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GAIBEUS

● Dentro das muitas questões que podem ser abordadas no livro Gaibéus, destaco
uma das principais: a preocupação do autor pelas causas sociais que,
anteriormente, já vinham sendo abordadas em outros de seus escritos, mas que se
concretizou com o romance Gaibéus. A preocupação social do autor fez com que ele
trouxesse, para suas obras, personagens marginalizadas: que estão sempre
excluídos por um capitalismo hipócrita e imbecil; que tratam a própria raça com
desprezo e de forma desumana; e que igualam trabalhadores humildes aos animais
e às máquinas.
● Alves Redol foi muito importante para conscientização dos mais humildes que
passavam pela desumanização e pelo tratamento animalesco dos mais
poderosos. Muitos dos trabalhadores desta época não sabiam ler e, por isso,
não tinha acesso à mensagem passada pelo autor. Alguns até conseguiam com
que outros lessem para eles, mas uma minoria tinha este privilegio. Também não
sei se adiantaria, pois, muitos dependiam de seu trabalho escravo para
sobreviver, ganhavam pouco, mas sem esse pouco, não se manteriam vivos;
sendo assim, se sujeitavam a situações humilhantes e se mantinham em
silêncio, aceitando todo tipo de tratamento. E, por não terem escolha,
sobreviviam entre a vida e a morte.
● Não são todas as personagens do grupo protagonizadas, como indicou
Celso Cruzeiro, mas somente aquelas que representam destinos similares aos
demais. parece haver apenas uma personagem que singulariza, o único que
compreende a exploração e a divisão de classes, o ceifeiro rebelde. Este é,
realmente, singular, pois se outros houvesse, como ele, já teriam feito protestos
contra a exploração. A voz apagada, porém consciente, do ceifeiro rebelde,
refere-se aos poucos que tinham consciência da repressão, mas que eram
silenciados.
● Gaibéus constitui-se pela “motivação coletiva que rompe as grilhetas do
individualismo tradicional”, todavia, isso não quer dizer que o individual seja
prioridade, pois não há personagens de maior importância que outras. São
todas pares do mesmo destino, membros da mesma categoria social
decadente e miserável.
● Os gaibéus carregam uma marca que os denuncia, a miséria, como se o fato de
ser um gaibéu acarretasse uma insígnia de ridicularização, em que eles mesmos
criticam-se, como aconteceu no final da obra, em que um rapaz, mais esperto,
após conseguir pegar o trem, gritou, criticando os que ficaram: “Eh, gaibéu
dum corno!” (REDOL, 1976a, p.175)
● Essas personagens de Redol mostram-se nas duras formas em que vivem
fora de suas terras. Ao mesmo tempo em que é focado o coletivo, o
individual é exposto para mostrar representantes de uma camada que se
igualam na dor, na miséria, nos problemas. Um dos representantes do
individual é Rosa, que foi à Lezíria atrás de trabalho, na colheita de arroz, para
ter o que comer com a mãe, durante o inverno. No entanto, acabou
ganhando mais dinheiro que os outros, porque o ganhou não na ceifa,
mas na cama do patrão. Rosa representa tantas outras que já haviam
passado pela mesma situação: “As que tinham vindo àquela emposta
noutras ceifas e mondas já sabiam da escolha. Algumas delas conheciam o
aposento e a cama do patrão.” (REDOL, 1976a, p. 94).
● Algumas personagens recebem nomes, outras são identificadas por
suas personalidades, como o ceifeiro rebelde. Outras, ainda, recebem
apelidos. As que recebem nomes é como se não os tivessem, pois ao se
misturarem na ceifa, para uma só ação, como se fossem máquinas ou animais,
perdem a identidade, são apenas gaibéus.
● Os gaibéus são desprezados a ponto de serem jogados em um barracão,
para dormirem, como se fossem animais encurralados: “Homens e
mulheres, enrolados nas mantas listradas, dormem pelo chão, em ressonares
profundos, sobre esteiras ou palha, como o gado que está na mota a remoer.”
(REDOL, 1976a, p. 26). A individualidade é perdida mesmo entre as
personagens que são nomeadas, como Rosa que, depois de dormir com o
patrão, sente-se como se tivesse mudado de nome e se tornado uma mulher da
rua Pedro Dias, rua de prostitutas, onde elas se expõem como mercadoria na
feira: “Ela agora não era a Rosa do rancho do Francisco Descalço, mas a
Balbina da Rua Pedro Dias – Noiva de todos que mercassem afagos.” (REDOL,
1976a, p. 96)
● A aproximação da imagem do homem com a de animais e máquinas é uma
forma de desumanização que o sistema explorador produz. O homem é
visto como força de trabalho e é explorado ao máximo de sua capacidade
física, como os animais: Como corcundas, os alugados vão passando
submetidos à carga, e desfilam pelo valado, uns atrás dos outros, em
caravana. Dali à embarcação é declive por onde se despenham, impelidos pelo
peso do arroz. As pernas retesam-se a travar a marcha e os olhos fixam-se na
estrada apertada da prancha, cada vez mais estreita. (REDOL,1976a, p.
138-139).
● No início da colheita, como foi dito, os trabalhadores cantavam, ora pela
satisfação de terem um trabalho, ora para esquecerem as dores e fadigas:
“Uma cachopa canta. Outra junta-se-lhe e outra ainda. Entre lábios, todo o
rancho acompanha as cachopas que cantam. Adormecem angústias e a ceifa
ameniza” (REDOL, 1976a, p. 39). Quando, porém, o trabalho torna-se muito
árduo, e quando há competição injusta entre homem e máquina, apenas esta
emite seus sons: “Não há risos nem cantigas. Só as correias riem – só a
debulhadora e a locomóvel cantam. Cantam e riem pelos eirantes – riem
dos eirantes”. (REDOL, 1976a, 128). A personificação da máquina ironiza a
disputa injusta entre ela e o homem. Mesmo os ceifeiros se esforçando para
competir, eles se cansam, sofrem, sentem dores.
● Os trabalhadores não reclamam da exploração, pelo contrário, o medo de
não terem trabalho para garantir o alimento durante o inverno faz com
que aceitem deliberadamente as condições impostas pelo empregador, como
a de não fornecer a comida durante a ceifa: “Há alugados que nem caldo
fizeram para o almoço. Pão e duas petingas chegam para enganar o
estômago. E o pão enrola-se sem saliva, como um naco de sola que os
obrigassem a comer.” (REDOL, 1976a, p. 47). Nessas condições, os gaibéus
mal tinham forças físicas para suportar o trabalho, mesmo os que
cozinhavam alguma coisa não se alimentavam bem: “Na água vogam
magras bolhas de óleo e feijões furados.” (REDOL, 1976a, p. 40). Nada
disso, porém, desanimava o grupo, porque mesmo em condições adversas,
eles sabiam que não podiam deixar o trabalho, pois cada hora a menos lhes
era descontada no salário.
● Os próprios gaibéus corroboram para perpetuar o sistema degradatório do
grupo, isso porque aceitam a exploração sem questionar, silenciam, assim
como Fabiano, por medo de perderem o emprego, tão escasso naquelas
paragens.
● Além do baixo salário, não eram oferecidas condições mínimas para
trabalharem. Os gaibéus dormiam amontoados como animais, não recebiam
alimento decente, tomavam água do mesmo poço que as alimárias
(éguas), sem contar que não podiam beber quando quisessem, apenas
quando os capatazes autorizassem (REDOL, 1976a, p. 34)
● Em Gaibéus, como já foi mencionado, apenas uma personagem possui
consciência da alienação, e apesar de se misturar com o coletivo do
“aglomerado de vontades individuais idênticas” (Torres, 1979, p. 27), essa
personagem resiste, ou tenta resistir à exploração, contudo, deixa-se envolver.
Trata-se do ceifeiro rebelde, o único que no dia em que chove, antes de findar o
dia, não foi descascar milho para completar o salário, interrompido pelo mau
tempo.
● O ceifeiro rebelde queria gritar aos outros para não aceitarem aquela
exploração absurda, sabia que se exigissem do patrão, teria direito a ganhar o
salário completo, pois não fora por vontade deles que não trabalharam o dia
todo. O ceifeiro rebelde, o único que parece perceber a exploração, por ser
um homem experiente e viajado, silencia tanto quanto os outros. Em
nenhum momento, por mais que tenha vontade de advertir os
companheiros, tenta conscientizá-los para que se unam. Silencia porque
sabe que o sistema não estava preparado para mudar. E, por mais que
tentasse, os gaibéus não o compreenderiam, desconheciam seus direitos,
tanto que se alegraram quando o patrão ofereceu o milho para
descascarem, pois estavam desanimados no barracão por não terem
recebido o salário integral.
● O trabalho oferecido deveria ser pago, conforme a visão do ceifeiro rebelde,
como um salário extra, separado do pagamento daquele dia. No entanto,
os gaibéus não compreendiam esse direito e achavam justo o patrão não
lhes pagar todo o salário, já que trabalharam apenas metade do dia. Com
a oferta de trabalho, Agostinho Serra foi considerado homem de boa alma,
deixando o ceifeiro rebelde ainda mais indignado com a ignorância dos gaibéus
(REDOL, 1976a, p. 110).

➔ O referido problema da luta de classes é também a tônica do romanceGaibéus,


no qual é narrada a história de um grupo de ceifeiros que são contratadospelo
período de uma colheita de arroz. Além de serem prejudicados por
elementosadversos como as doenças, as chuvas, o sol etc., esse grupo ainda
sobrevive empéssimas condições e é implacavelmente explorado pelo patrão.
➔ No romance Gaibéus, as personagens não são individualizadas, não existem
personagens protagonistas. Elas são tratadas como elementos homogêneos
eequivalentes, ocorrendo a inexistência do herói protagonista, não existe
evolução das personagens na obra, pois o individual desaparece no aglomerado
populacional.
➔ O herói do romance Gaibéus é um herói coletivo, formado por uma classesocial
desfavorecida e, com exceção do ceifeiro rebelde, todas estão conformadascom
o seu destino.
➔ Os eventos ocorridos com as personagens buscam refletir e enfatizarsituações
plurais, pois o que acontece com uma personagem, repete-se tambémcom as
demais. Dessa maneira, com o relato desses acontecimentos plurais, osocial, o
coletivo ressalta-se na obra. A personagem Maria Rosa exemplifica a realidade
social das mulheres nosistema capitalista. Ela é tida como um ser inferior e, por
isso, é explorada tanto notrabalho quanto sexualmente e liga-se à ideia de
posse, transformada em objetopara satisfazer os desejos dos homens.Numa das
passagens do romance, o patrão, Agostinho Serra, escolhe MariaRosa para
trabalhar em sua casa e essa escolha resultará na exploração sexual da
personagem. A situação das mulheres revela a degradação a que estão
condenadas, umavez que são consideradas como objetos que servem para dar
prazer aos patrões eaos homens que cruzam seus caminhos.
➔ Uma personagem que destoa do grupo de gaibéus é o ceifeiro rebelde, que éa
única personagem a ter realmente consciência do que está acontecendo a
suavolta, ou seja, a situação de opressão e miséria dos trabalhadores
ruraisportugueses. Essa personagem funciona como o alter-ego do autor, que
lastima que os homens estejam presos ao trabalho e não tenham consciência de
sua situação desemi-escravidão e da injusta distribuição de riquezas, que se
concentra nas mãosde poucos, enquanto os demais vivem em condições de
sub-humanidade (REDOL, 1983, p. 87).
➔ Diferentemente do que ocorre com o ceifeiro rebelde, a maioria daspersonagens
de Gaibéus não é individualizada, porque cada personagem éequivalente a
qualquer outra e os seus dramas e sofrimentos são os mesmos. Aoopor o
ceifeiro rebelde aos demais gaibéus, o romance procura conscientizar
seusreceptores da situação de opressão vivenciada por estes, que aceitaram a
situaçãode dominação e exploração que lhes foi imposta. Assim, a ênfase é
dada a um gruposocial e não a personagens particularizados, uma vez que o
drama das personagensé um drama social, pois todas equiparam-se e permitem
perceber que o queacontece com uma delas, ocorrerá também com as demais,
perfazendo umaestrutura circular que se repete indefinidamente.
➔ Outro componente da paisagem, a cor amarela, que surge em diversaspartes do
romance, não é um mero adjetivo para o arrozal, mas é também umsímbolo que
conota o poder. Ela lembra o ouro e o ouro relaciona-se com a riqueza,a qual,
por sua vez, associa-se ao elemento dominador representado pela figura
dopatrão, que é aquele que detém o poder econômico e pode dispor dele
paracomprar a força de trabalho dos ceifeiros (REDOL, 1983, p. 35)
➔ A chuva passa a simbolizar também a opressão, pois impede o trabalho e,sem
ele, os trabalhadores não podem se sustentar, gerando um quadro dedesespero
e sofrimento que invade o mundo dos adultos e também das crianças.
➔ o romance Gaibéus é uma obra de denúncia social, que se empenha em
apresentar ao leitor um mundo marcado por relações antagônicas, que se
verificam num duelo silencioso entre patrão e empregados, ou entre opressores
e oprimidos.
➔ Realmente, nem todas as personagens do grupo são protagonistas da obra,mas
aquelas que apresentam destinos semelhantes aos demais. Assim, por mais que
haja vidas singulares, Redol selecionou apenas um representante desse meio
de exploração e divisão de classes: o ceifeiro rebelde. E, através dele, o escritor
pode desenvolver a temática da marginalização, da voz apagada, silenciada,
porém consciente de determinado grupo, no caso, trabalhadores rurais,
contemporâneos à modernidade das máquinas e à ditadura
➔ introduçao: Gaibéus foi o primeiro romance escrito por Alves Redol, publicado
em 1939, é considerado como a obra que marca a introdução do Neorrealismo
em Portugal. Nesse livro, Redol conta a história dos gaibéus, trabalhadores
alugados, que vão para a região do Ribatejo, trabalhar nas Lezírias. O autor
procura relatar as desigualdades sociais, além da exploração do ser humano
pelo próprio ser humano; abordando as más condições de trabalho, as doenças
e as diferenças entre proprietário e trabalhador.
➔ Logo na introdução, o autor deixa clara a natureza estética de seu livro: “Este
romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de
tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os
outros entenderem". O livro possui uma linguagem bastante marcada por
expressões regionais, o que demonstra o interesse, por parte do autor, em
apresentar ao leitor a cultura da região. Para escrever Gaibéus, Alves Redol
realizou um verdadeiro e amplo trabalho de pesquisa na região do Ribatejo,
chegando ao ponto de se instalar na região para obter mais informações sobre a
colheita de arroz.
➔ Essa é uma obra literária em que não há um personagem principal. Todos os
personagens são tratados como elementos homogêneos e equivalentes. Não
existe evolução das personagens na obra, pois o individual desaparece no
aglomerado populacional.
➔ personagens: Dentre os personagens do livro, merecem destaque Rosa, Ti Maria
do Rosário e o Ceifeiro rebelde. A personagem Rosa exemplifica a realidade
social das mulheres no sistema capitalista. Conforme pode ser observado, as
mulheres eram tidas como seres inferiores e, além de serem exploradas no
trabalho também eram exploradas sexualmente. A situação da mulher nesse
sistema revela a degradação a que está submetida, uma vez que é considerada
como objeto que serve apenas para dar prazer ao patrão e aos homens que
cruzam seu caminho. O desespero das moças levavam elas a se oferecerem
aos patrões. Agostinho Serra era muito generoso, cada vez que se deitasse com
ele era mais bem pagas do que o dia de trabalho, ao observar Rosa, Agostinho
percebe que se comportavam como ela pois ele preferia as mais silenciosas.
Embora Rosa sabia que se for para cama com Agostinho teria que aceitar todos,
ela depende do dinheiro e sabe que se fizer isso envergonha sua familia. Rosa
sentiu inveja dos companheiros pois eles ganharam o dinheiro do trabalho de
forma honesta enquanto ela teria que se deitar com Agostinho.
➔ Em oposição à Rosa surge Ti Maria do Rosário, senhora de idade avançada e
fisicamente debilitada pelo sezão, mas que precisa ceifar diariamente para
garantir seu sustento. A idosa entra em desespero quando, acometida pela
doença, recebe ordens para abandonar a ceifa: “o cérebro diz-lhe que deve ir pra
junto deles, e depressa, mas as pernas já não obedecem ao seu mando”
(REDOL, 1976, p 85). Essa personagem preconiza o destino dos gaibéus que,
depois de tantos anos de trabalho e sofrimento, terão como recompensa a
morte, sendo descartados como um objeto sem valor.
Por último, destaca-se o ceifeiro rebelde. Ele representa a consciência do que
está acontecendo em sua volta, da alienação dos trabalhadores e da exploração de que
é vítima: o ceifeiro rebelde
➔ Esse personagem pode ser considerado o alter ego do autor. Por ser uma
pessoa com experiência e bastante viajada, o ceifeiro rebelde compreende o
mecanismo da exploração do trabalho no sistema capitalista, também presente
no meio rural. É o que pode ser observado no episódio mensagem da nuvem
negra. O ceifeiro rebelde sabia que os companheiros tinham direito a receber o
salário integral, visto que não fora culpa deles terem trabalhado apenas meio
expediente. Ao contrário dos companheiros de labuta, esse personagem não se
conforma com a exploração sofrida, entretanto, em nenhum momento tenta
conscientizar os companheiros para que se unam contra o patrão, pois sabe
que, por mais que tentasse essa situação não iria mudar. Os gaibéus
desconheciam seus direitos como trabalhadores e nunca iriam compreendê-lo,
tanto que chegam a se alegraram quando o patrão ofereceu-lhes milho para
descascar, como forma de compensar o baixo pagamento
➔ final: Observa-se que os escritores do movimento neorrealista dedicaram-se a
denunciar os problemas sociais. No caso do romance Gaibéus, observa-se a
temática de uma camada social desfavorecida – os trabalhadores – e a entidade
que a explora – o patrão.

VIDEO AULA

➔ O titulo da obra Gaibeus se refere a camponeses que vem numa certa epoca do
ano do norte de portugal para trabalharem no sul na colheita do arroz nas
planícies do Ribatejo. Essas planícies ficam alagadas e favorecem o plantio do
arroz. Esses gaibéus no norte trabalham em uma atividade que nao garante uma
renda no qual possa manter suas familias, entao, vão para o sul e sao vistos
pelos trabalhadores locais por rabalharem por qualquer quantias. Os Gaibeus
vão representar uma concorrência para os rabezanos e são mal recebidos pelos
rabezanos porque justamente os primeiroa aceitam qualquer pagamento, eles
estao desessperados e precisam de alguma quantia extra para levar para sua
familia. Os gaibeus apesar de serem tratados por essa denominação, sentem
muito orgulho de sua terra natal terem algum tipo de pequena propriedades, a
cada geração se esforçam para manter as ‘courelas’.
➔ O fato de serem alugados por algumas semanas se colocam em uma posição
acima dos rabezanos, se vendo como vendidos, os rabezanos sao trabalhadores
assalariados durante o ano inteiro.

➔ Há alguns outros nomeados, A Rosa, que representa o grupo de jovem que são
explorados sexualmente.
➔ Tia maria do rosario que mostra para muitos que aquela vida vai se estender até
a velhice, de ser feito ate cair morta no campo onde esta sendo feita a colheita.

➔ epigrafe: quando o grupo neorealista inicia a produção literaria, é necesaria


estabelecer uma diferença com a literatura modernista. Inicialmente, ha uma
rejeição de um determinado tipo de arte ainda que a evolução do movimento
neorelatista na decada seguinte seja reavaliado;
➔ a todo momento sao comparados a maquinas, animais, existe um processo de
desumanização desses trabalhadores;
➔ Alves Redol por ja ter ido a Africa, sabe por sua propria experiência que esse
sonho esta fadado ao fracasso, ele vai transpor essa trajetoria geografia ao
personagem Ceifeiro Rebelde.

➔ em outro lado, o Ceifeiro Rebelde tem uma confiança muito grande na
possibilidade de mudança na união dos trabalhadores. No capitulo 7 estrelas na
praia, três gaibeus chegam tarde ao barracao e sao obrigados a dormir na praia,
lá ele ve um grupo de 4 rabezanos se divertido, os 7 acabam se tornando
amigos, ao contrario do que ouviram dos pais, é possivel que gaibeus e
rabezanos se unam, porque afinal de contas, todos eles passam fome. A fome
deveria motivalos nessa luta contra o inimigo comum que é o patrão.
2) Escolha três personagens de Gaibeus e, a partir da trajetoria de cada um deles,
discuta como sao apresentados no livro as RELAÇOES entre os variados grupos
sociais e quais as possiveis SOLUÇOES para as desigualdades de classe,
considerando em sua analise as propostas esteticas do neo-realismo e os fundamentos
ideologicos do marxismo/socialismo.

Gaibéus foi um romance escrito por Alves Redol, publicado em 1939. É


considerado como a obra que marca a introdução do Neorrealismo em Portugal. Nesse
livro, Redol conta a história dos gaibéus, trabalhadores alugados, que vão para a região
do Ribatejo, trabalhar nas Lezírias. O autor procura relatar as desigualdades sociais,
além da exploração do ser humano pelo próprio ser humano; abordando as más
condições de trabalho, as doenças e as diferenças entre proprietário e trabalhador.

Inicialmente, é interessante fazer uma observação do contexto historico


daquela epoca. Antonio de Oliveira Salazar (1889-1970) assume a presidência do
conselho de ministro de Portugal durante a decada de 30, o regime nao fica explícito
como ditadura, mas se denomina como Estado Novo. Salazar fica no poder até 1968,
36 anos de salazarismo, representando um periodo não só de dificuldade mas de
muitas perseguições políticas. Durante a década de 30, já no Estado Novo, há um
agravamento dessa crise a uma miséria que se torna muito mais profunda
principalmente entre os camponeses e isso faz com que um grupo de intelectuais
proponha um novo tipo de abordagem, já veiculada as doutrinas marxista que
ganhavam força na Europa. Neo-realismo tem seu início por volta da década de 40. O
grupo de Neorealistas se voltam para as temáticas sociais engajados na denuncia da
miséria, assolando as aldeias, campos, etc e como fundamentação ideológica tem as
doutrinas marxista, que põem em cheque o próprio sistema capitalista, entendendo este
como a causa de todas as dificuldades e injustiça. Diante de um sistema que é
estruturalmente injusto, visto que no capitalismo os bens de produção ficam nas mãos
de poucos indivíduos, enquanto que a massa operária tem apenas oferecer sua força
de trabalho e muitas vezes nao recebem a remuneração de acordo com o que produz,
Gaibeus tem uma proposta de que os trabalhadores juntos engajados numa luta tem a
capacidade de melhorar sua condição de vida.
Dentre os personagens do livro, merecem destaque Rosa, Ti Maria do Rosário
e o Ceifeiro rebelde. A personagem Rosa exemplifica a realidade social das mulheres
no sistema capitalista. Conforme pode ser observado, as mulheres eram tidas como
seres inferiores e, além de serem exploradas no trabalho também eram exploradas
sexualmente. A situação da mulher nesse sistema revela a degradação a que está
submetida, uma vez que é considerada como objeto que serve apenas para dar prazer
ao patrão e aos homens que cruzam seu caminho. O desespero das moças levavam
elas a se oferecerem aos patrões. Agostinho Serra era muito generoso, cada vez que
se deitasse com ele era mais bem pagas do que o dia de trabalho, ao observar Rosa,
Agostinho percebe que se as outras não se comportavam como ela, pois ele preferia as
mais silenciosas. Embora Rosa sabia que se fosse para cama com Agostinho teria que
aceitar todos, ela depende do dinheiro e sabe que se fizer isso envergonharia sua
familia. A proposito, Rosa sentiu inveja dos companheiros pois eles ganharam o
dinheiro do trabalho de forma honesta enquanto ela teria que se deitar com Agostinho.
Em oposição à Rosa surge Ti Maria do Rosário, senhora de idade avançada e
fisicamente debilitada, mas que precisa ceifar diariamente para garantir seu sustento. A
idosa entra em desespero quando, acometida pela doença, recebe ordens para
abandonar a ceifa. Essa personagem preconiza o destino dos gaibéus que, depois de
tantos anos de trabalho e sofrimento, terão como recompensa a morte, sendo
descartados como um objeto.
Por último, destaca-se o Ceifeiro Rebelde. Muitos desses trabalhadores
enfocados por Alves redol em Gaibéus nao tem sequer a consciência da sua situação
de explorados e se mantêm numa total alienação. Na obra surge o Ceifeiro Rebelde
entre os gaibéus que é o único que já tem inclusive um caminho para a solução (ou pelo
menos para a luta) bem conhecido a partir de sua própria experiência. Ceifeiro Rebelde
é um gaibeu individualizado, cujo único que tem a consciência de como tudo funciona,
quais seriam os caminhos a serem trilhados pelos trabalhadores, enquanto os outros
estão ou completamente alienados na sua condição de explorados ou iludidos
sonhando com saídas que só vão levar a decepção de que indo para o Brasil ou Africa
iria enriquecer da noite para o dia, o Ceifeiro ja teve essa experiência e sabe que nao
funciona. Este personagem é o unico com consciência social, mas incapaz de transmitir
aos seus companheiros porque se ele aprendeu com a própria experiência dele, os
seus companheiros muitas vezes preferem alimentar um sonho que o Ceifeiro Rebelde
sabe que nao vai dar certo e prefere deixar que seus companheiros aprendam a partir
de sua propria prática do saber empírico que adquiri com a experiencia. O Ceifeiro sabe
que o primeiro passo para a solução da desigualdade é acabar com o antagonismo que
existe entre os trabalhadores, é preciso que as diversas categorias (gaibéus,
rabezanos, caramelos) se unam, porque so assim esses trabalhadores vao ser bem
sucedidos na luta contra o inimigo comum que é o patrão.

Diferente dos Gaibeus, os rabezanos são trabalhadores locais e são


assalariados, nao possuem terras mas desprezam trabalho de ceifeiros
desempenhados pelos gaibéus, inclusivem acham que uma solução para a
desigualdade seria se os gaibeus não se submetessem a ganhar tao pouco pois todos
os patrões teriam que aumentar o salário. É interessante abordar também sobre quando
o Ceifeiro Rebelde encontra dois ceifeiros que sonham em emigrar, o Ceifeiro tenta
mostrar que esse sonho é uma ilusão, mas os dois jovens não desistem do sonho,
então, pode-se afirmar que somente através da decepção do ego que eles iriam se
conscientizar. No capitulo 7 ‘estrelas na praia’, três gaibéus chegam tarde ao barracão e
sao obrigados a dormir na praia, de lá eles veem um grupo de 4 rabezanos se divertido,
mesmo com receio por não ter escutado boas coisas, os 7 acabam se tornando amigos,
ao contrario do que ouviram dos pais, é possivel que gaibeus e rabezanos se unam,
porque afinal de contas, todos eles passam fome. A fome deveria motivar todos eles
nessa luta contra o inimigo comum que é o patrão. Os capatazes são ex gaibeus, por
um lado entendem o sofrimento dos camponeses, mas a função deles é defender os
interesses do patrão, como por exemplo, se a jornada de trabalho deve terminar quando
o sol se poe, mesmo que terminem depois os gaibeus não serão pagos. Agostinho
Serra surge aos olhos dos camponeses e capatazes como unico e verdadeiro patrão,
sempre dando ordens para que o trabalho seja feito e fazendo contas para que honre
seu compromisso com a Companhia das Lezirias, que é a dona da terra e controla todo
mecanismo da pirâmide social.

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