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AVALIAÇÃO GLOBAL INTER-GRAM 3ª SÉRIE tipos de gordura.

Esses têm que vir da comida,


donde uma dieta baseada em proteínas e
PROF FLÁVIO MARTINS gorduras, com só um pouquinho de carboidratos
GRAM salpicados no topo – exatamente o inverso do
Se eu achar um tesouro escondido que a indústria vem promovendo – é não só o
em outro país, ele é meu? que o corpo precisa como espera.

HERCULANO-HOUZEL, S. Quem precisa de carboidratos?


Não. Países repletos de antiguidades Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 8 abr. 2022.
cobiçadas, como o Egito, têm leis para combater a [Fragmento adaptado]
coleta ilegal e o tráfico desses itens – lá, esses
crimes dão pena máxima de prisão e multa 2. Os sinais de pontuação são importantes para
milionária. Mesmo: desde 2020, são 10 milhões na a clareza do texto. Os travessões que ocorrem
moeda local, a libra egípcia – que equivalem a no texto opinativo da cientista brasileira
US$ 640 mil, uns R$ 3 milhões. marcam uma
Potências arqueológicas com situação A. explicação.
econômica e social frágil (como Mali) ou B. omissão.
assoladas pela guerra (como a Síria) infelizmente C. citação.
não possuem infraestrutura para proteger suas D. retificação.
relíquias de religiosos radicais e criminosos. O E. oposição.
comércio de bens culturais roubados movimenta
até US$ 6 bilhões por ano.
Uma convenção da Unesco em 1970 foi
um marco no combate a esse problema: diversos
países se comprometeram a implantar polícias
especializadas e a organizar inventários para
manter seus artefatos a salvo.

SUPERINTERESSANTE. Se eu achar um tesouro escondido em outro


país, ele é meu? Disponível em: <https://super.abril.com.br/blog/
oraculo>. Acesso em: 7 abr. 2022.

1. O texto foi extraído da seção da revista na


qual os leitores têm suas dúvidas respondidas
https://arararevista.com/a-poesia-visual-de-fabio-bahia/
pelo “Oráculo”. Para responder à pergunta-
título, foram utilizados 3. Nessa poesia, o recurso responsável pela
A. argumentos de autoridades que construção de sentido é a
impediram o aumento de roubos de A. paráfrase, que por meio da
artefatos. intertextualidade traduz a atividade do
B. conselhos de especialistas que condenam artista.
a captação de bens de outros países. B. quebra de expectativa, obtida a partir do
C. relatos de condenados pela apropriação uso da forma e composição que ampliam
de bens históricos de regiões carentes. o sentido do texto.
D. trechos expositivos sobre a expropriação C. situacionalidade, que desloca o sentido do
de tesouros em terras estrangeiras. texto ao associá-lo ao contexto em que se
E. encadeamentos de informações que manifesta.
mostram a crise do comércio de D. metalinguagem, que explicita na
antiguidades. linguagem verbal o que se afirmar no
plano de sua composição.
Ingerir carboidratos é desnecessário porque E. polissemia, que possibilita diferentes
as células do corpo sabem fazer glicose quando interpretações do texto a partir do uso da
preciso e construir carboidratos longos usando-a perspectiva.
como bloco elementar. Mas há nove aminoácidos
que o corpo humano não fabrica e ao menos dois
Mestre do Coro escrever, de mera informática, em invencionática,
Quem te ensinô essa mandinga? como diria Manoel de Barros. Mas, se fugir do
– Foi o nego de sinhá padrão faz a redação ficar mais bonita, agradável,
O nego custô dinheiro, interessante e rica, qual o sentido de seguir a
Dinheiro custô ganhá, norma-padrão? Por que ela existe? Ela existe,
Camarado. bem, para padronizar a língua. Para que duas
pessoas não leiam a mesma frase e entendam
Coro duas coisas opostas, a norma-padrão tenta
Cai, cai, Catarina, “minimizar ao máximo” a ambiguidade do
sarta de má, vem vê Dalina. discurso.
CABRAL, N. T. Disponível em:
<https://nicolasteixeiracabral.com>. Acesso em: 17 ago.
Mestre do Coro
2022. [Fragmento adaptado]
Amanhã é dia santo,
dia de corpo de Deus 5. Do ponto de vista linguístico, o autor defende
Quem tem roupa vai na missa, a ideia central de que a norma-padrão
Quem não tem faz como eu. A. torna a leitura do texto verbal mais
prazerosa.
4. O fragmento transcrito pertence à obra O B. prejudica a compreensão do texto pelos
pagador de promessas, de Dias Gomes, e leitores.
apresenta um registro linguístico usado C. engrandece o discurso com construções
também nas rodas de capoeira. Sobre a pedantes.
linguagem do trecho citado, pode-se afirmar D. atenua a múltipla interpretação de um
que mesmo texto.
A. o vocábulo custô tem sentido diferente E. favorece o sentido de textos ficcionais e
nas duas construções em que foi usado não ficcionais.
B. a palavra camarada apresenta uma flexão
de gênero que condiz com a norma- Já levantaram em muito a tese de que o rádio
padrão estaria acabando, porém o que vemos é que,
C. a construção “vai na missa” corresponde mesmo com tanta tecnologia, ele continua firme
ao uso formal da língua, pois esse verbo na cozinha, no carro, nas caminhadas, na mesa do
rege a preposição em. bar, enfim, em todos os lugares.
D. a variedade não padrão cumpre seu papel O rádio tem sido fiel companheiro de várias
comunicativo, podendo ser empregada pessoas, tanto nos momentos de insônia como na
em qualquer processo de comunicação necessidade de informação, do conhecimento da
E. se caracteriza pela ênfase nos aspectos hora de ir para o trabalho e, em muitos casos, até
gráfico-visuais da mensagem. para saber como vai o trânsito das cidades.
Quantas amizades têm sido feitas no rádio,
Este é um blog literário; minha matéria-prima quantos amores conhecidos, pois o rádio favorece
são as letras. Tento, sempre que possível, utilizar a a comunicação das pessoas tímidas que podem
norma-padrão (outrora chamada “norma culta”) se esconder nos recados e nas mensagens que
do português em meus textos. Mas não é que são passadas pela radiofonia.
seria errado desseguir a norma-padrão. Em O rádio tem curado depressão, tem
alguns textos, principalmente nas ficções, nós conseguido recursos para os mais pobres que, ao
rompemos algumas regras, em nome da arte: apelarem pelo rádio, têm logo seus
inventamos palavras, utilizamos o discurso intentos alcançados graças ao amigo rádio. O
indireto livre, evitamos as mesóclises etc. Isso rádio é talvez a primeira informação que temos
torna o texto mais bonito e mais agradável: no dia a dia, pois o imediatismo da notícia não
“amarei ela para sempre” no lugar de “amá-la-ei tem de esperar por edição nem pela maquiagem
para sempre”. Também pode deixar as narrativas do apresentador.
mais interessantes, como no caso dos
A importância do rádio. Disponível em: http://observatorio
neologismos: palavras criadas, como “desseguir”, daimprensa.com.br. Acesso em: 12 dez. 2018 (adaptado).
enriquecem o discurso, e transformam o ato de
6. Tendo em vista os contextos de comunicação que é reencontrado após duas gerações. São
apresentados no texto em que essa ainda os franceses, mas não os mesmos”.
tecnologia se faz presente, é possível https://conhecimento.fgv.br/sites/default/files/concursos/
cgu_2021_tecnico_federal_de_financas
constatar que, nessa mídia, há predominância
da linguagem
8. Para defender uma tese, o autor apela para
A. formal, com algumas frases complexas.
diferentes tipos de raciocínio. O processo
B. formal, de acordo com o português
utilizado nesse pequeno texto é o de
padrão.
raciocínio
C. informal, com frases claras e simples.
A. dedutivo, que parte de uma ideia geral, de
D. informal, valendo-se da ambiguidade.
um princípio, para daí tirar uma
E. formal, para que seja instantânea.
consequência particular;
B. indutivo, que parte de vários fatos
particulares, para daí tirar um princípio
geral;
C. por oposição, em que se colocam duas
situações contrárias;
D. pelo absurdo, em que se supõe uma ideia
contrária à tese defendida para mostrar
que essa última acaba por uma conclusão
falsa ou absurdo;
E. por analogia, em que se utiliza uma
comparação para a defesa da tese.

Garça

https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/ A palavra garça em meu perceber é bela.


Não seja só pela elegância da ave.
7. A coesão é o mecanismo relacionado com Há também a beleza letral.
elementos que asseguram a ligação entre O corpo sônico da palavra
palavras e frases, de modo a interligar as E o corpo níveo da ave
diferentes partes de um texto permitindo uma Se comungam.
lógica entre ideias, para que, juntas, elas Não sei se passo por tantã dizendo isso.
garantam que o texto tenha coerência. No Olhando a garça-ave e a palavra garça
último quadrinho da tirinha, para se referir aos Sofro uma espécie de encantamento poético.
itens da refeição da filha, foi usado o termo
“porcarias” como recurso que exemplifica o BARROS, Manoel de. Poesia Completa. São Paulo:
uso de LeYa, 2013, p. 406.
9. No poema de Manoel de Barros, o
A. sinônimo encantamento do eu lírico provém de sua
relação com a palavra. Tal maravilhamento
B. parônimo advém do fato de que esse vocábulo
ultrapassou seu elemento
C. hipônimo A. poético
B. gráfico.
D. homônimo C. referencial.
D. sonoro.
E. hiperônimo E. sugestivo.

O filósofo Pascal escreveu certa vez: “O tempo


cura as dores e as queixas, porque nós nos
modificamos, não somos sempre a mesma
pessoa. Nem o ofensor, nem o ofendido, são os
mesmos. É como um povo que foi maltratado e
Qual é?
Tira onda com ninguém
Qual é?
Qual é neguinho?
Qual é?

MARCELO D2. Qual é?. In: Marcelo D2. À procura da batida


perfeita.CD. Sony Music, 2003. [Fragmento]

11. Os pronomes auxiliam na coesão de um texto


ao substituírem termos, repetindo-os e
retomando-os. Na letra de Marcelo D2, o
pronome que se refere a um termo de forma
imprecisa é
A. “algo”, porque indica, de maneira
indeterminada, o que será dito no texto.
10. Diante da constatação de que se destaca B. “você”, porque o eu lírico pode estar se
nessa composição e a relação entre os dirigindo a todos ou a só uma pessoa.
aspectos verbais e não-verbais, é possível C. “essa”, porque ainda que aponte “vez”,
inferir que não esclarece o momento do fato.
A. tais recursos, próprios do gênero textual D. “que”, porque retoma um termo que não
apresentado, têm por objetivo demonstrar está explícito no contexto.
ações pessoais. E. “qual”, porque formula uma pergunta que
B. através do jogo de palavras, a função não pode ser respondida.
social constituída do texto é de revelar um
posicionamento por meio da quebra de
expectativa.
C. tendo em vista o propósito de
comunicação, o gênero textual
apresentado assume a forma de um outro
gênero.
D. o aspecto não-verbal refere-se à
representação semântica do enunciado
expresso na tirinha de forma a ampliar o
sentido.
E. a polissemia do termo “rodeios” ocorre
pela convergência do assunto tratado
pelos personagens.

Qual é?
Ih! Eu tenho algo a dizer
Explicar pra você
Mas não garanto porém
Que engraçado
Eu serei dessa vez
Para os parceiros daqui
Para os parceiros de lá
Se você se porta
Como um homem, um homem
Então diz!
Essa onda que tu tira
Qual é?
Essa marra que tu tem
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br>. Acesso em: 7 abr.
2022.
12. Lançada pelo Governo Federal, esta campanha
apresenta aos consumidores as principais
regras do Código de Defesa do Consumidor.
O item 10 desse documento sugere que o
comprador
A. está isento do uso de todos os seus
recursos para pagar uma dívida.
B. necessita de empréstimo bancário para o
pagamento de suas despesas.
C. pode renegociar os seus débitos apenas
quando considerar necessário.
D. tem de utilizar todo o seu patrimônio
financeiro para quitar um débito.
E. precisa resguardar uma parte do salário
para as emergências familiares.

(prof.: Fmartins- montagem Simulados Enem)


Pressupostos e subentendidos são informações
A combinação de informações visuais com
implícitas num texto, não expressas formalmente,
recursos linguísticos na charge sugere uma crítica
apenas sugeridas por marcas linguísticas ou pelo
ao sistema judiciário nacional. No contexto da
contexto. Cabe ao leitor, numa leitura proficiente,
ilustração, o título recorre à polissemia de
ir além da informação que se encontra explícita,
sentidos da palavra muda para provocar a
identificando e compreendendo as informações reflexão dos leitores.
implícitas, ou seja, lendo nas entrelinhas.
https://www.todoestudo.com.br/portugues/pressupostos-e-
subentendidos#:~
B.

13. Deduzir por raciocínio lógico é uma atividade


vinculada ao processo de conhecimento. A
observação da imagem e sua devida
interpretação explicita-se em:
A.

O quadro acima, do artista Heberth Sobral,


estabelece uma relação intertextual com um
famoso quadro do século XX, a saber: Os
retirantes, Cândido Portinari.

C.
E.

As vanguardas europeias foram


movimentos artísticos que surgiram
principalmente em Paris, no início do século XX,
com a intenção de, por meio de práticas
inovadoras, subverter os conceitos tradicionais de
arte. Na pintura acima, o artista Fortunato Depero
valeu-se da geometrização da realidade,
metaforizando as múltiplas perspectivas O trecho acima faz parte do livro
socioeconômicas de uma cidade. Memórias Póstumas de Brás Cubas constituindo
D. uma dedicatória do autor realista, Machado de
Assis. Ao considerar a organização linguístico-
textual, a ausência de vírgula antes do elemento
de coesão “que”, constitui-se em um recurso
textual sintático-semântico de explicação ao
substantivo “verme”.

KEEFE, Mike. Disponível em:


http://www.denverpost.com/2009/03/26/evolution-of-
communication/. Acesso em: 10 jun. 2018.

Conforme a charge acima, os meios de


comunicação passaram por significativo processo
de mudança cujo estágio final seria o Twitter.
Considerando o que nela está escrito, e não
levando em conta o irônico jogo de imagens, a
inovação mais relevante do Twitter se produz em
razão da síntese e instantaneidade propiciadoras
de prolixidade.
DAVIS, J. Garfield: o Rei da preguiça. São Paulo: L&PM, 2009.

14. A ameaça da tirinha se concretiza pela relação


entre o presente e uma ação que pode se
desenvolver no futuro. A construção dessa
conexão no texto se vale da
A. ironia presente na escolha do vocativo
usado por Garfield.
B. proximidade entre as duas formas de
existência do novelo.
C. introdução de uma estrutura adjetiva que
restringe o suéter.
D. indeterminação de quem seria alvo do
mau humor do novelo.
E. associação inesperada entre um suéter e
uma atitude violenta.

COUTINHO, Luiz Carlos (CAULOS). Vida de Passarinho. 2.a ed.,


Porto Alegre: L&PM, 1995, p. 47.

TEXTO II

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
TEXTO I no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do
caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

ANDRADE, Carlos Drummond de. “Alguma Poesia”. In: Poesia


Completa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2001, p. 16.

15. O texto iconográfico do cartunista Caulos


(texto I) faz uma flagrante referência ao
arquifamoso poema de Drummond (texto II).
A comparação entre os recursos expressivos
que constituem os dois textos revela que
A. o texto l é uma paródia do texto II, insere- Isso significa reconhecer a existência de um jogo
se na irrelevância da cultura pós-moderna. que não dispensa um certo fator emocional. O
B. o texto II pertence ao gênero literário, plural dispersa, o singular concentra e intensifica a
porque as escolhas linguísticas o fazem ideia de que sou parte de um povo incapaz de
uma epígrafe do texto I. exercitar o preconceito.
C. o texto I e texto II são manifestações do
CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo:
fazer poético, já que se utilizam de frases
Ática,1988.
semelhantes.
D. o texto I e o texto II são de gêneros 2. O texto anterior evidencia como as figuras de
diferentes, uma vez que foram elaborados linguagem são utilizadas, também, para criar
com finalidades distintas. efeitos ideológicos. Para ilustrar essa análise, o
E. o texto I revela intertextualidade com o autor utiliza um exemplo de
texto II, o que permite classificá-lo como A. personificação.
pertencente ao gênero literário. B. eufemismo.
C. hipérbato.
D. metáfora.
INTER
E. sinédoque
11 de julho
Deixei o leito as 5 e meia. Já estava
cansada de escrever e com sono. Mas aqui na
favela não se pode dormir, porque os barracões Aventura
são úmidos, e a Neide tosse muito, e desperta- Nasceu.
me. Fui buscar água e a fila já estava enorme. Que
DILL, Luís. In: CHAFFE, Laís (org.). Contos de Bolso. Porto
coisa horrível é ficar na torneira. Sai briga e
Alegre:Casa Verde, 2005. Disponível em:
alguém quer saber da vida http://www.minicontos.com.br/?
dos outros. Ao redor da torneira amanhece cheio apid=2989&tipo=12&dt=0&wd=&titulo=Pequena%20po
de bosta. E quem limpa sou eu. Porque as outras %E9tica%20do%20miniconto.
não interessam. ... Quando cheguei na favela
3. O miniconto do escritor gaúcho Luis Dill é
estava indisposta e com dor nas pernas. A minha
composto pelo título “Aventura” e pela
enfermidade é física e moral.
JESUS, C. M. Quarto de despejo – Diário de uma favelada. palavra nasceu, única a compor o corpo da
São Paulo: Ática, 2014. [Fragmento] narrativa. A compreensão desse tipo de texto
requer uma atitude ativa do leitor em razão
1. No fragmento de Quarto de despejo, de da
Carolina Maria de Jesus, fica explícito que, A. lacuna deixada no texto para ser
para a autora, a escrita é completada por meio de conceitos e
A. escape dos problemas pessoais. experiências do leitor.
B. esquecida nos momentos difíceis. B. omissão de elementos descritivos, que
C. atrelada às experiências cotidianas. torna propícia uma leitura mais dinâmica e
D. simplificada pela baixa escolaridade. instigante.
E. contrária aos ambientes marginalizados. C. presença de um narrador em terceira
pessoa, que não participa da história e
apresenta onisciência.
Por exemplo, em “O brasileiro não tem D. marcação de uma temporalidade definida
preconceito de cor”, “brasileiro” está em lugar pelo uso de verbo no pretérito perfeito do
do plural “brasileiros”. Ou seja, usou-se um indicativo.
termo em lugar de outro, visando à obtenção de E. presença de um protagonista
um efeito retórico de aproximação entre cada um indeterminado, que pode pertencer à
de nós (conjunto de “eus”). O plural espécie humana ou não.
“brasileiros”, aqui, daria um sentido de
“distanciamento” maior entre o conjunto e eu.
O sujeito singular (eu) cria uma ideia mais
próxima de que não carrego preconceito racial.
E. Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar
Trouxe bailarinas?
Trouxe imigrantes
Trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes,
tudo ignoram,
Mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
Carlos Drummond de Andrade

O objetivo do discurso argumentativo,


como sabemos, é o de defender ou atacar um
SEGUNDA CLASSE ponto de vista qualquer. A escolha de uma
estratégia argumentativa é determinada em
1933
função da situação comunicativa global.
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Coleção particular, São Paulo, Brasil
Observe, por exemplo, o texto a seguir.

https://arteeartistas.com.br/segunda-classe-tarsila-do-amaral/ É uma questão grave para os pais o


estabelecimento de um limite de liberdade na
4. Dos excertos a seguir, aquele que apresenta o educação dos filhos. Se os mais liberais dizem
mesmo tema retratado no quadro “Segunda que
Classe”, de Tarsila do Amaral, manifesta-se a liberdade total é bastante educativa, os menos
A. Eu insulto o burguês! radicais defendem que o controle os prepara
O burguês-níquel melhor para a vida futura. Se argumentamos que
o burguês-burguês! é triste o grande número de menores
A digestão bem-feita de São Paulo! desajustados, a resposta é a de que eles são
O homem-curva! o homem-nádegas! problemas menos graves do que os
O homem que sendo francês, brasileiro, perfeitamente ajustados, mas infelizes.
italiano, é sempre um cauteloso pouco a
pouco! 5. Nesse caso, a estratégia argumentativa
Mário de Andrade utilizada é a
B. Não calques o jardim A. adesão, que consiste em aderir
Nem assustes o pássaro. completamente a uma tese apresentada;
Um e outro pertencem B. confrontação, que compara dois
Aos mortos do Carmo. argumentos, mostrando pontos de
Carlos Drummond de Andrade
divergência ou convergência;
C. Somos muitos Severinos C. refutação, que consiste em examinar cada
iguais em tudo e na sina: um dos argumentos de uma tese,
a de abrandar estas pedras contestando o principal deles;
suando-se muito em cima, D. o exame crítico, que revê os principais
João Cabral de Melo Neto argumentos que defendem uma tese,
mostrando seus pontos fortes e fracos.
D. Para dizerem milho dizem mio E. concessão, ou seja, aceitar um aspecto da
Para melhor dizem mió tese contrária, seja para mostrar adesão
Para pior pió parcial, seja para antecipar uma eventual
Para telha dizem teia objeção;
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Oswald de Andrade
derradeiro prazer – escrever no diário – lhe havia
TEXTO I sido confiscado pela afasia, que nele se
manifestava como esquecimento de
Agora, no século XVIII, parecia ser ou certas palavras. A coisa foi gradual: a princípio,
desajeitada ou luxuriante, dependendo do ponto eram poucos os vocábulos que lhe faltavam.
de vista, em um floreio de decoração exuberante Recorrendo a um de sinônimos, ele conseguiu
e, por fim, decadente. [...] foi o floreio final de preencher com êxito as lacunas. Com o decorrer
uma arquitetura cada vez mais fantástica e do tempo, porém, acentuou-se
caprichosa, que receberia o golpe final do o , e o desgosto por este gerado. Foi
academicamente correto neoclassicismo, um então que ele começou a deixar em branco os
novo purismo que revolucionou a arquitetura espaços que não conseguia preencher. Era com
europeia reinstaurando as ordens clássicas e fascinação que contemplava esses vazios em meio
respeitando ainda mais o espírito recebido dos ao ; tinha certeza de que as letras ali
gregos e romanos em seus aspectos mais nobres. estavam, como se traçadas com tinta invisível por
GLANCEY, J. A história da arquitetura. Tradução de Luís mão também invisível. Essa existência virtual das
Carlos Borges palavras não o afligia; pelo contrário, sabia que o
e Marcos Marcionilo. São Paulo: Loyola, 2001. p. 88.
é tão importante quanto o não
. No território da afasia ele
encontrava agora uma pátria. Ali recuperaria o
TEXTO II seu passado perdido. Ali se uniria definitivamente
àquela que fora seu grande amor, uma linda
moça chamada .
SCLIAR, M. Memórias da afasia. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br>. Acesso em: 12 ago. 2022.

7. No texto, o enfoque dado ao personagem


com um distúrbio desenvolvido nos últimos
anos de vida é evidenciado a partir da
A. relação da memória com o uso da
linguagem.
B. resignação com o processo de
envelhecimento.
C. investigação para encontrar a cura para a
afasia.
https://conhecimentocientifico.com/ D. preservação integral das lembranças da
6. Os textos I e II referem-se a um estilo mocidade.
arquitetônico do século XVIII, conhecido E. formação de um vocabulário específico
como para a velhice.
A. Barroco, caracterizado pelo viés dramático
e severo.
B. Neoclássico, que resgata a simplicidade e TEXTO I
o equilíbrio.
C. Maneirismo, com sua estilização Sonhos, fantasias, devaneios, inconsciência,
exagerada e artificial. ausência de lógica formaram as bases das
D. Romântico, que valoriza a expressividade e criações do movimento surrealista. Fundado em
criatividade. Paris, em 1924, o Surrealismo engrossou os
E. Rococó, que rompe com a rigidez movimentos de vanguardas do início do século
predominante do Barroco. XX. André Breton foi seu principal porta-voz e
lançou, naquele mesmo ano, o primeiro e
principal manifesto – o Manifesto Surrealista.
Memórias da afasia Entre seus mais marcantes expoentes nas artes
Nos últimos anos de sua vida Mateus plásticas estão: Salvador Dalí (1904-1989), Max
descobriu, consternado, que mesmo o seu Ernst (1891-1976), René Magritte (1898-1967),
André Masson (1896-1987), Joan Miró (1893- estreou em 2005 e, nestes dez anos, já rodou o
1983). mundo inteiro e atualmente conta com uma
LITTLE, Stephen. ... ismos: para entender a arte. “filial” nos EUA e outra na China. Em Buenos Aires,
Brasil, Ed. Globo. onde
tudo começou, os espetáculos acontecem num
galpão do Centro Cultural. Não existe espaço
TEXTO II cênico: enquanto a obra acontece, a plateia
precisa se adequar a isso de forma orgânica.
Haverá momentos em que o show será por cima
de nossas cabeças; em outros, teremos de nos
espremer contra a parede e abrir caminho para os
artistas no chão. Prepare-se para se agachar,
pular, dançar, gritar e sentir uma descarga intensa
de adrenalina no Fuerza Bruta. Afinal, não são só
eles que extravasam, mas também – e
principalmente – o público. No site do Fuerza
Bruta, eles gostam de informar que, embora tudo
seja muito abstrato, não existe um conceito de
representação. “O espectador está ativo, dentro
de uma realidade extraordinária e não está
emocionalmente a salvo em momento algum”,
alertam.
Disponível em: <https://airesbuenosblog.com>. Acesso em: 8
8. O quadro O Enigma do Destino, do pintor ago.
espanhol Salvador Dalí, é bem significativo do 2022. [Fragmento adaptado]
Surrealismo, vanguarda modernista explicada
no texto I. Essa obra é uma síntese do 9. Considerando a proposta da companhia
movimento pelo fato de artística, esse trabalho é apresentado como
A. valorizar a fantasia, marcada pela mimese inovador por
e automatismo. O autor deixou-se levar A. fugir da ideia de representação abstrata.
pelo impulso e pelas inspirações concretas B. rodar o mundo com suas apresentações.
do cotidiano. C. retratar as tradições culturais argentinas.
B. ilustrar a expressão livre do inconsciente. D. incluir o espectador ativamente no show.
A obra é um impulso onírico, despreza os E. mesclar diferentes manifestações
padrões estabelecidos pela ordem e pela artísticas.
lógica.
C. influenciar as teorias renomadas de
Sigmund Freud. No entanto, despreza o TEXTO I
inconsciente e sua capacidade de
impulsionar o artista para a criatividade. A força do discurso de Hatoum está em
D. criar uma realidade idêntica à realidade cada narrador. Com a linguagem enxuta e sólida
imposta pela sociedade. Esse esforço é do escritor, eles denunciam as ditaduras, a
visto pelo fato de o artista manter os perseguição às artes e aos artistas, a censura,
limites da denotação. demissões de professores de Universidades
E. sobrepor a dimensão do imaginário à públicas, fechamentos de livrarias e teatros,
perfeição de desenho. Utilizam-se recursos delações, prisões arbitrárias, mortes, bem como a
ilusórios e dissociação entre imagens e invasão à Amazônia, o aviltamento de fazendeiros
legendas. e madeireiros que invadem terras indígenas, a
perda dos rituais dilacerados pela barbárie da
civilização, grilagem no plano piloto, prostituição,
Imagine um show que mistura circo, artes cênicas,
os falsos liberais e hipócritas de plantão.
dança, acrobacia e música ao vivo. É mais ou SAMPAIO, A. Pontos de fuga: a resistência pela arte. G1, 4
menos isso o que faz a companhia artística Fuerza fev. 2020.
Bruta, liderada pelo argentino Diqui James, que
Disponível em: https://g1.globo.com/. Acesso em: 9 mar.
2021.

TEXTO II

Creio que o romance poderia dispensar-se


de dar à escrita da memória uma forma literária
demais, como faz Hatoum. A ideia interessante de
considerar escritos brutos de época acaba
perdendo fôlego. Com isso, a série fica repleta de
frases lapidares, solenes, que mais parecem
entender literatura como belas letras do que
como investigação e produção de existência real.
PÉCORA, A. Milton Hatoum falha ao ser literário demais em novo
romance.Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 out. 2019. Disponível em:
www1.folha.uol.com.br/. Acesso em: 9 mar. 2021.

10. Os textos expressam visões opostas acerca do


romance Pontos de fuga, de Milton Hatoum.
Com relação à linguagem empregada pelo
escritor, as posições divergentes dos textos
encontram-se expressas no par antitético
A. “delações” e “solenes”.
B. “sólida” e “escritos brutos”.
C. “enxuta” e “literária demais”.
D. “força do discurso” e “frases lapidares”
E. “barbárie da civilização” e “belas letras”.

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