Você está na página 1de 17

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Efeitos Socioambientais dos Ciclones na zona Costeira Moçambicana e as formas de


Mitigação

Adinaida António Finiasse Beca

Código: 708211518

Curso: Licenciatura em Gestão Ambiental

Disciplina: Climatogeografia

Ano de frequência: 1° Ano

Turma: F

Tutor: Armando Massuanganhe

Tete, Janeiro de 2022


Índice
Folha de Feedback

Classificação

Categorias Indicadores Padrões


Pontuação Nota Subtotal
máxima do
Tutor
Estrutura  Capa 0,5
 Índice 0,5

 Introdução 0,5
 Discussão 0,5
 Conclusão 0,5

Aspectos  Bibliografia 0,5

organizacionais
 Contextualização
(indicação clara do
problema) 1,0
 Descrição dos 1,0
Conteúdo Introdução objectivos
 Metodologia adequada
no objecto do trabalho
2,0
 Articulação do domínio
do discurso académico
(expressão escrita 2,0
cuidada,
coerência/coesão
textual
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais
Análise e relevantes na área de
Discussão estudo
2,0

 Exploração de dados 2,0


Conclusão  Contributos teóricos 2,0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos Gerais Formatação parágrafo, espaçamento 1,0
entre linhas
Referências Normas APA 6ª  Rigor e coerência das 4,0
Bibliográficas edição m citações citações/referências
bibliográficas bibliográficas
Recomendações de melhoria:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos da Pesquisa .............................................................................................. 1

1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 1

1.1.2. Objectivos Específicos ........................................................................................... 1

1.2. Metodologia ............................................................................................................... 1

2. Desenvolvimento .......................................................................................................... 3

2.1. Fundamentação teórica e aspectos conceituais .......................................................... 3

4.1.2. Ciclones.…………………………………………………………………………..4

4.1.3. Zona costeira........................................................................................................... 5

4.1.4. Mitigação ................................................................................................................ 6

4.2.1. As formas de Mitigação .......................................................................................... 8

4.2.2. Análise da Vulnerabilidade .................................................................................. 10

4.2.3. Resiliência ............................................................................................................ 10

3. Conclusão ................................................................................................................... 12

4. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 13


1. Introdução
Moçambique é um dos países mais expostos e vulneráveis aos eventos meteorológicos e
climatológicos extremos. Os ciclones tropicais estão entre os perigos naturais que mais
destruíram habitações permanentes e temporárias e que maior número de vítimas mortais
provocaram no período entre 1926 e 2018. A formação e a intensidade dos ciclones
tropicais dependem das elevadas temperaturas dos oceanos, onde estes fenómenos se
formam. O aquecimento global dos oceanos e uma atmosfera mais quente aumentam a
probabilidade de estes eventos extremos se tornarem mais frequentes e intensos, levando
ao aumento de danos nas cidades costeiras. A maior parte das principais cidades em
Moçambique, aquelas que concentram uma grande parte da população do país e onde
estão localizados os principais activos económicos, situa-se justamente ao longo da zona
costeira, que é frequentemente atingida por ciclones tropicais.

O objectivo principal deste trabalho é compreender Efeitos Socioambientais dos Ciclones


na zona Costeira Moçambicana e as formas de Mitigação. Não se trata de um enfoque
cabal, mas sim, o trabalho verso sobre alguns aspectos básicos sobre o tema supracitado.

1.1. Objectivos da Pesquisa

1.1.1. Objectivo Geral

Compreender os efeitos Socioambientais dos Ciclones na zona Costeira Moçambicana e


as formas de Mitigação.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Definir os conceitos de Ciclone, zona costeira, impactos socioambientais e


mitigação;
 Debruçar em torno das formas de mitigação dos Ciclones na zona Costeira
Moçambicana.

1.2. Metodologia
A classificação metodológica do tipo de pesquisa quanto aos objectivos é exploratória,
Sampieri, Collado e Lúcio (2006) defendem que, as pesquisas exploratórias têm como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o tema, com vistas a torna-lo mais
explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo
principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planeamento é,

1
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao facto estudado.

O método de abordagem adoptado no presente trabalho foi abordagem qualitativa com


vista a analisar factos, avaliar um assunto conforme suas principais variáveis.

Quanto aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica. Entende-se por


pesquisa bibliográfica o acto de fichar, relacionar, referenciar, ler, arquivar, fazer resumos
de assuntos relacionados com a pesquisa em questão. Assim, no presente estudo, a
pesquisa foi elaborada a partir de material já publicado, fonte secundária, constituído
fundamentalmente, de livros, artigos de jornais científicos; artigos publicados em portais
científicos da internet.

2
2. Desenvolvimento
2.1. Fundamentação teórica e aspectos conceituais

Neste item, será feita a conceituação dos termos de maior relevância utilizados na
pesquisa que são: impactos socioambientais, ciclones, mitigação, zona costeira.
2.1.1. Impactos socioambientais

Segundo a resolução nº 001 de 23 de janeiro de 1986 do Conselho Nacional do Meio


Ambiente – CONAMA, impacto ambiental é definido por: “qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, segurança, bem-estar da população, a biota, as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais”, (CONAMA,
1986).

Observa-se que o conceito de impacto ambiental está vinculado ao meio social, a própria
natureza não causa impactos a si mesma sem a intervenção humana. Portanto, o termo
“sócio” em impacto socioambiental aparece para enfatizar o envolvimento da sociedade
nas problemáticas ambientais (Mendonça, 2001) citado por Rebelo (2020), trata-se da
relação entre ambiente e sociedade, e dimensiona a relevância do caráter social, trazendo
o homem como agente central impactante ou impactado sobre as perspectivas ambientais.

Portanto, cabe ressaltar que a ampliação do termo impacto ambiental para socioambiental
enfatiza a importância do caráter social nas problemáticas ambientais, não utilizando da
exclusão dos elementos naturais e ainda transformando a cidade como o espaço que se
concretiza as interações entre a Natureza e a Sociedade (Mendonça, 2004 apud Rebelo,
2020).

Os impactos socioambientais dos desastres que ocorrem nas cidades apresentam em sua
grande maioria uma relação estreita com a pobreza e a desigualdade, como apresentado
por Mendonça (2004, p. 188) citado por Rebelo (2020): “em todo caso, parece ficar cada
vez mais evidente que os riscos e impactos dos fenômenos tidos como naturais se
repercutam com forte expressão sobre a população mais pobre do planeta; parece que os
fenômenos do tempo lento impactam cada vez mais fortemente os homens que vivem sob
o tempo também lento, ou seja, aqueles sobre os quais a materialidade dos avanços
tecnológicos ainda não se expressou de maneira direta”

3
Assim, finalizando o pensamento de Mendonça, se entende que um fenômeno de mesma
intensidade que atinge populações diferentes, certamente irá também produzir impactos
diferentes, como por exemplo, um terremoto que atinge o Japão e o Haiti, (Rebelo (2020).

Ao analisar as consequências de um fenômeno, é importante não dissociar os aspectos


naturais e sociais dos impactos, e sim considerá-los como uma totalidade que as formam
como impactos socioambientais.

4.1.2. Ciclones

Em média, aproximadamente, 90 ciclones são responsáveis a cada ano por 20.000 mortes
ao redor do mundo, além de causarem prejuízos imensos ao patrimônio e um risco sério
à navegação, devido aos efeitos combinados dos ventos fortes, dos mares agitados e das
enchentes causadas pelas chuvas fortes e tempestades costeiras, (Chorley; Barry, 2013).

Existem ciclones tropicais, ciclones subtropicais e ciclones extratropicais. Todos eles são
sistemas de baixa pressão atmosférica onde o ar se movimenta no sentido horário no
Hemisfério Sul. Ciclones estão associados à grandes áreas de nuvens carregadas que
provocam chuva intensa, além disto, o gradiente de pressão atmosférica entre o centro do
sistema e a porção mais externa gera os ventos que, geralmente, são impactantes.
Comumente, os ciclones extratropicais são vinculados a uma frente fria e frente quente,
enquanto os subtropicais e os tropicais não possuem vínculo com quaisquer que sejam as
frentes. Essa é a principal diferença entre tais ciclones, além das posições geográficas
originárias. Sendo assim, um ciclone subtropical não precisa estar vinculado a uma frente
fria e ocorre ao sul do Trópico de Capricórnio na América do Sul. A temperatura e a
estrutura da pressão atmosférica também podem ser fatores determinantes no momento
da classificação de tais eventos. Nas imagens de satélite, é possível observar os ciclones
subtropicais e tropicais como uma massa de nuvens em formato arredondado, sendo os
tropicais com uma aparência ainda mais arredondada que os subtropicais. Os chamados
de extratropicais aparentam ser uma espiral, (Gozzo, 2016).

Cada tipo de ciclone possui sua região preferencial de formação ao redor do planeta.

Os tropicais em geral se reproduzem na faixa de latitude entre 20ºS e 20ºN. Já entre 20º
e 30º, nos dois hemisférios, podemos ter a formação dos três tipos de ciclones. E nas
latitudes maiores do que 30ºS e 30ºN temos apenas os extratropicais, (Gozzo, 2016).

4
4.1.3. Zona costeira

De acordo com Honguane (2007), a zona costeira ou faixa litoral corresponde à zona de
transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa,
dinâmica, mutável e sujeita a vários processos geológicos.

A acção mecânica das ondas, das correntes e das marés são importantes fatores
modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou formas de
deposição.

As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do movimento das


ondas sobre a costa - abrasão marinha -, sendo mais notória nas arribas.

As formas de deposição são consequência da acumulação dos materiais arrancados pelo


mar ou transportados pelos rios, quando as condições ambientais são propícias. Resultam
praias ou ilhas-barreiras.

O dinamismo elevado característico das zonas costeiras traduz-se numa constante


evolução destas áreas. Algumas formas modificam-se, mudam de posição, umas
desaparecem e outras aparecem.

A zona costeira é um sistema que se encontra num equilíbrio dinâmico, que resulta da
interferência de inúmeros fatores, quer naturais quer antrópicos.

Dos fenómenos naturais que interagem com a dinâmica das zonas costeiras podem referir-
se a alternância entre as regressões e transgressões marinhas, a alternância entre períodos
de glaciação e interglaciação e a deformação das margens dos continentes.

Entre os factores antrópicos que afectam a dinâmica das zonas costeiras, segundo
Honguane (2007), destacam-se:

 o agravamento do efeito de estufa;


 a ocupação, muitas vezes excessiva, da faixa litoral;
 a diminuição de sedimentos que chegam ao litoral pela construção de barragens
nos grandes rios;
 a destruição de defesas naturais, que resulta do pisoteio das dunas, da construção
desordenada, do arranque da cobertura vegetal e da extração de inertes.

5
4.1.3.1. A zona costeira Moçambicana

Em Moçambique, a zona costeira define-se como sendo áreas compreendidas entre o


limite interior terrestre ou continental de todos os distritos costeiros, incluindo os
limítrofes do lago Niassa e albufeira de Cahora Bassa, até 12 milhas mar dentro,
(Honguane, 2007).

Por outro lado, não existe um sistema rígido de definição de zona costeira, que deve ser
seguido internacionalmente. Cada país pode adoptar o seu sistema, a sua definição,
dependente das condições, das suas capacidades e dos seus objectivos na abordagem do
tema. Uma das razões porque a definição, mesmo geográfica, não é rígida, é que mesmo
as características físicas da zona costeira são extremamente dinâmicas: por exemplo, na
época seca, a intrusão salina num determinado rio, leva o mar muitas vezes dezenas de
quilómetros para o interior.

De acordo com Honguane (2007), Moçambique possui uma costa de cerca de 2700 Km,
banhada pelo Oceano Índico. A zona costeira moçambicana vai do Rio Rovuma, a Norte,
na fronteira com a República da Tanzânia, até à Ponta do Ouro, no Sul, na fronteira com
a República da África do Sul.

A zona costeira moçambicana abarca dez das onze províncias do país, a saber: Cabo
Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo Província,
Maputo Cidade e Tete. 40 dos 128 distritos e 10 das 23 cidades do país, estão localizados
na zona costeira, o que implica que cerca de 40% da população Moçambicana vive na
zona costeira, (Honguane, 2007).

4.1.4. Mitigação

Mitigação é a intervenção antropogênica para reduzir a própria forçante antropogênica no


sistema climático. Incluem-se estratégias para redução das fontes de emissões de gases
do efeito estufa e também para o aumento dos sumidouros desses mesmos gases, (Nobre,
2008, p 10).

Em outras palavras, podemos dizer que mitigamos os impactos e adaptamos aos eventos,
ora é necessário não separar estas duas acções.

6
4.2. Efeitos Socioambientais dos Ciclones na zona Costeira Moçambicana e as
formas de Mitigação

As implicações dos desastres observam-se nos relatórios das Nações Unidas1, somente
no ano de 2018, os desastres deslocaram 17,2 milhões de pessoas. Constam dos relatórios
realizados pelas ONG´s que, um dos fatores determinantes do grande impacte verificados
no ciclone Idai é a “surpresa da população”. No decurso das investigações as populações
argumentaram que foi “a falta de confiança nos mecanismos de previsão”, ou seja, as
pessoas não esperavam as consequências que o ciclone poderia trazer e, por isso, muitas
não se precaveram. Assim, dado o contexto, o impacto foi avassalador.

De acordo com a os dados divulgados pela ONU2, o desastre deixou marcas visíveis e
danos irreparáveis, tudo indica mais de 600 mortes, 1 800 000 pessoas afetados,
destruições de infraestruturas, inundações, 700 mil hectares de campos agrícolas, e
milhares famílias desalojadas. Contundo, milhares pessoas perderam empregos e
trabalhos informais, as crianças não frequentaram os estudos, as escolas e a estrada
nacional N.6 também sofreram destruições, os hospitais e as infraestruturas públicas e
Privadas também foram afetadas. Um estudo realizado para o Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano demostram os efeitos do ciclone Idai no sector da Educação,
cerca de 237.186 estudantes afetados, 489 escolas destruídas, e 7.232 professores também
afectados, (Mussagy,2019:1).

Para além do acima citado, as populações mais vulneráveis, da cidade da Beira e


arredores, enfrentam até hoje impactes relativos ao aumento de preços dos bens
alimentares, combustível e serviços públicos. Gravosos ainda, foram a propagação de
doenças como a malária e cólera resultantes da contaminação das águas e solos. Passado
o ciclone Idai, o país foi afetado pelo ciclone Kenneth, atingindo zona Norte (Cabo
Delgado), os impactes também foram semelhantes. Houve mobilização novamente de
apoio internacional, mas, tudo indica que, os financiamentos para mitigar o desastre não
atingiram os montantes atribuídos ao Ciclone Idai dado que as consequências em termos
de pessoas afetadas, mortes, danos em infraestruturas foram inferiores.

1
ONU. (2020). Clima e Meio Ambiente. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2020/02/1702842
2
ONU. (s, d). Nações Unidas. Disponível em:< https://unric.org/pt/mocambique-segue-precisando-
deajuda-dois anos-apos-ciclone-idai-diz-guterres/.

7
A literatura disponível não é consensual a respeito dos impactes dos desastres no
Desenvolvimento, alguns estudos referenciam que estas emergências naturais os podem
ter consequências económicas positivas. Essas ideias surgem pelo facto de as regiões
afectadas receberem financiamentos externos para beneficiar as reconstruções bem como
a implantação de novas tecnologias e modos de produção, (Strömberg, 2007). Importa
sublinhar que, no caso de Moçambique, o Governo aponta os impactes sempre numa
perspectiva negativa.

De facto, os desastres são extremamente impactantes para a economia e bem-estar


humano, pois, geram a escassez de produtos alimentares, causam perturbações no
processo de produção quer seja agrícola ou industrial, causam interrupções no
abastecimento de energia eléctrica, água, saneamento básico, e, sobretudo a proliferação
de doenças, (Bernal & Ocampo 2020).

Desde a criação do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), a


pesquisa sobre a mitigação tem vindo a crescer. Os esforços são mundiais, entretanto, são
projetadas e adotadas políticas adequadas de modo a minimizar os riscos de desastres
naturais, (IPCC,2014). Em Moçambique, além do PDRRD, também foi elaborada uma
Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação de Mudanças Climáticas (ENAMMC),
entre os períodos, 2013-2025, os objetivos visam a redução dos impactes dos desastres.

O analista, Strömberg (2007) citado por Rebelo (2020), aponta o alívio proporcionado
pelas agências e dos doadores internacionais como essenciais para mitigar os efeitos dos
desastres, pelo menos, a curto prazo. Porém, acredita que nem sempre nos países de baixa
renda esse alívio possa ser óbvio, devido ao fator corrupção. Entretanto, ainda refere que
a onda elevada de holofotes da media possa vir a contribuir para uma resposta mais rápida
de ajuda humanitária.

4.2.1. As formas de Mitigação

Segundo Rebelo (2020), com vista a preparar populações susceptíveis as ciclones, é


preciso discutir acções orientadas de acordo com os seguintes pontos:

i. Análises de Riscos

Conforme Rebelo (2020), os riscos devem ser analisados sob ponto de vista de segurança,
saúde e meio ambiente ou ecologia. É importante nesta análise destacar a frequência, a
magnitude e as características gerais do risco. O risco, ou seja, a possibilidade de

8
ocorrência do fenômeno está ligada a capacidade de determinada sociedade prever um
evento natural cíclicos de a ele se ajustar-se, em função do conhecimento de seus
parâmetros: frequência, intensidade, duração, recorrência etc.; uma vez que os eventos
extremos podem ser atenuados, controlados, mas dificilmente evitados.

Para Rebelo (2020), ao se fazer esta análise podem ser tomadas as seguintes medidas:

 Evitar o risco: retirar as populações das zonas propensas a inundações ou ciclones


e ao mesmo tempo impedir que as populações se instalem nessas zonas;
 Aceitar risco: neste caso mantendo-se as populações em zonas de risco, deve-se
fazer uma monitoria do nível do risco de uma forma permanente traçando medidas
de minimização dos efeitos nefastos através de planos de contingência. O plano
de contingência deve ter em conta os riscos biológicos e físicos. Os riscos
biológicos estão relacionados com a flora onde podemos observar, por exemplo,
doenças como malária e cólera, que são as mais frequentes quando ocorrem estes
desastres naturais. Os riscos físicos têm a ver com a poluição das águas, por
exemplo. Estas decisões devem ser tomadas tendo em conta o grau do risco. Os
graus podem ser catastróficos, grave, significativo, leve e inexpressivo. As
autoridades governamentais devem fazer uma avaliação da capacidade,
investimento, questões sociais, ecológicas entre outros para tomar estas decisões.

O conhecimento actualizado da distribuição e da área ocupada pela agricultura, vegetação


natural, áreas urbanas e edificadas, bem como informações sobre as proporções de suas
mudanças, se tornam cada vez mais necessárias aos legisladores e planejadores, seja ao
nível de governo federal, estadual ou municipal, para permitir a elaboração da melhor
política de uso e ocupação do solo, (Rebelo, 2020).

Nas áreas susceptíveis ao risco, o emprego da análise espacial viabiliza a identificação,


mapeamento, divulgação dos dados obtidos através das geotecnologias. Neste caso,
caberá à gestão pública traçar estratégias que vão desde a criação de setor mais apropriado
para implantação de habitações seguras até promoção de espaços com menor ocorrência
de riscos inundações. Em condições normais, a decisão de manutenção das populações é
aconselhada quando o risco é leve ou inesperado.

Quando o grau do risco torna-se catastrófico, grave e significativo a retirada das


populações é recomendável, embora aqui deve-se frisar a dificuldade clara de se retirar

9
população da capital da província de Sofala, no caso da cidade mais atingida pelos
ciclones tropicais e inundações. Então deve-se avaliar outro tipo de acções.

4.2.2. Análise da Vulnerabilidade

De acordo com Rebelo (2020), deve-se pensar em novos modelos de construções com
infraestrutura pública e privada resistentes aos vendavais, e ainda um modelo de
urbanização criterioso com as questões ambientais reduzindo ocupações em áreas
propensas às inundações.

Por outro lado, deve ser feito um investimento em sistemas de alerta, planos de educação
das populações para tomadas de decisões em casos de desastres naturais, investimento
em vias vicinais aptas ao acesso alternativo, vias de escoamento das populações, sistemas
de abastecimento de água e energia alternativos, sistemas de telecomunicação
alternativos. Deve-se fazer um investimento em instituições que lidam com desastres
naturais equipando-as e criando outros órgãos competentes de acordo com as
especificidades necessárias. Rebelo (2020) refere que deve-se considerar a alocação de
fundos para adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas de acordo com o
índice de vulnerabilidade de cada país, uma vez que políticas globais de mitigação podem
mudar a direção, rumo a uma transição sustentável.

4.2.3. Resiliência

Segundo Rebelo (2020), cabe mencionar que, há premência na criação de plataformas de


diálogo com populações e diferentes actores da sociedade, onde os mesmos devem ser
inquiridos no tocante aos impactos ambientais na cidade da Beira, e, sobretudo, na área
atingida pelos ciclones da bacia do rio Púngoe. Desse modo, vislumbra-se encontrar
soluções a curto, médio e longo prazo.

O governo deve criar, equipar e capacitar as instituições, e, essas por sua vez, devem lidar
com o problema de desastres naturais, a partir da prevenção até a mitigação dos impactos.

Por outro lado, de acordo com Rebelo (2020), as Organizações Não Governamentais
(ONGs), sector privado, doadores, associações e a academia podem tomar parte deste
processo através de elaboração de projectos, troca de experiências, monitoramento,
avaliação do risco ambiental, sensibilização das populações, criação e construção de
bairros resilientes a desastres naturais, introdução nos currículos matérias referentes a

10
desastres naturais, investigação dos fenômenos de desastres naturais procurando trazer
soluções possíveis.

11
3. Conclusão
Um ciclone é uma grande massa de ar que circula à volta de uma depressão atmosférica.
Esta tempestade tropical normalmente produz ventos fortes e chuvas intensas. O ar flui
das zonas de altas pressões para um centro de baixas pressões e é deflectido pela chamada
força de Coriolis. Significa que os ventos desta tempestade circulam em espiral: no
sentido horário no Hemisfério Sul e no sentido anti-horário no Hemisfério Norte.
Moçambique é muitas vezes fustigado por ciclones como, por exemplo, o ciclone Dineo
(2017), o ciclone Idai, o ciclone Kenneth (2019) e recentemente o ciclone Ana (2022).

No que tange a discussão sobre os ciclones, constata-se que o meio ambiente ainda está
sob ameaças. Ainda que políticas tenham sido adoptadas pelas nações a nível global para
reverter a situação actual subsistem muitos desafios por enfrentar. As implicações dos
ciclones afectam todos os países e, de forma particularmente gravosa, os países em
desenvolvimento, tal como constatamos em Moçambique, confrontado com vários
problemas como a pobreza, a fome, a desigualdade. De certo modo, estas desigualdades
reflectem as diferenças socioeconómicas e demográficas.

Por se tratar de uma fatalidade imprevista, os impactes dos ciclones são amplos e afectam
a todos, porém de forma desigual, devido, em parte, às condições sociais e económicas
da população e a localização geográfica das áreas afetadas. Tudo indica que as soluções
necessárias para as questões dos impactos dos ciclones no desenvolvimento prendem-se
com as fases do ciclo de gestão. Com efeito, tanto a prevenção como a resposta a estas
emergências são essenciais para mitigar os efeitos, ainda que as respostas tendem a
limitar-se ao curto prazo e nem sempre apresentam resultados satisfatórios.

12
4. Referências Bibliográficas
Barry, R. & Chorley, J. (2013). Atmosfera, Tempo e Clima. (9. ed.). Porto Alegre:
Bookman Companhia Editora.

Bernal-Ramirez, J. e Ocampo, J. A. (2020). Climate Change: Policies to Manage Its


Macroeconomic and Financial Effects. Documento de referência para o Relatório do
Desenvolvimento Humano de 2020, Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Gabinete do Relatório do Desenvolvi- mento Humano, Nova Iorque.

CONAMA (1986). Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Publicado no Diário


Oficial da União em 17 de fevereiro de 1986. Disponível
em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acesso em: 23 de
Jan. 2022.

Gozzo, L. (2016). Ciclone tropical, subtropical e extratropical. Climatempo. Entrevista concedida


ao Terra. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/climatempo/ciclonetropical-
subtropical eextratropical>. Acesso em: 24 jan. 2022.
Honguane, A. (2007). Perfil Diagnóstico da Zona Costeira de Moçambique. Disponível
em https://www.aprh.pt › pdf › rgci7, acesso: 20/01/22.

Mussagy, I. (2019), Avaliação do estado de implementação da resposta do Ciclone Idai


à recuperação inicial na Província de Sofala. Direção Provincial de Educação e
Desenvolvimento Humano. Disponível:
https://www.researchgate.net/publication/341960268_Avaliacao_do_Estado_de_Imple
mentacao_da_Reposta_do_Ciclone_Idai_a_Recuperacao_Inicial_na_Provincia_de_Sofa
la>Acesso:20/01/22

Nobre, C. (2008). Mudanças climáticas e o Brasil – Contextualização. In: PARCERIAS


ESTRATÉGICAS BRASÍLIA, DF N.27 DEZEMBRO.

Rebelo, M. (2020). Exposição, Vulnerabilidade e Risco aos Perigos Naturais em


Moçambique: o caso dos ciclones tropicais no Município de Angoche, Tese
especialmente elaborada para obtenção de grau de Doutor em Alterações Climáticas e
Políticas de Desenvolvimento Sustentável, especialidade em Geografia e Planeamento,
Universidade de Lisboa.

Sampier, R.; Collado, C. & Lúcio, P. (2006). Metodologia de pesquisa. (3ª ed.). São
Paulo: McGraw-Hill.

13

Você também pode gostar