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Caro, Suposto Saber

Freud e o início da Psicanálise traz o inconsciente como um local psíquico e não


anatômico, onde a maior parte da vida psíquica acontece sem que tenhamos menor noção
ou acesso a ela. Ali se encontram principalmente desejos e ideias reprimidas que
aparecem disfarçadas de sintomas. O que mais me chama atenção nos textos e
conhecimentos adquiridos e deixados por ele, é como o inconsciente consegue se
manifestar e enviar sinais, fazendo isso a todo o momento de forma pouco subliminar e
mesmo assim, muitas das vezes passa de forma imperceptível.

No texto Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade escritos por Freud, afirmava que
desde crianças já percebíamos que algumas partes do corpo nos causavam prazer,
aflorando uma sensação boa e viciante quando estimuladas pelo toque e/ou por objetos. O
que torna este texto mais interessante ao meu ver é como o desenvolvimento psicossexual
e suas particularidades tem uma relação direta com a infância e não apenas na
puberdade, e como cada conteúdo visto e conhecimento adquirido se aproxima mais e
mais da estrutura psíquica e ao mesmo tempo também condiz bastante com a realidade.

Me lembro quando em aula houve o questionamento se o trauma ocorre no momento do


fato ou quando se toma consciência dele. E depois da aula ficamos ainda por algumas
horas discutindo e refletindo sobre isso. Chegamos inclusive apresentar e, de certa forma,
confidenciar algumas experiências pessoais relacionadas a isso. Não conseguimos,
porém, chegaram um consenso. Pois se, por exemplo, não houve dor ou violência numa
situação de abuso sexual infantil, a criança sem o entendimento da situação, a meu ver,
não compreende o fato como sendo um abuso e, portanto, não se considera ainda um
trauma. Apenas depois de um certo tempo quando esta obtém conhecimento e certa
experiência finalmente relaciona o fato ocorrido com a realidade e então poderá, ou não,
considerar a situação de abuso como um trauma. Digo "poderá ou não" gerar trauma, pois
a meu ver, independente das consequências que tenha gerado, ainda cabe aqui certo
juízo de valor que depende de cada pessoa. Abro um parêntese aqui, pois estamos
falando de traumas, e existem outras consequências possíveis, como tornar-se esta
criança também um abusador que jamais sente culpa.
No final das contas, acabo chegando à conclusão de que não entendo bem o que é
realmente o TRAUMA. Ele vem de algo violento (ou não) que fez sofrer em algum
momento ou fase da vida? Também posso considerar que o abusador que repete com
outros algo que fizeram a ele, ainda que não sinta culpa, o faz por um trauma? Todo
trauma necessariamente dói?

Outras questões psicanalíticas, mais especificamente sobre a visão de Freud, gostariam


de entender mais profundamente sobre as pulsões. Creio que entendi bem a pulsão de
vida, a qual está intrinsecamente relacionada à preservação do corpo e da mente, enfim
da própria vida. Obviamente há muito mais coisas a se relacionar com esta pulsão. Mas a
pulsão de morte é algo que não entendo bem. Seria um estímulo a autodestruição? Ou
simplesmente um desejo de morrer? Pois creio que não esteja relacionado simplesmente
com suicídio, por exemplo. Numa discussão aleatória certa vez, me fizeram um
comparativo entre amor e medo. Sendo o medo, e não o ódio, o antônimo de amor. Posso
dizer que o amor está relacionado a pulsão de vida e o medo relacionado a pulsão de
morte?

Heberth Bonella e Thiago Maggioni

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