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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

RELATÓRIO DE LEQ II

PRÁTICA 5 – Leito Fluidizado


Data de realização da prática: 07/06/2022

GRUPO G1

Jayc Castro Leal, 11721EQU027, jayc.castroleal@gmail.com


Marcos Vinícios Silvestre, 11721EQU019, marcos-silvestre@outlook.com
Vinícius Francisco da Silva, 11721EQU036, vinifs1997@gmail.com

UBERLÂNDIA – MG
2022

Av. João Naves de Ávila, 2.121, Sala 1K 217, Bloco 1K, campus Santa Mônica, Uberlândia – MG, CEP: 38400-902
www.feq.ufu.br – e-mail: malagoni@ufu.br – Tel. 34 3230-9534
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RESUMO – Os leitos fluidizados são amplamente utilizados em diversas operações nas


indústrias químicas, bioquímicas e petroquímicas. Dessa forma, é fundamental que os
engenheiros químicos sejam capazes de entender o fenômeno que ocorre dentro do leito. O
objetivo é plotar a curva característica do leito com os dados de queda de pressão e vazão e
concluir sobre o tipo de fluidização observada e como o material e vazão do fluido de trabalho
afeta o processo. Foi utilizado uma unidade experimental para obtenção de dados de vazão e
queda de pressão. Obteve-se uma fluidização com aeração e com vazão de ar mínima de igual
a 2,758 m3/h e máxima queda de pressão igual a 9,413 cm H2O.

PALAVRAS-CHAVE: leito fluidizado, curva característica, material particulado.

Uberlândia, 12 de Junho de 2022 Nota:

1. INTRODUÇÃO
A maioria dos processos industriais, tais como, secagem, separação sólido-líquido,
inoculação de sementes, recobrimento de comprimidos, necessitam de um efetivo contato entre
as fases envolvidas com a finalidade de alcançar elevados coeficientes convectivos de
transferência de massa, energia e quantidade de movimento, possibilitando, desta forma,
maiores eficiências em suas operações. Neste contexto, surge o leito fluidizado.
Um leito fluidizado (agitado) é um leito de partículas através do qual escoa um fluido,
mantendo-as em suspensão, isto é, no estado de fluidização. O escoamento gás-sólido em leito
fluidizado pode ocorrer em várias operações industriais como secagem, craqueamento
catalítico, combustão, gaseificação e outros (KESTERING, 2016).
Um conjunto de partículas em uma coluna é chamado de leito de partículas. Quando um
fluido é injetado na parte inferior desta coluna, este escoamento exerce uma força em cada
partícula individual. Na fluidização, a força da gravidade agindo nas partículas é compensado
pelas forças de arraste exercidas pelo escoamento local do fluido. O escoamento local do fluido
18 é diferente para cada partícula, fazendo o comportamento de cada partícula único (MARINI,
2008).

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Leitos fluidizados industriais operam no interior de vasos de aço, tipicamente cilíndricos


e de eixo vertical. De modo a introduzir o fluido no leito de maneira uniforme, o vaso é provido
de um distribuidor em sua base. Para este fim faz-se uso de placas chapas metálicas perfuradas
ou frestadas. O distribuidor evita a formação de caminhos preferenciais no leito de partículas,
bem como sustenta o leito quando o sistema está fora de operação (PEÇANHA, 2014).
Os regimes fluidodinâmicos na fluidização dependem das características físicas da fase
particulada (distribuição granulométrica, tamanho médio de partículas, forma, massa
específica) e da fase fluida (viscosidade dinâmica, massa específica), bem como das condições
operacionais da coluna (temperatura e vazão da fase fluida, compactação da fase particulada,
altura efetiva, diâmetro). Podem ser identificados, classicamente, os seguintes regimes
fluidodinâmicos: fluidização homogênea, fluidização borbulhante, fluidização do tipo slug,
fluidização turbulenta, fluidização rápida. Boa parte da fluidização que se utiliza de líquidos
enquanto fase fluida resulta em fluidização homogênea, ao passo que a fluidização que opera
com gases leva aos outros tipos de regime de fluidização, conhecidos por fluidização
heterogênea (CREMASCO, 2012).
Geldart (1986) propôs a classificação dos sólidos particulados de acordo com
características morfológicas e de escoamento (ROSA 2010). Sua aproximação é simples, tem
grande poder de generalização e é bastante útil. A divisão, que é retratada na Figura 3, expressa
a diferença entre as massas específicas da fase sólida e da fase fluida pelo diâmetro médio das
partículas, sugerindo quatro tipos de comportamento de partículas.

Figura 1 - Diagrama de Geldart para classificação de partículas. Fonte: Reproduzido


de Hoddap (2009).

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Das mais finas às mais grossas, elas são classificadas como segue:

• Grupo C – Partículas entre 0 e 30 µm. São coesas e difíceis de fluidizar, pois as


forças interpartículas (Van der Waals) são maiores que aquelas que o fluido pode exercer sobre
elas, de modo que a fluidização geralmente ocorre em blocos de partículas. Há a ocorrência de
caminhos preferenciais ou canalização do fluxo quando baixas velocidades de gás são
empregadas. A mistura das partículas e, portanto, também a transferência de calor entre elas e
o fluido é muito menor que nos outros grupos. Usualmente pode-se trabalhar com este grupo
com o auxílio de agitadores mecânicos. Entre este grupo e o grupo A existe uma região de difícil
distinção, sendo também denominada de região de transição;
• Grupo A – Uma quantidade considerável de pesquisa tem sido devotada para este grupo,
principalmente porque a maior parte dos reatores catalíticos de leito fluidizado usa partículas
deste grupo. Fazem parte deste grupo partículas que tem pequeno tamanho (30 e 100 µm) e/ou
baixa densidade. Nos sólidos deste grupo as forças entre as partículas estão presentes. Estes
sólidos fluidizam facilmente, com fluidização particulada a baixas velocidades do gás e
borbulhamento controlado com pequenas bolhas a velocidades de gás mais altas. Quando estes
sólidos são fluidizados, o leito expande consideravelmente antes das bolhas aparecerem, isto é,
não são formadas bolhas 24 imediatamente após excedida a velocidade de mínima fluidização.
Outra característica é que quando o suprimento de gás é cortado, o leito colapsa, ou desfluidiza,
lentamente;
• Grupo B – Partículas entre 100 e 1000 µm. Neste grupo o borbulhamento do leito ocorre
logo após a for superada. As bolhas formadas tendem a subir mais rapidamente que o gás, o
que causa uma forte tendência à coalescência das bolhas. A expansão do leito é pequena e
quando a alimentação é cortada, o leito se desfaz rapidamente. Exemplos de partículas deste
grupo são o sal de cozinha, o polietileno e a areia;
• Grupo D – Partículas grandes (>1000 µm) e/ou densas. Leitos muito profundos destes sólidos
são muito difíceis de fluidizar. Se comportam erraticamente, produzindo grandes bolhas e ou
severa canalização, ou até mesmo comportamento de jorro se a distribuição do gás é irregular.
Grandes quantidades de gás são necessárias para fluidizar estes sólidos.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Para a análise da queda de pressão versus vazão em um leito fluidizado, utilizaram-se


os seguintes materiais sob a unidade experimental conforme demonstrado na Figura 2.

● Sólido particulado (esferas de vidro);


● Leito fluidizado;
● Controlador de vazão;
● Manômetro;
● Transmissores de pressão;
● Placa de aquisição de dados;
● Software LabView.

Figura 2 – Unidade experimental.

O procedimento adotado seguiu-se a seguinte ordem:

1. Abre-se a válvula de ar a qual a unidade está ligada;


2. Girar o controlador de vazão a fim de manter a mínima vazão antes do início do
experimento;
3. Girar o controlador de vazão cautelosamente aumentando a vazão e a queda de pressão;
4. Anotar o máximo de pontos até que a vazão chegue ao limite máximo de 4,4 m3/h;
5. Diminuir lentamente a vazão anotando o máximo de pontos até que a vazão chegue a
1,6 m3/h;

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6. Ao final do experimento, fechar a válvula de ar;


7. Plotar o gráfico do aumento da vazão versus a queda de pressão, e da curva de volta,
obtendo-se a curva característica da fluidização do aparato experimental.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao decorrer do experimento foram coletados os dados de queda de pressão associada a


cada vazão submetida ao sistema de leito fluidizado, tanto para o processo de ida quanto de
volta, os quais são apresentados pela Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 - Dados de queda de pressão e vazão colhidos experimentalmente.


IDA VOLTA
Vazão (m3/h) Queda de Pressão (cm H20) Vazão (m3/h) Queda de Pressão (cm H20)
1,618 2,348 4,11 9,482
1,675 2,794 3,958 9,432
1,712 3,068 3,804 9,276
1,774 3,503 3,663 9,229
1,83 3,885 3,54 9,167
1,898 4,322 3,467 9,149
1,965 4,752 3,372 9,034
2,035 5,189 3,29 9,034
2,166 5,981 3,134 8,963
2,244 6,448 3,003 8,9
2,308 6,826 2,919 8,89
2,394 7,332 2,776 8,985
2,488 7,889 2,651 8,568
2,577 8,42 2,507 7,795
2,666 8,943 2,372 7,07
2,758 9,413 2,208 6,131
2,803 9,03 2,092 5,468
2,847 8,923 1,942 4,56
3,018 8,966 1,859 4,032
3,115 9,023 1,805 3,681
3,191 9,086 1,746 3,272
3,349 9,152 1,714 3,053
3,669 9,304 1,67 2,732
3,991 9,51 1,624 2,38

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Os caminhos de “ida” e “volta”, respectivamente, representam o caminho feito com


incremento na variável vazão de ar e o caminho de diminuição de vazão. Assim, a “ida”
representa a etapa de descompactação das partículas sólidas do leito devido o aumento de vazão,
enquanto a “volta” as partículas de ar percorrem um leito já expandido, esta diferença é
responsável por promover uma variação nas medidas de queda de pressão. Este é um
comportamento esperado que está relacionado com o nível de compactação do leito e recebe o
nome de “histerese”.
A partir da Tabela 1 foi possível construir um gráfico de queda de pressão versus vazão
que ilustra o comportamento do leito fluidizado, conforme a figura 3.

10

9
Queda de pressão (cm de H20)

2
1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Vazão (m3/h)

Figura 3 - Curva característica da unidade experimental de leito fluidizado. Fonte: Própria.

Por meio da figura 3, determinou-se a condição de queda de pressão máxima foi de


9,413 cm H2O e que o sistema apresentou uma vazão mínima de fluidização de 2,758 m3/h.
Utilizando os dados da unidade experimental, o diâmetro médio de Sauter foi de 79,7
µm e as densidades do fluido e do sólido (0,0012 e 2,5 g/cm3), foi possível determinar o tipo de
fluidização do sistema utilizando a classificação segundo Geldart, sendo a diferença de
densidades de 2,4988 g/cm3 . A figura 4 apresenta a classificação.

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Figura 4 - Gráfico de Geldart com a classificação das partículas do sistema.

Através da figura 4, observa-se que o conjunto de partículas do sistema pertence ao


grupo A, como esperado fazem parte deste grupo partículas que tem pequeno tamanho (30 e
100 µm), é um conjunto caracterizado como ideal para fluidização, mas que apresenta uma
faixa de comportamento borbulhante.

4. CONCLUSÃO

Assim, pode-se concluir que os dados apresentados foram satisfatórios, visto que a curva
esperada de “ida” apontou uma maior queda de pressão que a curva da “volta” devido o caminho
da “volta” já estar expandido, diminuindo a queda de pressão em comparação com a “ida”. A
queda de pressão máxima foi de 9,413 cmH2O com vazão mínima de fluidização à 2,758 m3/h.
Mesmo assim, percebeu-se uma tendência de “subida” nos valores de queda de pressão em altas
vazões, isso pode estar relacionado a pressão da linha que se mostrou muito instável para altas
vazões. Comparando-se aos valores experimentais da literatura fornecida em aula, o valor
encontrado foi de 9,36 cmH2O e vazão mínima de fluidização de 2,8 m3/h, dessa forma mostra-
se que os valores experimentais encontrados neste relatório foram muito próximos.

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REFERÊNCIAS

CREMASCO, M. A. Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidodinâmicos. Ed.


Blucher, 2012.

Peçanha, Ricardo Sistemas particulados# : operações unitárias envolvendo partículas e fluidos


/ Ricardo Peçanha. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014. 424 p. : il. ; 24 cm.

KESTERING, D. A. Simulação fluidodinâmica de um leito fluidizado empregando correlações


de arrasto gás-sólido ajustadas por valores experimentais. Dissertação de Mestrado,
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2016.

MARINI, F. Simulação de um leito fluidizado aplicando a técnica CFD baseada na teoria


cinética do escoamento granular. Dissertação de Mestrado, Faculdade de engenharia Química,
Universidade Estadual de campinas, Campinas, 2008.

GELDART, D. Gas Fluidization Technology. Chichester: J. Wiley, 1986.

ROSA, C. A. Estudo experimental e numérico da fluidodinâmica e das transferências de calor


e massa em um leito de jorro contínuo: Uso da técnica CFD. Tese de Doutorado, Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 2010.

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