relação à essas mesmas noções.
Contextualização e
Estudo de Caso Considerações Gerais

Limitações no uso dos estudos de caso:


 Falta de concisão ou rigor na pesquisa devido a falta de protocolo
 Dificuldade de generalização científica
 Falta de literatura na área sobre os procedimentos necessários para a
instauração dos estudos de caso (YIN, 2005).

Estudo de Casos Múltiplos


 Replicação da mesma lógica de análise para mais de um estudo de caso –
resultando em um maior número de evidências e uma maior confiabilidade
da pesquisa. Exemplo: vários indivíduos, localidades, instituições e etc.
Estudo de Caso como
Estudo de Caso Método de Pesquisa

Segundo Robert Yin (2005) os componentes do projeto de pesquisa


devem levar em conta quatro itens principais:
 Questões do estudo: existência de questões do tipo “como” e “por que” nas perguntas de
pesquisa. Definição dos objetivos e propósitos do estudo de caso.
 Proposições do estudo: identificar as proposições, verificando a partir de qual princípio
elas foram concebidas para direcionar o foco da pesquisa, a retomada do referencial
teórico é importante.
 Unidade de análise: Significa definir do que é o “caso”. Essa definição não precisa ser
definitiva logo no início do projeto de pesquisa, todas as escolhas podem ser revistas.
 Lógica dos dados e das preposições e os critérios para a interpretação das constatações:
significa relacionar os dados obtidos às proposições impostas inicialmente na pesquisa.
Estudo de Caso como
Estudo de Caso Método de Pesquisa

Na definição da unidade de analise, ou seja, o estudo de caso


propriamente dito, Robert Yin (2005) estabelece um protocolo:
 Introdução ao estudo de caso e objetivo do protocolo: Levantamento de questões, hipóteses
e preposições do estudo de caso; estabelecimento da estrutura teórica (escopo), além da
definição de uma linha de investigação.
 Procedimentos da coleta de dados: Necessita de um plano descritivo para a coleta de
dados com a definição dos locais a serem visitados e das pessoas a serem contatadas ou
entrevistadas.
 Esboço do relatório de estudo de caso contendo basicamente: a descrição prática das
atividades desenvolvidas no estudo de caso, os resultados obtidos por meio da aplicação
dos procedimentos de coleta.
 Questões do estudo de caso: compreende a avaliação final e interpretação dos resultados
obtidos.
Estudo de Caso como
Estudo de Caso Método de Pesquisa

Fontes de Coleta de Dados e Utilização de Evidências (YIN, 2005)

 Utilização de várias fontes de evidência como: documentos, registros em arquivos, artefatos


físicos, entrevistas e observação direta e participante – com o objetivo de direcionar o
foco de pesquisa e realizar constatações e conclusões acerca do estudo.
 Criação de um banco de dados: desenvolvimento de uma forma de organizar os dados
coletados aumentando a confiabilidade do estudo, essa organização dos dados pode
ocorrer por meio de notas, documentos, tabelas e narrativas.
 Manter o encadeamento de evidências: esse princípio possui o objetivo de permitir que o
leitor seja capaz, por meio da leitura seqüencial e lógica, de entender todo o contexto da
pesquisa desde as questões iniciais até as conclusões.
Projeto e Lógica do Estudo
Estudo de Caso de Caso
Projeto e Lógica do
Estudo de Caso Estudo de Caso

PLANO
Quando usar os estudos de caso como
método de pesquisa?
Identificar as questões de pesquisa ou outras
justificativas para a realização de um estudo de caso;
 Decidir usar o método do estudo de caso,
comparando com outros métodos; e
Entender seus pontos fortes e suas limitações.
Projeto e Lógica do
Estudo de Caso Estudo de Caso

PROJETO
Identificação e estabelecimento da lógica do seu
estudo de caso:
 Definir a unidade de analise e os prováveis casos para
estudo;
 Desenvolver a teoria, as proposições e os assuntos subjacentes
ao estudo antecipado;
 Identificar o projecto do estudo de caso (único, múltiplo,
holístico e integrado); e
 Definir os procedimentos para manter a qualidade do estudo
de caso.
Projeto e Lógica do Estudo
Estudo de Caso de Caso

PREPARAÇÃO PARA COLETA DE EVIDÊNCIA


O que é necessário antes de dar início à coleta dos
dados do estudo de caso?
 Ampliar as habilidades como investigador de estudo de caso;
 Treinar para o estudo de caso específico;
 Desenvolver o protocolo do estudo de caso;
 Conduzir um caso piloto; e
 Obter aprovação para a proteção dos sujeitos humanos
Projeto e Lógica do Estudo
Estudo de Caso de Caso

COLETA DE EVIDÊNCIA
Princípios que devem ser seguidos no trabalho com
seis (6) fontes de evidencia:
 Seguir o protocolo do estudo de caso;
 Usar múltiplas fontes de evidência
 Criar um banco de dados do estudo de caso;
 Manter um encadeamento de evidência.
Projeto e Lógica do
Estudo de Caso Estudo de Caso

ANÁLISE DA EVIDÊNCIA
Como iniciar sua análise, suas escolhas analíticas e
como funcionam?
 Contar com proposições teóricas e outras estratégias;
 Considerar qualquer uma das cinco técnicas analíticas, usando
dados qualitativos, quantitativos ou ambos;
 Explorar as explanações rivais; e
 Apresentar os dados separados das interpretações.
Projeto e Lógica do Estudo
Estudo de Caso de Caso

COMPARTILHAMENTO
Relatório dos estudos de caso (como compor):
 Definir o público;
 Compor os materiais textuais e visuais;
 Apresentar evidência suficiente para o leitor alcançar suas
próprias conclusões; e
 Revisar e reescrever até estar bem feito
Estudo de Caso Exemplo

“Catadores: uma perspectiva de sua inserção no campo da


indústria de reciclagem”

Introdução

 Objetivo: entender a inserção dos catadores no campo da


indústria de reciclagem, confrontando a abordagem da
Economia Solidária com a Teoria institucional
 Problema: como e por que está ocorrendo a inclusão dos
catadores na cadeia de reciclagem da embalagem PET?
Estudo de Caso Exemplo

Questões Proposições
Como se desenvolver uma cadeia A organização dos catadores em
produtiva e um serviço público sistemas cooperativistas de
inovadores no âmbito da Economia Solidária não é de fato
produção e disposição de uma via para sua inclusão social.
resíduos?
Como promover políticas públicas A exclusão dos catadores é o que
que reconheçam a participação o qualifica para o trabalho.
dos catadores nos processos de
coleta e de reciclagem?
Estudo de Caso Exemplo

Coleta de dados
 I. Identificar e contatar os profissionais a serem
entrevistados
 II. Elaborar o protocolo de pesquisa
 III. Realizar as entrevistas e audiência a palestras
Estudo de Caso Exemplo

Procedimentos analíticos
 Esboço do relatório de estudo de caso contendo
basicamente: a descrição prática das atividades
desenvolvidas no estudo de caso, os resultados
obtidos por meio da aplicação dos procedimentos de
coleta.
 Questões do estudo de caso: compreende a avaliação
final e interpretação dos resultados obtidos.
Estudo de Caso Exemplo

Resultados e questões
 Cooperativas integradas a um campo organizacional
presidido pela lógica da acumulação - submetidas a pressões
isomórficas.
 Catadores não se enquadram na categoria de excluídos -
trabalhadores úteis e fundamentais
 Catadores vivem um processo de exclusão e inclusão social
 Campo da indústria de reciclagem como uma estrutura social -
os catadores passam a ser o grupo desafiante do campo.
Bibliografia Complementar:
BRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M.
Bibliografia Principal: Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os
pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: 1977.
YIN. R. K. Estudo de
DENZIN N. K.; LINCOLN Y. S. O Planejamento da
Caso: Planejamento Pesquisa Qualitativa: Teorias e Abordagem. 2ª Ed.
e Método. 4ª Ed. Porto Alegre: 2006. 432p
Porto Alegre: 2010.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.
248p Ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.


ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GONÇALVES-DIAS, S. L. F. Catadores: uma


perspectiva de sua inserção no campo da indústria
de reciclagem. Tese (Doutorado – PROCAM).
SANTOS, M. C. L. dos; orientadora. São Paulo: 2009.
198 p.

.
Segunda Parte

2. PERCEPÇÃO AMBIENTAL
Contextualização e Considerações Gerais – Percepção Ambiental
como Método de Pesquisa – Exemplo: A Imagem da Cidade de
Lynch
Percepção Ambiental

O conceito Percepção Ambiental vai da fisiologia à


semiótica, passando pelas representações sociais ou
pelo funcionalismo:
 Análise atomista - séc. XIX e até o início do séc. XX;
 A Teoria da Gestalt, surgida no início do século XX;
 Idéias de psicólogos alemães e austríacos;
 Estudos de percepção das cores de Goethe;
 Fenomenologia e o Existencialismo;
Percepção Ambiental

Sendo definida por:


 Operação que expõe a lógica da linguagem que organiza os
signos (Ferrara -1993);
 Representação da população (Ianni -1999);
 Piaget a partir do construtivismo (Oliveira -2002) ;
 Lynch e Cullen através de uma vertente estruturalista ;
 Peirce ou de Saussure pela semiótica;
 Uma vertente fenomenológica, que teria em Tuan e na geografia
humanística a sua inspiração mais forte.
Percepção Ambiental
Lynch – A imagem da cidade

 Legibilidade
A IMAGEM DO  Construindo a imagem
MEIO AMBIENTE  Estrutura e identidade
 Imaginabilidade

1. Vias:
A IMAGEM DA 2. Limites:
CIDADE E OS SEUS 3. Bairros:
ELEMENTOS 4. Cruzamentos:
5. Pontos marcantes: inter-relação de
elementos, a imagem mutável e a qualidade
da imagem
Percepção Ambiental
Lynch – A imagem da cidade
Desenhando as ruas
O design de outros elementos
A FORMA DA
Qualidades de forma: 1. Singularidade,
CIDADE 2.Simplicidade de forma, 3.Continuidade,
4.Predominância, 5.Clareza de ligação, 6.Diferenciação
direcional, 7.Alcance visual, 8.Consciência do movimento; e
9.Séries temporais
O sentido do todo
A forma metropolitana
Um vasto ambiente urbano pode ter uma forma
UMA NOVA perceptível, numa estrutura elástica aos hábitos dos
cidadãos, aberta a mudanças de função e
ESCALA significado, receptiva à formação de novas imagens.
Nesta escala, a educação visual deverá levar o
cidadão a atuar sobre o seu mundo visual,
propiciando a ele a capacidade de ver mais
nitidamente.
Percepção Ambiental
Lynch – A imagem da cidade

As imagens do meio ambiente derivam de um processo


bilateral:
Observador Meio

O observador deveria participar ativamente na


percepção do mundo e criticamente no desenvolvimento
da sua imagem, embora concorde com a imagem
criada entre membros de seu grupo.
Percepção Ambiental
Lynch – A imagem da cidade
A imagem do meio ambiente pode ser analisada em
três componentes:
 Identidade - distinção de outras coisas, enquanto
entidade separável, individual ou particular;
 Estrutura – relação espacial ou estrutural do objeto
com o observador e com os outros objetos;
 Significado – relação de significado tanto prático
como emocional.
Percepção Ambiental

As abordagens filosóficas nas pesquisas da percepção ambiental


a partir de Merleau-Ponty , o essencial é captar a percepção viva,
a percepção em via de realização. Para isso, é necessário se
livrar de todos os preconceitos dogmáticos que proporcionam
apenas percepções fossilizadas, espécies de objetos cadáveres.
Na análise dos espaços vividos, segundo Serpa a fenomenologia
da imaginação de Bachelard exige que “vivamos diretamente as
imagens, que as consideremos como acontecimentos súbitos da
vida”. (2001, p.34)
Percepção Ambiental

As discussões da estética permitem uma importante reflexão


para a educação ambiental no que diz respeito às perdas de
contato com a concretude nos grandes centros urbanos, que
significam também perda de contato com a natureza e o lugar
habitado, em função da disseminação das hiper-realidades e
proliferação dos não-lugares, que dessensibilizam cada vez mais
o ser humano.
Percepção Ambiental

 Estudos sobre percepção ambiental no campo da educação


ambiental são iniciativas que podemos considerar relativamente
novas, se comparadas à inserção da temática em outros campos
de conhecimento,como a psicologia e a geografia. Há, no
entanto, uma preocupação recente que diz respeito às formas
como essas iniciativas têm sido conduzidas,principalmente quanto
à adoção dos referenciais teóricos e às diferentes questões e
abordagens de pesquisa que são ancoradas no tema, algumas
vezes desprovidas do entendimento do seu real significado.
Percepção Ambiental

 Há uma determinada complexidade na natureza do


fenômeno, o que gera uma demanda por aportes teóricos de
outras áreas do conhecimento;

 Essa complexidade se revela no surgimento de vários conceitos


articuladores quando se busca evidenciar como se dá a
percepção,tais como memória, imaginário e construção social
da imagem, conhecimentos populares, elementos estéticos,
processoscognitivos e topofilia;
Percepção Ambiental

 Há uma certa superficialidade, detectável nos


estudos no campo da educação ambiental, no uso
desses conceitos e seus fundamentos advindos de
outras áreas de conhecimento;
 O não-entendimento do real sentido do fenômeno
tem significado alguns reducionismos nos estudos da
percepção no campo da educação ambiental,
especialmente nos que se caracterizam pela
reprodução de levantamentos conceituais e pela
falta de fundamentação teórica adequada.
Bibliografia Principal: Bibliografia Complementar:

LYNCH, Kevin, A DESCARTES, René, Discurso


Imagem da Cidade, do Método, Os Pensadores, Abril
Edições 70, 1989 Cultural, 1979
MERLEAU-PONTY, Maurice,
Fenomenologia da Percepção,
Martins Fontes, 2006
Terceira Parte

3. ANÁLISE DE CONTEÚDO
Contextualização e Considerações Gerais – Análise de Conteúdo
como Método de Pesquisa –– Exemplo: Análise de conteúdo de
BARDIN.
Análise de Conteúdo

Definição:
 “Um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos,
sistemáticos, e objetivos de descrição do conteúdo da
mensagem, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) desta mensagem.”
Análise de Conteúdo

Histórico
 Primeiras análises: hermenêutica
 1915: Lasswell
 2º Guerra Mundial e Guerra-Fria: investigação e
descrição objetiva.
 1950 á 1960: diminuição das análises de conteúdo.
 1960: início da interdisciplinaridade.
Análise de Conteúdo

Interdisciplinaridade
Tratamento e análise de mensagem podendo ser
utilizado em diversas disciplinas:
Análise de Conteúdo

Método:

 1) Pré – análise
 2) Exploração do material
 3) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação
Análise de Conteúdo

1) Pré- análise:
 Escolha dos documentos a analisar;

 Formulação de hipótese e objetivos;

 Elaboração de indicadores que fundamentem a


interpretação final;
 Operações sucessivas, Reflexivo e organizacional

2) Exploração do material:
 Fase longa consistindo da codificação do material
após a conclusão da pré análise.
Análise de Conteúdo

3a) Tratamento de resultados obtido e interpretação


 Condensação e relevância das informações obtidas
através da análise (operações estatísticas, simples ou
complexas estabelecendo quadro de resultados,
figuras e modelos)
Análise de Conteúdo

 3b) Tratamento dos dados obtidos:


- Codificação:
Tratamento do material através de escolhas
representativas para o conteúdo:
- Análise temática;
- Compreensão do contexto em que o objeto está
inserido;
- Análise qualitativa e quantitativa.
Análise de Conteúdo

 3c) Tratamento dos dados obtidos:


Categorização
Uma classificação dos elementos seguidos por
reagrupamento dos mesmos com critérios
previamente definidos:
-Inventário;
-Classificação.
Análise de Conteúdo

 3d) Tratamento dos dados obtidos:


Inferência
Inferência é uma interpretação controlada da análise
de um conteúdo e possui dois aspectos:
O teórico (pólos de atração) e;
O prático ou realista.
Análise de Conteúdo

 Polos da análise (de atração)


 A análise fornece informações suplementares ao seu
leitor, os pólos de atração de uma análise são o
sujeito e o objeto a ser analisado.
 Podem se basear no mecanismo clássico da
comunicação: de um lado a mensagem, de outro, o
receptor.
Análise de Conteúdo

A – o emissor pode ser um individuo ou um grupo de


indivíduos que exprimem mensagens que os
representa.
B – o receptor, novamente, pode ser um indivíduo ou um
grupo emissor que se dirige ao receptor.
C – a mensagem pode fornecer informações sobre o
emissor ou sobre o receptor, sem ela não é possível
fazer uma análise.
Análise de Conteúdo

Existem dois níveis de análise:


O continente ( significantes, código) e o conteúdo
(significados, significação):
 O código - entender até que ponto a mensagem informa o que
queremos saber.
 A significação – é o significado que a mensagem fornece: seu
conteúdo. Muitas vezes o conteúdo encontrado na mensagem pode
estar ligado a códigos que sustentam uma significação.
 D- O medium é o canal que a mensagem é transmitida. ( TV,
telefone, carta, livro, filme e etc...)
Análise de Conteúdo

 Na análise de conteúdo a inferência torna-se importante no


momento em que se analisa a função expressiva da
comunicação, na medida em que é uma interpretação
controlada. Pode-se analisar o receptor (com hipóteses) de
como a mensagem exprime e representa o emissor ou analisar
o receptor (do que a mensagem representa para quem a
recebe).
 No entanto é sempre necessário a inferência da mensagem
porque é o ponto de partida da análise.
 A inferência é o início da indução para investigar as causas
da mensagem. Os indicadores de inferência são de naturezas
diversas de acordo com seu objetivo.
Análise de Conteúdo

1 - Análise Categorial
 Desmembramento do texto em unidades
 Investigação por temas (análise temática): uma possibilidade de
categorização
2 - Análise de avaliação
 Medida das atitudes: detectar uma “pré disposição”,
manifestação de juízo de valor
 Extrair mensagens: Seleciona-se enunciados que exprimem uma
avaliação.
 Observa-se como os termos são utilizados e associados.
Adjetivos, substantivos etc. Ex: “o Herói oferece a paz”
 Atenção ao nível de favoritismo/desfavorotismo
Análise de Conteúdo

3 – Análise da enunciação
 Considera a produção da palavra como um processo. O
discurso é um momento num processo de elaboração.
 Condições de produção da palavra em entrevistas (ou
qualquer comunicação):

Triângulo: LOCUTOR
OBJETO INTERLOCUTOR

 Observar figuras de retórica


Análise de Conteúdo

4 – Análise da Expressão
 Preocupação com características formais.
 Índices
 Ex: quantidade de palavras diferentes utilizadas. Riqueza de
vocabulário. Léxico.
 Quantidades de palavras exprimem mal estar X descontração
(utilizado em terapias)
 Características da frase.
Análise de Conteúdo

5 – Análise das relações


 Relações que os elementos do texto mantém entre si.
 Presenças simultâneas: co-ocorrências
 Ex: Capitalismo – Exploração
dinheiro – doença
 Mensuração de frequências
Análise de Conteúdo

Práticas
As principais técnicas de análise de conteúdos começam a ser
utilizadas nos Estados Unidos com foco principal em análise de
mídia impressa, principalmente jornais e revistas, com foco em
análise política de conteúdos editoriais e avaliação de
conteúdos relacionados ao marketing.
A edição revista avaliada neste trabalho é de 1977 e, apesar
de já incluir temas relacionados à informatização deste tipo
de análise, não se aproximou dos volumes de conteúdos
oferecidos pela Internet.
Análise de associação de termos ou
palavras e de frequência

Associação de palavras Frequência das palavras

 Neste caso pega-se o


objeto da pesquisa e Esta análise se basei a
busca-se na pesquisa frequência com que
associar a termos determinados termos
escolhidos ou termos que aparecem em uma pesquisa,
surgem de forma um texto ou um discurso,e é
espontânea nas respostas interpretada a partir de seus
ou no conteúdo analisado.
significados.
Objetos para a análise

A Análise de Conteúdo pode ser aplicada a qualquer meio de


transmissão de mensagens. Apesar do texto de Laurence
Bardin ser mais enfático em modelos que tem o texto como
plataforma da mensagem, é possível trabalhar com conteúdos
pictográficos, em áudio e vídeo, além de mensagens do
universo da internet. É cada vez mais comum a análise de
conteúdos de sites e de mídias sociais para a determinação
não apenas da mensagem, mas também o estabelecimento de
padrões de comportamento.
Exemplos e Realidade

O livro se atém a exemplos simples de análises de conteúdos de


pesquisas, como a relação de pessoas com o automóvel, ou a
análise de conteúdos de uma seção de horóscopo de uma
revista feminina. São exemplos didáticos que servem para a
compreensão da metodologia e importantes porque mostram
como formular as hipóteses de pesquisas e trabalhar os
resultados a partir de uma série de variáveis de fatores de
análise. A realidade, no entanto, está surpreendendo. Empresas
de telefonia móvel estão coletando dados de seus clientes para
estabelecimento de padrões comportamentais, hábitos de
mobilidade e de consumo através de técnicas de análises de
conteúdos.
Partículas que se movem

“Transformamos a sociedade num laboratório no qual o


comportamento pode ser observado de modo muito objetivo”
Albert-Lazlo Barabasi – Northeastern University

 “Foi analisado o conteúdo emocional de palavras usadas em


9,7 milhões de tweets postados por 2,7 milhões de usuários e
os dados permitiram prever o comportamento da bolsa de
valores”.
 The Wall Street Journal
Limites éticos e sociais

A possibilidade de análise de qualquer tipo de conteúdo sob a


ótica do mercado deve ser objeto de um debate ético. No
entanto, seu uso para obter-se dados socialmente aceitos deve
ser estimulado.
A academia tem o dever de estabelecer os limites sob os quais
as ferramentas da pesquisa científica tem o direito de atuar.
O campo da ética do pesquisador nunca foi ou será tão
intensamente testado como nas atuais demandas por
“aperfeiçoamento” das ações de mercado via instrumental
científico.
Bibliografia Principal:

BARDIN, Laurence.
Análise de conteúdo.

Edições de 1977 e
2008.

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