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UNIVERSIDADE ABERTA UNIISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

A inflamação e reparação

Glória Tomás Chanjunja


71221008

Quelimane, Agosto de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA UNIISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

A inflamação e reparação

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Nutrição da
UnISCED.
Tutor.

Glória Tomás Chanjunja

71221008

Quelimane, Agosto de 2023


1. Introdução

A pele é um órgão de extrema importância para a sobrevivência da espécie humana. É


formada pela derme, epiderme e a hipoderme subcutânea, cada uma dessas camadas com
características e funções diferentes, além de órgãos anexos como folículos pilosos, glândulas
sudoríparas, sebáceas e unhas (SÃO PAULO, 2021). Ela desempenha funções vitais a
exemplo da protecção das estruturas internas, percepção sensorial, regulação da temperatura
corporal, excreção, metabolismo e absorção (NOGUEIRA et al., 2005). Razão pela qual a
reparação do tecido lesado é primordial.

Diante do exposto, o presente estudo tem por objectivo identificar os aspectos nutricionais no
processo de inflamação e reparação. Usou-se a pesquisa bibliográfica, que na perspectiva de
Gil (2002:30), a esta metodologia é possível com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Esta será útil para a recolha de materiais
teóricos que enformam a temática sobre a nutrição e desnutrição e hábitos alimentares, assim
como usar-se a pesquisa online.
2. Desenvolvimento do tema
2.1.Inflamação

Definição: processo dinâmico de reacção (reactivo e resposta a algum estímulo) vásculo-


tecidual que tem por objectivo a eliminação do agente agressor ou a limpeza do local
(eliminar células inflamatórias), no caso de prender o dedo na porta, por exemplo (BOTTONI
et al.,2011). É uma resposta a alguma agressão, uma ferramenta de sobrevivência. Inflamação
é diferente de infecção.

2.1.1. Características Gerais

Complexidade evolutiva: depende da característica do organismo vivo. Por exemplo, os


mamíferos são mais desenvolvidos em questão de células, de respostas

Funções: eliminar complicações e agentes estranhos

Pode, em alguns casos, provocar prejuízos ao hospedeiro (hipersensibilidade algum


componente da maquiagem), inflamação crónica induzindo fibrose a complicação só piora,
compressão por abcessos ou granulomas). No caso da resposta imune é a resposta
inflamatória que está causando lesão tomar anti-inflamatório.

2.1.2. Pontos Cardeais da Inflamação


 Rubor: avermelhamento, hiperemia activa, vasodilatação;
 Calor: pelo aumento do fluxo sanguíneo, acumula calor do sangue;
 Tumor: aumento de volume associado ao edema inflamatório;
 Dor: alerta que alguma estrutura não está funcionando correctamente.

2.1.3 Tipos de inflamação

Aguda: mais precoce (ocorre primeiro), caracterizada por exsudação (acúmulo de elementos
no local inflamado). Conseguimos ver os pontos cardeais associados ao acúmulo de
elementos no local inflamado.

Crónica: mais tardia (ocorre depois), caracterizada por proliferação celular. Ocorre quando o
processo inflamatório não pode ser resolvido, seja pela persistência da causa (ex: tuberculose,
que é muito resistente ao nosso sistema, na fase aguda o corpo não conseguiu eliminar) ou por
interferência com o processo de cicatrização (ex: úlcera péptica, quando não são oferecidas
condições para ela se cicatrizar, como ingerir álcool, fumar, não comer por muito tempo
porque acidifica demais o estômago).

2.1.4. Factores nutricionais influenciam o processo inflamatório

As dietas ricas em fruta e vegetais estão associadas a diminuição do estado inflamatório. Os


fito químicos, presentes nestas dietas, apresentam efeito anti-inflamatório a nível do tecido
adiposo, através da sua acção em várias vias, nomeadamente na via do NF-kB (Zamboni, et
al. 2014).

Uma dieta rica em vegetais está associada a diminuição do risco de demência. Ao potenciar a
acção da insulina, esta dieta diminui o risco de obesidade, um dos factores de risco para o
desenvolvimento de demência (Caracciolo, 2014). Foi também demonstrado que um
consumo de fruta e vegetais apresenta benefício a nível cardiovascular através da sua
influência a nível do colesterol (Nadeem, et al. 2014).

Os ácidos gordos ricos em ómega-3 são um grupo de ácidos gordos essenciais que não são
produzidos em quantidade suficiente para o bom estado de saúde; logo, é necessário que
sejam ingeridos na dieta (Caracciolo, 2014). Encontram-se em elevada quantidade no peixe.
São reconhecidos pelo seu potencial anti-inflamatório e estão associados à diminuição da
incidência de doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes mellitus, doenças neurológicas,
doenças auto-imunes e osteoporose e ao aumento da esperança de vida (Georgiou, 2015).

Tem sido estudada como um meio de atenuar a sarcopenia associada ao envelhecimento. Nos
indivíduos idosos há menor sensibilidade à aminoacidémia pós-prandial, o que condiciona
uma diminuição da síntese de massa muscular; logo, é necessária maior ingestão proteica para
estimular a síntese de músculo (Zamboni, et al. 2014).

2.2. Reparação tecidual

É um processo patológico, evento final de um processo lesivo.

Regeneração: células são estimuladas a proliferar até o tecido ficar como era antes. Ocorre
principalmente em tecidos compostos por células lábeis (proliferam a vida toda e é mais fácil
de regenerar, como epitélios de revestimento, tecido hematopoiético) ou células estáveis (nem
sempre se regeneram totalmente, como células endoteliais, células musculares lisas,
fibroblastos)
Controle do processo de regeneração: recuperar a actividade funcional).

a) Genes indutores (induzem a duplicação da célula) e supressores (inibem a duplicação


celular) da proliferação celular;
b) Síntese de factores de crescimento (substâncias que estimulam a célula a trabalhar
mais ou menos, ou seja, que activam ou desactivam genes indutores e supressores)
e/ou expressão de seus receptores de superfície;
c) Expressão de seus receptores de superfície: capta o sinal dos factores de crescimento.

Cicatrização: substituição por tecido conjuntivo fibroso. Acaba levando ao prejuízo, pois
ocorre a perda de células específicas para ter deposição de colágeno e perda de elasticidade.

Fases: a) Limpeza (até o terceiro dia): retira os coágulos e células lesadas; b) Tecido de
granulação (a partir do terceiro dia): formado pela proliferação de fibroblastos (tecido
conjuntivo) e de capilares em meio a matriz extracelular; c) Fibrose (a partir da primeira
semana); d) Contracção da cicatriz: miofibroblastos (fibroblastos + miofibrina).

2.2.1. Factores nutricionais influenciam reparação dos tecidos

O estado nutricional tem grande importância na evolução da cicatrização, pois interfere em


todas as suas fases. A deficiência nutricional dificulta o processo de cicatrização, uma vez que
o sistema imune deprime-se diminuindo a qualidade e a síntese de tecido de reparação
(TAZIMA; YAMVA; MORIYA, 2008). As proteínas, por exemplo, cumprem uma função
essencial em todas as fases do processo de cicatrização de lesões, uma vez que, os alimentos
ricos em proteínas, ao serem ingeridos, se quebram até chegar às moléculas menores como
aminoácidos e peptídeos, sendo esses, micronutrientes fundamentais para a construção do
tecido conjuntivo (ONO; MATIAS; CAMPOS, 2014).

No processo de cicatrização as proteínas atuam na síntese de colágeno, proliferação de


fibroblastos, revascularização, imunidade e formação de linfócitos (BOTTONI et al., 2011). A
deficiência de proteína prejudica o processo de cicatrização, favorecendo maior risco de
infecções (BRAGA, 2012). Quando a depleção se dá antes da ocorrência do ferimento,
propicia a formação de reacções teciduais menos exuberantes do que quando ocorre após o
ferimento (NETO, 2003).
3. Conclusão

Notou-se a importância de uma alimentação saudável e o impacto da deficiência nutricional


no processo de inflamação e reparação tecidual, sendo que, um único nutriente deficiente
poderá prejudicar todo o processo. Assim, além da proteína, a formação de novos tecidos
depende de uma oferta concomitante de carboidrato, bem como de lipídios, vitaminas e
oligoelementos.

A cicatrização de feridas envolve uma série de interacções físico-químicas que requerem a


ingestão de nutrientes adequados em todas as suas fases. A fase inflamatória requer nutrientes
como aminoácidos (principalmente arginina, cisteína e metionina), vitamina E, vitamina C e
selênio, para fagocitose e quimiotaxia; vitamina K para síntese de protrombina e factores de
coagulação. A Fase proliferativa requer aminoácidos (principalmente arginina), vitamina C,
ferro, vitamina A, zinco, manganês, cobre, ácido pantotênico, tiamina e outras vitaminas do
complexo B. A fase de maturação: requer nutrientes como aminoácidos (principalmente
histidina), vitamina C, zinco e magnésio.
4. Bibliografia

Caracciolo B, Xu W, Collins S, Fratiglioni L (2014) . Cognitive decline, dietary factors and


gut-brain interactions. Mech Ageing Dev;136-137:59-69

Georgiou T, Prokopiou E (2015). The New Era of Omega-3 Fatty Acids Supplementation:
Therapeutic Effects on Dry Age-Related Macular Degeneration. J Stem Cells;10(3):205-15.

Kajarabille N, Diaz-Castro J, Hijano S, Lopez-Frias M, Lopez-Aliaga I, Ochoa JJ. (2013) A


new insight to bone turnover: role of omega-3 polyunsaturated fatty acids.
ScientificWorldJournal;2013:589641.

Nadeem N, Woodside JV, Neville CE, McCall DO, McCance D, Edgar D, et al. (2014) Serum
amyloid A-related inflammation is lowered by increased fruit and vegetable intake, while
high-sensitive C-reactive protein, IL-6 and E-selectin remain unresponsive. Br J
Nutr;112(7):1129-36.

Zamboni M, Rossi AP, Fantin F, Zamboni G, Chirumbolo S, Zoico E, et al. (2014) Adipose
tissue, diet and aging. Mech Ageing Dev;136-137:129-37.

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