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Escola: Colégio de Gaia 11º Ano Filosofia 2022-23

Tema: A Fundamentação ética da moral: análise TAREFA Nº 1


comparativa das éticas utilitarista e kantiana -
CORREÇÃO
Data SET 2022
Professora: Teresa Vasconcelos Soares
1º Período

Nota Prévia:
A Ética ou Filosofia Moral, analisa questões que decorrem do facto das nossas ações terem
consequências que afetam de modo positivo ou negativo as outras pessoas/outros seres vivos que
as sofrem. A Ética responde às questões:
Como devemos agir? Qual o critério que define uma ação como correta e moral?

Do desenvolvimento da ética, existem duas respostas que se confrontam – as éticas deontológicas


e as éticas consequencialistas.
Para as éticas deontológicas, uma ação só é moral em função da sua intenção, porque só isso
pode ser verdadeiramente controlado pela nossa boa vontade, pois as consequências das nossas
ações, muitas vezes escapam ao nosso controlo e previsão.
Para as éticas consequencialistas, o valor moral de uma ação depende das consequências da
ação. Uma ação é correta e tem valor moral, se promover felicidade ou prazer, resultados positivos
e vantagens para o próprio e a maioria, for útil, ou não tem valor moral se promover infelicidade,
sofrimento e dor, independentemente dos motivos e intenções do agente.
Segundo Kant, as ações podem ser:

a) contrárias ao dever : ilegais e imorais


b) conformes ao dever - legais: ações corretas que respeitam as leis, regras, normas ou
costumes adotados num grupo ou sociedade, mas não são praticadas por intenção pura, moral
do agente – não são morais;
c) por respeito ao dever – morais: ações que não dependem de constrangimentos, condições
exteriores ou segundas intenções. Estas ações respeitam a autonomia moral do agente e resultam
de uma intenção boa, pura, da vontade de cumprir o dever pelo dever – as únicas que são morais;

Resolução das atividades propostas:

1. Levantamento dos conceitos essenciais que definem as éticas deontológicas e


consequencialistas:

Ética consequencialista – utilitarista – Ética Deontológica - Kant


Stuart Mill

 As ações são morais em função das  As ações morais não dependem das
consequências e dos resultados consequências e dos resultados
 As boas ações são avaliadas pelos  As ações são boas em si mesmas e más
resultados – se os resultados são em si mesmas.
bons, positivos e vantajosos as ações  Os deveres são absolutos e incondicionais,
são boas. não dependem das circunstâncias, de
 Os princípios e deveres morais são condições, interesses específicos ou
relativos e podem admitir exceções restrições.
Escola: Colégio de Gaia 11º Ano Filosofia 2022-23

Tema: A Fundamentação ética da moral: análise TAREFA Nº 1


comparativa das éticas utilitarista e kantiana -
CORREÇÃO
Data SET 2022
Professora: Teresa Vasconcelos Soares
1º Período

 Valorizam os fins que se pretendem  Valorizam a intenção e o motivo do


atingir com a ação, e não a intenção agente, que só pode ser a boa intenção -
com que é feita ( aspeto subjetivo do agir por respeito ao cumprimento do
carácter do agente) dever, a intenção pura.
 Os fins justificam os meios.  Matar é errado por princípio absoluto,
 Ética material e concreta independente de condições e
 Ética dos imperativos hipotéticos, circunstâncias.
interesses, desejos ou emoções.  Os meios justificam os fins.
 Ética dos resultados.  Ética formal e absoluta.
 Ética dos princípios universais, do
 Ética da utilidade, felicidade e bem imperativo categórico ou lei moral
estar (hedonismo moderado ou universal.
qualitativo – prazeres superiores)  Ética do dever, da intenção e da boa
 Ética das vantagens para cada um e vontade.
para a maioria.  Ética racional que depende da autonomia
 Ética da Heteronomia (dependente de da razão, consciência e decisão do
condições exteriores) agente, que se assume como exemplo de
ações universais.
EX: Se queres X deves fazer Y.
EX: Deves fazer X, sem mais.
Não deves fazer X, sem mais.

Questão 2 – Elabora uma quadro síntese que expresse a análise comparativa das
duas teorias morais.
Escola: Colégio de Gaia 11º Ano Filosofia 2022-23

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comparativa das éticas utilitarista e kantiana -
CORREÇÃO
Data SET 2022
Professora: Teresa Vasconcelos Soares
1º Período

Princípios e fundamentos da ética Princípios e fundamentos da ética kantiana -


utilitarista - explicitação explicitação
-ética Teleológica – define o bem em função dos - ética deontológica ou do dever – define o bem em
fins, resultados e consequências a que a ação função da intenção pura, da boa vontade, dos meios e
conduz. O maior bem para a humanidade é a não dos fins. As ações morais definem-se pelo
felicidade, logo tudo o que conduzir à felicidade é cumprimento de princípios e normas que por dever
considerado bem e moral. devem ser aplicadas, sem olhar aos fins a que podem
conduzir. Fazer o bem pelo bem e não por outros
- uma ação é boa quando é útil (principio da interesses ou razões específicas.
utilidade) e cumpre a finalidade máxima – a
felicidade para a maioria das pessoas, sem - ética formal - A ética formal confere autonomia moral
sofrimento nem dor e com prazer espiritual. ao sujeito, porque apenas identifica as regras formais
gerais que este deve ter em conta para decidir
- a máxima felicidade nunca deve ser pessoal moralmente.
apenas, egoísta mas imparcial, pois a ação moral
deve ser desinteressada e altruísta (preocupação - agir por respeito ao dever, não é agir por
com o bem estar dos outros). sensibilidades, desejos ou interesses, mas em função
de princípios absolutos, o que deve ser feito e possa
- a aplicação da moral exige paz social e coesão ser universalizável
social, para que o interesse de cada um se articule
com o interesse de todos. O ser humano deve ser - fazer o bem depende exclusivamente da vontade e
educado com preocupações sociais e morais, para intenção do agente, da autonomia da sua razão e
ser sensível e fazer o bem pensando em si e nos liberdade
outros.
- as normas morais são imposições absolutas,
- o sacrifício de cada um pode fazer sentido se tiver traduzem imperativos absolutos/categóricos e não
como objetivo a felicidade da maioria. condicionais ou hipotéticos (A moralidade não pode
depender de qualquer condição interesseira. Ajudar um
- a moral utilitarista defende o hedonismo colega mediante uma retribuição desvirtua o ato
moderado, pois não está apenas preocupada com quanto à sua moralidade, dignidade).
a quantidade do prazer e o bem estar pessoal, mas
com a qualidade do prazer, que deve ser espiritual - a ação moral deve assumir-se como lei universal e
e não físico (devemos distinguir prazeres deve ver o homem como valor absoluto, um fim da
superiores (próprios do espirito) de prazeres ação moral e nunca como meio (em cada homem está
inferiores (próprios do corpo) representada toda a humanidade)
Daí Stuart Mill defender:
- Lei moral ou imperativo categórico –
“É PREFERÍVEL SER UM HOMEM age de forma que a máxima da tua ação
INSATISFEITO QUE UM PORCO possa ser lei universal e nunca utilizes o ser
SATISFEITO” humano como meio mas fim absoluto da tua
ação.
Escola: Colégio de Gaia 11º Ano Filosofia 2022-23

Tema: A Fundamentação ética da moral: análise TAREFA Nº 1


comparativa das éticas utilitarista e kantiana -
CORREÇÃO
Data SET 2022
Professora: Teresa Vasconcelos Soares
1º Período

Questão 3 – Refere uma crítica para cada uma das teorias.

- Crítica possível à ética consequencialista/utilitarista:

a) O utilitarismo permite justificar ações moralmente reprováveis.

Ex. um ditador pode legitimar o extermínio de uma minoria ou um só homem, argumentando que
está a contribuir para o benefício da maioria. (Moralmente reprovável, pois a vida de cada ser
humano deve ser considerada um valor inalienável e independente de condicionantes externas).

- Crítica possível à ética deontológica:

b) Não permite decidir perante um conflito de deveres (dilemas morais incompatíveis).

Ex: mentir e salvar inocentes ou dizer a verdade e não impedir que sejam mortos – o que escolher?
Se as duas coisas são incompatíveis, deveremos escolher a menos má das duas?

Ex: o caso de Aristides Sousa Mendes no tempo do Nazismo, que ajudou a salvar milhares de
judeus inocentes, contrariando aquilo a que estava obrigado – cumprir o dever da sua missão
como embaixador.

Questão 4 – Aplica o estudo que efetuaste na resolução do seguinte caso prático:

1) À saída da Escola, António ajuda Pedro (estudante cego) a atravessar a rua.

Como avaliar moralmente esta ação?


Será uma ação moral para Kant? E para Stuart Mill?
Como se justifica essa avaliação nos dois filósofos?

Resolução:
A) Segundo Kant, para avaliar esta ação como moral é preciso saber qual a intenção
de António. Que motivos levaram o António a fazê-la?
Agiu por amizade, compaixão, para impressionar alguém de quem gosta e era
testemunha da ação?
Se foi por estes motivos compreende-se a ação, mas não é uma ação moral, pois
nenhuma destas intenções é pura, exclusivamente racional. António age influenciado
por impulsos, desejos, sentimentos e não por puro respeito pelo dever de agir
corretamente numa situação como esta.

A ação de António só será moral se: António ajudar Pedro porque racionalmente
reconhece que é seu dever ajudá-lo (o dever de ajudar, fazer o que é certo e pelas
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Data SET 2022
Professora: Teresa Vasconcelos Soares
1º Período

razões certas). Ajuda Pedro tal como ajudaria qualquer outro ser humano que se
encontrasse nas mesmas condições.

B) Segundo Stuart Mill, António ao ajudar Pedro estava a agir moralmente em


qualquer circunstância e qualquer que fosse a intenção, pois o que estava a ser
avaliado era a utilidade da ação, as suas boas consequências para a felicidade do
maior número de pessoas envolvidas na situação, neste caso era bom para as 2
pessoas envolvidas, e a quem possa testemunhar a ocorrência.

FIM

Bom estudo

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