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Beatriz de Jesus Paiva Siqueira - Turma B

Questão 1: Hannah Arendt possui ideias profundamente influenciadas pela formação do


Estado, a partir de uma Constituição, dos Estados Unidos após a independência das Treze
Colônias (revolução idealizada pela autora). Assim, a ideia de constituição nasce da de poder
e autoridade. No caso do poder, que seria o agir em conjunto, existe um problema: nem
sempre as pessoas concordam entre si, então a solução para isso é a autoridade. Assim, a
autoridade dos Estados Unidos se cristalizou com a criação da Constituição pois, quando se
fala em autoridade, que seria uma “cristalização” desse poder em alguém ou em alguma
entidade, nasce a ideia de constituição para Arendt. Já para Hans Kelsen, constituição, em
termos simples, é a ideia de norma pura, é o pressuposto de validade de todas as leis, que
precisa de materialidade, tem que definir conteúdos, as leis precisam refletir princípios, deve
existir um Tribunal Constitucional responsável por exercer um controle abstrato.
Evidenciando sobretudo uma ideia bastante positivista de que a validade deriva da norma.

Questão 2: O poder constitucional, que está no centro do ordenamento jurídico e possui


características próprias de acordo com cada cenário em que está inserido, tem como função
tanto questões como a divisão de poderes, organização de funções do Estado, quanto a de
determinar quem será o responsável por sua “guarda”. O sentido de “guarda constitucional” é
um tema que causa divergências entre os autores estudados na UC, Hans Kelsen o qual, de
maneira resumida, acredita que o Tribunal Constitucional é responsável por exercer tal função
e Carl Schmitt, que defende o chefe do Poder Executivo é quem deveria ser o guardião da
Constituição.
No Brasil, o órgão responsável, Supremo Tribunal Federal, a fim de “guardar” a carta
magna, deve desempenhar as seguintes funções: processar e julgar controle de
constitucionalidade, por ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual e ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Nesse
sentido, torna-se evidente que a Constituição brasileira preservou algumas caractetisticas da
perspectiva kelseniana do Tribunal Constitucional, mesmo não sendo um. Sendo por fim,
importante ressaltar que o STF, órgão que faz parte da estrutura do Poder Judiciário, não
possui caráter de Tribunal Constitucional e sim algumas características de tal ideia defendida
por Kelsen.
Dado o exposto, segundo o artigo 102 da Constituição Federal “compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição”. Portanto, cabe ao STF, órgão
composto de pessoas com conhecimento jurídico, zelar e proteger a lei maior brasileira, e esse
é o sentido de “guarda da Constituição”.

Questão 3: No federalismo, cada federação detém competências próprias e encontra seu


fundamento na constituição, portanto, o federalismo é caracterizado, sobretudo, pela
descentralização política. Entretanto, no Brasil a federação, que nasceu a partir da República e
adquiriu características próprias ao longo de sua formação, foi inspirada nos moldes
estrangeiros, ou seja, a comparação do Alexandre de Moraes é bastante pertinente. Nessa
lógica, a Constituição 1988 é estruturalmente baseada na pluralidade e diversidade,
preservando o equilíbrio das unidades federadas, porém, assim como exposto pelo ministro, o
Brasil teve dificuldades para se ajustar a esse tipo de organização política da forma como foi
idealizado, principalmente por questões sociais e históricas.
O filósofo Montesquieu defendia a ideia de uma organização política que, em razão
das disposição das coisas, possuía uma clara divisão de poderes, todos limitados por eles
próprios: limitação do executivo pela existência do legislativo e judiciário, limitação do
legislativo pela existência do executivo e judiciário e, por fim, o judiciário seria o poder
menos propenso a arbitrariedade por ser um mero aplicador da lei.
Assim, Hamilton discorre que a busca pela firmeza e eficiência do governo é hostil aos
princípios de liberdade e contrapõe a ideia antifederalista de que o federalismo poderia
colocar em risco os direitos do povo, afirmando também que isso seria apenas uma "máscara"
para se conquistar o povo: “A maior parte dos homens que destruíram as liberdades de
repúblicas começaram suas carreiras cortejando servilmente o povo, demagogos no início e
tiranos no fim” (Artigo Federalista número 1, p. 95). Desse modo, ao defender que a “força
do governo” é algo “essencial à liberdade” Hamilton, inspirado nas ideias de Montesquieu (e
as adaptando ao modelo americano) e inserido em um cenário de grande temor a dominação
estrangeira, queria sobretudo, a garantia da liberdade, que pode ser entendida nesse sentido
como a necessidade de existir como unidade política, e acreditava que isso era essencial,
como exposto no trecho do enunciado.
Portanto, e levando em consideração que as Treze Colônias “abriram mão” de suas
soberanias individuais a fim de formar um Estado mais forte e capaz de sobreviver à
dominação, torna- se evidente que o federalismo é limitação de poder, como expõe Alexandre
de Moraes, que acima de tudo fornece autonomia entre as esferas políticas sem permitir
arbitrariedades, ou seja, promove “força de governo” e consequentemente, como defendia
Hamilton, liberdade.
Bibliografia:

Hannah Arendt - Sobre a Revolução.

Hans Kelsen - Quem deve ser o guardião da Constituição


- Constituição Austríaca.

Os Artigos Federalistas - James Madison, Alexander Hamilton e John Jay.

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