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A CRESCENTE IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E

PROFISSIONAL EM RELAÇÃO A QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO

Em tempos de crise, as empresas estão mais exigentes na hora de encontrar


profissionais colaboradores. A maioria das empresas busca profissionais
capacitados, ou seja, escolhem pessoas qualificadas e com alguma
experiência na área, seja por meio de graduação ou pós-graduação. De acordo
com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), o Brasil é um dos países onde o diploma de ensino superior tem maior
impacto no rendimento profissional.

O trabalho é uma das coisas constantes em nossas vidas, e a sua vivência tem
diferentes significados em diferentes períodos históricos e culturais. No
entanto, o consenso entre teóricos e pesquisadores é que o trabalho ocupa um
lugar importante na vida das pessoas, assim como é evidenciado na literatura
que aborda o assunto. (Harpaz & Fu, 2002).

O trabalho também tem um significado muito pessoal, que é diretamente


influenciado pela construção pessoal e pelas interações socialmente mediada
com os outros, ou seja, tem um significado único que surge e está inserido em
um contexto social específico, e é moldado pela experiência do indivíduo no
trabalho (Blustein, 2006).

O trabalho fornece uma maneira para as pessoas construírem um senso de


identidade e coerência em suas interações sociais.

A partir da segunda metade do século XX, a complexidade das estruturas de


trabalho deu aos trabalhadores de todos os níveis de qualificação um impacto
para estruturar e reformular estratégias para enfrentar obstáculos e formas de
tomada de decisão (Almeida, 2006). Estas barreiras ao desempenho
profissional são cada vez mais frequentes e intransponíveis, devido às
exigências profissionais de conhecimentos e qualificações técnicas, bem como
exigências de competências pessoais (cognitivas, motivacionais e emocionais)
(Coimbra e Parada, 2001; Lassance, 2005).
A formação que surge neste contexto visa principalmente a adaptação das
pessoas as mudanças trabalhistas, tecnológicas e organizacionais
relacionadas com os objetivos técnico-econômicos. A partir do final da década
de 60, um conjunto de fatores possibilitou começar a considerar esse modelo.
Começam a surgir preocupações qualitativas de nível cultural (Pires, 1995).

Diante da evolução dos modelos organizacionais, as empresas começam a


sentir a necessidade de alocar recursos humanos adequados para novos
cenários.

Lassance (2009) aponta que, quando se trata de atualização/formação de


novas competências profissionais, temos que levar em conta que o processo é
realizado por pessoas, pois são as suas competências pessoais que são
postas em ação no campo profissional. Dada a situação atual, o objetivo dessa
formação é focar no desenvolvimento humano, e não apenas na aquisição de
conhecimentos e/ou habilidades técnica.

De acordo com Lassance (2009), a finalidade e os valores atualmente


reconhecidos na educação/formação – como fator de modernização – estão
diretamente relacionados com o crescimento econômico e social. Essa posição
é extremamente tendenciosa para os aspectos funcionais da tecnologia, em
detrimento das dimensões socioculturais e humanas. No entanto, a educação
de adultos deve ser vista a partir de uma perspectiva de desenvolvimento (na
linha da educação permanente, com ênfase no desenvolvimento pessoal ao
longo da vida do indivíduo) que é uma abordagem mais ampla do que a
perspectiva moderna.

O desenvolvimento da formação é mais do que a aquisição de qualificações


profissionais, não representa apenas uma etapa específica de desenvolvimento
pessoal, a menos que o indivíduo desenvolva outras competências sociais,
artísticas, recreativas através de uma nova formação (explícita ou implícita), a
qualificação não lhe servirá e nem será executada (Lassance, 2009).
REFERENCIAS

COIMBRA, Joaquim Luís; PARADA, Filomena. Formação ao longo da vida e


gestão da carreira. 2001.

DE ALMEIDA, PAULO PEREIRA. A gestão baseada na lógica das


competências. Pessoas e Carreiras, p. 3, 2006.

BLUSTEIN, David. A psicologia do trabalho: uma nova perspectiva para o


desenvolvimento de carreira, aconselhamento e políticas
públicas . Routledge, 2013.

HARPAZ, Itzhak; FU, Xuanning. A estrutura do significado do trabalho: uma


relativa estabilidade em meio à mudança. Relações humanas , v. 55, n. 6,
pág. 639-667, 2002.

LASSANCE, Maria Célia Pacheco. Adultos com dificuldades de ajustamento ao


trabalho: Ampliando o enquadre da orientação vocacional de abordagem
evolutiva. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 6, n. 1, p. 41-51,
2005.

LASSANCE, Maria Célia; SARRIERA, Jorge Castellá. Carreira e saliência dos


papéis: Integrando o desenvolvimento pessoal e profissional. Revista
Brasileira de Orientação Profissional, v. 10, n. 2, p. 15-31, 2009.

PIRES, Ana Luísa de Oliveira. Desenvolvimento pessoal e profissional: Um


estudo dos contextos e processos de formação das novas competências
profissionais. 1995. Tese de Doutorado. Universidade Nova de Lisboa:
Faculdade de Ciências e Tecnologia.

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