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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Amanda Andrade dos Santos


André Zenao Lopez Soares
José Carlos Lisboa Santos
Julia Strassmann
Rafael Silva Fontes dos Santos
Vitória Eduarda Santana Santos

Projeto A3: Doença Celíaca

São Paulo
2022
Amanda Andrade dos Santos
André Zenao Lopez Soares
José Carlos Lisboa Santos
Julia Strassmann
Rafael Silva Fontes dos Santos
Vitória Eduarda Santana Santos

Projeto A3: Doença Celíaca

Trabalho de elaborado para a Unidade Curricular


(UC) de Mecanismos de Agressão e Defesa
(MAD) com orientação do prof. Gabriel Inácio e
profª. Gioconda Moura.

São Paulo
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................3
2 OBJETIVOS...................................................................................................4
3 DESENVOLVIMENTO....................................................................................4
3.1 PATOLOGIA...................................................................................................4
3.2 MECANISMOS DE AÇÃO E DE RESPOSTA IMUNOLÓGICA.....................5
3.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS.......................................................................6
3.3.1 MANIFESTAÇÕES EM CRIANÇAS...............................................................6
3.3.2 FORMA TÍPICA..............................................................................................6
3.3.3 FORMA ATÍPICA............................................................................................6
3.3.4 FORMA SILENCIOSA....................................................................................7
3.4 DIAGNÓSTICO...............................................................................................7
3.5 TRATAMENTO...............................................................................................7
4 CONCLUSÃO.................................................................................................9
REFERÊNCIAS............................................................................................10
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1 INTRODUÇÃO

Antígenos são substâncias que induzem resposta imunológica específica ao


serem reconhecidos pelos leucócitos ou por anticorpos. As Células Apresentadoras
de Antígenos (APC’s), como macrófagos ou células dendríticas, fagocitam a
substância e a apresentam aos linfócitos. Na imunidade celular, os linfócitos TCD4+
ou auxiliares são responsáveis por ativar as APC’s que eliminam o antígeno. Já os
linfócitos TCD8+ ou citotóxicos são encarregados de eliminar as APC’s.
O reconhecimento e apresentação de antígenos aos linfócitos T é
possibilitado pelo Complexo Principal de Histocompatibilidade, do inglês Major
Histocompatibility Complex (MHC). Ele é caracterizado por ser uma região genômica
capaz de produzir proteínas que são expressas na superfície celular, pode ser de
classe I e II. A classe I está presente em células nucleadas e elas apresentam
antígenos aos linfócitos TCD4+. A classe II está presente em células APC’s e elas
apresentam antígenos aos linfócitos TCD8+.
Os linfócitos T são produzidos na medula óssea e sofrem a maturação no
timo, em que são apresentados os autoantígenos para impedir a tolerância. A
autotolerância é definida pela incapacidade de resposta imunológica contra um
antígeno próprio, ou seja, os linfócitos reconhecem os autoantígenos e essa
interação não os ativam.
A autoimunidade é a resposta imunológica aos tecidos próprios ou a seus
componentes. Estas respostas podem ter consequências patológicas, ocasionando
doenças autoimunes. Podem ser originadas por:

o Fatores genéticos, em que o MHC apresenta os antígenos de forma


insuficiente aos linfócitos.
o Infecções ou estímulos ambientais, em que antígenos externos possuem
estruturas parecidas com a do próprio organismo, induzindo a autoimunidade
pela resposta cruzada (capacidade de um anticorpo específico para um
antígeno reagir com um segundo antígeno).
o Produção excessiva de coestimuladores e citocinas pelas APC’s.
o Mimetismo molecular (similaridade de epítopos expressos entre um
patógeno e uma molécula própria).
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2 OBJETIVOS

O presente trabalho possui o objetivo de discorrer sobre os mecanismos de


ação e de resposta imunológica, as manifestações clínicas, os métodos diagnósticos
e as formas de tratamento da Doença Celíaca – uma doença autoimune,
popularmente conhecida como alergia ou intolerância ao glúten, que afeta o sistema
gastrointestinal.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 PATOLOGIA

A Doença Celíaca é uma enteropatia do tipo autoimune – mais


especificamente uma hipersensibilidade do tipo IV - caracterizada por inflamações
da mucosa intestinal, principalmente nas vilosidades intestinais do duodeno, após a
ingestão de glúten. Caso glúten seja ingerido continuamente, as inflamações podem
levar à danos nas vilosidades, como hiperplasia das criptas e atrofia vilositária,
resultando em baixa absorção intestinal de nutrientes, gerando diversos quadros de
anemia, principalmente a do tipo ferropriva, e outros sintomas relacionados à baixa
absorção, como osteoporose, retardo no crescimento de crianças e adolescentes,
baixa fertilidade em mulheres, palidez etc.
A Doença Celíaca (DC), além de ser considerada uma doença
multissistêmica por afetar diversos sistemas do corpo humano, também é
considerada uma doença multifatorial, consequência direta do fato de ser uma
doença autoimune. Possui três fatores distintos, sendo eles fatores ambientais,
fatores imunológicos e fatores genéticos.

o Fator Ambiental: o Glúten, composto proteico, é o fator ambiental da doença


celíaca. Esse composto pode ser encontrado em cereais de diversos tipos,
sendo o trigo, cevada e centeio os exemplos mais importantes. O glúten
possui gliadina, uma prolamina toxica, em sua composição. Essa proteína é
resistente à ação de enzimas digestivas proteolíticas gástricas, sobrevivendo
em sua forma quaternária até alcançar o duodeno. No duodeno, por também
ter uma resistência às enzimas proteolíticas pancreáticas, consegue entrar
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dentro do tecido intestinal, alcançando a lâmina própria por conta da absorção


elevada inerente ao intestino, sem ter deformações em sua forma
tridimensional.

o Fator Imunológico: ao alcançar a lâmina própria, a gliadina reage com a


enzima transglutaminase tecidual do tipo 2 (TG2). O composto gerado por tal
reação é um antígeno, o qual possui alta afinidade pelo MHC do tipo II, mais
especificamente o HLA DQ2, DQ8 e, em casos raros, tipo DQ7. Células
dendríticas com esse HLA, situadas na lâmina própria intestinal, reagem ao
epítopo desse antígeno e o apresentam aos linfócitos TCD4+ através das
moléculas DQ2 e DQ8 do HLA, desencadeando uma resposta imune
inflamatória. Diversas citocinas e quimosinas são produzidas e
subsequentemente liberadas, estimulando os LTCD8+ e a vasodilatação,
resultando em dano tecidual, principalmente na mucosa intestinal. Os
Linfócitos B, também ativados pelas citocinas, diferenciam-se em
plasmócitos, os quais comumente liberam anticorpos específicos para esse
antígeno, sendo eles: anti-transglutaminase, anti-gliadina, anti-endomisio, etc.

o Fator Genético: embora o MHC tipo II DQ2 e DQ8 sejam comuns à


população em geral, aproximadamente 100% das pessoas que apresentam
doença celíaca possuem um, ou ambos, desses tipos de MHC.
Aproximadamente 80% dos pacientes com DC apresentam o MHC tipo II
DQ2, 10% apresentam MHC tipo II DQ8 e os 10% restantes apresentam
ambos os MHC.

3.2 MECANISMOS DE AÇÃO E DE RESPOSTA IMUNOLÓGICA

Como descrito anteriormente, a DC é uma hipersensibilidade do tipo IV.


Esse tipo de hipersensibilidade é caracterizado por lesão tecidual resultante da
ativação de linfócitos T, os quais induzem a inflamação ou, no caso do TCD8+
citotóxico, induzem as células do tecido à morte. Essas reações inflamatórias são
desencadeadas principalmente pelos TCD4+ Th1 e Th17, os quais secretam
diversas citocinas que ativam os leucócitos, mais especificamente macrófagos,
neutrófilos e TCD8+ citotóxicos.
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Acompanhando essas lesões teciduais, temos fortes respostas imunes


contra antígenos persistentes, principalmente por microorganismos e, no caso da
Doença Celíaca, moléculas resistentes às enzimas digestivas e fagócitos.

3.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A Doença Celíaca possui diversas formas de manifestações clínicas, já que


é uma enteropatia inflamatória, com o sintoma principal sendo a destruição das
vilosidades intestinais, e todos os outros sintomas são decorrentes da diminuição da
absorção de nutrientes pelo intestino, os quais possuem grande variação. Por conta
dessa grande variação de sintomas entre pacientes, os casos clínicos serão
organizados em categorias.

3.3.1 MANIFESTAÇÕES EM CRIANÇAS

Na infância, entre os 6 aos 24 meses, quando os cereais são introduzidos na


alimentação, podendo ser desenvolvidos sintomas como distensão abdominal,
atraso do crescimento, anorexia, entre outros. Os vômitos também são bem comuns
entre os 9 meses. Nas crianças mais velhas e adolescentes também são comuns os
sintomas de atraso no desenvolvimento, estado-ponderal e pubertário, anemia
recorrente e desempenho escolar diferente.

3.3.2 FORMA TÍPICA

Em suas diversas formas de manifestações, também existe a forma típica,


em que o quadro comumente apresenta: esteatorreia, meteorismo abdominal e
emagrecimento. Casos com osteoporose e diversos tipos de anemia também são
relativamente comuns, embora nem todos os pacientes desenvolvam tais sintomas
com muita frequência.
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3.3.3 FORMA ATÍPICA

Em sua forma atípica, pode haver dor abdominal e alterações no trânsito


intestinal, mimetizando um quadro de colopatia funcional, podendo apresentar
vômitos, diarreias, náuseas e anorexia. Suas formas extra intestinais, como a
anemia ferropriva, a Patologia Musculoesquelética etc. Também é importante citar a
dermatite herpetiforme, que embora não seja comum à maioria dos pacientes com
Doença Celíaca, a maioria dos pacientes com dermatite herpetiforme estão
relacionados à DC.

3.3.4 FORMA SILENCIOSA

Existem também as formas silenciosas, que são aqueles pacientes


assintomáticos, que apresentam atrofia vilositária nas biópsias duodenais, estando
expostos às diversas complicações da doença no futuro.

3.4 DIAGNÓSTICO

O seu diagnóstico não é tão simples, dando-se o fato de que os sintomas


são parecidos com diversos outros problemas gastrointestinais, não é certeiro que o
glúten seja responsável por eles. Caso seja de origem hereditária, tendo-se
frequentemente casos na família, o diagnóstico acaba se tornando mais fácil para
direcionar a investigação. O diagnóstico inclui exames de sangue para a verificação
de anticorpos específicos para a doença, mais especificamente o anti-endomisio
IgA, e uma biópsia do intestino delgado para se ter a confirmação, permitindo à
visualização das dobras do órgão responsável pela absorção se encontrando
atrofiados.

3.5 TRATAMENTO

Ainda não existe tratamento para esse enteropatia, dando-se o fato de que é
uma doença autoimune, mais especificamente uma hipersensibilidade do tipo IV, as
quais não possuem cura no momento, mas é possível ter o controle dos sintomas. O
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mais ideal para a reabilitação do paciente é se ter uma separação do fator ambiental
da doença, sendo ele o glúten. Uma dieta regrada sem o glúten é o passo mais
importante para a reabilitação dos pacientes, tendo como essencial o
acompanhamento de médicos e nutricionistas. Os graus da doença também são
diversificados, e para isso é importante o acompanhamento, para ver se o seu
organismo aceita uma quantidade de glúten, ou se não aceita nada.
O resto do tratamento tem foco em reparar os estragos que os sintomas já
citados anteriormente causaram no organismo, como por exemplo, a ingestão de
cálcio e ferro caso o paciente tenha chegado a desenvolver osteoporose e anemia
ferropriva respectivamente.
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4 CONCLUSÃO

Podemos concluir que a Doença Celíaca (DC), doença autoimune, que


popularmente é conhecida como alergia ou intolerância ao glúten, é o resultado dos
mecanismos de ação e de resposta imunológica do organismo humano, ou seja,
uma enteropatia do tipo autoimune, mais especificamente uma hipersensibilidade do
tipo IV, que como fora verificado, caracteriza-se por inflamações da mucosa
intestinal.
Além disso, a Doença Celíaca (DC) apresenta três fatores
desencadeadores, sendo eles: ambiental, imunológico e genético, todos eles
relacionados ao mecanismo de ação e de resposta imunológica do organismo, que
desencadeia uma resposta imune inflamatória. As formas de manifestações da
doença variam bastante, desde manifestações em crianças, além de formas típicas,
atípicas e silenciosas.
O diagnóstico da doença não é tão simples, pois seus sintomas são
parecidos com diversos outros problemas gastrointestinais e, a sua cura não existe,
havendo apenas tratamento com medidas para o controle dos sintomas, além de
tratamento com foto em reparar os danos que ela ocasiona.
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REFERÊNCIAS

COICO, Richard; SUNSHINE, Geoffrey. Imunologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN,


2010. E-book. 978-85-277-2341-1. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2341-1/. Acesso em:
04 set. 2022.

RITO NOBRE, S.; SILVA, T.; PINA CABRAL, J. E. Doença Celíaca Revisada.
Lisboa, vol. 14, 184-193, 2007. Disponível em:
http://www.eloizaquintela.com.br/guide_lines/DCA%20CELIACA%20III.PDF. Acesso
em: 04 set. 2022.

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