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Sobre a arbitragem, na Itália, no enfoque de Enrico

Redenti: rápidas incursões na atualidade

SOBRE A ARBITRAGEM, NA ITÁLIA, NO ENFOQUE DE ENRICO REDENTI:


RÁPIDAS INCURSÕES NA ATUALIDADE
About arbitration, in Italy, under Enrico Redenti's point of view: an overview in the present time
Revista de Processo | vol. 313/2021 | p. 445 - 459 | Mar / 2021
DTR\2021\1921

Márcio Bellocchi
Doutorando em Processo Civil, na USP. Mestre, na mesma área, pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC/SP. Créditos de LLM na UCL/Londres. Especialista em Direito
Societário pela Fundação Getulio Vargas. Advogado. marcio.bellocchi@bl-law.adv.br

Área do Direito: Internacional; Arbitragem


Resumo: Este artigo apresenta um breve panorama geral sobre a arbitragem, na Itália, à luz dos
Códigos de Processo Civil de 1865 e de 1942 – sob o olhar de Enrico Redenti – passando pelas
posteriores alterações legislativas, inclusive o Decreto Legislativo 40/2006, até a atualidade.

Palavras-chave: Arbitragem – Redenti – Itália


Abstract: This article presents a brief overview of arbitration, in Italy, under the Civil Proceeding
Codes of 1865 and 1942 – under Enrico Redenti’s view – going through the further legislative
modification, including Legislative Decree 40/2006, so far.

Keywords: Arbitration – Redenti – Italy


Para citar este artigo: Bellocchi, Márcio. Sobre a arbitragem, na Itália, no enfoque de Enrico
Redenti: rápidas incursões na atualidade.Revista de Processo. vol. 313. ano 46. p. 445-459. São
Paulo: Ed. RT, março 2021. Disponível em: inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Sumário:

1.Introdução - 2.A arbitragem no CPC Italiano - 3.Arbitragem e Redenti - 4.Poderes dos árbitros -
5.Sobre o arbitrato rituale e o arbitrato irrituale - 6.As lições de Redenti acerca da Cláusula
Compromissória e do Compromisso Arbitral - 7.Referências bibliográficas

1.Introdução

Em plena pandemia, em 2020, fomos instados a desenvolver temas relacionados ao Processo Civil
sob a ótica específica de Enrico Redenti.

Era a cadeira denominada: Bases Dogmáticas da Ciência Processual Civil – Análise da Obra e do
Pensamento Científico de Enrico Redenti, levada no curso de Pós-Graduação da Faculdade de
Direito do Largo São Francisco – USP, ministrada sob as batutas dos Professores José Rogério Cruz
e Tucci e Heitor de Mendonça Sicca.

Foi a última etapa de uma quadrilogia voltada à incursão no universo dos grandes italianos: Piero
Calamandrei, Francesco Carnelutti, Giuseppe Chiovenda e, agora, Redenti!

A mim foi atribuído o tema de apresentação: Compromisso Arbitral, sobre o que Redenti, aliás,
possui obra específica: El Compromiso y La Clausula Compromisoria1.

Em épocas como esta que vivemos, de pandemia, o tempo passa a ser figura, um personagem;
deixa de ser mero cenário, torna-se ainda mais relativo, voa, não sentimos seu passar. Muitas outras
vezes, todavia, a sensação é de que o tempo parou. Não sabemos, ao certo, se estamos ainda no
início, já no meio ou, quiçá, a terminar o ano de 2020. Em meio a essa bipolaridade da noção do
tempo, o passeio por ele é o mais comum.

Isso aconteceu quando da elaboração deste ensaio. Ao tratar da arbitragem na legislação italiana,
sob o enfoque de Redenti, tivemos a possibilidade de navegar pelos Códigos de Processo Civil
italiano de 1865 e o atual, de 1942, com suas posteriores alterações, até o momento atual, não
necessariamente em uma cronologia linear.

O texto foi construído sobre uma base conceitual e não cronológica, o que nos permitiu um ir e vir no
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tempo.

Allora, andiamo!

2.A arbitragem no CPC Italiano

A arbitragem, na Itália, está prevista no Código de Processo Civil atual (1942), com suas ulteriores
modificações, assim como já era disciplinada no Código de Processo Civil de 1865.

A legislação processual italiana atual disciplina, minuciosamente, a arbitragem. O Código trata do


instituto ao longo de seus artigos 806 a 840, no Título VIII: Dell’Arbitrato, de seu Livro Quarto: Dos
Procedimentos Especiais, com a seguinte divisão de Capítulos:

“– Capo I – Della Convenzione d’Arbitrato (arts. 806 a 808)

– Capo II – Degli Arbitri (arts. 809 a 815)

– Capo III – Del Procedimento (arts. 816 a 819)

– Capo IV – Del Lodo (arts. 820 a 826)

– Capo V – Delle Impugnazioni (arts. 827 a 831)

– Capo VI – Dell’Arbitrato Secondo Regolamenti Precostituiti (arts. 832 a 838)

– Capo VII – Dei Lodi Stranieri (arts. 839 a 840)”

A título de curiosidade, o CPC (LGL\2015\1656) Italiano de 1865, com base no qual Enrico Redenti
escreveu sua obra Profili Pratici2, já tinha previsão a respeito do instituto, ao longo de 27 de seus
artigos (arts. 8 a 34), constantes do Capo II (Del Compromesso), do Titolo Preliminare do Código:
Della Conciliazione e del Compromesso.

Àquela época, a lei já estabelecia a distinção entre o compromisso (art. 8) e a cláusula


compromissória (art. 12). A sentença era apelável nos termos do art. 28 e as regras processuais
sobre a execução provisória de títulos judiciais eram aplicáveis, também, às sentenças arbitrais
(assim denominadas no CPC (LGL\2015\1656) 1865, enquanto no CPC (LGL\2015\1656) 1942 têm a
denominação de lodi arbitrali – laudos arbitrais).

A sentença arbitral devia, conforme art. 24, ser depositada junto ao pretor para fins de homologação,
assim como para adquirir força executiva (resa executiva), sob pena de nulidade (e não ineficácia).

Ainda, o CPC (LGL\2015\1656) 1865 já estipulava o cabimento da Ação de Nulidade (art. 32) contra
a sentença arbitral para os casos elencados na lei, os quais, no geral, não se diferem daqueles
atualmente previstos, não só na legislação italiana, mas também na brasileira.

A nomeação e a aceitação pelos árbitros ao encargo, acarretavam a originação de uma tarefa, da


qual ficavam os árbitros revestidos, derivada da vontade das partes, e que seria análoga ao mandato
e somente revogável de comum acordo3.

Se o árbitro desistisse, sem justo motivo, de sua obrigação de apreciar e julgar a demanda, existia
previsão legal (art. 34, último parágrafo) de indenização à(s) parte(s) afetada(s).

3.Arbitragem e Redenti

Redenti inicia o Capítulo Sexto de sua obra Diritto Processuale Civile4 dando a nota de que o art. 806
do CPC italiano 19425 trata da figura do compromisso arbitral, enquanto o art. 808 trata da outra
espécie do gênero convenção arbitral6: a cláusula compromissória.

Seja uma arbitragem decorrente do compromisso, seja em virtude da cláusula compromissória, a


respectiva decisão (o laudo arbitral, na acepção da legislação atual) deve, necessariamente, ser
homologada em juízo, pois é uma decisão de natureza privada, exarada fora do âmbito da jurisdição
estatal e desprovida, portanto, de autoridade equivalente à de uma sentença judicial.

Redenti chega a mencionar, em seu Profili Pratici, que a arbitragem subtrai a cognição que,
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primariamente, deveria ser exercida pela autoridade judiciária. Por isso, afirma que o compromisso e
a cláusula compromissória têm um efeito constitutivo, no sentido de criar uma obrigação aos árbitros,
bem como um efeito desconstitutivo ao afastar, legalmente, a cognição do juiz por força da vontade
das partes.

A homologação do laudo arbitral, em juízo, consiste em um provimento integrativo ou complementar,


é o que concede, à decisão, força executiva.

A cláusula compromissória e o compromisso são uma espécie de negócio jurídico, através do qual
as partes investem o árbitro na função de apreciar e decidir a disputa que surge entre elas, o que
difere da investidura do Estado, por isso é que os árbitros não estão munidos do poder coercitivo.

Na acepção de Redenti, as decisões judiciais estão revestidas de uma presunção de certeza legal
irrefragável e que estariam conforme o direito, certeza essa que, entretanto, não se tem como ter
(pelo menos não no mesmo grau) quando a decisão provém de um árbitro.

A decisão arbitral decorre de um negócio, através do qual as partes demandam uma decisão do
árbitro e, como negócio, é um ato de disposição que, portanto, não pode ter por objeto aquilo sobre o
que as partes não têm o direito ou a legitimação (possibilidade – faculdade – poder) de dispor
livremente.

4.Poderes dos árbitros

As partes não podem atribuir, aos árbitros, poderes para concessão de provimentos de natureza
executiva ou cautelar.

O art. 818 estabelece que os árbitros não podem conceder provimentos cautelares, salvo disposição
diversa de lei, pelo que, na pendência do juízo arbitral, cabe ao juiz estatal a competência para
expedir medidas cautelares.

Um exemplo à exceção da parte final do art. 818 é o art. 35 do Decreto Legislativo 5/2003, que trata
dos procedimentos arbitrais de natureza societária7 que, em seu parágrafo 5º, estabelece que:

“[...] a entrega ao árbitro, mesmo irrituale, de uma controvérsia, não afasta o recurso à tutela cautelar
prevista no art. 669 – quinquies do CPC (LGL\2015\1656), mas se a cláusula compromissória
consente a entrega aos árbitros da controvérsia tendo por objeto a validade da deliberação
assemblear, aos árbitros compete, sempre o poder de dispor, com decisão inimpugnável, a
suspensão da eficácia da deliberação.”

Em um contexto ainda mais abrangente da questão, o art. 669 quinquies dispõe que:

“[...] se a controvérsia é objeto de cláusula compromissória ou é prometida a árbitros, mesmo non


rituali, assim como se estiver pendente o juízo arbitral, a demanda cautelar deve ser proposta
perante o juiz estatal que teria sido competente a conhecer do mérito da demanda.”

Em verdade, o que o 669 quinquies faz é autorizar a concessão de cautelar, pelo Judiciário, antes e
durante o procedimento arbitral, mesmo para os casos em que o Tribunal Arbitral esteja, por força de
disposição legal, autorizado a conceder tais medidas cautelares (conforme o 818). São hipóteses em
que ainda não foi instalado o Tribunal Arbitral ou, uma vez instalado, ainda não esteja operante.

São, também, inarbitráveis, na lição de Redenti: (i) decretos de injunção; (ii) a convalidação de
licença de locação finda; (iii) provimentos de caráter constitutivo que impliquem o exercício de
poderes de ordem ou de interesse público; e (iv) qualquer controvérsia que necessite da intervenção
do Ministério Público, assim como aquelas em que se contende, em via principal, sobre a
aplicabilidade ou não de normas de ordem e de interesse públicos.

5.Sobre o arbitrato rituale e o arbitrato irrituale

No item anterior, falamos, por algumas vezes, em arbitrato irrituale ou non rituale.

Tratemos, com um pouco de vagar, desse instituto, específico da legislação italiana e que se
contrapõe ao arbitrato rituale.

O CPC italiano estabelece duas formas de procedimento arbitral: o arbitrato rituale (art. 806 e
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seguintes) e o arbitrato irrituale (art. 808 terzo). O primeiro identifica-se com o processo arbitral
comum: é objeto de jurisdição, tem natureza jurídica mista e sua decisão gera os mesmos efeitos de
uma decisão proferida pelo juiz estatal.

Assim dispõe o art. 824 bis: “Salvo quanto disposto no art. 825, o laudo tem, a partir da data de sua
assinatura, os efeitos da sentença proferida pela autoridade judiciária”.

O art. 825, por sua vez, estabelece a homologação como requisito para que o laudo arbitral adquira
exequibilidade.

Assim, o laudo tem eficácia jurídica equiparada à da sentença, por força de lei, independentemente
de sua homologação judicial, somente necessária para que o laudo possa ser executado em território
italiano. É o caso, normalmente, de sentenças arbitrais condenatórias. Para sua exequibilidade,
devem ser homologadas perante o juízo estatal.

Quanto à arbitragem irritual, também denominada de arbitragem livre ou imprópria, ela possui
natureza meramente contratual e a decisão proferida é dotada de efeitos de negócio jurídico. Não há
jurisdição na arbitragem irritual, pelo que sua decisão não pode vir a ter eficácia executiva, via a
homologação do art. 825.

A arbitragem irritual foi positivada mediante o Decreto Legislativo 40/2006 (LGL\2006\2082), porém,
sua origem é pretoriana. A primeira decisão a tratar do instituto foi exarada pela Corte de Cassação
de Torino no ano de 19048.

Com a positivação do instituto, nota-se que o legislador deu preferência à arbitragem ritual, ou seja, a
jurisdicional, como se pode concluir da redação do fim do caput do art. 808 terzo: “As partes podem
estabelecer, por escrito, em derrogação ao disposto no art. 824 bis, que a controvérsia seja definida
por árbitros mediante determinação contratual. Caso contrário aplicar-se-á o disposto no presente
título.”

A doutrina tem que a arbitragem irritual se funda em ato de investidura privada, conferindo-se, aos
árbitros, o exercício de uma atividade negocial, em substituição às partes, sem característica de
jurisdicionalidade9.

Na arbitragem livre (irritual), as partes confiam aos árbitros o poder de decidir, como se seus
mandatários fossem, em substituição à vontade delas, as partes. A decisão dos árbitros, que se
equipara a uma manifestação de vontade deles, árbitros, não necessita de motivação10 .

O instituto do arbitrato irrituale remete-nos à arbitragem comumente realizada em determinadas


comunidades religiosas tradicionais, como a dos judeus, em que, muitas vezes, os litígios são
entregues nas mãos dos rabinos para solução.

No entanto, em virtude da própria natureza da arbitragem irritual, não é comum a entrega aos arbitri
irrituali de questões das quais possa surgir uma decisão de caráter condenatório, em senso técnico.
Afinal, se não há, sequer, a necessidade de fundamentação das decisões exaradas no âmbito da
arbitragem livre, seria até contrassenso e flagrante violação aos princípios do devido processo legal
e do contraditório, admitir-se decisão de cunho condenatório nessa seara.

Muito interessante é a tendência da jurisprudência italiana, no sentido de entender que, na dúvida do


que foi contratado entre as partes, a arbitragem deve ser considerada na sua modalidade irritual,
considerando-se a característica excepcional que tem a arbitragem ritual de derrogar a jurisdição
estatal11 .

A diferença entre esses dois institutos aqui tratados fica bem evidenciada na lição de Taruffo, Carpi e
Colesanti12 :

“La distinzione tra arbitrato rituale e irrituale deve fondarsi sulla circostanza che nel’arbitrato rituale le
parti intendono ottenere un lodo suscettibile di essere reso esecutivo e di produrre gli effetti di cui
all’art. 825, con l’osservanza del regime formale di cui agli artt. 816 ss., mentre in quello irrituale esse
si propongono di remettere all’arbitro la soluzione di controversie insorte o insorgende soltanto
attraverso lo strumento negoziale, mediante una composizione amichevole o un negozio di
accertamento riconducibili alle stesse parti, le quali si impegnano ad accettare la decisione come
espressione della loro volontà, da ciò consegue l’inapplicabilità all’arbitrato irrituale tanto dell, art. 824
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bis che dell’art. 825.”

Redenti tratou da arbitragem irritual sob as denominações arbitrati liberi e arbitrati irrituali, que, a seu
ver, não se confundiam, seja por sua natureza, seja por sua estruturação jurídica, com os árbitros
propriamente ditos: os arbitrati rituali.

Como vimos nos parágrafos anteriores, o instituto da arbitragem irritual não tinha, à época de
Redenti, previsão legal. Nas palavras desse ensaísta italiano, os “ arbitrati irritualihanno finito per
entrare per la finestra della pratica, se non proprio per la porta della lege”.

Redenti traz, como origem da arbitragem irritual, os arbitramenti e não, propriamente, o Código de
Processo Civil. No arbitramento, segundo ele, “ non è domandato al terzo di risolvere una
controversia sorta ex post fra le parti, bensì di dare un contenuto alla clausola rimasta ‘in bianco’” 13 .
E, [D]”a questi casi, per gradi e a poco a poco, si passa a casi in cui vi è una divergenza di comporre,
e finalmente ai casi in cui vi è veramente controversia14 “.

E, quanto à função do arbitrato irritual [del terzo],

“[...] si può dire che asuma, secondo quanto abbiam detto, i caratteri della funzione degli arbitri nel
senso del codice di procedura civile? No, perchè il terzo non è chiamato ad emmetere una pronuncia,
che possa esser resa escutiva dal pretore, come una sentenza. Questa è la diferenza essenziale che
bisogna scolpirsi in mente. Il terzo dà semplicemente una indicazione, alla qualle le parti sono tenute
contrattualmente ad attenersi, come se esse medesime avessero composto consensualmente la
controversia, patuendo direttamente tra loro (in via di transazione o di rinuncia ad ogni altra e diversa
pretesa), che l’uno desse altro un ‘tanto’, quel ‘tanto’, che qui invece hanno fatto dire (determinare)
dal terzo. La funzione del terzo è del tipo di quella dell’arbitratore e non dell’arbitro”.15

Apenas um parêntesis: a figura do arbitrato irrituale assemelha-se, bastante, a nosso ver, à figura do
Dispute Board Resolution (DRB), espécie de método de resolução de disputas16 em que as partes,
normalmente em contratos de engenharia de alta complexidade17 , como contratos de infraestrutura,
criam um painel formado por profissionais que detenham a expertise do objeto daquele contrato,
para, já durante a sua execução, dirimir as questões/controvérsias que surjam entre os contratantes.

À figura do arbitrato irrituale, dada a diferença de sua natureza assim como de sua fundamentação
em relação ao arbitrato rituale, não era aplicável nenhuma das regras relativas à arbitragem
constantes do CPC (LGL\2015\1656) 1865.

Em uma metáfora, a nosso ver, brilhante, Redenti afirma que as partes, no arbitrato irritual,

“[...] possono perfino affidare agli arbitri-arbitratori un foglio sottoscritto preventivamente ‘in bianco’ sul
quale gli arbitri-arbitratori stenderanno materialmente il testo, così che esso prenda, anche
materialmente, l’aspetto che avrebbe, se le parti lo avessero esse medesime tradotto in una scrittura
privata sottoscritta”18 .

6.As lições de Redenti acerca da Cláusula Compromissória e do Compromisso Arbitral

Adentrando a um tema extremamente caro a Redenti, sobre o que, inclusive, dedicou monografia
específica: a Cláusula Compromissória e o Compromisso Arbitral19 , sigamos com base na cronologia
do CPC italiano de 1942 e suas ulteriores modificações.

6.1.O compromisso em si

O compromisso arbitral, com previsão específica no art. 806, é, segundo Redenti, um contrato
complexo e composto (composto, pois é a combinação unitária de outros contratos elementares). O
acordo, conforme redação atual do art. 807, se conclui entre as partes em litígio, devendo conter, por
escrito, a identificação da controvérsia, sob pena de nulidade.

Uma rápida nota acerca do CPC italiano em vigência: ele passou por diversas reformas. Uma
bastante relevante para o tema aqui tratado foi objeto do Decreto Legislativo 40/2006
(LGL\2006\2082) que, em seu Capo II, através dos artigos 20 a 25, modifica diversos, para não dizer
quase que a totalidade, dispositivos do CPC (LGL\2015\1656) relativos ao procedimento arbitral.

A lei fala em arbitri, mas pode ser um único arbitro. Sempre, porém, em número dispari. Redenti fala
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na nulidade de um compromisso que estabeleça a indicação de dois árbitros, somente. Porém,


haveria a hipótese de esses dois árbitros indicarem um terceiro, caso necessário, em virtude do
desacordo de suas posições, figura essa que, no dizer de Redenti, seria uma espécie de
superárbitro.

O compromisso arbitral é o primeiro ato de disposição das partes no sentido de que pretendem que
sua controvérsia seja resolvida por um terceiro neutro, particular. Nesse momento, entretanto, ainda
não há a aceitação desse terceiro. Esse primeiro ato indica apenas o modo de solução da
controvérsia, posteriormente, será necessária a aceitação do terceiro.

Havendo apenas a indicação do modo, deve-se entender esse negócio como um contrato que,
despido de regras especiais, está sujeito às regras do Código Civil (LGL\2002\400) para os contratos
em geral.

O objeto do compromisso é o exercício da ação civil (de conhecimento) que se concretiza na


submissão voluntária de todas as partes ao juízo arbitral. Esse acordo, na visão de Redenti, não tem
natureza processual, pois tem a ver, mais propriamente, com o modo de exercício do direito de ação.
Suas consequências, entretanto, refletem, necessariamente, no processo20 .

Já que o objeto do compromisso é a estipulação do modo de resolução de uma controvérsia


existente entre as partes signatárias daquele negócio (jurídico), na hipótese de um litisconsórcio
necessário em que nem todos os litisconsortes subscreveram o compromisso, os árbitros deverão
limitar-se a declarar o compromisso ineficaz.

As regras gerais dos contratos, inclusive as relativas aos vícios de consentimento, são aplicáveis ao
compromisso arbitral.

A mera contratação do compromisso produz, imediatamente (mesmo antes da aceitação dos


árbitros), seus efeitos constitutivos em relação ao modo do exercício de ação. A partir desse
momento, já existe o direito à exceção arbitral perante o juízo estatal, comumente exercido mediante
exceção de incompetência, termo técnico, no entender de Redenti – e no de muitos, como no
nosso –, mal utilizado. O art. 817 já previa, à época de Redenti, essa atecnia: tratar exceção de
jurisdição como se de incompetência fosse. Competência é a divisão que se dá, entre os órgãos do
Judiciário, do poder estatal. A arbitragem, no entanto, exclui todo o sistema de órgãos do judiciário.
De arguição de incompetência, assim, definitivamente, não se trata.

A exceção arbitral pode ser objeto de renúncia, inclusive tácita (esta, pelo não exercício da exceção
oportunamente e mediante a apresentação de defesa perante a jurisdição estatal).

No escólio de Redenti, a autoridade competente a se manifestar sobre a ineficácia, nulidade ou


anulabilidade do compromisso arbitral era o juízo estatal, em sede de julgamento de exceção arbitral
(entendimento, então, contrário ao princípio Kompetenz/Kompetenz).

O compromisso se completa com a aceitação do árbitro à sua indicação. É nesse momento que se
forma um novo acordo bilateral – e complementar – entre as partes e os árbitros, consolidando o
negócio composto. A esse contrato também são aplicáveis as regras gerais dos contratos21 , inclusive
as relativas ao mandato, pois de um mandato sui generis se trataria.

6.2.Os árbitros e sua indicação

A indicação dos árbitros ocorre de conformidade com o disposto no art. 810, enquanto o
procedimento para sua recusa está estabelecido no art. 815.

Os motivos de recusa de um árbitro são, conforme Redenti, os mesmos para a recusa da atuação de
um juiz estatal. No Brasil, se dá o mesmo: as bases para impedimento e suspeição do juiz (arts. 144
e 145CPC (LGL\2015\1656)) são aplicáveis aos árbitros (art. 14, Lei 9.307/1996 (LGL\1996\72)).

Nos moldes dos arts. 810 e 815, a ausência de nomeação de árbitro por uma das partes, assim
como a recusa da indicação de um dos árbitros, se não resolvidas amigavelmente, remetem as
partes ao Judiciário. Na lição de Carnacini, a atividade judicial, em substituição à vontade das partes,
assim como a de implantar a força executiva ao laudo arbitral, é uma espécie de exercício de
jurisdição voluntária22 .

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A função do árbitro não se origina da parte que o indicou, do interesse pessoal daquela, mas sim de
todas as artes envolvidas na controvérsia entregue à arbitragem, isto é, o encargo do árbitro lhe é
conferido pelas partes signatárias do compromisso, por força desse negócio, portanto. Assim, a
aceitação do árbitro é endereçada a todas as partes e não exclusivamente àquela que o nomeou.

A nomeação do árbitro, mesmo quando isso provenha, conforme Carnacini, do exercício da


jurisdição voluntária do juízo estatal, é uma mera designação ao encargo; não uma imposição.
Assim, também nessa hipótese, o árbitro só assume o encargo com a sua efetiva aceitação quando
começa a fluir o prazo do procedimento arbitral23 .

Redenti estabelece que o contrato celebrado entre as partes e os árbitros é de empreitada de


conteúdo intelectual, cujo objeto é conhecer e decidir a demanda. É uma obrigação cujo resultado é
o ato jurídico consistente na sentença arbitral (atualmente laudo arbitral, conforme definição do CPC
italiano vigente). Os árbitros prometem a prestação e a entrega de um serviço intelectual que se
traduz no cumprimento de um mandato24 .

Ainda segundo o jurista italiano, cujo pensamento se estuda neste ensaio, a obrigação dos árbitros
perante as partes é do tipo modal: sua atuação deve ser diligente, imparcial, proba e justa (ou com
base na equidade quando esta for estipulada, pelas partes, como base para julgamento). É uma
obrigação de natureza civil, mas que também tem natureza pública25 por força da autoridade e
eficácia que sua decisão adquire, uma vez homologada pelo pretor que realiza um exame de
regularidade meramente formal e extrínseca.

O compromisso arbitral faz nascer o direito à exceção de improcedibilidade da demanda perante o


Poder Judiciário, como já tivemos a oportunidade de mencionar anteriormente. É o efeito negativo da
contratação do compromisso arbitral. Redenti não deixa de mencionar o efeito positivo que decorre
do compromisso: a legitimidade que assume o juízo arbitral para a solução da controvérsia.

6.3.A cláusula compromissória

No que tange à cláusula compromissória, Redenti afirma que ela difere do compromisso,
basicamente, por estabelecer, a priori, que os árbitros deverão decidir sobre uma controvérsia que,
porventura, venha a surgir em decorrência da execução de um contrato principal celebrado entre as
partes.

Para ele, a cláusula compromissória deve ser interpretada restritivamente, pois exclui o acesso à
jurisdição estatal e resulta do exercício da vontade das partes.

Ainda, afirma que a cláusula não constitui um negócio autônomo, mas acessório/adicional ao
contrato principal26 . Pode constar desse contrato principal ou ser concluída, separada e
posteriormente, mas, sempre, com referência explícita ao contrato principal. Deve, assim como o
compromisso, ser acordada por escrito (art. 80827 ), sob pena de nulidade.

Quanto à sua estrutura esquemática, a cláusula compromissória, ao ver de Redenti, possui os


mesmos requisitos do compromisso, configurando, também ela, um contrato complexo e que
autoriza, antes mesmo da aceitação dos árbitros, a oposição da exceção de incompetência nos
mesmos moldes do compromisso arbitral.

6.3.1.Hipóteses de início da arbitragem – aventadas por Redenti – quando estipulada em


cláusula compromissória

São as seguintes hipóteses aventadas por Redenti, em relação ao início de um procedimento


arbitral, quando tiver sido objeto de contratação via cláusula compromissória.

Assim, surgida uma controvérsia:

(i) as partes assinam um documento com as características do compromisso e, com isso, a cláusula
compromissória, no entender de Redenti, teria servido como uma espécie de contrato preliminar.
Nesse caso, se os árbitros já tiverem sido indicados pelas partes, não haverá a necessidade de
ratificação e, se já tiverem aceito o encargo, bastará sua mera notificação, começando, então, a fluir
o termo do procedimento arbitral.

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Se, nomeados, os árbitros não tiverem, ainda, aceito o encargo, será necessária sua aceitação para
início da fluência do prazo. Por fim, se as partes não tiverem nomeado os árbitros ou estes vierem a,
por qualquer motivo, faltar, será necessária sua nomeação, com base nos arts. 809 a 811 e, também
nesta última hipótese, o início da fluência do prazo dar-se-á, a partir da aceitação.

(ii) as partes não acordam acerca do documento a regular o procedimento para resolução de sua
controvérsia. Neste caso, a parte interessada deverá notificar a outra sobre a sua intenção de dar
início a um procedimento arbitral, notificação essa que deverá ser encaminhada, também, aos
árbitros, caso já tenham previamente sido indicados e aceito o encargo. O termo de fluência do
procedimento iniciará a partir dessa notificação.

Se os árbitros já tiverem sido nomeados, mas não tiverem aceito, o termo fluirá a partir da aceitação.
E, por fim, se os árbitros não tiverem sido nomeados, a parte interessada deverá notificar a outra,
expondo a sua intenção de dar início ao procedimento, indicando seu árbitro, com base na cláusula
compromissória contratada e, se necessário, deverá se utilizar do disposto no art. 810.

6.4.Objeto do compromisso arbitral e da cláusula compromissória

O objeto do compromisso arbitral e da cláusula compromissória são as questões levantadas pelas


partes. Questões como sendo a proposição de um problema sobre o qual os árbitros deverão
cumprir sua empreitada intelectual consistente em julgar a controvérsia que lhes tiver sido
apresentada. Em outros termos: questões são a matéria do litígio28 .

E, sobre a possibilidade de as partes incluírem, durante o trâmite da arbitragem, outras questões que
não aquelas inclusas no compromisso ou na cláusula, Redenti invoca a inovação (àquela época) do
terzo comma do art. 817 (a preclusão)29 .

No que tange às questões prejudiciais inarbitráveis, ele invoca o, naquela época, art. 819 que
estabelecia a suspensão do procedimento com envio ao Judiciário para a apreciação e o julgamento
de tal matéria, com posterior continuação do procedimento arbitral (algo como o nosso antigo art. 25
da Lei 9.307/1996 (LGL\1996\72)).

Em verdade, o art. 819, à época de Redenti (prima del Decreto Leg. 40/2006), previa dita suspensão.

Hoje, contudo, os arts. 819 e 819 bis assim estabelecem acerca da matéria:

“819. Questioni pregiudiziali di merito. Gli arbitri risolvono senza autorità di giudicato tutte le questioni
rilevanti per la decisione della controversia, anche se vertono su materie che non possono essere
oggetto di convenzione di arbitrato, salvo che debbano essere decise con efficacia di giudicato per
legge.

Su domanda di parte, le questioni pregiudiziali sono decise con eficacia di giudicato se vertono
materie che possono essere oggetto di convenzione di arbitrato. Se tali questioni non sono comprese
nella convenzione di arbitrato, la decisione con efficacia di giudicato è subordinata alla richiesta di
tutte le parte ” (questão prejudicial que, por lei, não deva ser resolvida com força de coisa julgada,
pode ser apreciada e decidida, pelo árbitro, mesmo que se trate de matéria inarbitrável e a pedido da
parte pode, também, ser resolvida com força de coisa julgada, se se tratar de matéria arbitrável).

“ 819 bis. Sospensione del procedimento arbitrale. Ferma l’applicazione dell’ articolo 816 sexies, gli
arbitri sospendono il procedimento arbitrale con ordinanza motivata nei seguenti casi:

(...)

2) se sorge questione pregiudiziale su materia che non può essere oggetto di convenzione d’arbitrato
e per legge deve essere decisa con autorità di giudicato;

(...)”

Se, contudo, a lei determina que a questão prejudicial inarbitrável deva, necessariamente, ser
julgada com força de coisa julgada, os árbitros devem suspender o procedimento, enviando a
questão para julgamento pelo Judiciário.

7.Referências bibliográficas
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Sobre a arbitragem, na Itália, no enfoque de Enrico
Redenti: rápidas incursões na atualidade

BONATO, Giovanni. Panorama da arbitragem na França e na Itália. Perspectiva de direito


comparado com o sistema brasileiro. Revista Brasileira de Arbitragem, v. 11, issue 43, 2014,
p. 59-92. Disponível em:
[https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/208504/mod_resource/content/0/BONATO%2C%20Arbitragem%20na%20Fra
Acesso em: 12 out. 2020.

CARNACINI, Tito. Arbitraje. Traducción de Santiago Sentís Melendo. Buenos Aires: E.J.E.A., 1961.

REDENTI, Enrico. Diritto Processuale Civile. Milano: Giuffrè, 1954.

REDENTI, Enrico. El Compromiso y La Clausula Compromisoria. Argentina: Ediciones Olejnik, 2018.

REDENTI, Enrico. Profili Pratici. Milano: Giuffrè, 1938.

RIBEIRO, Ana Paula Brandão; RODRIGUES, Isabella Carolina Miranda. Os Dispute Boards no
Direito Brasileiro. Revista Direito Mackenzie, v. 9, n. 2, 2015, p. 129-159.

TARUFFO, Michele et al. Commentario Breve al Codice di Procedura Civile. Milano: Wolters Kluwer,
2017.

1 .REDENTI, Enrico. El Compromiso y La Clausula Compromisoria. Argentina: Ediciones Olejnik,


2018.

2 .REDENTI, Enrico. Profili Pratici. Milano: Giuffrè, 1938.

3 .REDENTI, Enrico. Profili Pratici… Op. cit., p. 212. De nossa parte, embora a afirmação pudesse
fazer sentido à época em que sustentada, pois que embasada nas noções jurídicas que se tinham,
naquele momento histórico, não conseguimos concordar com a colocação de que a relação formada
entre partes e árbitros seja uma espécie de mandato em que se outorgam poderes ao terceiro neutro
para julgar a controvérsia. Em verdade, a figura do mandato envolve a outorga de poderes do
mandante ao mandatário para que este aja em prol dos interesses daquele, em conformidade com
suas determinações. Na arbitragem, qualquer que seja sua modalidade: rituale ou irrituale, o terceiro
age em prol da solução da controvérsia, sem que tenha que cumprir as determinações/instruções do
contratante. Muito pelo contrário, na arbitragem, apresentadas as alegações, o terceiro neutro deverá
julgar de conformidade com o direito e não com os interesses das partes. De novo, o melhor
interesse, no caso, é o da solução da controvérsia.

4 .REDENTI, Enrico. Diritto Processuale Civile. Milano: Giuffrè, 1954. p. 445.

5 .Note que Redenti escreve os Profili... sob a égide do CPC (LGL\2015\1656) 1865. A 3ª edição de
seu Diritto Processuale, por sua vez, é lançada sob a luz do CPC (LGL\2015\1656) 1942.

6 .Expressão não utilizada por Redenti.

7 .Na Itália, há legislação específica também, prevendo os procedimentos arbitrais envolvendo


matérias respeitantes às obras públicas (Decreto Legislativo 163/2006 (LGL\2006\1829), alterado
pelo Decreto Legislativo 53/2010 (LGL\2010\1243)).

8 .BONATO, Giovanni. Panorama da arbitragem na França e na Itália. Perspectiva de direito


comparado com o sistema brasileiro. Revista Brasileira de Arbitragem, v. 11, issue 43, 2014,
p. 59-92.

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Sobre a arbitragem, na Itália, no enfoque de Enrico
Redenti: rápidas incursões na atualidade

9 .“L’arbitrato irrituale si fonda su un atto di investidura privata con il quale viene demandata agli
arbitri un’attività negoziale in sostituzione delle parti e non una funzione giurisdizionale... Il c.d.
arbitrato irrituale, che costituisce espressione dell’autonomia privata costituzionalmente garantita,
consente alle parti, sempre che si verta una materia non attinente ai diritti fondamentali, di scegliere
altri soggetti, quali gli arbitri, per la tutela dei loro diritti in luogo dei giudici ordinari, ai quali è
demandata la funzione giurisdizionale [...]” (TARUFFO, Michele et al. Commentario Breve al Codice
di Procedura Civile. Milano: Wolters Kluwer, 2017. p. 3.765).

10 .“Nell’arbitrato irrituale o libero, che si traduce in una regolamentazione contrattuale della contesa,
le parte se affidano alla volontà espressa dagli arbitri, quali loro mandatari, in sostituzione della
volontà delle parti stesse; tale manifestazione non è soggetta all’obbligo della motivazione... L’oggetto
dell’incarico ad arbitri irrituali non è la transazione, ma l’accertamento sostitutivo della volontà dei
contraenti”. (TARUFFO, Michele et al. Op. cit., p. 3.766).

11 .“Il permanere del dubbio interpretativo circa l’effettiva volontà dei contraenti impone, comme
corretta opzione interpretativa, la dichiarazione dell’irritualità dell’arbitrato, tenuto conto del carattere
del tutto eccezionale dell’arbitrato rituale, introduttivo, pur sempre, di una deroga alla competenza del
giudice ordinario”. (TARUFFO, Michele et al. Op. cit., p. 3.768).

12 .Op. cit., p. 3.876.

13 .Diritto Processuale Civile… Op. cit., p. 487. Mais à frente (p. 489), Redenti afirma que “[G]li
arbitrati cosiddetti liberi sono prodotto di una ibridazione degli arbitrati con gli arbitramenti, creata od
escogitata dalla prasi ed elaborata dalla dottrina e dalla giurisprudenza senza un preciso appoggio
testuale.”

14 .Profili Pratici… Op. cit., p. 218.

15 .Profili Pratici… Op. cit., p. 219.

16 .“[...] os dispute boards consistem em um comitê formado por profissionais especialistas em


matérias técnicas e diversas que, em conjunto, são nomeados para acompanhar o desenvolvimento
de um contrato, cuja execução se estenda no tempo, desde o seu início, e analisar as possíveis e
eventuais controvérsias técnicas que possam surgir durante a relação contratual, emitindo, segundo
os termos e estipulações do contrato, decisões com força vinculativa ou não para os contratantes.”
RIBEIRO, Ana Paula Brandão; RODRIGUES, Isabella Carolina Miranda. Os Dispute Boards no
Direito Brasileiro. Revista Direito Mackenzie, v. 9, n. 2, 2015, p. 129-159.

17 .Sendo utilizado cada vez mais também em outras áreas, como em contratos de natureza
societária e de investimentos.

18 .Diritto Processuale Civile… Op. cit., p. 489.

19 .REDENTI, Enrico. El Compromiso y La Clausula Compromisoria. Argentina: Ediciones Olejnik,


2018. Edição Argentina aos cuidados de Carlos Antonio Agurto Gonzáles, Sonia Lidia Quequejana
Mamani e Benigno Choque Cuenca.

20 .Diritto Processuale Civile. Em sentido oposto, o pensamento mais atual de Carpi e Taruffo (Op.
cit., p. 3.762) ao dissertar sobre a cláusula compromissória: “Infatti, mentre il contrato ha una
funzione sostanziale in quanto volto a regolamentare un conflitto di interessi, segnando il punto di
equilibrio nel quale il conflito si compone, la clausola compromissoria ha una funzione processuale, in
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Sobre a arbitragem, na Itália, no enfoque de Enrico
Redenti: rápidas incursões na atualidade

quanto volta ad individuare un giudice per dirimere eventuali controversie che possano insorgere da
quel contratto [...]”

21 .“La opinión predominante en cuanto al acuerdo fundamental entre las partes, sobre el cual se ha
fijado la atención de los estudiosos, es que el mismo tiene los caracteres de un contrato según el
Código civil, pero con objeto y contenido procesales.” (El Compromiso y La Clausula
Compromisoria… Op. cit., p. 15).

22 .“En este momento entra em acción el pretor, quien, desplegando funciones tipicamente de
jurisdicción voluntaria, si comprueba la oportunidad del depósito y la regularidade formal del laudo, lo
declara ejecutivo por medio de decreto” (art. 825, ap. 2º). (CARNACINI, Tito. Arbitraje. Traducción de
Santiago Sentís Melendo. Buenos Aires: E.J.E.A., 1961. p. 164).

23 .E, no sentir de CARNACINI, Tito (Op. cit., p. 41): “Podemos, pues, sentar como firmes que, tanto
si el arbitraje proviene de compromisso como si proviene de cláusula compromisoria, es siempre la
aceptación de los árbitros el acto que, haciendo perfecto el vínculo compromisorio, marca el
momento inicial del processo arbitral.”

24 .El Compromiso y La Clausula Compromisoria... Op. cit., p. 19.

25 .A atividade do árbitro só tem natureza pública, no sentir de Redenti, em virtude da necessidade


de sua homologação pelo Estado-juiz, a fim de que adquira força executiva; caso contrário, não
haveria se falar nessa natureza pública da função arbitral.

26 .A despeito dessa acessoriedade da cláusula, Redenti sustenta que: “può anche avvenire che
delle cause di nullità o annullabilità che inficiano il contratto principale, non si estendano alla
formazione della clausola. E così per l’appunto può anche avvenire che se il tenore di questa lo
consenta, restino demandate agli arbitri anche delle controversie relative alla efficacia, validità o
annullabilità del contrato principale. Inversamente può essere nulla o annullabile la clausola e valido il
contratto principale [...]” (Diritto Processuale Civile… Op. cit., p. 462).

27 .O art. 808, comma 2 vigente estabelece a autonomia entre a cláusula compromissória e o


contrato a que ela se refere. Carpi e Taruffo (Op. cit., p. 3762) assim lecionam a esse respeito: “La
clausola non è un patto accessorio del contratto nel quale è inserita, ma ha propria individualità ed
autonomia, nettamente distinta da quella del contratto cui accede [...] Trattasi, invero, di una clausola
dotada di piena e completa autonomia rispetto al negozio nel quale è inserita.”

28 .El Compromiso y La Clausula Compromisoria… Op. cit., p. 24.

29 .“La parte, che non eccepisce nel corso dell’arbitrato che le conclusioni delle altre parti esorbitano
dai limitti della convenzione arbitrale, non può, per questo motivo, impugnare il lodo.”

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