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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

EDSON ANTONIO GARCIA AMIRATO

A FARMÁCIA HOSPITALAR DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE


MANAUS:
A Administração de Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares

Rio de Janeiro – RJ
2011
EDSON ANTONIO GARCIA AMIRATO

A FARMÁCIA HOSPITALAR DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE


MANAUS:
A Administração de Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA


Executivo em Gestão com ênfase em Administração Hospitalar
de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, do
Programa FGV Online, como pré-requisito para a obtenção do
título de Especialista, orientado pelo Professor João Benazzi e
Professora Silvina Crenzel.

Rio de Janeiro – RJ
2011
Amirato, Edson Antonio Garcia.

A Farmácia Hospitalar do Hospital Militar de Área de Manaus. A Administração de


Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares. João Benazzi e
Silvina Crenzel (orientadores). – Rio de Janeiro, FGV Online, 2011, 44 p.

Monografia de Especialização em Administração Hospitalar.

1. Administração de Materiais. 2. Organização Militar de Saúde. 3. Farmácia


Hospitalar.
EDSON ANTONIO GARCIA AMIRATO

A FARMÁCIA HOSPITALAR DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE


MANAUS:
A Administração de Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares

Monografia apresentada à Fundação Getúlio Vargas como pré-requisito para a


obtenção do Título de Especialista em Administração Hospitalar.

28 de março de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Prof. João Benazzi


Orientador - FGV Online
Assinatura: __________________________________________________________

Prof. Álvaro Escrivão Júnior


Coordenador Acadêmico - FGV Online
Assinatura: __________________________________________________________

Profª. Vanessa Chaer Kishima


Coordenadora Acadêmica - FGV Online
Assinatura: __________________________________________________________
AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus, pela graça e misericórdia a cada dia.

À minha esposa Almirene, pelo incentivo e apoio incondicionais durante o


curso.

Ao Exército Brasileiro, pela oportunidade do aperfeiçoamento profissional.

À Profª. Silvina Crenzel, pelo acompanhamento sábio, amigável e incansável


durante o curso.

Ao Prof. João Benazzi, pela orientação precisa na elaboração do trabalho.

À Direção do Hospital Militar de Área de Manaus e seus integrantes, em


especial àqueles da Farmácia Hospitalar, pela imprescindível e valiosa contribuição
na pesquisa.

A todos os que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta


pesquisa.
“...e ainda assim armazena as suas provisões no
verão e na época da colheita ajunta o seu
alimento.”
(Livro de Provérbios 6.8)
RESUMO

A farmácia hospitalar é uma unidade clínica de assistência técnica e administrativa


integrada às atividades hospitalares. Nessa condição, a farmácia desenvolve
atividades ligadas à Administração de Materiais de itens de suprimento, como,
medicamentos e outros insumos de uso hospitalar.

Tendo em vista essa responsabilidade, a farmácia hospitalar tem participação


relevante nas compras dos citados materiais, por meio da padronização de
medicamentos; além de realizar a gestão de estoques, levantando dados
relacionados aos seus níveis, calculando a previsão da demanda e estabelecendo o
sistema de reposição mais adequado às suas peculiaridades; também, armazena os
medicamentos e demais materiais dentro das padronizações legais; e, os distribui
com o estabelecimento de um sistema de dispensação que contemple a segurança
do paciente e a orientação necessária ao uso racional do medicamento.

O referencial teórico que diz respeito à administração de uma farmácia central de um


hospital militar passa pela bibliografia de Administração de Recursos Materiais e
Patrimoniais em geral, pela bibliografia que trata especificamente de farmácias
hospitalares e o regramento castrense sobre gestão de materiais de consumo e
materiais permanentes, o qual guarda subordinação à legislação pública que
normatiza a matéria.

Com a intenção de cooperar com a gestão do Hospital Militar de Área de Manaus,


este trabalho analisou os processos da Administração de Materiais da Farmácia
Hospitalar instalada nessa Organização Militar de Saúde, comparando-os com o
referencial teórico citado acima. Na pesquisa foi identificada a necessidade de
sugerir melhorias para falhas percebidas e observou-se práticas que tem um bom
funcionamento, podendo ser seguidas como modelos a serem copiados em outros
hospitais do Exército Brasileiro.

Palavras-chave: Farmácia Hospitalar – Administração de Materiais – Organização


Militar de Saúde.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO 11
2.1 Aquisições de medicamentos e insumos hospitalares 11
2.1.1 A aquisição de materiais e suas peculiaridades na OMS 11
2.1.2 Levantamento de necessidades e seleção de 13
fornecedores
2.2 Gestão de estoques 16
2.2.1 Análise ABC e XYZ 17
2.2.2 Previsão da demanda 19
2.2.3 Sistemas de reposição de estoques 21
2.3 Armazenamento dos medicamentos e insumos hospitalares 24
2.3.1 Manutenção dos itens estocados 25
2.3.2 Atividades operacionais e administrativas do 29
armazenamento na Farmácia Hospitalar
2.4 Distribuição dos medicamentos e insumos hospitalares 32
2.4.1 Sistemas de dispensação de medicamentos 33

3 METODOLOGIA 37

4 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA 40

5 CONCLUSÃO 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

APÊNDICE
Apêndice A - Questionário aplicado entre os clientes da 54
Farmácia Hospitalar do HMAM

ANEXOS
Anexo A – Planta baixa da Farmácia Hospitalar do HMAM 61
Anexo B – Procedimentos Operacionais Padrão da Farmácia 62
Hospitalar do HMAM
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto de uma análise profissional e acadêmica estimulada pela


prática em auditoria de gestão patrimonial realizada em Unidades Gestoras do
Exército Brasileiro e pelo conhecimento auferido durante o programa de Pós
Graduação em MBA Executivo em Gestão – Ênfase em Administração Hospitalar –
pelo Centro de Estudos do Pessoal e pela Fundação Getúlio Vargas. As disciplinas
Administração de Operações e Logística, Administração de Materiais e Suprimentos
Hospitalares e Atividades Hospitalares e Serviços Técnicos, trataram dos processos
de aquisição, recebimento, gestão de estoques, armazenamento e distribuição de
medicamentos e insumos hospitalares.

A relevância do tema a ser abordado pode ser explicitada tendo em vista as


importantes mudanças na gestão de estoques, armazenagem e a mensuração da
demanda, ocorridas no Brasil, após o advento do Plano Real, implementado em
1994, que estabilizou a economia do país. Antes desse episódio, vivia-se uma época
de alta inflação e os custos relacionados à logística eram disfarçados e de difícil
conhecimento. Por exemplo, mesmo em uma unidade hospitalar, manter estoques
elevados de medicamentos e insumos hospitalares poderia ser a forma mais
adequada de obter grandes vantagens financeiras, pois a reposição desses
materiais dava-se sempre a preços mais elevados. Numa economia mais estável e
de baixa inflação, isso não é verdadeiro, e uma boa gestão dos estoques,
armazenagem adequada e distribuição eficiente certamente serão responsáveis pelo
aumento do nível de serviço oferecido ao paciente.

A partir dessa profunda mudança no âmbito econômico do país, foi necessária


verdadeira revolução na maneira de gerir várias atividades da Administração de
Materiais e Suprimentos. Inclusive em organizações hospitalares com suas
peculiaridades decorrentes da prestação de serviços de saúde. Nesse contexto, fez-
se imprescindível a adoção de uma visão integralizadora dos processos de
aquisição, gestão de estoques, armazenamento e distribuição de materiais,
constituindo fluxos contínuos de materiais e informações entre os entes externos e
internos da cadeia de suprimento (Supply Chain).
9

A importância do tema cresce ainda mais, quando aplicado à Administração


Hospitalar, tendo em vista o elevado custo de manutenção de estoques de
medicamentos e demais insumos para prestação de serviços de saúde,
concomitante à necessidade imperiosa de oferecimento de um alto nível de
atendimento aos pacientes, sem que ocorra a falta de tais itens (BARBIERI e
MACHLINE, 2006).

Este trabalho pretende analisar o funcionamento da Farmácia Hospitalar do Hospital


Militar de Área de Manaus – HMAM, no que concerne à Administração de Materiais
relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares. O principal objetivo da
proposta é identificar a necessidade de sugerir melhorias em caso de serem
percebidas falhas ou, em caso de verificar que o funcionamento é perfeito, sugeri-lo
como modelo a copiar por outros hospitais do Exército Brasileiro, sendo esse,
portanto, o objetivo da pesquisa.

O HMAM, alvo desta pesquisa, tem como missão prover atendimento médico-
hospitalar para cerca de 43.000 pacientes, compostos de militares e seus
dependentes, da área de atuação da 12ª Região Militar, região geográfica da
Amazônia Ocidental, que compreende os estados do Amazonas, Roraima, Acre e
Rondônia, além de ser o Hospital de referência para o Hospital Geral de Belém, no
estado do Pará.
O HMAM possui em sua estrutura:
• centro cirúrgico;
• centro materno-infantil;
• pronto atendimento;
• unidade de pacientes internos;
• unidade de pacientes externos;
• clínica odontológica;
• clínica de fisioterapia;
• laboratório de análises clínicas;
• diagnóstico por imagem; e
• unidade de terapia intensiva.
10

A unidade de pacientes internos conta com 20 leitos em enfermaria, 6 leitos em


apartamentos, 5 leitos na UTI, 3 leitos nos apartamentos da maternidade e 2 leitos
na pediatria, perfazendo um total de 36 leitos. A taxa de ocupação da unidade de
pacientes internos é de 55%.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abordadas, com base na bibliografia consultada, questões que
dizem respeito a Farmácias Hospitalares, especificamente à aquisição de
medicamentos e insumos hospitalares por uma Organização Militar de Saúde
(OMS). Será discutida, também, a gestão de estoques nessas farmácias e a
influência que essa gestão exerce nas aquisições subsequentes.

A seguir se tratará dos preceitos de armazenamento dos itens estocados e, por fim,
como esses itens são distribuídos àqueles que geram sua demanda na OMS.

Dentre as fontes consultadas para o desenvolvimento deste capítulo há as que estão


ligadas à bibliografia de Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais em
geral. Também foram tomadas como referência fontes que tratam especificamente
de farmácias hospitalares e o regramento castrense sobre gestão de materiais de
consumo e materiais permanentes. Importante comentar que este último guarda
subordinação à legislação pública que normatiza a matéria.

2.1 AQUISIÇÕES DE MEDICAMENTOS E INSUMOS HOSPITALARES


2.1.1 A aquisição de materiais e suas peculiaridades na OMS

A aquisição de materiais, para a utilização nas operações do dia-a-dia e formação de


estoques, constitui-se a finalidade precípua da função de compras, sendo comum às
empresas e aos órgãos públicos.

De acordo com PATERNO (199?), “compras é um serviço que tem por finalidade
prever os materiais necessários ao hospital, planejar as quantidades corretas e
satisfazê-las no momento certo, na melhor qualidade e ao menor custo”.

Indo além do conceito anterior, MARTINS e ALT (2005) dizem que:


Hoje a função compras é vista como parte do processo de logística das
empresas, ou seja, como parte integrante da cadeia de suprimentos (supply
chain). Por isso, muitas empresas passaram a usar a denominação
gerenciamento da cadeia de suprimentos, um conceito voltado para o
processo, em vez do tradicional compras, voltado para as transações em si,
e não para o todo.
12

Dessa forma, a função compras, de acordo com GONÇALVES (2004), requer uma
responsabilidade mais abrangente, que consiste no planejamento e
acompanhamento do processo de compra, o que pode incluir as seguintes
atividades:
- os procedimentos para aquisição de materiais;
- as pesquisas e seleção dos fornecedores;
- as negociações dos contratos de fornecimento;
- o acompanhamento dos contratos;
- as providências para assegurar que o produto seja recebido no momento certo;
- a inspeção da qualidade e da quantidade desejadas;
- o controle das faturas de fornecimento de materiais para autorização de
pagamentos;
- a coordenação geral entre os diversos setores da empresa.

A partir da realização de todas estas atribuições em nível gerencial, destaca-se os


seguintes objetivos que a função compras almeja alcançar, ainda de acordo com
GONÇALVES (2004):
- comprar de forma eficiente, maximizando o ganho para a empresa, dentro dos
padrões éticos;
- garantir o suprimento dos materiais, nas quantidades e nos prazos exigidos pelos
usuários; e
- criar rotinas e procedimentos dentro dos processos de aquisição que sejam ágeis e
que permitam um efetivo controle de todo o processo.

Mais particularmente na Administração Militar, segundo o Regulamento de


Administração do Exército – RAE, artigos 27 e 35, compete ao Agente
Diretor/Ordenador de Despesas determinar que as compras (...) sejam efetuados
com estrita observância da Legislação pertinente, e ao Encarregado do Setor de
Material, efetuar as compras (...), determinadas pelo Ordenador de Despesas.

No entanto, da prática administrativa castrense, sabe-se que a aquisição é realizada


pelas Seções de Aquisição, ou ainda, pelas Seções de Aquisição, Licitações e
Contratos, as quais foram criadas na maioria das Unidades Gestoras do Exército
Brasileiro, tendo em vista constantes orientações do Tribunal de Contas da União
13

quanto à segregação da função de aquisição daquela função responsável pela


gestão de estoques e armazenamento em depósitos.

Portanto, a Farmácia Hospitalar, não obstante ser definida como unidade clínica de
assistência técnica e administrativa, dirigida por farmacêutico, integrada funcional e
hierarquicamente às atividades hospitalares (Regulamento Técnico que Institui as
Boas Práticas de Manipulação em Farmácias), não deve realizar diretamente os
processos administrativos para aquisição de medicamentos e insumos hospitalares.
Apesar de participar desse processo no desempenho de atividades. Como no estudo
da padronização de medicamentos para identificar alternativas terapêuticas
adequadas ao perfil assistencial do hospital, possibilitando o atendimento ao
paciente dentro do nível de serviço esperado e com custos otimizados pela
economia de escala. Além do acompanhamento dos contratos e a inspeção da
qualidade e da quantidade desejadas, já citadas anteriormente.

2.1.2 Levantamento de necessidades e seleção de fornecedores

Como abordado acima e de acordo com BARBIERI e MACHLINE (2006):


Nos hospitais, a inclusão (adoção) ou exclusão (eliminação) de um
medicamento deve ser realizada de acordo com um processo de seleção
estruturado a partir de uma política de seleção de medicamentos e itens
afins visando:
- a redução da variedade desnecessária, ou seja, menor número de
fórmulas e de formas farmacêuticas;
- a qualidade farmacológica em consonância com as normas da vigilância
sanitária;
- a garantia das prescrições médicas.

Para tanto, os mesmos autores, esclarecem que:


o hospital deve constituir uma comissão de padronização de
medicamentos encarregada de estabelecer critérios de seleção, proceder à
seleção, divulgar informações sobre os medicamentos selecionados, prestar
esclarecimentos aos usuários solicitantes e revisar as normas internas
relacionadas com as rotinas referentes ao uso e às solicitações de inclusão
de medicamentos. Pelos objetivos e critérios mencionados, tal comissão
deve ser constituída por médicos representantes das diferentes áreas de
atuação do hospital (cirurgia, traumatologia, pediatria, obstetrícia e outras),
farmacêuticos e enfermeiros (grifo meu).

Como resultado desse trabalho, a comissão de padronização deverá gerar o


relatório de padronização de medicamentos que irá nortear as futuras aquisições, no
14

que concerne às especificações e também quantidades a serem compradas,


visando, segundo BARBIERI e MACHLINE, 2006:
- a redução da variedade desnecessária, ou seja, menor número de fórmulas e de
formas farmacêuticas;
- a qualidade farmacológica em consonância com as normas da vigilância sanitária;
- a garantia das prescrições médicas.
Além disso, procedimento semelhante para padronização pode ser realizado para os
suprimentos farmacêuticos, tais como: agulhas, seringas, cateteres, scalp e outros
itens, o que trará relevantes economias para o hospital (BARBIERI e MACHLINE,
2006).

A seleção de fornecedores em uma Organização Militar de Saúde, como Unidades


Gestoras do Poder Executivo Federal, deve pautar-se pelos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme o artigo 37 da
Constituição Federal, regulamentado pela Lei nº 8.666, de 1993, que estabeleceu
normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

As licitações possuem diferentes modalidades, que são uma forma específica de


conduzir o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em lei. O valor
estimado para contratação é o principal fator para escolha da modalidade de licitação,
exceto quando se trata de pregão, que não está limitado a valores. As principais
modalidades de licitação são concorrência, tomada de preço, convite, concurso, leilão
e pregão.

Dessas modalidades, a que mais traz benefícios à gestão de estoques das


farmácias hospitalares do Exército é o pregão. Modalidade de licitação instituída pela
Lei nº 10.520, de 2002, em que a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços
comuns é feita em sessão pública e pode ser na forma presencial ou eletrônica.
Encontrando a seguinte definição dada por JACOBY FERNANDES (2006):
o pregão é uma nova modalidade de licitação pública e pode ser conceituado
como o procedimento administrativo por meio do qual a Administração
Pública, garantindo a isonomia, seleciona fornecedor ou prestador de serviço,
visando à execução de objeto comum no mercado, permitindo aos licitantes,
15

em sessão pública presencial ou virtual, reduzir o valor da proposta por meio


de lances verbais e sucessivos.

O pregão na forma eletrônica foi regulamentado pelo Decreto nº 5.450, de 2005; e,


por meio do Decreto nº 3.931, de 2001, foi regrado o uso do Sistema de Registro de
Preços (SRP), previsto inicialmente pela Lei de Licitações. Que consiste em uma
sistemática que permite, por intermédio de uma única licitação (concorrência ou
pregão), que a Administração tenha a opção, sem compromisso, de
adquirir/contratar, nas melhores condições de mercado, bens e serviços.

Esta última ferramenta, introduzida nas compras governamentais dos Poderes


Federais, trouxe soluções a algumas problemáticas enfrentadas pelos gestores, a
saber: Como adquirir com licitações bens com consumo imprevisível? Como
melhorar o planejamento da organização? Como reduzir o volume de licitações?
Como aplicar bem os recursos liberados no final do ano? Como conciliar as
necessidades prementes com problemas de celeridade e eficiência?

Tem-se, ainda, como características do Sistema de Registro de Preço, relevantes


para Administração da Farmácia Hospitalar:
- possibilidade de adesão, pelas Unidades Gestoras (UG) não participantes
(participantes extraordinários ou “carona”) que queiram utilizar a Ata;
- prazo de vigência da Ata limitada a um ano, permitindo que os contratos
decorrentes possam ter vigência conforme o contido no edital, obedecido o disposto
no artigo 57 da Lei nº 8.666/93;
- indicado quando da necessidade de aquisições frequentes e demanda variável;
- conveniência para a Administração da entrega parcelada por parte do fornecedor,
otimizando os estoques e a contratação de serviços pela Administração,
possibilitando a criação de uma espécie de almoxarifado virtual; e
- necessidade de um bem ou serviço que, por suas naturezas, possam ser
compartilhados por várias UG, aumentando as vantagens de negociação, tendo em
vista o volume a ser contratado, propiciando redução de custos.

Do acima exposto, infere-se que o SRP confere várias vantagens a gestão de


estoques das OMS, na oportunidade em que diminui um dos maiores “trade-offs”
16

dessa atividade – manutenção de determinado nível de estoque para atender a um


nível de serviço versus custo de estoque.

No entanto, quanto à utilização de Ata de Registro de Preço por UG não


participante, tipificada pelo art. 8° do Dec nº 3.931/01, vale destacar que o § 2º
desse artigo desobriga o fornecedor beneficiário da Ata a aceitar o fornecimento. O
que coloca a UG não participante em uma situação de vulnerabilidade, podendo
causar dificuldades na manutenção dos níveis de seus estoques. O que para uma
OMS pode significar precariedade na assistência a um paciente. Além disso,
entendimento do Tribunal de Contas da União para os casos de “carona” em atas,
consubstanciado no Acórdão nº 65/2010-Plenário, traz a seguinte prescrição:
...determinação à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES/SP)
para que, por ocasião da utilização de recursos públicos federais,
previamente à realização de seus certames licitatórios e ao acionamento
de atas de registro de preço, próprias ou de outros órgãos, e
periodicamente durante sua vigência, efetue ampla pesquisa de mercado,
considerando os quantitativos, relevantes nas compras em grande escala, a
fim de verificar a aceitabilidade do preço do produto a ser adquirido,
em obediência aos arts. 3º, 15, inc. V, e 40, inc. X, da Lei nº 8.666/1993
(grifo meu). 1

Do exposto acima, observa-se que a faculdade de adquirir valendo-se de Ata de


outra UG, não exime a UG carona de comprovar a vantagem na adoção desse
procedimento.

Ressalta-se que, comprovar a vantagem é atestar, por meio de pesquisa de


mercado, de que o valor do item no registro de preço permanece dentro dos critérios
de aceitabilidade, como entendimento da Corte de Contas.

2.2 GESTÃO DE ESTOQUES

Os estoques tem a função reguladora entre a necessidade de consumo e a


obtenção de mercadorias, pelo fato de que a velocidade de recebimento dos
materiais (lead-time) é diferente da velocidade de utilização desses materiais. Assim

1 Diário Oficial da União de 29 jan. 2010, S. 1, p. 180.


17

sendo, os estoques exercem a função de um amortecedor colocado entre a


demanda e a oferta de materiais (MARTINS e ALT, 2005).

Entretanto, um objetivo perseguido por quem administra estoques é a manutenção


de um estoque mínimo que consiga atender às necessidades do cliente em relação
à especificação, quantidade, localização e tempo de disponibilização de materiais,
dentro de um custo aceitável para a administração do empreendimento.

A despeito da importância do tema, a gestão de estoques trabalha com uma série de


indicadores que possibilitam verificar se os estoques estão sendo bem aplicados,
bem locados, bem armazenados e controlados.

Entre tais indicadores, os mais usuais são o inventário físico, a acurácia dos
controles, o nível de serviço, giro de estoques, cobertura de estoques e análises
ABC e XYZ (ibdem).

Esses indicadores são importantes para que o administrador tome decisões


gerenciais sobre compra de insumos, produção e distribuição. Por conta da extração
de dados imprescindíveis a utilização de técnicas de gestão de estoque que apóiam
a previsão da demanda e a reposição de estoques. Ou seja, quanto comprar e
quando comprar.

Ademais, segundo pesquisa realizada em hospitais norte-americanos o Ponto de


Pedido (PP), Classificação ABC e Lote Econômico de Compras (LEC) são as
principais técnicas empregadas em hospitais norte-americanos, com adoção,
respectivamente, em 92,9%; 61,9% e 54,8% dos casos pesquisados (WANKE,
2004).

2.2.1 Análise ABC e XYZ

Segundo RIBEIRO (2005):


A revisão dos itens padronizados (matmed), considerando-se os consumos
específicos de materiais diferenciados, é um início. Classificar os itens ABC
/ XYZ é fundamental, pois se previnem situações de ter em estoque
medicamentos de alto custo, mas nenhum analgésico para aquela
18

necessidade imediata. Como conseqüência de erros logísticos, na maioria


das situações há aumento de estoques indevidos.

A análise ABC é uma das formas mais usuais de se examinar estoques. Essa
análise consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses
ou 1 ano), do consumo, em valor monetário ou quantidade, dos itens de estoque,
para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Aos
itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor ou da quantidade,
dá-se a denominação itens classe A; aos intermediários, itens classe B; e aos
menos importantes, itens classe C.

Não existe forma totalmente aceita de dizer qual o percentual do total dos itens que
pertencem à classe A, B ou C. Os itens A são os mais significativos, podendo
representar algo entre 35% e 70% do valor movimentado dos estoques, os itens B
variam de 10% a 45%, e os itens C representam o restante.

A experiência demonstra que poucos itens, de 10% a 20% do total, são da classe A,
enquanto uma grande quantidade, em torno de 50%, são da classe C e 30% a 40%
são da classe B.

A análise XYZ diz respeito a classificação dos itens de estoque conforme a sua
relevância para os processos produtivos da empresa ou do cliente. De acordo com
PATERNO (199?) são assim definidos:
- Material X tem aplicação pouco importante para o funcionamento do Hospital, dado
o grande número de similares na Organização. Exemplo: esparadrapo, fita adesiva,
etc.
- Material Y é de aplicação mais ou menos importante e com similares que, embora
interferindo na qualidade, não interrompem a produção. Exemplo: fios de suturas,
camas, macas, etc.
- Material Z é vital para a produção e sem similar no Hospital. Exemplo: luvas
cirúrgicas, aparelho de pressão, etc.

Para BARBIERI e MACHLINE, 2006, a determinação do grau de criticalidade de um


determinado material pode ser efetuada por meio das respostas dadas às seguintes
perguntas feitas para cada item de material estocado:
19

- esse item é essencial para alguma atividade vital da organização?


- esse item pode ser adquirido facilmente?
- esse item possui equivalente(s) já especificado(s)?
- algum item equivalente pode ser adquirido facilmente?

2.2.2 Previsão da demanda

Para qualquer administração de materiais, torna-se imprescindível a obtenção de


previsões sobre a demanda ou o consumo de itens, a fim de disponibilizar ao cliente
o material dentro das necessidades de especificação, quantidade e tempo
solicitados.

Portanto, conforme BARBIERI e MACHLINE, 2006, previsão da demanda é um


processo pelo qual se procura antever o que irá ocorrer no futuro para antecipar as
providências necessárias para atender [aos] objetivos [da administração de
materiais].

Ou, como sugere CLAUDE MACHLINE, a previsão da demanda é o prognóstico das


necessidades dos pacientes aos quais o hospital objetiva atender. É o volume
potencial do serviço.

Para a previsão da demanda existem métodos qualitativos e métodos quantitativos.


Os primeiros são baseados nas experiências e opiniões de gestores e especialistas
e, quanto aos quantitativos, são pautados em resultados da demanda que foi
concretizada no passado, processados por meio de fórmulas matemáticas.

É importante salientar que mesmo os métodos quantitativos de previsão da


demanda são precedidos por uma análise de informações e hipóteses sobre o
futuro. A fim de se definir qual o método é o mais apropriado e, após a aplicação do
método, o resultado deverá ser submetido à interpretação para tomada de decisão,
uso dos resultados e avaliação para confirmar a adequação ao comportamento da
demanda (ibdem).
20

Quando se tem a hipótese de que o comportamento da demanda no passado se


repetirá no presente, são adotadas técnicas baseadas em séries temporais, das
quais as mais simples são a média móvel aritmética e a média móvel ponderada.

2.2.2.1 Média móvel aritmética

Esta técnica é um prolongamento da média aritmética simples. A previsão para o


próximo período é obtida calculando-se a média dos valores da demanda de um
número fixo de períodos anteriores (n). A cada novo período, abandona-se a
demanda mais antiga e acrescenta-se a nova, mantendo-se constante o período
usado para calcular as médias. É uma boa técnica para iniciar a previsão da
demanda em uma organização, tendo em vista ser fácil de calcular e entender
(PATERNO, 199? e BARBIERI e MACHLINE, 2006).
Exemplo:

Tabela1- Método da média móvel aritmética

Mês Demanda (em unidades) Previsão (n=4)

Março 70

Abril 75

Maio 65

Junho 80

Julho 78 (70+75+65+80)/4=72,5

Agosto 71 (75+65+80+78)/4=74,5

Setembro 55 (65+80+78+71)/4=75,5

Outubro (80+78+71+55)/4=71,0
Fonte: BARBIERI e MACHLINE, 2006

2.2.2.2 Média móvel ponderada

A técnica anterior atribui igual peso a todos os dados históricos. Na média móvel
ponderada é determinado para cada um dos dados um peso cuja soma é igual a
100% (PATERNO,199?).
21

Considerando que as informações de demanda mais recentes guardam maior


relação de influência com a demanda a ser prevista, atribuem-se os maiores pesos
para os dados mais atuais e menores pesos para os dados mais antigos do período
histórico considerado para o cálculo, como mostra o exemplo abaixo, baseado nos
dados da tabela anterior:

P(Jul) = 70 x 10 + 75 x 20 + 65 x 30 + 80 x 40 = 73,5
10 + 20 + 30 + 40
Onde:
P(Jul) é a previsão da demanda para julho; e
10, 20, 30 e 40 são os pesos atribuídos as demandas anteriores.
Fonte: adaptado de BARBIERI e MACHLINE, 2006

2.2.3 Sistemas de reposição de estoques

Há algumas opções para a decisão sobre o momento de repor o estoque. Uma


solução é simplesmente esperar o estoque disponível se esgotar. Porém, esse
método é resultante de desatenção e não de intencionalidade. Poderia ser
apropriado quando o cliente se sentir satisfeito com prazos de entrega maiores do
que o lead time, mas seria desastroso em se tratando da administração de materiais
em uma farmácia hospitalar, em que os itens são compostos de medicamentos e
materiais médicos que deverão ser fornecidos ao cliente-paciente dentro das
prescrições técnicas (TAYLOR, 2005).

A decisão de quanto e quando comprar pode ser tomada com base em quantidades
fixas e em períodos fixos. Porém, caso ocorra alguma variação na demanda ou no
tempo de entrega, dificuldades da quebra ou excesso de estoque serão percebidos.

Na outra extremidade estão as decisões de compras baseadas em quantidades e


períodos variáveis, que permitem considerar modificações da demanda e do prazo
de fornecimento. Porém, tornam os processos de decisão mais complexos e, em
consequência, mais custosos para a administração.
22

Portanto, os sistemas de reposição mais usados e adequados para a farmácia


hospitalar são aqueles que fixam um dos parâmetros e mantem o outro parâmetro
variável. Dentre estes, temos o modelo de reposição contínua e o modelo de
reposição periódica (BARBIERI e MACHLINE, 2006).

Antes de descrever os modelos de reposição, é necessário uma mínima descrição


de importantes conceitos que serão utilizados no cálculo dos sistemas de revisão de
estoques, de acordo com BARBIERI e MACHLINE, 2006. A saber:

- Prazo de espera, tempo de reabastecimento ou lead time, como já abordado


tacitamente, é o tempo decorrido entre o início do processo de reposição e a entrada
dos materiais em condições de uso nos almoxarifados, depósitos e outros pontos de
estocagem.
- Estoque operacional é a quantidade de material estocado para atender ao
consumo ou à demanda normal prevista.
- Estoque de segurança, estoque mínimo ou de reserva é a quantia de material
estocada, além do estoque operacional, para reduzir o risco de falta, em decorrência
de aumento imprevisto da demanda, atrasos nas entregas dos fornecedores ou
outros infortúnios.

Vale ressaltar que só vale a pena manter estoque de segurança para itens críticos
(Z) e semicríticos (Y), segundo a classificação XYZ, por serem muito importantes
para as atividades e apresentarem problemas ou dificuldades para serem
substituídos no caso de faltarem.
- Lote econômico de compras é a quantidade fixa de compra que minimiza os
custos totais anuais de um item de estoque. Pode ser expresso por: Q = √2DS/IC,
onde Q é o lote econômico de compras, D é a demanda anual em unidades, S é o
custo de obtenção em unidades monetárias, I é o custo de manutenção como
porcentagem do valor do item e C é o valor da unidade do item mantido em estoque.

2.2.3.1 Modelo de reposição contínua

Este modelo, também é chamado de modelo do lote padrão, modelo do estoque


mínimo ou modelo do ponto de reposição, consiste em emitir um pedido de compras,
23

com quantidade igual ao lote econômico de compras, sempre que o nível de


estoques atingir o ponto de pedido (MARTINS e ALT, 2005).

Ou, ainda, conforme BALLOU, 2001:


[Este modelo] supõe que a demanda seja perpétua e atue continuamente
sobre o estoque para reduzir seu nível. Quando o estoque está esgotando
ao ponto do seu nível ser igual ou menor do que uma quantidade
especificada chamada de ponto de pedido, uma quantidade econômica de
pedido Q é colocada na fonte de fornecimento para reabastecer o estoque.

O ponto de pedido é, portanto, um determinado nível de estoque, que ao ser


alcançado, provoca o processo de um novo pedido de compra. Conhecidos a
demanda em determinada unidade de tempo (d), o tempo de reabastecimento (lead
time) (L) e o estoque de segurança (ES), calcula-se o ponto de pedido (PP). Tem-se,
assim, que PP = d x L + ES.

2.2.3.2 Modelo de reposição periódica

Este método, também chamado do intervalo máximo ou do estoque máximo, é uma


alternativa ao método anterior. Embora o método de reposição contínua ofereça um
controle preciso sobre cada item no estoque e isto resulte em custo total mais baixo,
existem algumas desvantagens. Por exemplo, muito provavelmente cada item será
requisitado em um tempo distinto, perdendo assim, economias conjuntas de
transporte e compra e dificultando o relacionamento com o fornecedor, que terá que
embarcar pedidos para itens diferentes separadamente.

No entanto, no modelo de reposição periódica os níveis de estoque para itens


diversos podem ser revisados ao mesmo tempo, para que possam ser solicitados
juntos ao fornecedor. Este controle de revisão resultará em estoques um pouco
maiores, porém os custos adicionais de manutenção desses estoques podem ser
mais do que compensados pelos menores custos administrativos, pelos preços mais
baixos e por custos de obtenção menores.

Além disso, esse modelo de reposição possibilita que o estoque seja revisado por
meio de uma contagem por parcelas de estoque a cada dia, usando-se como base
24

para isso o controle ABC, em que, por exemplo, os itens A são repedidos mais
frequentemente do que itens B (BALLOU, 2001).

Portanto, os intervalos de tempo serão iguais a IP, e os lotes serão iguais à


diferença entre o estoque máximo (Emax) e o estoque disponível no dia da emissão
do pedido de compras. Para a utilização do modelo deve-se descobrir o lote
econômico de compras (Q) e fixar o estoque de segurança (ES) para se obter o
estoque máximo e conhecer a demanda média mensal do item (D), a fim de se
definir o intervalo de pedido e quantidade a ser comprada. Para tanto, depreende-se
que Emax = ES + Q e IP = Q/D.

2.3 ARMAZENAMENTO DOS MEDICAMENTOS E INSUMOS HOSPITALARES

Para DIAS, 1996, a armazenagem de materiais não agrega valor ao produto, pelo
contrário até eleva seu custo, porém, se utilizada de forma adequada, ela pode se
constituir em uma importante vantagem competitiva.

Conforme BALLOU, 2001, a estocagem de materiais possui quatro funções


primárias: manutenção, consolidação, fracionamento do volume e combinação. A
necessidade e a estrutura de uma farmácia hospitalar enfatizam principalmente a
manutenção e a combinação dos seus estoques.

Dentro da estrutura hospitalar, segundo BARBIERI e MACHLINE, 2006, a farmácia


hospitalar tem duas funções básicas:
- receber, armazenar e distribuir medicamentos aos usuários; e
- preparar ou fabricar medicamentos, produtos químicos e de limpeza e materiais
diversos. Para tanto, ela armazena três tipos de produtos:
• Medicamentos de prateleira, agulhas, seringas e outros insumos farmacêuticos;
• Psicotrópicos, drogas sobre as quais tem de ser exercido controle rigoroso,
devendo as autoridades de saúde ser constantemente informadas sobre seu uso e o
estoque existente na instituição;
• Materiais refrigerados: medicamentos que requerem refrigeração, por exemplo,
antibióticos, o que costuma ser feito em geladeiras comuns, tipo doméstico.
25

Vale ressaltar o alerta de Banzato et al (2003), a respeito da má utilização de


espaços para armazenamento:
Em muitos armazéns, no momento, está-se tentando fazer duas a três
vezes mais do que aquilo para o qual eles foram projetados [e talvez mal
projetados]. Sendo assim, o que acontece? Temos estoque colocado em
corredores. Temos múltiplos paletes no mesmo local de separação. Isto
destrói a produtividade. Estraga tudo para o que o armazém foi projetado.
Infelizmente, cria uma montanha de outros problemas, os quais são
indicadores da necessidade de reprojetar o armazém.

2.3.1 Manutenção dos itens estocados

A utilização mais elementar das instalações de armazenamento é de possibilitar a


proteção e a manutenção organizada dos itens estocados. O tempo previsto para
permanência dos itens nas instalações e as necessidades peculiares ao tipo de
material estocado irão determinar a natureza exata da configuração e do layout da
instalação (BALLOU, 2001).

Vale salientar o que constou nas considerações gerais do Manual de Boas Práticas
para Estocagem de Medicamentos (Central de Medicamentos, 1989):
Estocar e administrar um almoxarifado de medicamentos não é como
estocar alimentos – apesar da importância das duas atividades para a
saúde humana. O alimento estragado, na maioria das vezes, é facilmente
identificável. No caso dos medicamentos a realidade é outra: se eles tem o
seu estado normal alterado, tornam-se inativos ou nocivos à saúde e, o que
é pior, são de difícil reconhecimento. Somente esse exemplo já serve para
ilustrar a responsabilidade que representa o manuseio de medicamentos,
que pode significar a diferença entre a saúde e a doença e, em casos
extremos, entre a vida e a morte. Mesmo um breve tratamento incorreto
pode torná-los ineficazes, o que traduz a importância do trabalho de todas
as pessoas envolvidas em sua manipulação.

Recentemente, a Portaria nº 4.283, do Ministério da Saúde, de 30 de dezembro de


2010, definiu as diretrizes e estratégias da assistência farmacêutica em hospitais da
seguinte maneira:
Para o adequado desempenho das atividades da farmácia hospitalar,
sugere-se aos hospitais que: (i) provenham estrutura organizacional e
infraestrutura física que viabilizem as suas ações, com qualidade, utilizando
modelo de gestão sistêmico, integrado e coerente, pautado nas bases da
moderna administração, influenciando na qualidade, resolutividade, e custo
da assistência, com reflexos positivos para o usuário, estabelecimentos e
sistema de saúde, devidamente aferidos por indicadores.

Conforme TANNUS (S.d) na área física da farmácia hospitalar é necessário o


cumprimento das seguintes recomendações:
26

- Local ventilado, temperatura ambiente ou fresco (em torno de + 20ºC a 22ºC);


- Geladeiras ou câmaras frigoríficas para termolábeis (+ 2ºC a +8ºC);
- Congeladores (freezer), quando for o caso;
- Paredes e pisos revestidos com materiais laváveis, materiais de acabamento que
tornem as superfícies monolíticas, com o menor número possível de ranhuras ou
frestas, mesmo após o uso e limpeza frequente, podendo ser utilizado tintas
elaboradas a base de epóxi, PVC, poliuretano e rodapés com arredondamento;
- Os produtos devem ser acondicionados em estantes ou estrados (pallete);
- Evitar insolação direta sobre os produtos;
- Localização que possibilite fácil acesso para carga e descarga;
- Área que permita a carga/descarga sob condições de intempérie.

Esclarecendo melhor a respeito da localização da farmácia hospitalar, PATERNO


(199?), acrescenta que:
Tanto em hospitais monoblocos de um ou mais pavimentos, quanto em
hospitais pavilhonares, aconselha-se que a farmácia se localize, de
preferência:
a) Em andar térreo (nunca em pavimento imediatamente abaixo do serviço
de radiologia);
b) Eqüidistante das unidades assistenciais;
c) À margem dos fluxos de maior movimentação de pessoal, para a fácil
circulação de entradas e saídas de medicamentos;
d) Isolada de áreas contaminadas, fonte de calor, aparelhos radiológicos,
odores, ruído, fumaça ou poeira.

A legislação específica que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento,


programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde, entre eles a farmácia hospitalar, é a Resolução - RDC nº 50,
de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
que contem o seguinte regramento:
27

Tabela 2 - Dimensionamento, quantificação e instalações prediais da Farmácia Hospitalar


Farmácia
DIMENSIONAMENTO
AMBIENTE QUANTIFICAÇÃO INSTALAÇÕES
DIMENSÃO (min.)
(min.)
Área para recepção e inspeção 10 % da área para
1
armazenagem
Área para armazenagem e -0,6 m² por leito E;ADE
controle (CAF) -Termolábeis = a depender EE (área de
- Matéria prima: da temperatura e umidade imuno-
- Inflamáveis da região e do tipo de biológicos)
- Não inflamáveis embalagem dos
- Material de embalagem e medicamentos.
envase -Imunob.= 2,0 m² p/ freezer
- Quarentena ou geladeira. A depender
- Medicamentos (23º à 25º no 1 (de cada). A do equipamento, no caso
máximo) depender das do uso de câmaras fria.
- Termolábeis e atividades do
Imunobiológicos (4ºC à 8ºC estabelecimento.
e - 18ºC à - 20ºC)
- Controlados
- Outros
- Materiais e artigos médicos
descartáveis
- Germicidas
- Soluções parenterais
- Correlatos
Área de distribuição 10 % da área para
1
armazenagem
Área para dispensação 4,0 m². Pode ser HF
(farmácia satélite) substituída por carrinhos de
medicamentos ou armários
específicos.
Farmacotécnica A existência dessa
sub-unidade
dependerá da
execução ou não
das atividades
correspondentes
Sala de manipulação, HF;ADE
fracionamento de doses e 1 12,0 m²
reconstituição de medicamento
Área de dispensação 1 6,0 m² HF
Sala para preparo e diluição de HF;E
1 9,0 m²
germicidas
Laboratório de controle de HF;FG;ED;ADE
"In loco" ou não 6,0 m²
qualidade
Centro de informação sobre
6,0 m²
medicamento
Sala de limpeza e higienização HF;AC
de insumos (assepsia de 1 4,5 m²
embalagens) 2 3
Sala de preparação de 5,0 m² por capela de fluxo AC;ED
1
quimioterápicos 3 laminar
Sala de manipulação de 5,0 m² por capela de fluxo AC
1
nutrição parenteral 4 laminar
28

LEGENDA:
HF = Água fria
FG = Gás combustível
AC = Ar condicionado (Refere-se à climatização destinada à ambientes que requerem controle na
qualidade do ar)
EE = Elétrica de emergência (Refere-se à necessidade de o ambiente ser provido de sistema elétrico
de emergência)
ED = Elétrica diferenciada (Refere-se à necessidade de o ambiente ser provido de sistema elétrico
diferenciado dos demais, na dependência do equipamento instalado. Exemplo: sistema com tensão
diferenciada, aterramento, etc)
E = Exaustão (É dispensável quando existir sistema de ar recirculado)
ADE = A depender dos equipamentos utilizados. Nesse caso é obrigatória a apresentação do "lay-
out" da sala com o equipamento.

2 Optativo quando não houver preparação de quimioterápicos ou manipulação de nutrição parenteral.


Uma única sala pode servir a sala de quimioterápicos e a sala de nutrição parenteral.
3 Estas salas podem estar localizadas na unidade de quimioterapia ou na farmácia, sempre sob a
responsabilidade de um farmacêutico. Deve possuir visor que possibilite a visão da capela de fluxo
laminar.
4 Vide Portaria nº 272 de 08/04/98 do Ministério da Saúde publicada no DO de 23/04/98

FONTE: adaptado da Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002.

Além das instalações relacionadas com a atividade-fim da Farmácia Hospitalar, a


referida Resolução da ANVISA estabelece, ainda, preceitos quanto à existência de
ambientes de apoio, a saber:
- Sanitários para funcionários;
- Depósito de material de limpeza;
- Sala administrativa;
- Copa; e
- Sanitários com vestiários para funcionários; sala de esterilização de materiais;
vestiário (barreira nas salas de limpeza e higienização e salas de manipulação),
quando existir a Farmacotécnica.

A respeito do arranjo físico (layout) da área de estocagem, conforme VIANA (2008),


a realização de uma operação eficiente de armazenagem depende muito da
existência de um bom layout, que determina, tipicamente, o grau de acesso ao
material, os modelos de fluxo de material, os locais de áreas obstruídas, a eficiência
da mão-de-obra e a segurança do pessoal e do armazém.

De acordo com ALCEU FILHO (2008), os objetivos do layout de um armazém devem


ser ainda:
– assegurar a utilização máxima do espaço;
29

– propiciar a mais eficiente movimentação de materiais;


– propiciar a estocagem mais econômica, em relação às despesas de equipamento,
espaço, danos de material e mão-de-obra do armazém;
– fazer do armazém um modelo de boa organização.

2.3.2 Atividades operacionais e administrativas do armazenamento na


Farmácia Hospitalar

No item anterior tratou-se das principais considerações sobre os aspectos físicos


referentes aos locais de armazenamento, depósito da Farmácia Hospitalar. Agora,
porém, aborda-se as atividades operacionais e administrativas mais relevantes no
contexto do armazenamento de estoques de medicamentos e insumos hospitalares.

2.3.2.1 Recebimento

O recebimento é uma atividade de processamento do armazenamento que necessita


de muita atenção para não ocasionar problemas relacionados a produtos fora das
especificações da compra, em número aquém do adquirido e danos no material que
comprometam a sua qualidade.

No âmbito do Exército Brasileiro existe regramento específico para o recebimento e


exame de material, prescrito pelo Capítulo IV do Regulamento de Administração do
Exército, do qual destacam-se os seguintes dispositivos:
- o material pode ser recebido individualmente por agente nomeado para tal ou por
comissão, igualmente nomeada para esse fim, podendo ser assessorada por
especialistas ou técnicos, civis ou militares, julgados necessários (artigo 66);
- todo e qualquer material destinado à Organização Militar deverá ser entregue nos
Almoxarifados, Depósitos ou Salas de Entrada; incluindo a Farmácia;
acompanhados, conforme o caso, da nota fiscal ou documento equivalente, guia de
remessa ou de fornecimento, cabendo aos encarregados dessas dependências
comunicarem essa entrega por escrito, de imediato, ao Fiscal Administrativo para
inclusão em carga ou registro do material (artigo 67);
- quando for encontrada qualquer irregularidade no recebimento do material
adquirido pela Organização Militar ou fornecido pelos Órgãos Provedores do
30

Exército, o Fiscal Administrativo e o agente executor ou os membros da comissão,


previstos no artigo 66, lavrarão um Termo de Recebimento e Exame, que
mencionará as irregularidades encontradas e os itens rejeitados, com declaração
dos motivos da rejeição (artigo 70).

BARBIERI e MACHLINE (2006) salientam, ainda, que entre os itens de verificação


por ocasião do recebimento de um lote, encontram-se os seguintes: denominação
do produto, quantidade, forma farmacêutica, concentração, número do lote, prazo de
validade e registro no Ministério da Saúde.

2.3.2.2 Localização dos estoques

A localização dos estoques não é, propriamente, uma atividade de processamento


do armazenamento, mas um conjunto delas, das quais citam-se algumas,
discriminadas por ARNOLD (2006):
- Identificar os produtos – os itens são identificados pelo número de unidade de
armazenamento apropriado e a quantidade recebida e registrada;
- Despachar os produtos armazenados – os produtos são separados e guardados;
- Guardar os produtos – os produtos são mantidos em estoque sob a proteção
adequada até que sejam requisitados;
- Escolher os produtos – os itens pedidos de um estoque devem ser selecionados e
trazidos para uma área de preparação;
- Preparar a remessa – os produtos que compõem um único pedido são reunidos e
conferidos para que não haja omissões ou erros. Os registros dos pedidos são
atualizados por meio dos sistemas informatizados;
- Despachar as remessas – os pedidos são embalados, os documentos de remessa
são preparados e os produtos disponibilizados para entrega.

BARBIERI e MACHLINE (2006) sugerem, ainda, que para a localização dos


medicamentos nas prateleiras, deve-se observar três critérios simultaneamente:
- primeiro, separar os medicamentos pela via de administração (injetáveis, oral e
tópico);
- segundo, por ordem alfabética considerando a denominação genérica; e
31

- por último, pela data de validade, de modo que se possa aplicar o princípio do
Primeiro que Expira Primeiro que Sai (PEPS).

A organização dos itens dentro da área de estocagem facilita a execução da


atividade de picking, que pode ser definida como a atividade responsável pela coleta
do mix correto de produtos, em suas quantidades exatas, da área de armazenagem,
com o objetivo de satisfazer as necessidades do consumidor ou cliente (ALCEU
FILHO, 2008).

2.3.2.3 Inventário

Consiste em confrontar os dados obtidos por meio de uma contagem física dos itens
estocados e os dados constantes dos registros contábeis referentes aos mesmos
itens.

Conforme prescreve a Lei nº 4.320, de 17 mar. 1964, que estatuiu as Normas Gerais
de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, a contabilidade patrimonial
nas Unidades Administrativas inclui a realização de inventário, nos seguintes termos:
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por base o
inventário analítico de cada unidade administrativa e os elementos da
escrituração sintética na contabilidade.

De acordo com a Portaria nº 017-EME, de 8 mar. 2007, as Unidades Administrativas


(UA) do Exército controlam seus estoques por meio do SISCOFIS - Sistema de
Controle Físico, que tem por finalidade o controle físico e o gerenciamento de todo o
material existente no Exército, inclusive por meio da emissão de formulários de
inventários.

Dessa forma, é obrigatório o uso do SISCOFIS para o lançamento de todo


movimento de entrada e saída de itens do estoque das UA, de modo que haja
controle dos saldos registrados. Possibilitando a realização de conferência do
estoque físico por meio da confrontação com os inventários dos depósitos.
32

Existem basicamente dois modos de se realizar inventários: inventário geral ou


periódico e inventário rotativo.

Para MARTINS e ALT (2005), o inventário periódico é realizado em determinados


períodos – normalmente no encerramento dos exercícios fiscais, ou duas vezes por
ano – faz-se a contagem física de todos os itens do estoque.

Já o inventário rotativo é uma contagem contínua dos itens em estoque. Segundo os


mesmos autores, nesse caso faz-se um programa de trabalho de tal forma que todos
os itens sejam contados pelo menos uma vez dentro do período fiscal (normalmente
de um ano). Podendo ser usado a classificação ABC para a determinação desse
programa de trabalho, conforme já abordado na seção 2.2.3.2, que tratou do modelo
de reposição periódica.

2.4 DISTRIBUIÇÃO DOS MEDICAMENTOS E INSUMOS HOSPITALARES

Segundo o Guia Básico para Farmácia Hospitalar (BRASIL/MS, 1994), a moderna


Farmácia Hospitalar, com seu objetivo de promover o uso racional de
medicamentos, tem entre os seus pilares básicos de sustentação o estabelecimento
de um sistema racional de distribuição de medicamentos.

Conforme a Portaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010, do Ministério da Saúde,


a distribuição e dispensação consistem na:
...implantação de um sistema racional de distribuição de medicamentos e de
outros produtos para a saúde deve ser priorizada pelo estabelecimento de
saúde e pelo farmacêutico, de forma a buscar processos que garantam a
segurança do paciente, a orientação necessária ao uso racional do
medicamento, sendo recomendada a adoção do sistema individual ou
unitário de dispensação. No contexto da segurança, a avaliação
farmacêutica das prescrições, deve priorizar aquelas que contenham
antimicrobianos e medicamentos potencialmente perigosos, observando
concentração, viabilidade, compatibilidade físico-química e farmacológica
dos componentes, dose, dosagem, forma farmacêutica, via e horários de
administração, devendo ser realizada antes do início da dispensação e
manipulação. Com base nos dados da prescrição, devem ser registrados os
cálculos necessários ao atendimento da mesma, ou à manipulação da
formulação prescrita, observando a aplicação dos fatores de conversão,
correção e equivalência, quando aplicável, sendo apostos e assinado pelo
farmacêutico (grifo meu).
33

2.4.1 Sistemas de dispensação de medicamentos

Conforme PATERNO (199?), o dispensário de medicamentos é uma parte da


farmácia destinada à recepção, à guarda, ao controle e à distribuição de
medicamentos industrializados, utilizados no atendimento aos pacientes.

O controle de estoque está fortemente unido a dispensação, sendo o condensador


das informações suscitadas pelo sistema de dispensação. Quanto mais preciso for o
sistema de dispensação, mais particularizadas poderão ser as informações do
controle de estoques. A implementação de um sistema rigoroso de controle de
estoques, coligado a um apropriado sistema de dispensação, gera modificações no
plano comportamental e técnico no hospital, pois, discrimina com precisão clientes e
quantidades consumidas, aumentando o contato entre a equipe multiprofissional,
refletindo beneficamente na assistência prestada ao paciente.

Alia-se à dispensação com controle de estoque o gerenciamento de tecnologias com


uso de equipamentos e sistemas de informática, como é o caso do código de barras.
Acerca do assunto, relata-se, a seguir, experiência da Coordenadoria de Assistência
Farmacêutica do Estado do Mato Grosso:
Ao entrar, cada remédio ganha um adesivo com código de barras e
informações diversas que vão desde data de validade até indicação de onde
o produto deve ser armazenado. A organização física nos almoxarifados é
dividida em “ruas” e “posições”. A etiqueta de cada produto permite um fácil
sistema de rastreabilidade, já que indica até a localização (rua e posição)
onde ele foi armazenado. Para a saída dos estoques e distribuição, o
sistema da Unihealth faz uma seleção dos itens, evitando, por exemplo, que
medicamentos com data de validade mais próxima fiquem nos estoques,
enquanto outros com o prazo maior já tenham destino final. (Fotos n° 1 e 2)

Fotos n° 1 e 2 – utilização do código de barras na gestão de estoques da farmácia

Fonte:http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Armazenagem_de_medicament
os_em_MT_esta_entre_as_melhores_do_Brasil&id=64026
34

PATERNO (199?) esclarece, ainda, que a dispensação dos medicamentos no


hospital pode se dar por meio de três sistemas básicos: dose coletiva; dose
individualizada e dose unitária. Estes dois últimos serão apresentados, tendo em
vista serem indicados pelo Ministério da Saúde, conforme excerto da Portaria nº
4.283/10, transcrito acima. Além disso, a dose coletiva não permite à farmácia
acesso a informações como: para quem o medicamento esta sendo solicitado,
porque esta sendo solicitado e por quanto tempo será necessário.

2.4.1.1 Sistema individual de dispensação

O sistema de distribuição individualizado se caracteriza pelo fato de o medicamento


ser dispensado por paciente, em um único compartimento identificado, geralmente
para um período de 24 horas, podendo conter horários de administração (figura 1 e
foto 3). Este sistema se divide em indireto e direto. No sistema de distribuição
individualizado indireto, a distribuição é baseada na transcrição da prescrição
médica. A solicitação à farmácia é feita por paciente e não por unidade assistencial
como no coletivo. No sistema de distribuição individualizado direto, a distribuição é
baseada na copia da prescrição médica, eliminando a transcrição. Neste contexto, é
possível uma discreta participação do farmacêutico na terapêutica medicamentosa
(TANNUS, S.d).

O Guia Básico para a Farmácia Hospitalar (1994) discorre sobre as vantagens e


desvantagens desse sistema, a saber:

Vantagens – diminuição dos estoques das unidades assistenciais; redução potencial


de erros de medicação; facilidade para devoluções à farmácia; reduz tempo do
pessoal de enfermagem quanto à preparação dos medicamentos; redução de custos
com medicamentos; controle mais efetivo sobre medicamentos; e o aumento da
integração do farmacêutico com a equipe de saúde.

Desvantagens – aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura


da farmácia; exigência de investimento inicial; incremento das atividades
desenvolvidas pela farmácia; necessidade de plantão na Farmácia Hospitalar;
35

permite ainda potenciais erros de medicação; e não permite controle total sobre
perdas como caducidade, doses não administradas, desvios e outros.

Figura 1 e Foto 3 – dispensação por prescrição individual

Fonte: Guia Básico para a Farmácia Hospitalar (1994)

2.4.1.2 Sistema unitário de dispensação

De acordo com a já citada Portaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010, do


Ministério da Saúde:
A unitarização de doses e o preparo de doses unitárias de medicamentos
compreendem o fracionamento, a subdivisão e a transformação de formas
farmacêuticas. O preparo de doses unitárias e a unitarização de doses
contribui para a redução de custos, devendo ser garantida a rastreabilidade,
por meio de procedimentos definidos e registro. Deve existir plano de
prevenção de trocas ou misturas de medicamentos em atendimento à
legislação vigente.

Para esse modelo de dispensação, TANNUS (S.d) apresenta algumas vantagens e


desvantagens, além daquelas apresentadas pelo modelo anterior:
36

Vantagens – identificação do medicamento até o momento de sua administração,


sem necessidade de transferência e cálculos; auxílio no controle da infecção
hospitalar devido à higiene e à organização no preparo de doses; grande
adaptabilidade a sistemas automatizados e computadorizados; faturamento mais
exato do consumo de medicamentos utilizados por cada paciente; e maior
segurança para o médico em relação ao cumprimento de suas prescrições.

Desvantagens – dificuldade de se obter no mercado farmacêutico todas as formas e


dosagens para uso em dose naturais; resistência dos serviços de enfermagem; e
necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos.

Entendendo ter discorrido sobre as principais questões que envolvem a


administração de farmácias hospitalares, a partir do próximo capítulo, e com base no
objetivo proposto na Introdução deste texto, se tratará de uma pesquisa – conduzida
pelo autor – no Hospital Militar de Área de Manaus. Serão apresentados o método
empregado, os resultados obtidos e suas respectivas análises.
3 METODOLOGIA

O presente trabalho desenvolveu-se como uma pesquisa aplicada, visando analisar


os processos existentes na Administração de Materiais da Farmácia Hospitalar do
Hospital Militar de Área de Manaus para, eventualmente, subsidiar uma proposta de
melhorias.

Trata-se de um trabalho qualitativo, uma vez que a proposta foi a de interpretar,


compreender e comparar os processos pesquisados com base no referencial teórico
pertinente, apresentado no capítulo 2.

Com o intuito de conhecer a sistemática dos processos de aquisição, gestão de


estoques, armazenamento e distribuição - todos relacionados aos medicamentos e
insumos hospitalares - as técnicas utilizadas para esta pesquisa foram a de
observação junto aos militares que integram a equipe da Farmácia Hospitalar do
Hospital Militar de Área de Manaus e aplicação de questionário às unidades
assistenciais clientes da Farmácia Hospitalar, tabulado e constante do apêndice A.

A coleta de dados foi realizada pelo autor deste texto durante uma semana de
imersão em visita ao Hospital alvo da pesquisa.

Ainda na etapa da observação, e com a intenção de identificar boas práticas no


assunto em questão, foram realizadas visitas às Farmácias Hospitalares do Hospital
Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas e do Hospital
Adventista, ambos localizados na cidade de Manaus.

As ações descritas anteriormente forneceram os dados para análise.

A coleta de dados:

1. Coleta de dados junto ao pessoal da Farmácia Central do HMAM e pessoal de


compras, com o intuito de verificar os seguintes processos :

a. As aquisições de medicamentos e insumos hospitalares, considerando...


38

- A aquisição de materiais e suas peculiaridades na OMS; e


- Levantamento de necessidades e seleção de fornecedores.

b. Gestão de estoques, considerando...


- previsão da demanda; e
- sistemas de reposição de estoques.

c. Armazenamento dos medicamentos e insumos hospitalares, considerando...


- manutenção dos itens estocados; e
- Lay-out dos estoques nas instalações físicas da Farmácia Hospitalar.

d. Distribuição dos medicamentos e insumos hospitalares, considerando...


- sistemas de dispensação de medicamentos; e
- movimentação dos insumos hospitalares.

2. Coleta de dados junto a todo tipo de usuário dos materiais distribuídos pela
Farmácia Hospitalar:

Instrumento de Pesquisa: Questionário

Nome Completo: _________________________________________________


Seção/Setor: __________________________________
Função: ______________________________________
Há quanto tempo trabalha no Hospital? _______________________

1. No seu hospital existe uma Farmácia Hospitalar?


2. Caso exista, quem é o responsável por este serviço?
3. O (A) Senhor(a) participa do pedido de medicamentos ou de insumos
hospitalares (gazes, seringas, luva de procedimentos, sondas, próteses, órteses,
etc)?
4. Caso a resposta anterior seja positiva, descreva como participa dos pedidos e
como as necessidades são estimadas.
5. Os medicamentos e insumos hospitalares recebidos em seu setor atendem às
necessidades de quantidade, qualidade, local e prazo de recebimento?
39

6. Caso a resposta anterior seja negativa, descreva a necessidade não atendida.


7. O (A) Senhor (a) gostaria de sugerir alguma prática para melhorar o suprimento
de medicamentos e insumos hospitalares ao seu setor?

No próximo capítulo serão apresentados os resultados obtidos e,


concomitantemente, suas respectivas análises, conforme modelo orientado por
CRESWELL (2010, p. 217).
Vários processos genéricos podem ser estabelecidos na proposta para
comunicar uma percepção das atividades gerais da análise de dados
qualitativos, (...)
Trata-se de um processo permanente envolvendo reflexão contínua sobre
os dados, formulando questões analíticas e escrevendo anotações durante
todo o estudo. Ou seja, a análise de dados qualitativos é conduzida
concomitantemente com a coleta de dados, a realização de
interpretações e a redação de relatórios (grifo meu).
4 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

Recapitulando o descrito na introdução do presente trabalho; o principal objetivo


desta pesquisa é identificar a necessidade de sugerir melhorias no funcionamento
da Farmácia Hospitalar do Hospital Militar de Área de Manaus, no que concerne à
Administração de Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares;
em caso de serem percebidas falhas ou, em caso de verificar que o funcionamento é
perfeito, sugeri-lo como modelo a copiar em outros hospitais do Exército Brasileiro.

A seguir, serão apresentados os resultados obtidos e a análise dos elementos


extraídos da pesquisa.

Como o HMAM é uma Unidade Gestora da Unidade Orçamentária Exército Brasileiro


e, portanto, faz parte da Administração Direta do Poder Executivo Federal, é
imperativo que siga os procedimentos legais para seleção de fornecedores e
aquisição de materiais, entre esses, medicamentos e insumos hospitalares.

A Organização realizou em abril de 2010 uma padronização de medicamentos a ser


observada no biênio 2010/2011, que teve como objetivos a promoção do uso
racional e a melhoria da resolubilidade terapêutica, por meio de acesso a
medicamentos eficazes, seguros e voltados às doenças prevalentes; além de
racionalizar os custos dos tratamentos e otimizar os recursos humanos, materiais e
financeiros disponíveis.

O relatório da padronização estabeleceu, também, algumas normas de


funcionamento da farmácia do HMAM, como:
- o fornecimento de medicamentos e materiais será realizado mediante solicitação
escrita do setor, assinada por seu responsável;
- nos horários fora do expediente, o atendimento das solicitações de emergência
será realizado pelo farmacêutico de sobreaviso;
- o fornecimento de medicamentos e materiais para pacientes baixados será
realizado mediante segunda via da prescrição médico-diária;
- os medicamentos serão dispensados considerando seu princípio ativo e não a
marca comercial do produto;
41

- os medicamentos controlados serão aviados somente com a apresentação da


requisição interna de psicotrópicos, devidamente assinada pelo médico responsável
os quais serão entregues para o farmacêutico de sobreaviso;
- a dispensação de medicamentos seguirá a padronização vigente; e
- medicamentos não padronizados só serão adquiridos através de justificativas e
ordem do Subdiretor.

Pode-se observar que em uma amostra de 21 anestésicos gerais e locais constantes


da padronização em tela, existiam no inventário da farmácia do HMAM, em 31 dez.
2010, 13 itens em estoque, ou seja, 62% dos medicamentos padronizados. A
diferença de 38% dos itens padronizados em falta pode ser reflexo da dificuldade na
aquisição ou a desconsideração da padronização na requisição de compras.

Após a padronização de medicamentos e materiais hospitalares e estimada a


demanda para um ano, é encaminhada uma parte requisitória ao Fiscal
Administrativo e ao Ordenador de Despesas, agentes responsáveis pela gestão de
materiais e autorização de compras, respectivamente, que após decisão favorável,
encaminham o processo para a Seção de Licitações e Contratos para execução do
certame licitatório e celebração do contrato, se for o caso.

No momento, o HMAM está adquirindo medicamentos por meio de adesão a atas de


registro de preço (“carona”) de outras OMS do Exército e outros órgãos públicos,
como, Hospital Universitário Getúlio Vargas, Depósito Naval, Hospital de
Aeronáutica de Recife e Fundação Nacional de Saúde.

Porém, como já visto no referencial teórico, essa medida coloca a UG não


participante em uma situação de vulnerabilidade, podendo causar dificuldades na
manutenção dos níveis de seus estoques de medicamentos e materiais, tendo em
vista a não obrigação do fornecedor beneficiário da Ata de aceitar o fornecimento
para a UG “carona”. Sendo preferível o planejamento das necessidades conforme a
padronização e a previsão da demanda. Para a realização, na própria OMS, de
pregões com registro de preço. De modo a minimizar as aquisições como “carona”
àquelas demandas imprevisíveis.
42

Quanto à gestão de estoques, observou-se que não são levantados dados que
possibilitam o conhecimento da acurácia dos controles de inventário, o nível de
serviço, giro de estoques, cobertura de estoques e análises ABC e XYZ. Não
obstante, existe projeto para se fazer classificações ABC, considerando o valor, e
XYZ, considerando a relevância dos itens constantes em estoque, a fim de nortear
decisões gerenciais de realização de inventário rotativo, armazenagem e níveis de
estoque.

A previsão da demanda é realizada de maneira ingênua, ou seja, é baseada na


última demanda observada. Podendo-se levar em consideração, ainda,
sazonalidades originadas em patologias prevalentes em cada período do regime de
chuvas da Região Amazônica; seca, de agosto a dezembro, e cheia, de janeiro a
julho.

Para tanto, a reposição de estoque ocorre quando da chegada de recursos


orçamentários da União. Nesse momento, é levantada as necessidades, conforme
os parâmetros da previsão da demanda citada acima, de maneira proporcional ao
montante dos recursos destinados a Farmácia Hospitalar.

Ressalta-se, que a Farmácia procura manter um nível de estoque para seis meses,
devido à demora para o recebimento do lote de compras em Manaus. Dificuldade
imposta pelas peculiaridades da Logística da Amazônia Ocidental.

De acordo com o referencial teórico apresentado, depreende-se que a Farmácia do


HMAM poderia repor seus estoques utilizando o conceito do sistema de revisão
periódica, em que o período é fixo e o lote a ser comprado é variável. Dessa
maneira, para melhor definição de lotes de compras e a consequente manutenção
do nível se serviço, há que considerar a necessidade de calcular o lote econômico
de compras (Q) e fixar um estoque de segurança (ES) para se obter o estoque
máximo e conhecer a demanda média mensal do item (D), a fim de se definir o
intervalo de pedido mais apropriado e a quantidade a ser comprada.

Para a realização da gestão de estoques da farmácia estão disponíveis dois


sistemas informatizados. O primeiro é o SISCOFIS que, como foi visto no referencial
43

teórico, é de uso obrigatório no Exército; e o segundo é o SIGEMS (sistema de


gestão de estoque de material de saúde), administrado pelo Departamento-Geral do
Pessoal (Órgão de Direção Setorial do Exército).

Porém, a respeito desses sistemas, obteve-se a informação de que o Sistema de


Gestão de Estoque de Materiais de Saúde (SIGEMS) não atende as necessidades
de gestão de estoques da Farmácia Hospitalar, tendo em vista:
- a falta de praticidade do sistema, que é operado apenas na plataforma Web;
- a impossibilidade de utilização de leitor de código de barras para o recebimento e
dispensação do material;
- a duplicidade de ações em relação ao SISCOFIS; e
- pelo fato de não gerar automaticamente curvas ABC e XYZ, entre outros motivos.

O SISCOFIS, por sua vez, apesar de não precisar ser operado em ambiente Web,
padece dos mesmos problemas do SIGEMS.

Do exposto, entende-se que um dos sistemas necessita ser aperfeiçoado, de modo


que contemplem, em um só sistema, funcionalidades que facilitem a gestão de
estoques das farmácias hospitalares das OMS do Exército, como por exemplo:
- compatibilidade com leitor de código de barras para ser usado no recebimento, na
dispensação de medicamentos e materiais e no retorno de materiais, facilitando a
rastreabilidade;
- perfis de acesso com níveis de segurança diferenciados;
- pedidos de medicamentos e materiais encaminhados à farmácia pelo sistema
(prescrição eletrônica). O que necessitaria de um software integrado em todo o
hospital;
- ferramentas para classificação e construção de curvas ABC e XYZ;
- informações gerenciais, como, níveis de estoque, consumo médio e lotes de
compras, entre outras.

O armazenamento dos medicamentos e materiais hospitalares na Farmácia do


HMAM segue preceitos básicos, como:
- área para armazenagem dentro dos limites estabelecidos pelas normas;
44

- ambiente com ar-condicionado e prateleiras para estocagem de todos os


medicamentos que, normalmente, não exigem refrigeração e demais materiais,
tendo em vista as altas médias de temperatura durante todo ano na cidade de
Manaus;
- utilização de geladeiras para medicamentos que requerem refrigeração;
- armário fechado com cadeado para psicotrópicos; e
- os medicamentos são dispostos nas prateleiras na ordem alfabética das
substâncias ativas. Além disso, os antibióticos são separados em prateleiras
distintas, por conta da necessidade de acessá-los com maior facilidade, devido
constarem com frequência nas prescrições (Fotos 4 e 5).

Fotos 4 e 5 – estocagem de medicamentos

Fonte: Farmácia Hospitalar do HMAM, 2011.

Contudo, constatou-se que há necessidade de reestruturação física da Farmácia do


HMAM, por conta das seguintes desconformidades para armazenamento que foram
observadas no local:
- Paredes revestidas com azulejos e parte do piso com cerâmica, que apesar de
laváveis contem muitas ranhuras, sendo melhor utilizar tintas a base de epóxi nos
revestimentos das superfícies (Foto 6);
- Área de estocagem de insumos hospitalares em forma de corredor, o que dificulta o
trânsito de mercadorias no interior da farmácia, conforme Anexo A; e
- Localização perimetral em relação à maioria das unidades assistenciais, sendo
preferível uma localização central e isolada da radiologia.
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Foto 6 – revestimento da parede

Fonte: Farmácia Hospitalar do HMAM, 2011.

As atividades operacionais e administrativas do armazenamento, relacionadas ao


recebimento e localização dos estoques na farmácia, são realizadas conforme o que
prescreve o Regulamento de Administração do Exército, principalmente, nos artigos
66, 67 e 70; e estão elencadas nos Procedimentos Operacionais Padrão constantes
do Anexo B.

O inventário, que é uma ferramenta de controle indispensável à manutenção do nível


de serviço, é desencadeado na farmácia, apenas, uma vez por ano.

Contudo, tendo em vista a relevância e o valor de muitos dos itens ali estocados, é
recomendável a adoção de inventários rotativos, podendo ser usada a classificação
ABC para a implementação de um programa de contagem que cubra todos os itens,
dentro de uma determinada frequência, durante o exercício financeiro. Ou seja, itens
mais importantes, classificados como A, serão contados mais de uma vez no
decorrer do ano.

Na distribuição dos medicamentos e insumos hospitalares, a Farmácia alvo da


pesquisa adota sistema de dispensação de medicamentos em dose unitária.

No entanto, a dose não é individualizada ao ponto de abranger medicamentos como


injetáveis que necessitam ser diluídos, antes da administração ao paciente.
46

Como exemplo, pode-se citar o que ocorre com a Hidrocortizona, que geralmente é
comprada pela OMS na concentração de 500 mg, porém, a necessidade apontada
pelas prescrições, normalmente, é de 100 mg a cada 12 horas. Dessa maneira, é
dispensado um frasco de 500 mg para a unidade assistencial solicitante, que ficará
incumbida de realizar a diluição conforme a prescrição e a aplicação ao paciente,
descartando o restante não utilizado, caso não haja outro paciente com a mesma
necessidade. Esse descarte acontece por conta de que a equipe de enfermagem,
que assume o próximo turno de 12 horas de plantão, não confiar no trabalho de
preparação do injetável que a equipe anterior realizou.

Portanto, a individualização, inclusive dos injetáveis (Fotos 7 e 8), poderá trazer


economias nos gastos com medicamentos, apesar dos custos de infraestrutura
necessários para essa operação.

Fotos 7 e 8 – individualização de injetáveis

Fonte: Farmácia Hospitalar do Hospital Adventista de Manaus, 2011.

De modo a garantir a segurança do paciente, conforme estabelecem as legislações


pertinentes citadas no referencial teórico, a Farmácia em questão, quando da
dispensação, confere e registra o nome do paciente, seu leito, se a receita está
carimbada e assinada pelo médico. Ademais, quando existem dúvidas quanto à
prescrição, faz-se contato com o médico solicitante a fim de dirimi-las.

Quanto à dispensação, observou-se, ainda, que ela se dá diariamente, quando se


trata de medicamentos e semanalmente, quando diz respeito a pedidos de insumos
hospitalares. Exceção feita aos materiais da Clínica Ortopédica, que seguem rito
distinto de processamento de pedidos, sendo realizado separadamente dos demais
47

materiais; e aos pedidos do Serviço de Pronto Atendimento que, devido ao


funcionamento ininterrupto, é atendido com dois pedidos por semana.

Com relação ao resultado alcançado na aplicação do questionário, foram obtidas


respostas de 14 clientes da farmácia do HMAM, a saber:
1. No seu hospital existe uma Farmácia Hospitalar?
- Todos identificam a existência da Farmácia Hospitalar na estrutura do HMAM.
2. Caso exista, quem é o responsável por este serviço?
- Apenas um não conhece o responsável pela Farmácia.
3. O (A) Senhor(a) participa do pedido de medicamentos ou de insumos
hospitalares (gazes, seringas, luva de procedimentos, sondas, próteses, órteses
etc)?
- Todos participam do processo de pedidos à farmácia de necessidades de seu
setor.
4. Caso a resposta anterior seja positiva, descreva como participa dos pedidos e
como as necessidades são estimadas.
- Todos participam dos pedidos de materiais feitos à farmácia. Quanto a estimativa
de necessidades, 4 respostas apontam para a realização de estimativa de
necessidade de maneira “ingênua”, ou seja, baseada na última demanda, e duas
respostas apontam para a realização de estimativa de necessidade considerando o
saldo de estoque existente, 4 declaram que acumulam estoques em sua unidade de
trabalho.
5. Os medicamentos e insumos hospitalares recebidos em seu setor atendem às
necessidades de quantidade, qualidade, local e prazo de recebimento?
- 10 responderam que sim e 4 responderam que não.
6. Caso a resposta anterior seja negativa, descreva a necessidade não atendida.
- 2 apontam a qualidade como um problema e para 1 deles a quantidade não é
suficiente. O que reclama do local de armazenagem trata de material que não é
fornecido pela farmácia.
7. O (A) Senhor (a) gostaria de sugerir alguma prática para melhorar o suprimento
de medicamentos e insumos hospitalares ao seu setor?
- 2 sugerem a utilização de sistemas informatizados, 2 sugerem dispensação diária
para seus setores, 2 sugerem maior diversificação de materiais (opções e
tamanhos), e 1 sugere dispensação unitária.
48

As respostas elencadas acima permitem deduzir que, existe uma ampla


compreensão da participação da farmácia hospitalar e de seu responsável na
estrutura do HMAM.

No entanto, infere-se que, a demanda de material, informada por aqueles que


acumulam estoques, podem levar a uma distorção das reais necessidades das
unidades assistenciais, causando um maior dimensionamento nas requisições de
compras que partem da farmácia hospitalar.

Esta ocorrência pode ser ocasionada pela sensação de segurança que o estoque ao
alcance das mãos pode trazer ao seu usuário. Porém, esse problema pode ser
mitigado por meio de divulgação do funcionamento dos processos de administração
de materiais, de modo que seja criada uma relação de confiança entre os entes
desses processos, além do controle dos estoques periféricos.
5 CONCLUSÃO

No presente trabalho de pesquisa foram apresentados os fundamentos teóricos e


conceituais obtidos por meio de uma revisão bibliográfica, que incluiu obras literárias
de cunho científico, que tratam da Administração de Materiais com aplicação ampla
e, específica, para Administração Hospitalar; legislações federais, como leis,
decretos e portarias com efeito para a Administração Pública; resoluções que
regulam setores da saúde pública e normas específicas para o âmbito do Exército
Brasileiro.

Por certo os preceitos da Administração de Materiais são imprescindíveis para o


bom funcionamento de uma Farmácia Hospitalar. São muitas as possibilidades de
sucesso ou insucesso para a organização de saúde, relacionadas às atividades de
aquisição, gestão de estoques, armazenamento e distribuição de medicamentos e
materiais hospitalares.

A aquisição de materiais em uma Organização Militar de Saúde deve ser efetuada


com a estrita observância da Legislação pertinente, o que inclui basicamente, a Lei
de Licitações, a Lei do Pregão, o Decreto nº 5.450/2005 do Pregão Eletrônico, o
Decreto nº 3.931/2001 do Sistema de Registro de Preços e as determinações e
recomendações do Controle Externo e Controle Interno de cada Órgão. Além de
pautar-se pelo relatório de padronização de medicamentos, estabelecido pela
comissão de padronização.

Em relação às modalidades de licitação, ressalta-se o pregão na forma eletrônica,


utilizando-se o Sistema de Registro de Preços, que trouxe importantes benefícios
para a realização de compras, como: facilidade para o planejamento, atendimento a
demandas imprevisíveis, menor frequência de licitações, boa aplicação de recursos
inesperados e diminuição da necessidade de grandes estoques.

Vale lembrar que o uso das atas de registro de preço como unidades extraordinárias
(carona) deve ser reservado para demandas que não puderam ser planejadas.
50

Para a execução de compras adequadas às necessidades da OMS, é imprescindível


uma gestão de estoques que seja orientada por informações dos itens estocados,
como: classificação ABC e XYZ, estoque máximo, estoque médio, estoque de
segurança, tempo de reabastecimento, lote econômico de compras, custos de
estoques, resultados da adoção de um sistema de reposição de estoques e um
método de previsão da demanda, todos adequados às peculiaridades da Farmácia
Hospitalar. Sendo apropriada para isso, a utilização de um sistema de informática
que facilite a obtenção e a manipulação desses dados, concomitante com a
contabilização das quantidades e valores no SISCOFIS.

Sabe-se que o armazenamento contribui para a manutenção dos itens estocados


dentro das características físicas adequadas ao seu consumo – temperatura,
umidade, limpeza, espaço e segurança. Para tanto, devem ser seguidos parâmetros
técnicos prescritos pela literatura especializada e pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – ANVISA.

Além disso, é durante o armazenamento que as atividades de recebimento do


material, localização desse material na área de estocagem e controle do inventário
ali existente são executadas e cooperam com o oferecimento ao paciente de
serviços dentro do padrão desejado.

Nesse contexto, percebeu-se a necessidade de reestruturação física da Farmácia do


HMAM, por conta de desconformidades no armazenamento que podem prejudicar o
manuseio e a preservação de medicamentos e outros materiais.

A distribuição dos medicamentos e insumos hospitalares deve ser traduzida pela


implementação de processos que garantam a segurança do paciente, a orientação
necessária ao uso racional do medicamento, sendo recomendada a adoção do
sistema individual ou unitário de dispensação, conforme registra a norma do
Ministério da Saúde.

No entanto, verifica-se que a dispensação totalmente individualizada, incluindo os


injetáveis, possibilita alcançar maior economicidade na distribuição dos
medicamentos às unidades assistenciais a partir da Farmácia Hospitalar.
51

Por oportuno, consideramos que os objetivos da pesquisa foram alcançados, tendo


em vista que foi possível; após a análise do funcionamento da Farmácia Hospitalar
do Hospital Militar de Área de Manaus, no que concerne à Administração de
Materiais relacionada aos medicamentos e insumos hospitalares; sugerir melhorias
para as falhas percebidas e apontar modelos a serem copiados por outros hospitais
do Exército Brasileiro.

Por fim, do estudo realizado para a delimitação de um referencial teórico, das


entrevistas e observações efetivadas, sugere-se que este trabalho seja aprofundado
por meio de uma pesquisa comparativa da Farmácia do HMAM com farmácias de
organizações de saúde públicas e, principalmente, de instituições privadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CETEB, 2008.

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as melhores do Brasil. Disponível em:
<http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Armazenagem_de_medica
mentos_em_MT_esta_entre_as_melhores_do_Brasil&id=64026>. Acesso em: 24
jan. 2011.

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MOURA, Reinaldo; RAGO, Sidney. Atualidades na Armazenagem. São Paulo:
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para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 jun. 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 jul. 2002. Institui, no âmbito da União, Estados,


Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e
serviços comuns, e dá outras providências.

BRASIL. Decreto nº 98.820, de 12 jan. 1990. Aprova o Regulamento de


Administração do Exército.

BRASIL. Decreto nº 5.450, de 31 maio 2005. Regulamenta o pregão, na forma


eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

BRASIL. Decreto nº 3.931, de 19 set. 2001. Regulamenta o Sistema de Registro de


Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras
providências.

BRASIL. Exército Brasileiro. Portaria nº 017-EME, de 8 mar. 2007. Aprova as


Normas para o Funcionamento do Sistema de Material do Exército (SIMATEX).
53

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.283, de 30 dez. 2010. Aprova as


diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações
e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, de 31 de dezembro de 2010.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução - RDC nº


50, de 21 fev. 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar.


Guia Básico para a Farmácia Hospitalar. Brasília, 1994.

CRESWELL, John. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e


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DIAS, M A. Administração de Materiais: Uma Abordagem Logística. Editora


Atlas: São Paulo, 1996.

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presencial e eletrônico. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2006.

GONÇALVES, Paulo Sérgio. Administração de materiais: Obtendo vantagens


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WANKE, Peter. Tendências da gestão de estoques em organizações de saúde.


Revista Tecnologística, Dezembro – 2004.
Apêndice A – Questionário aplicado entre os clientes da Farmácia Hospitalar do HMAM

Nome do Profissão e Tempo 1. No seu 2. Caso 3. O (A) Senhor(a) 4. Caso a resposta 5. Os 6. Caso a 7. O (A) Senhor (a)
profissional Seção/Setor que hospital exista, quem é participa do anterior seja medicamentos e resposta gostaria de sugerir
trabalha existe uma o responsável pedido de positiva, descreva insumos anterior seja alguma prática para
no HMAM Farmácia por este medicamentos ou como participa hospitalares negativa, melhorar o
Hospitalar? serviço? de insumos dos pedidos e recebidos em seu descreva a suprimento de
hospitalares como as setor atendem as necessidade medicamentos e
(gazes, seringas, necessidades são necessidades de não atendida. insumos
luva de estimadas. quantidade, hospitalares ao seu
procedimentos, qualidade, local e setor?
sondas, próteses, prazo de
órteses, etc)? recebimento?

Consta no Consta no 15 anos Sim Maj Marion Sim Participação é Sim. O pedido da Trabalhamos com
original original baseada na farmácia é gerenciamento do
observação do realizado no material consumido
consumo de primeiro dia útil nos procedimentos
material gasto em de cada semana. cirúrgicos
cada Recebimento realizados em
procedimento sempre acontece usuário do sistema
cirúrgico, na terça-feira pela Fusex. Sugiro que
acrescentando 10 tarde. durante a
% dos valores implantação dos
consumidos gastos no SIRE,
semanalmente seja gerado cópia
com finalidade de dos gastos,
manter um direcionando para
estoque padrão, farmácia por rede
incluindo perdas para reposição
de material com automática de
invólucro violado, material, não
mal armazenado havendo
e data de necessidade de
validade próximo realizar pedido
ao vencimento. convencional.
55
Consta no Consta no 7 anos Sim Maj Marion Sim Entregam relação Sim. na minha área uma
original original com maior relação com
medicamentos e outras xxxxx para
eu escolho ou fornecer material
cito o que é mais para nossas
comum na minha cirurgias. Ou seja,
especialidade. ter várias opções
para sempre poder
usar o melhor
material no
mercado em
nossos pacientes
do Exército
Brasileiro.

Consta no Consta no 1 ano sim Maj Marion Sim Através de Sim. Não. No momento
original original solicitação por a farmácia
parte. As hospitalar satisfaz
necessidades ao setor de forma
são estimadas de adequada.
acordo com o
fluxo e uso dos
anos anteriores,
mês a mês.
56
Consta no Consta no 21 anos Sim Major (?) Sim Porque é usado Sim Sim. Material
original original nos atendendo a
procedimentos e necessidade como
a auxiliar "auxilia" idade. Falo dos
o médico. espéculos para
(??????) preventivo…dos
tamanhos…poderia
ser tamanho:
grande, médio,
pequeno e
pequeno pequeno.

Consta no Consta no 2 anos Sim Maj Marion Sim Através de Sim. Na maioria Só rever a
original original pedido semanal das vezes na qualidade dos
por escrito. São qualidade deixam produtos.
supridos xxxxx a desejar,
com as podendo melhorar
necessidades. na qualidade dos
produtos.

Consta no Consta no Sim Maj Marion Sim Fazendo a Quantidade sim. Alguns itens O problema é que
original original solicitação no Qualidade não. são de boa o pedido à
formulário e as qualidade. farmácia é
necessidades Porém, não a semanal. Se fosse
são estimadas totalidade. diário seria melhor
conforme as pelo fato de
necessidades pedirmos menos
dos usuários. medicação e
material.
57
Consta no Consta no 1 ano Sim Maj Marion Sim É feito o Não É necessário Um sistema
original original levantamento um local mais informatizado de
semanal dos amplo para solicitação de
materiais que estocagem materiais.
estão entrando descentralizada
em estoque dos reagentes
mínimo. A pagos ao
quantidade laboratório.
utilizada
semanalmente de
cada material é
estimada.

Consta no Consta no 3 anos Sim Maj Marion Sim. Solicito Solicito Sim
original original toca, alcool, luva, semanalmente ao
alcool gel, alcool Fiscal
a 70 e frasco Administrativo
para nutrição dessa OMS que
enteral. repassa os
pedido para o
Chefe da
Farmácia. Por
meio do consumo
médio são
estimadas as
necessidades
devido a
rotatividade do
efetivo desse
setor.
58
Consta no Consta no 16 anos Sim Maj Marion Sim, nos pedidos Solicitando Atualmente há Seria bom iniciar o
original original diários e pedido diário e material, de uso de
semanais. semanal para acordo com medicamento por
suprir consumo. dose unitária.
necessidade da
enfermaria de
acordo atividades
desenvolvidas e
grau de
complexidade do
paciente.
Consta no Consta no 9 meses Sim Maj Marion Sim Realizo os Sim Somente que
original original pedidos, solicito nossos pedidos
por escrito fossem feitos
semanalmente, diariamente. No
às terças-feiras, mais estou
retirando os satisfeita; porém;
mesmos da para qualquer
farmácia nas mudança para
quartas. As melhorar estou
necessidades pronta para aceitar
são estimadas de e colaborar.
acordo com o
número de
atendimentos,
procedimentos e
também com
base na
quantidade que
fica na reserva do
setor, para ser
usada em
qualquer
emergência.
59
Consta no Consta no 5 anos Sim 1° Ten Socorro Sim Pedidos Sim Nada a acrescentar
original original (ERRADO) semanais do no momento.
material (insumos
hospitalares)
para o setor
odontológico
(luva, seringas,
gazes, etc…)

Consta no Consta no 1 ano Sim Maj Marion Sim Solicito os Sim Seria interessante
original original medicamentos que houvesse um
através de parte sistema unificado
ao Chefe da no Exército para a
Farmácia compra de
estimando as medicação de alto
necessidades custo que
através da média agilizasse a
mensal dos aquisição de
pacientes que determinados
necessitam de medicamentos,
determinado para que não fosse
medicamento. necessário
abertura de pregão
em OMS diferentes
para
medicamentos
iguais.

Consta no Consta no 5 anos Sim Maj Marion Sim Diante da Qualidade, local e Como dito, Não. Apenas haver
original original necessidade que prazo sem anteriormente, um contato mais
é diretamente dúvida. Já a a quantidade direto com os
proporcional à quantidade é, as as vezes é setores.
demanda mensal vezes, menor que menor que a
dos nossos a solicitada. solicitada.
pacientes, solicito
o material
necessário para o
mês em questão.
60
Consta no Consta no 3,5 anos Sim Maj Marion Sim Pedidos dos Sim
original original médicos
semanais que
são reunidos e
levados à
farmácia. Depois
de recebidos,
distribuo entre os
consultórios.
Anexo A – Planta baixa da Farmácia Hospitalar do HMAM

soro e afins
4,13 m²

Estoque
6,11 m²

Estoque
6,11 m²
Estoque de insumos hospitalares

Depósito de medicamentos
13,13 m²

15,5 m²
Recebimento e distribuição

Administração
6,2 m²

Dispensação
5,35 m² 6,2 m²

Área total de 62,73 m²


Anexo B – Procedimentos Operacionais Padrão da Farmácia Hospitalar do HMAM

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de agosto de 2010
Hospitalar Nr 005
TAREFA:
ESTOCAGEM DE MEDICAMENTOS E MATERIAL
HOSPITALAR
DATA MÁXIMA DE
EXECUTANTE: REVISÃO DESTE POP:
MILITARES DA FARMÁCIA 01 de agosto de 2011

SUPERVISÂO
OFICIAL FARMACÊUTICO
RESULTADOS ESPERADOS:
- Estocar de medicamentos e material hospitalar de maneira correta.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS:
- Mapa das prateleiras com localização dos medicamentos e material hospitalar
ATIVIDADES CRÍTICAS:
1. No ato da estocagem de medicamentos e material hospitalar deverão ser observados os seguintes
itens:
- Se o procedimento para inclusão já foi realizado (Partes de inclusão em carga, SIMATEX);
- Para permitir a fácil visualização dos medicamentos e material hospitalar quanto ao nome do
produto, nº do lote , prazo de validade, a estocagem deve ser feitas em estantes, armários, prateleiras
ou estrados (Palletes)
- Os medicamentos termolábeis deverão ser armazenados em geladeiras com a temperatura
controlada;
- Observar o local correto para colocação dos medicamentos/materiais.
- Periodicamente deve realizar-se o inventário de medicamentos, para se evitar discrepância em
suas quantidades;
- Medicamentos violados ou suspeitos de qualquer contaminação devem ser
retirados do estoque, identificados e segregados em área totalmente separados de
forma a não serem dispensados por engano nem contaminarem outras mercadorias;
- Os medicamentos devem ser armazenados sobre palletes em e em local que não receba luz solar
direta. Não se deve- colocar qualquer material em contato direto com o piso.
2. Os produtos com prazo de validade vencido ou com avarias poderão seguir os seguintes destinos:
63

- Poderão ser devolvidos ao fornecedor (fabricante, laboratório) por meio de operação com nota
fiscal, visando o objetivo do descarte;
- Não havendo condições para o procedimento acima, o farmacêutico responsável deve se

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de julho de 2007
Hospitalar Nr 005
dirigir a autoridade sanitária competente, para receber a orientação quanto ao descarte de tais
produtos.

ARMAZENAGEM DE MEDICAMENTOS TERMOLÁBEIS

A estocagem deve ser em uma das geladeira da Farmácia;


Deve ser evitado ao máximo a exposição desses produtos , a qualquer tipo de luz, evitar exposição
direta ao solo e também não permitir o congelamento desses produtos pois perdem a atividade
farmacológica;
Os produtos devem ser mantidos a uma temperatura que varia entre 2º a 8ºC. Observando os seus
endereços e datas de validade. As medições de temperatura devem ser efetuadas de maneira
constante, segura e diária com registros escritos (Relatórios). Estes controles de temperatura e
umidade são realizados três vezes ao dia e relatados em um livro ata. Quando a temperatura
ultrapassa o permitido (25ºC) são acionados os exaustores ou circuladores de ar para que haja queda
da temperatura.

ARMAZENAGEM DE PSICOTRÓPICOS
Dada as características desses medicamentos, sua área de estocagem deve ser considerada
de segurança máxima;
Deve ser evitada ao máximo, a exposição, desses produtos, a qualquer tipo de luz,
principalmente solar e também não podem ser depositados diretamente no solo;
Esse produtos precisam estar em área isolada das demais, somente podendo ter acesso a
ela, a pessoa autorizada pelo responsável técnico do depósito, ou por ele próprio;
As entradas e saídas desses produtos, precisam ser feitas de acordo com a legislação
sanitária específica, sem prejuízo daquelas que foram determinadas pela própria
administração do almoxarifado;
64

Esses medicamentos especiais, não poderão ser estocados antes que sejam oficialmente
recebidos e nem liberados para entrega sem a devida prescrição especial,
Os estoque de psicotrópicos deverão ser inventariados periodicamente (curto prazo) para
que não haja diferença em suas quantidades;
Inspecionando também com freqüência suas degradações e especialmente se os produtos
estão ainda dentro dos prazos de validade, quando esses têm suas validades

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de julho de 2007
Hospitalar Nr 005
atingidas devem ser baixados do estoque obedecendo o disposto na legislação atual;
Os psicotrópicos podem ser estocados, em estantes, armários, prateleiras e estrados, para
fácil visualização e identificação dos produtos quanto ao nome do produto, e seu número de
lote, data de fabricação e data de vencimento;
O local de estocagem (espaço físico) deve ser mantido a uma temperatura constante (até
25ºC). Havendo aumento nas temperaturas, devemos dispor de exaustores ou circuladores de
ar para que esta abaixe;
As medições de temperatura devem ser efetuadas de maneira constante e segura, com
registros escritos (Leitura feita 3x ao dia) devidamente relatadas em livro ata, com assinatura
do responsável técnico.

CUIDADOS:
- Todos os materiais/medicamentos recebidos deverão ser estocados o mais rápido possível
AÇÕES EM CASO DE ALTERAÇÃO:
- Serão realizadas inspeções para averiguar a possibilidade de existência de irregularidades no
armazenamento, e correção das mesmas, periodicamente.
PREPARADO POR: APROVADO POR:

_______________________________________ _________________________
ANDRÉ LUIZ MELO BONIN – 1º Ten MARION ALVES DIAS – Maj
Adjuntoa Farmácia Chefe da Farmácia
65

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 agosto de 2010
Hospitalar Nr 004
TAREFA:
FORNECIMENTO DE MATERIAL HOSPITALAR
DATA MÁXIMA DE
EXECUTANTE:
REVISÃO DESTE POP:
MILITARES DA FARMÁCIA
01 de agosto de 2011
SUPERVISÂO
OFICIAL FARMACÊUTICO
RESULTADOS ESPERADOS:
- Fornecimento de material hospitalar em perfeitas condições de uso.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS:
- Caixa de arquivo morto do referido mês;
- Prescrições, pedidos.
ATIVIDADES CRÍTICAS:
1. No ato de fornecimento de material hospitalar deverão ser observados os seguintes itens:
a) A solicitação deverá conter:
- Identificação do paciente (nome completo, enfermaria, leito);
- Medicamento(s) solicitado(s) (quantidade);
- Identificação do requisitante (nome, assinatura, carimbo).
b) Em caso de solicitação de material hospitalar não padronizado, deverá ser preenchido pelo
requisitante solicitação de material hospitalar e encaminhar a Divisão de Medicina para homologação
e posterior envio a Farmácia para as devidas providências.
c) Se a quantidade em estoque for insuficiente para o atendimento, será informado ao setor
solicitante e tomadas as devidas providências.
CUIDADOS:
- Atenção com as embalagens para não rasgar ou contaminar os matérias estéreis.
AÇÕES EM CASO DE ALTERAÇÃO:
- Devolver a solicitação ao requisitante para que seja corrigida e orientá-lo quanto aos procedimentos.
PREPARADO POR: APROVADO POR:
_______________________________________ ________________________________________
ANDRÉ LUIZ MELO BONIN – 1º Ten MARION ALVES DIAS – Maj
Adjuntoa Farmácia Chefe da Farmácia
66

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de agosto de 2010
Hospitalar Nr 003
TAREFA:
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
DATA MÁXIMA DE
EXECUTANTE: REVISÃO DESTE POP:
MILITARES DA FARMÁCIA 01 de agosto de 2011
SUPERVISÂO
OFICIAL FARMACÊUTICO
RESULTADOS ESPERADOS:
- Fornecimento de medicamentos corretos e em perfeitas condições de uso.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS:
- Caixa de arquivo morto do referido mês;
- Pasta arquivo de solicitação de uso de antimicrobianos;
- Prescrições, pedidos, receituário especial, Ficha de Uso de Antimicrobianos.
ATIVIDADES CRÍTICAS:
2. No ato de fornecimento de medicamentos deverão ser observados os seguintes itens:
a) A solicitação deverá conter:
- Identificação do paciente (nome completo, enfermaria, leito);
- Medicamento(s) solicitado(s) (quantidade e concentração);
- Identificação do requisitante (nome, assinatura, carimbo).
b) Em caso de solicitação de medicamento não padronizado, deverá ser preenchido pelo
requisitante um modelo especifico (Solicitação de Medicamentos não padronizado) e encaminhar a
Divisão de Medicina para homologação e posterior envio a Farmácia para as devidas providências.
c) O fornecimento de medicamentos controlados, constante na Portaria Nº 344/99, da ANVISA,
ficará sujeito a retenção da receita devidamente preenchida (dados do paciente, medicação,
quantidade, concentração, assinatura e carimbo do médico).
d) Se a quantidade em estoque for insuficiente para o atendimento, será informado ao setor
solicitante e tomadas as devidas providências.
e) Os antimicrobianos só serão liberados quando estiver anexo a solicitação a Ficha de Uso de
Antimicrobianos devidamente preenchida.

CUIDADOS:
- No ato da dispensação, os medicamentos fornecidos por unidade (comprimido, blister, cápsulas)
recortados dos envelopes deverão ser colocados em envelopes e identificados.
AÇÕES EM CASO DE ALTERAÇÃO:
- Devolver a solicitação ao requisitante para que seja corrigida e orientá-lo quanto aos procedimentos
PREPARADO POR: APROVADO POR:
_______________________________________ ________________________________________
ANDRÉ LUIZ MELO BONIN – 1º Ten MARION ALVES DIAS – Maj
Adjunto da Farmácia Chefe da Farmácia
67

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de agosto de 2010
Hospitalar Nr 001
TAREFA:
RECEBIMENTO DE MEDICAMENTOS
DATA MÁXIMA DE
EXECUTANTE:
REVISÃO DESTE POP:
MILITARES DA FARMÁCIA
01 de agosto de 2011
SUPERVISÂO
OFICIAL FARMACÊUTICO
RESULTADOS ESPERADOS:
• Recebimento de medicamentos em perfeitas condições de uso.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS:
3. Empenhos recebidos da tesouraria;
4. Notas Fiscais.
ATIVIDADES CRÍTICAS:
a) No ato de recebimento de medicamentos deverão ser observados os seguintes itens:
- O material entregue confere com a Nota Fiscal e empenho?
- Qual o estado de conservação das embalagens dos medicamentos? Não podem estar amassadas,
sujas, e sem lacre de segurança.
- Prazo de validade de, no mínimo, 01 (um) ano e em caso excepcionais 50% (cinqüenta) do prazo
de validade.
- Se for o caso de recebimento de um produto com mais de um lote de fabricação, este deve ser
subdividido em quantos lotes forem necessários e estocados dessa forma;
b) Quais as condições do transporte, do fornecedor à farmácia, de medicamentos termolábeis e
fotossensíveis e inflamáveis? O referido transporte deverá ser realizado em recipientes com
isolamento térmico para evitar danos ao material.
c) Concluir o recebimento fazendo os procedimentos contábeis confeccionando (Parte
informando o movimento de entrada de medicamentos, conta corrente 09, para a Fiscalização
Administrativa).
CUIDADOS:
- O material recebido deverá ser encaminhado ao estoque o mais rápido possível.
AÇÕES EM CASO DE ALTERAÇÃO:
- Não receber o material e escrever no verso da Nota fiscal o motivo.
PREPARADO POR: APROVADO POR:
_______________________________________ ________________________________________
ANDRÉ LUUIZ MELO BONIN – 1º Ten MARION ALVES DIAS- Maj
Adjunto da Farmácia Chefe da Farmácia
68

QUALIDADE TOTAL – FARMÁCIA


HOSPITAL GERAL DE MANAUS
LOCAL: P O P - PROCEDIMENTO
DATA DE EMISSÃO:
Farmácia OPERACIONAL PADRÃO
01 de agosto de 2010
Hospitalar Nr 002
TAREFA:
RECEBIMENTO DE MATERIAL HOSPITALAR
DATA MÁXIMA DE
EXECUTANTE:
REVISÃO DESTE POP:
MILITARES DA FARMÁCIA
01 de agosto de 2011
SUPERVISÂO
OFICIAL FARMACÊUTICO
RESULTADOS ESPERADOS:
- Recebimento de material hospitalar em perfeitas condições de uso.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS:
- Empenhos recebidos da tesouraria;
- Notas Fiscais.
ATIVIDADES CRÍTICAS:
5. No ato de recebimento de material hospitalar deverão ser observados os seguintes itens:
- O material entregue confere com a Nota Fiscal e empenho?
- Qual o estado de conservação das embalagens do material hospitalar? Não podem estar
amassadas, sujas, e sem lacre de segurança.
- Prazo de validade de, no mínimo, 01 (um) ano e em caso excepcionais 50% (cinqüenta) do prazo
de validade.
- Se for o caso de recebimento de um produto com mais de um lote de fabricação, este deve ser
subdividido em quantos lotes forem necessários e estocados dessa forma;
6. Armazenar no depósito, obedecendo o mapa das prateleiras.
7. Concluir o recebimento fazendo os procedimentos contábeis confeccionando (Parte
informando o movimento de entrada de material hospitalar, conta corrente 36, para a
Fiscalização Administrativa).
CUIDADOS:
- O material recebido deverá ser encaminhado ao estoque o mais rápido possível.
AÇÕES EM CASO DE ALTERAÇÃO:
- Não receber o material e escrever no verso da Nota Fiscal o motivo.
PREPARADO POR: APROVADO POR:
_______________________________________ _________________________
ANDRÉ LUUIZ MELO BONIN – 1º Ten MARION ALVES DIAS-Maj
Adjunto da Farmácia Chefe da Farmácia

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