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23/03/2020
Se uma organização deseja tratar a questão da resolução de problemas com seriedade, o correto seria
pensar não em um método, mas em uma metodologia.
“Para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada.”
1. L. Mencken
Não há dúvidas de que o fracasso, na tentativa de resolver problemas, é muito elevado. Basta
observar a proporção de problemas repetitivos em relação aos problemas novos e inusitados: os
problemas “de sempre” são a grande maioria. Isso deveria fazer os líderes e especialistas em
gestão repensarem as práticas nas empresas. A nal, a forma com que alguma coisa é feita,
certamente afeta o resultado.
Desde a década de 90, quando a gestão da qualidade ocupou um lugar na agenda da gestão, os
processos estruturados de ação corretiva e a metodologia de kaizen foram difundidos, ensinados
e praticados. Isso foi e tem sido muito positivo, pois técnicas e instrumentos foram incorporados
naquilo que já deveria ser uma responsabilidade natural de todo mundo: resolver problemas no
trabalho. No entanto, a ação corretiva típica e seu formulário simpli cado se difundiram por
simples mimetismo pro ssional, sem um aprofundamento conceitual que sustentasse sua
prática. O resultado disso é que reina a ilusão de que, um simples formulário, é su ciente para
que todo tipo de problema seja resolvido. Isso é uma inverdade ululante.
A taxonomia de problemas não é algo bem resolvido. Ela ainda parecer ser incapaz de reunir
todos esses tipos num único sistema de classi cação. Mas a realidade mostra que há uma
in nidade de tipos de problemas: do simples ao complexo, do concreto ao abstrato, de reparação
e de concepção, do técnico ao humano, do operacional ao estratégico, etc. Então, é razoável supor
que deveriam haver diversas formas de resolução, mas não é o que acontece. A metodologia, ao
menos aquela formalizada nos procedimentos, prevê quase sempre um conjunto limitado de
abordagens, quando não, apenas uma única: a ação corretiva típica[i].
Se uma organização deseja tratar a questão da resolução de problemas com seriedade, o correto
seria pensar não em um método, mas em uma metodologia, onde alguns métodos seriam
considerados e indicados, ao menos para aqueles de ordem técnica. Os métodos iriam se
sucedendo à medida em que os predecessores fracassaram na sua resolução. Em outras palavras,
isso signi ca de nir uma escala metodológica evolutiva que pressupõe maior potencial de
efetividade. O modelo das abordagens resolutivas, descrito nas três ultimas edições desta revista,
contém uma ideia genérica de escalabilidade metodológica. A cada abordagem um ou mais
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20/08/2020 As Abordagens Resolutivas - Parte 4 – Revista Banas Qualidade – Edição 328 | Banas Qualidade
métodos de resolução podem ser previstos num procedimento documentado, cuja sequencia em
“N” decorre da persistência do problema em continuar existindo, apesar dos esforços da equipe
em tentar resolvê-lo (ver gura).
A gura acima mostra o caminho metodológico, que parte da abordagem mais simples, passando
pelas semi-estruturadas e chegando á mais estruturada. Os métodos apresentados são exemplos,
que podem ser de nidos segundo a cultura de cada organização. O procedimento documentado
de ação corretiva deveria ser renomeado para procedimento de resolução de problemas. Como
alternativa, pode ser considerada a elaboração de procedimentos distintos para cada abordagem.
Isso seria mais prático no uso, mas aumenta o grau de formalização. Cada método deve ser
descrito em termos de aplicação, passos, orientações gerais de uso e as ferramentas da qualidade
apropriadas. Além disso, também devem ser de nidas as competências necessárias à aplicação
de cada abordagem, de cada método correspondente e a estruturação humana recomendável, se
individual ou coletiva. Finalmente, convém determinar o que aconteceria se todas as tentativas,
usando todas os métodos em todas as abordagens fracassarem. Primeiramente é preciso
esclarecer que o fracasso não signi ca necessariamente uma fragilidade do método. Os recursos,
o tempo, o suporte técnico ou político podem ser insu cientes para um ataque mais efetivo ao
problema, e isso deve ser revisto. Além disso, outras três possibilidades podem ser de nidas
diante de insucesso: (a) continuar na abordagem analítica, reiniciando o método que está sendo
usado – o MASP, por exemplo; (b) repensar a solucionática[ii], que signi ca expandir as
possibilidades de solução, incluindo eliminar o sistema todo onde o problema ocorre, e; (c) subir o
problema para estratos organizacionais, progressivamente mais elevados, visando uma decisão
estratégica de nitiva, e que ultrapassam a alçada da resolução técnica. En m, é preciso ter em
mente que sempre existem alternativas metodológicas. Ao contrário dos procedimentos típicos
de ação corretiva, que são demasiadamente instrumentais, os pro ssionais de RH e as empresas
precisam melhorar seus processos resolutivos e so sticar sua estratégia de ataque aos
problemas. Esse conjunto de alternativas, envolvendo todos esses recursos e caminhos, é o que
se pode chamar de um verdadeiro processo de gestão da melhoria contínua.
Referências
ORIBE, Claudemir Y. Mimetomania na Gestão da Qualidade. Banas Qualidade, São Paulo: Editora
EPSE, ano XV, n. 163, dezembro 2005, p. 30-32.
ORIBE, Claudemir Y. Por quê o MASP é mais e caz do que a ação corretiva típica. Revista Banas
Qualidade, São Paulo: Editora EPSE, n. 255/63, setembro de 2013. p. 12.
ORIBE, Claudemir Y. A Solucionática do Problema. Revista Banas Qualidade, São Paulo: Editora
EPSE, ed. 300, Ano XXVII, agosto/setembro de 2017. p. 28-30.
Notas
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[i] Essa prática já foi denunciada algumas vezes. Ver por exemplo em Oribe (2005) e Oribe (2013).
[ii] O termo solucionática na verdade não existe na língua portuguesa, ao menos por enquanto.
Ele se refere ao arcabouço metodológico que envolver o universo das soluções, contrastando com
o termo problemática. Ver Oribe (2017).
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