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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ………………………………………………………………..3
1. Hans Kelsen ……………………………………………………………………3
1.1. Análise Temática ………………………………………………………….3
1.2. Análise Interpretativa ……………………………………………………..4
1.3. Problematização …………………………………………………………..8
2. Carl Schmitt ……………………………………………………………………8
2.1. Análise Temática ………………………………………………………….8
2.2. Análise Interpretativa ……………………………………………………..10
2.3. Problematização …………………………………………………………..11
3. Dalmo Dallari ………………………………………………………………….12
3.1. Análise Temática ………………………………………………………….12
3.2. Análise Interpretativa ……………………………………………………..13
3.3. Problematização …………………………………………………………..15
BIBLIOGRAFIA ………………………………………………………………16
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INTRODUÇÃO
Nesse sentido, este trabalho possui como objetivo apresentar e esclarecer conceitos a
respeito do povo e do território de uma nação. Para tal, serão analisadas as ideias
principais dos teóricos Hans Kelsen, Carl Schmitt e Dalmo Dallari, contidas,
respectivamente, nas obras “Teoria Geral do Direito e do Estado”, “O nomos da terra” e
“Elementos de Teoria Geral do Estado”.
1. Hans Kelsen
Hans Kelsen foi um filósofo e jurista alemão que se destacou no campo da Teoria
Geral do Direito, sendo, por isso, considerado um dos maiores juristas do século XX. É
considerado positivista e condensou as ideias de outros filósofos dessa vertente jurídica.
Em meio à numerosa obra do jurista austríaco, se destacam livros tais quais “Teoria Pura
do Direito”, de 1933, e “Teoria Geral do Direito e do Estado”, de 1947. Neste último, o
jurista discorre sobre diversos aspectos do Estado e de sua teoria geral, correlacionando-
o com a Teoria Geral do Direito, seu principal objeto de estudo.
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A obra de Kelsen é publicada em 1947, período que sucede a Segunda Guerra Mundial,
em que a discussão acerca das limitações do Estado em suas relações com outros Estados
e do papel do Direito Internacional Público mostrava-se intensa, o que é refletido na obra
em análise.
Primeiramente, em “a”, o austríaco define o Estado como uma ordem jurídica, a fim
de comparar sua teoria e seus problemas à Teoria Geral do Direito e aos problemas deste.
Após, estabelecer-se-á a relação intrínseca entre o Estado e seu território, que é
pressuposto para a sua existência, não precisando, contudo, para que o território seja uno,
que haja uma unidade geográfica. São, então, estabelecidos os conceitos de “território
integrado”, território estatal contíguo, e de “território desmembrado”, que é aquele
formado por colônias e por enclaves (partes de um Estado totalmente cercados pelo
território de outro). Chega-se, pois, à conclusão de que a unidade geográfica não é
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necessária, pois, para ser parte do mesmo território, só é necessário que se sujeite à mesma
ordem jurídica nacional.
Após, diferenciar-se-á “território em sentido restrito”, que seria aquele que pertence a
apenas um Estado, podendo só este nele executar atos de coerção, de “território em
sentido amplo”, que incluiria os territórios em que todos os Estados possuem jurisdição e
podem executar medidas coercitivas, são eles o mar aberto (ou alto-mar) e o território de
Estado algum. O mar aberto constitui-se nas águas que se estendem além da faixa costeira
(águas territoriais de um país). Nele, cada país somente possui jurisdição sobre suas
embarcações, podendo a elas impetrar atos coercitivos, bem como os pode aplicar a
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unilateral. É um ato antijurídico, sendo previstas para o Estado anexador uma série de
sanções, e, ao Estado anexado, o direito à guerra para sua defesa.
c) Por meio de tratado internacional de cessão entre Estados. Pode-se estabelecer um tratado
em que um Estado cede ao outro uma parte do seu território. É um ato jurídico. Para além,
um tratado desse tipo pode legitimar a anexação de um território, a qual constitui um ato
antijurídico.
d) Por meio da acresção, que é a ocupação de novos territórios que surjam espontaneamente
no território. Isso ocorre, por exemplo, quando há a formação de uma ilha em um rio ou
nas águas nacionais de um país.
e) Por meio da prescrição, que consiste em na posse de um território, sem perturbações, pelo
período suficiente para que o Estado que o possui seja considerado como seu legítimo
possuidor pela população dali, ainda que esteja em desacordo com o Direito Internacional.
Esse período não é estabelecido pelo Direito Internacional. A prescrição pode confundir-
se com o princípio da eficácia, pois a eficácia de uma ordem jurídica nacional tende a
geral sua legitimidade.
f) Por meio da derrelição, quando um Estado abandona um território sem ter condições ou
pretensões de retomá-lo. É o caso de perda de território especialmente associado ao
ganho, pois, ao abandonar seu território o deixa livre para a ocupação por um outro
Estado.
g) Por meio da formação de um novo Estado a partir de um território de um Estado já
existente. Esse é o único caso de perda de território que não se relaciona ao ganho por
outro Estado existente. Tal formação pode ocorrer por um tratado internacional ou por
uma revolução e deve seguir o princípio da eficácia, pois a nova ordem jurídica nacional
deverá se mostrar mais eficaz para aquele território do que a anterior.
Por fim, em “g”, o austríaco considera como pseudoproblema a analogia entre Estado
e pessoa, e entre território e propriedade, apenas levando-se em conta certas similaridades
entre o Direito Internacional e as leis que regulamentam a propriedade.
1.3. Problematização
Em segundo plano, convém citar a anexação da Crimeia pela Rússia como algo
relacionado ao texto analisado. Em 2014, Vladimir Pútin anexou a região da Crimeia,
pertencente à Ucrânia, em um ato antijurídico, ou seja, em desacordo com o Direito
Internacional, sob o pretexto de que a maior parte da população da região demandava
maior integração com a Rússia e a separação da Ucrânia, algo que se aproxima de uma
justificativa à invasão e uma alegação de legitimidade dos russos pelo “princípio da
eficácia”. A Crimeia, anexada pela Rússia, contudo, não é considerada parte da Rússia
por toda a comunidade internacional e ainda é uma região de conflitos entre os dois países.
2. Carl Schmitt
Carl Schmitt foi um filósofo político do século XX, jurista e professor universitário
alemão, cujo foco principal de análise foram as relações internacionais e o direito
constitucional. Em “O nomos da terra”, obra publicada em 1950, ele discute sobre a
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O estudioso aponta, ainda, que as guerras interestatais passam a ser consideradas justas
desde que o palco do conflito seja o continente europeu e realizadas por exércitos estatais
reconhecidos pelo direito das gentes. Carl Schmitt deixa claro, portanto, que a
circunscrição da guerra, através do novo direito das gentes, só foi possível com o auxílio
do conceito de Estado, cujo pilar mais relevante ao assunto é a delimitação do território.
Carl Schmitt foi um jurista alemão, talvez o mais importante do século XX. A principal
preocupação de sua obra foi a soberania, o mais poderoso dos poderes. Definindo o
soberano como aquele que decide no estado de exceção, seria estranhíssimo que Schmitt
também não voltasse seus olhos para a relação entre soberanos.
Tendo como noção prévia esse desenvolvimento histórico, Schmitt vai diferenciar o
conceito medieval de guerra justa e o conceito moderno, pós-Westfalia, de guerra
racional. A base dessa diferenciação é o reconhecimento de um novo sujeito do direito
das gentes: o Estado.
A guerra justa medieval se caracterizava por partidos europeus, que tinham posições
em todo o continente, e transformavam qualquer conflito em guerra civil a ser travada
contra um elemento subversivo, criminoso, pois inimigo dentro da própria ordem. Agora,
com a nova constituição do espaço europeu, não há mais um criminoso a ser combatido,
não há nem mesmo uma única ordem transcendente (divina) à todos os membros. Se os
partidos não se organizam mais em alcance trans-estatal, e sim se organizam como
Estados em si, o que há são apenas inimigos (justus hostis).
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Obviamente, tudo isso se refere unicamente ao solo europeu, tendo o resto do globo
um status diferente para o jus publicum europeae, funcionado como uma zona livre,
disponível ao que primeiro conquistá-la.
2.3. Problematização
Nesse contexto, pode se interpretar que, quando soberano julgar necessário a supressão
das instituições jurídicas a fim de manter um equilíbrio da ordem espacial, poderá ele,
assim, decretar o estado de sítio. Evidentemente, tal concepção de soberania é
problemática e perigosa, pois concede um poder ilimitado e universal ao governante,
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3. Dalmo Dallari
Além disso, a partir da obra, o contexto pós-guerras e em pleno cenário de Guerra Fria,
conclui-se que a territorialidade e a delimitação de fronteiras têm grande influência na
distinção entre Estado e Nação e, inclusive, no que diz respeito a aplicação de
ordenamentos jurídicos. Logo, é de suma importância para um Estado designar com
nitidez seu espaço de jurisdição.
Por fim, infere-se, que “povo” e “território” são conceitos imprescindíveis para o
estudo do Estado e não devem, de maneira alguma, ser negligenciados ou confundidos.
De início, no que tange as conceituações sobre “povo”, Dalmo procura distinguir este
conceito de outros que, de modo errôneo, são confundidos. Nesse espectro, o autor
compara “povo” com as concepções de população e nação, onde na primeira argumenta
possuir significado quantitativo e a segunda significar unidade étnica. A partir disso,
Dalmo atribui à “povo” certo sentido jurídico que segundo ele foi uma conquista recente,
para isso o autor embasa seus argumentos fazendo uma comparação com sociedades
anteriores – sociedades gregas, romanas, Idade Média e Idade Moderna - refletindo sobre
a evolução da cidadania e da participação ativa na política, conceitos estes que ele trata
com certa noção jurídica e com muita seriedade para se aproximar do conceito de “povo”.
Dessa forma, deve-se entender como povo o conjunto de sujeitos que se unem para
constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permanente,
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Por fim, ainda sobre as proposições sobre “povo”, Dalmo faz alusão a cidadania
europeia, que, atualmente, rompe fronteiras e alimenta um sentimento de unicidade dentro
da Europa. Essa cidadania que é regulamentada por uma Constituição própria e que não
procura suprimir a cidadania do país de origem.
Já que o conceito de “nação” permeia motivações emocionais, ele nunca teve uma
relação com o Direito, ou seja, significação jurídica. Entretanto, é de grande valia ressaltar
sua importância na sociologia, assim, concordando com uma diferença entre Estado e
Nação o autor afirma ser possível apontar o primeiro como uma sociedade e o segundo
como uma comunidade. As sociedades se formam por atos de vontade não exigindo
afinidades culturais, ou seja, pessoas ligadas por vínculos jurídicos a fim de alcançar um
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objetivo comum. Já a comunidade se dá pela simpatia cultural dos indivíduos que se eleva
a uma vinculação sentimental, gerando, assim, uma união. Vale lembrar que não há um
ato de vontade e muito menos uma relação jurídica na formação de uma comunidade.
3.3. Problematização
Após a leitura do texto que trata sobre Estado e Nação é possível ressaltar alguns
pontos inerentes aos exemplos dados por Dalmo. No que tange os problemas da
supracitada cidadania europeia tem-se uma problemática que se dá por vários
pesquisadores não enxergarem uma cidadania europeia independente da cidadania
nacional, o que pode restringir o gozo de todos os direitos que a cidadania de europeia
pode vir a oferecer. Pois, como positivado na Constituição Europeia e como supracitado,
a cidadania adquirida não sobrepõe a cidadania de origem podendo esta última questionar
dispositivos da Constituição mencionada.
Além disso, ainda sobre a União Europeia, é possível pontuar problemáticas que
envolvam a democracia e a forma de representação dos membros, pois, haveria uma
prevalência de Estados-membros de maior dimensão populacional e, consequentemente,
econômica em virtude da proporcionalidade prevista na Constituição que existe entre
população e deputados eleitos. Assim sendo, o poder político se monopolizaria por países
mais poderosos; o que é completamente questionável quando se pensa em uma união de
países com tanto poder no cenário mundial.
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BIBLIOGRAFIA
DALLARI, Dalmo. Elementos de Teoria Geral do Estado, São Paulo, Saraiva, Capítulo
II, Povo. Capítulo III, Estado e Nação.
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado - Os elementos do Estado: "O
território do Estado"
SCHMITT, Carl. O nomos da Terra no Direito das gentes do jus publicum
europaeum (“Parte III – O jus publicum europaeum” - Capítulos 1 e 4)
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso Sobre A Origem E Os Fundamentos
Da Desigualdade Entre Os Homens. L&PM, 2008.