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CONDICIONAMENTO OPERANTE E ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO

Conforme estudado anteriormente e com base em Skinner, quando se reforça o


comportamento é necessário considerar dois aspectos: (i) a origem da resposta que está
sendo reforçada e (ii) o modo ou como usarei esse reforço.
Levando em consideração o reforço (ou reforçadores), é possível classifica-lo de acordo
com os seguintes critérios:
1) Classificação quanto à natureza do reforço:
a) Reforço Primário: é todo aquele que venha a satisfazer às necessidades primárias
(alimento, sono e etc.)
b) Reforço secundário é todo aquele que satisfaz necessidade secundária, ou seja,
elogios, dinheiro (ninguém come elogio, ninguém come dinheiro). O reforço secundário
sempre está associado a algum reforçador primário, embora muitas vezes não se
consiga saber qual é o reforçador primário.
2) Classificação quanto ao modo de aplicação:
a) Reforço Positivo: é quando eu dou alguma coisa que o sujeito gosta e ele tende a reter
e a manter. Então, ele vem logo após a um comportamento e vai ter a função de fazer
com que esse comportamento permaneça. O sujeito tende a reter e manter.
b) Reforço Negativo: tem que ter muito cuidado para falar dele, porque, na verdade, ele
é bom. Por isso, ele é reforço. Então, não pode confundir o nome negativo com um valor
bom ou ruim. Reforço é sempre bom. O aspecto negativo está relacionado ao fato de se
considerar um estímulo aversivo. Então, no reforço negativo, o sujeito se comporta para
que aquele agente aversivo presente no meio seja removido (o efeito reforçador é o
fato dessa coisa desagradável ser removida). Por exemplo, quando você atende a uma
moça que fica o tempo todo ligando para você no telemarketing (comportamento
desagradável), e você compra o que ela quer, você vai ser reforçado negativamente. Por
que? Porque quando você compra, ela para de lhe perturbar. Então, para a moça do
telemarketing foi bom. Comprei, bacana! Você, o que faz com isso? Você aprende que,
se você comprar, você eliminará uma situação ruim. Então, todas as vezes que alguém
te ligar, você compra logo para se livrar dessa pessoa. Ela falar com você o tempo todo,
na verdade, é algo ruim. Então, você compra para eliminar essa situação ruim, fazendo
com que ela pare de ligar. Então, você foi reforçado negativamente.
Reforço negativo eliminação de alguma coisa desagradável. Reforço positivo
recebimento de alguma agradável que o sujeito tende a querer e a manter.
As pessoas tendem a confundir o reforço negativo com a punição. A punição é a
introdução de alguma coisa desagradável. O reforço negativo é a remoção dessa coisa
desagradável. Por que as pessoas tendem a confundir? Porque nas duas situações
(reforço negativo e punição) está presente o estímulo aversivo. No entanto, o modo de
utilização é diferente. Um você remove (reforço negativo) e outro você introduz
(punição). E a punição é muito mal vista. Os estudos apontam para o fato de que, na
punição, não há formação de comportamento. O sujeito apenas para de se comportar,
enquanto ela está presente.
Agora, um aspecto muito importante do reforço é o modo como o reforço é aplicado
para o sujeito após o comportamento. O modo como o reforço é aplicado se chama
Esquemas de Reforço. E isso fica totalmente a critério do experimentador. De acordo
com o que eu queira e com a situação da aprendizagem, como experimentador, planejo
o modo como o reforço vai ser dado. Isso é muito importante porque eu posso trabalhar
com um número de respostas dadas pelo sujeito ou eu posso trabalhar com intervalo
de tempo.

Esqueças de reforçamento: modo como o reforço é aplicado para o sujeito após o


comportamento.

E aí, quanto ao modo de aplicação do reforço para o sujeito, eu posso trabalhar com:
a) O número de respostas dadas pelo sujeito = Esquemas de reforço de razão (considero
o número de respostas)
a.1) Número de respostas fixo

a.2) Número de respostas variável

b) O tempo = Esquemas de reforço de intervalo (considero o tempo entre as respostas)


b.1) Tempo fixo
b.2) Tempo variável

Dessa forma, tem-se a seguinte combinação de Esquemas de Reforço:


a) Esquema de Reforço de Razão Fixa
b) Esquema de Reforço de Razão Variável
c) Esquema de Reforço de Intervalo Fixo
d) Esquema de Reforço de Intervalo Variável
a) Esquema de Reforço de Razão Fixa: É quando estabeleço um número fixo de resposta
e dou para esse número fixo de respostas um reforçador. Então, a cada uma resposta,
eu posso dar um reforço. Eu posso estabelecer que eu quero que o sujeito dê 4 respostas
para que eu dê um reforço. Eu posso estabelecer que ele dê 3 respostas seguidas para
eu dar para ele um reforçador. Posso estabelecer que o rato pressione a barra 3 vezes
para depois dessas 3 vezes, ele ganhar apenas uma bolinha de comida. Eu posso
estabelecer que você está digitando minha monografia, e eu vou lhe pagar após 10
páginas digitadas. Então, eu combinei com você que a cada 10 páginas digitadas para
mim, eu lhe pago R$ 5,00. Essa situação revela um número fixo de respostas e, logo
depois, eu dou um reforçador.

b) Esquema de Reforço de Razão Variável: quando o experimentador estabelece um


número variável de respostas para que ele dê o reforçador. Dessa forma, posso
estabelecer que a cada 3 respostas, eu dou o reforço; que a cada 2 respostas, eu dou o
reforço e a cada 5 respostas, eu dou o reforço. Então, essa sequência 3-2-5 vai ser
reforçada e o sujeito aprende. Por isso que quando você tinha adestramento de animal
em circo, você observava o animal fazer uma série de coisas e o reforço era dado depois
dessa sequência de coisas.
Então, no esquema de reforço de razão fixa, ocorre um número fixo de resposta e um
reforço; no esquema de reforço de razão variável, ocorre um número de respostas
variável. Mas é um esquema variável que o experimentador sabe qual é a variação e,
geralmente, é uma sequência de 3 ou 4 quatro números de respostas diferente para que
ele ganhe o reforço.

c) Esquema de Reforço de Intervalo Fixo: o experimentador estabelece um tempo x


para que ele dê o reforço para o sujeito. Assim, ele estabelece que a cada 1 minuto o
sujeito, respondendo ou não, ele vai ganhar um reforçador. No entanto, o esquema de
intervalo, que é o tempo, é ruim. Por que? Porque ele faz com que o sujeito fique muito
sem controle do seu comportamento e da chegada da resposta. Então, nesse caso, o
experimentador estabelece que a cada 1 minuto, ele vai dar uma bolinha de ração para
o rato. Então, independentemente do número de vezes que o rato pressiona a barra,
ele vai ganhar o reforço a cada 1 minuto. E, lógico, que o experimentador para fazer isso,
ele tem que ter um objetivo. E, no geral, o que se observa é que o sujeito aprende a
responder a cada vez mais perto do término do tempo estabelecido. Então, com o passar
das tentativas, o sujeito (o rato), no início do período de 1 minuto, fica quase que sem
fazer nada. Vai chegando ao final do 1 minuto, o rato vai pressionando a barra,
pressionando a barra e é como se ele estivesse pedindo para ganhar a bolinha de ração.
d) Esquema de Reforço de Intervalo Variável (não é legal): o sujeito não tem o menor
controle de quando vai ganhar o reforço. Por que? Porque não tem regra nenhuma. O
experimentador dá o reforço quando ele quer. Nessa situação de esquema de reforço
de intervalo variável, o experimentador dar o reforço quando quiser. Isto leva a uma
situação que é a situação do Desamparo (descrição do Seligman). O desamparo é uma
síndrome que ocorre quando o sujeito não tem controle nenhum do seu
comportamento e de quando ele ganhará algum tipo de recompensa (reforço) por
aquilo que ele faz. Assim, é possível se ter exemplos de situações sociais que as pessoas
entram no desamparo.
Por exemplo: uma funcionária do lar que você paga quando quer, ou então, você dar
uma parte do salário dela, e diz para ela o seguinte: amanhã eu dou o resto, e não dá.
Em um outro dia, você dá mais R$ 50,00 e fica devendo R$ 400,00, e diz o seguinte: na
semana que vem, eu lhe darei o restante e não dá nada (somente depois de 15 dias a
sua funcionária do lar recebe mais uma parte). Aí, já fechou o mês e você não acabou
de pagar esse mês e não sabe quando pagará o mês seguinte. E ela continua trabalhando
normalmente, e não sabe quando você pagará o restante ou não. Isso é esquema de
reforço de intervalo variável.

Por exemplo, as pessoas que vão para um hospital público, vão e não tem controle
algum se vão ser atendidas, que horas vão ser atendidas e que médicos a atenderão.
Essa falta de controle vai fazendo com que elas paralisem. Elas vão entristecendo, ficam
caladas e a cara das pessoas em uma fila de atendimento de um hospital público, além
da doença, é aquela cara de total desânimo, de total descontrole. Isso é um exemplo
também de esquema de reforço de intervalo variável, onde o sujeito responde e se
comporta no meio e não tem a menor noção de quando a resposta chega.

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