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Qual é a diferença entre política e polícia?

A política é uma relação de complementaridade entre partidos e partes sociais opostas e a


polícia é uma relação de exclusão entre elas.
Para Rancière, a política anula-se frente ao consenso e a sua essência é o próprio dissenso,
o que corrobora essa visão de que política é uma relação de complementaridade entre partes
opostas. Além disso, Rancière também afirma que a política não é uma “ruptura da distribuição
normal das posições entre aquele que exerce uma potência e aquele que a sofre”, o que nega uma
visão de exclusão.
Por outro lado, de acordo com Rancière, a polícia é uma partilha do sensível, que é a
visibilidade de um individuo em certo espaço comum, em função de suas obrigações e atividades.
Essa ideia pressupõe uma relação de exclusão entre partes diferentes que, devido às condições de
tempo, lugar e tipos de atividades, não assumem um mesmo papel.
Além disso, a polícia antecipa as relações de poder na própria evidência dos dados sensíveis.
Na política, isso não acontece porque ela representa uma ruptura em relação à antecipação de
comandos.

Você concorda que a polícia ajuda a refletir sobre a política?


Sim, porque, em uma reflexão sobre a política, é possível usar os pressupostos de polícia
para definir quais são os comportamentos que devem ser evitados na política, a fim de promover a
manutenção das relações de complementaridade entre partidos e partes sociais opostas. Isto é, se a
política opõe-se especificamente à polícia, aquilo que é aplicável à polícia não deve ser aplicado à
política, o que permite que se trace uma linha reflexiva sobre a política.

Como a política lida com as diferenças?


A política lida com as diferenças estabelecendo uma relação de complementaridade entre
elas, uma vez que a essência da política é a disparidade de ideias, o que gera dissenso.

Por que, para Rancière, o consenso é a anulação da política?


O consenso é a anulação da política porque ele pressupõe uma falta de disparidade entre as
ideias apresentadas, o que contraria toda concepção de que o dissenso é a essência da política.
Assim sendo, o consenso gera a formação de um pensamento único, o que facilita a ascensão de
regimes autoritários e anula o fazer político porque torna as relações de complementaridade entre
partidos e partes sociais opostas nulas.

Meios de intervenção para Fake News


Uma das formas de intervenção para disseminação de fake news é o investimento, por parte
do Ministério Público, na criação de sites para checagem de notícias, o que se daria através do
direcionamento de verba pública para faculdades de ciência, tecnologia e informática. Outro meio de
intervenção é a criação de leis para penalização de sites ou instituições responsáveis pela produção,
publicação e difusão de fake news e a determinação de seu apagamento, para que essas notícias
não repercutam de maneira desordenada.
Além disso, é necessário que haja investimento governamental em obras publicitárias que
instruam os indivíduos sobre as formas de identificação de fake news, o que tornaria possível uma
participação mais ativa da população no combate às fake news.
Na esfera filosófica, é possível dizer que a instauração consolidada de noções de ética na
sociedade pode ser um caminho para evitar a publicação de fake news, uma vez que os indivíduos
considerariam, acima de tudo, o bem estar coletivo e não apenas os interesses pessoais, políticos e
econômicos de um determinado grupo.
Na esfera sociológica, é possível citar Sérgio Buarque de Holanda e suas concepções acerca
do homem cordial, que age em função de seu fundo emotivo e não de uma lógica racional, o que
pressupõe a necessidade de revisão e anulação de ideias preconceituosas, as quais prejudicam a
avaliação sobre a veracidade de uma notícia. Por outro lado, Michel Foucault estabelece uma
relação entre discurso e poder ao afirmar que um discurso é muito mais uma forma de imposição de
um poder dominante do que uma forma de difusão de ideias, o que cria o pressuposto de que somos
responsáveis pelo questionamento dessa imposição.

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