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FABAD – FACULDADE BÍBLICA

DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

SOCIOLOGIA
DAS RELIGIÕES
PROFESSOR EMERSON CAVALHEIRO
Sumário

Capítulo 1 – Aspectos Introdutórios sobre a Sociologia....................... 2


Antropologia Cultural....................................................................................2
Direito...........................................................................................................3
Economia.....................................................................................................3.
Política.........................................................................................................3.
Psicologia Social..........................................................................................4
Sociologia.....................................................................................................4
Sociologia Especial......................................................................................7
As Ciências Sociais e o Argumento Científico.............................................7

Capítulo 2 – Origens e Fundadores da Sociologia.................................9


Augusto Comte.............................................................................................9.
Emile Durkheim............................................................................................12.
Karl Marx......................................................................................................15
Max Weber...................................................................................................18
Sociologia da Religião..................................................................................22

Capítulo 3 – A Religião e Sua Complexidade..........................................22


Funções da Religião....................................................................................25
Teorias sobre a Origem da Religião............................................................29
O Fenômeno Religioso................................................................................32
O Profano e o Sagrado................................................................................32
Crença e Ritual............................................................................................32
Mito..............................................................................................................33
Elementos Constitutivos da Religião...........................................................34
Doutrina.......................................................................................................35
Ritos.............................................................................................................35
Ética.......................................................................................................35
Comunidade...........................................................................................35
Eu-tu.......................................................................................................35

Capítulo 4 – Clássicos da Sociologia da Religião.............................36


Críticos da Religião.................................................................................36
Ludwig Feuerbach...................................................................................36
Friedrich Nietzsche..................................................................................37
Sigmund Freud........................................................................................38
Sociólogos Clássicos da Religião............................................................39
Augusto Comte........................................................................................39
Emile Durkheim.......................................................................................40.
Karl Marx.................................................................................................41
Max Weber..............................................................................................44

Conclusão..............................................................................................48
Referências Bibliográficas...................................................................49
1

INTRODUÇÃO

A religião é um fenômeno humano e universal. Ao longo dos séculos, o


Home tem manifestado suas crenças e fé, compartilhando-as com o seu grupo.
Logo, inicialmente, precisamos entender que o fenômeno religioso é, também,
um fenômeno social.

De posse desta compreensão, esta disciplina tem por intuito introduzir o


estudante no vasto campo desta área da Sociologia, a Sociologia da Religião. O
Teólogo precisa apreender ideias, pensamentos, conceitos, o desenvolvimento
histórico sobre a religião, a fim de que possa ampliar seus horizontes, além de
lapidar sua capacidade de comunicação com seus pares e com outros grupos.

Nosso guia didático está dividido em quatro unidades ou capítulos. Na


primeira, abordaremos os aspectos introdutórios da Sociologia, ao passo que,
no segundo, conheceremos as origens e os fundadores da Sociologia.

Na terceira unidade, trataremos da religião, com toda a complexidade que


a envolve. Por fim, na quarta, apresentaremos alguns críticos da religião, tais
como Nietzsche e Freud, finalizando com os conceitos e ideias principais dos
grandes clássicos: Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber.

Bons estudos!

Professor Emerson Cavalheiro


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1- CAPÍTULO 1
1.1 Aspectos Introdutórios sobre a Sociologia

Para iniciar o estudo desta disciplina, é necessário compreender os


conceitos que a embasam. Para tanto, apresentar-se-á, de forma breve e
resumida, o amplo campo que envolve as Ciências Sociais, seguido de suas
áreas de atuação, dentre elas, o estudo da Sociologia, culminando na
apresentação da Sociologia da Religião.

As Ciências Sociais ou Humanas são classificadas da seguinte forma:


Antropologia Cultural, Direito, Economia, Política, Psicologia Social e Sociologia.
Vejamos alguns aspectos de cada classificação proposta:

1.1.1 Antropologia Cultural – De acordo com Lakatos e Marconi, a Antropologia


Cultural:

Estuda as semelhanças e diferenças culturais, origem e


história das culturas do homem, sua evolução e
desenvolvimento, estrutura e funcionamento, em qualquer
lugar e tempo. Inicialmente a Antropologia Cultural
preocupava-se apenas com o estudo das culturas aos
povos ágrafos (pré-letrados ou comumente denominados
“primitivos”). Mais recentemente, tem-se interessado
também pela cultura das sociedades industriais. A
abordagem específica da Antropologia Cultural, ao analisar
as sociedades, está relacionada com os aspectos culturais
e comportamentais que as caracterizam (2014, p. 23).

Vejamos alguns exemplos:

Ritos de Passagem: nascimento de um filho, iniciação do jovem nas


responsabilidades adultas, formalidades do casamento e formas de lidar com a
morte.
Tipos de organização da família;
Religião e magia;
Artes e artesanato;
Mito;
Meios de Comunicação.
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1.1.2. Direito – Estuda as normas, as leis que regulamentam e regem a conduta


social. As leis podem ser escritas ou consuetudinárias, baseadas nos costumes.
O controle social é um instrumento de poder do Direito que, por meio de leis,
regulamentam os procedimentos humanos, dentro de uma sociedade
organizada, lançando mão da coerção sobre os Homens, para que se mantenha
a ordem estabelecida. Vejamos alguns exemplos:

Normas de proteção ao trabalhador;


Contratos e transações comerciais;
Divórcio;
Penas por crimes cometidos.

1.1.3. Economia – A economia se encarrega do cuidado com os recursos


ligados à produção de bens e serviços, englobando a circulação, distribuição e
consumo. Vejamos alguns exemplos:
Macroeconomia e Microeconomia. A macroeconomia está ligada às
atividades econômicas de uma sociedade: sistema monetário e valor da moeda;
bens e propriedades; renda, consumo, poupança e investimento; Produto
Nacional Bruto; distribuição de renda. A microeconomia se encarrega do estudo
das atividades econômicas, no nível da individualidade: política salarial de uma
empresa, produtividade de uma empresa; orçamento familiar (LAKATOS e
MARCONI, 2014).

1.1.4. Política - Estuda o poder nas sociedades, o Estado e as formas de


governo. Vejamos alguns exemplos:
Formas governamentais;
Partidos políticos;
Mecanismos eleitorais;
O Estado e suas funções;
As lideranças políticas e as transformações que ocorrem.
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1.1.5. Psicologia Social – Analisa como o indivíduo se manifesta e se comporta,


estudando as suas reais motivações, determinadas pelo conjunto social que faz
parte, bem como pelos seus próprios valores. A pessoa é influenciada pelo seu
grupo, sendo estimulada à tomada de decisões no cotidiano. Essa relação de
influencia a personalidade humana. Vejamos alguns exemplos:

Atitudes grupais para com o nascimento de crianças;


Comportamentos desenvolvidos perante a questão racial;
Comportamento dos Adolescentes;
Comportamentos desenvolvidos pela coletividade.

1.1.6. Sociologia - Na visão de Lakatos e Marconi (2014, p. 25), a Sociologia é:

Estudo científico das relações sociais, das formas de


associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a
todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se
produzem nas relações de grupos entres seres humanos.
Estuda o homem e o meio humano em suas interações
recíprocas. A Sociologia não é normativa, nem emite juízos
de valor sobre os tipos de associação e relações
estudados, pois se baseia em estudos objetivos que melhor
podem revelar a verdadeira natureza dos fenômenos
sociais. A Sociologia, desta forma, é o estudo e o
conhecimento objetivo da realidade social.

Os autores explicam que a Sociologia estuda o Homem em suas


interações com a sociedade, buscando compreender, em sua natureza, os
fenômenos manifestos nas relações. Abaixo, alguns exemplos da realidade
social:
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Formação e Divisão da
desintegração de sociedade em
grupos camadas

Mobilidade dos
Processo de
Indivíduos e
competição e
grupos nas
cooperação
camadas sociais
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2021, com base em Lakatos e Marconi.

Como se nota, a Sociologia se interessa pelos processos que envolvem o


funcionamento dos grupos humanos, isto é, como são formados ou
desintegrados, como ocorre a divisão da sociedade em camadas, de que
maneira os grupos e o indivíduo transitam nas camadas sociais existentes, além
do que, busca conhecer como se dão as relações de competição entre os seres
humanos, bem como a cooperação que existe entre eles.

Ainda na compreensão do termo, Giddens (2012, p. 19) explica que:

A sociologia é o estudo científico da vida humana, de grupos sociais,


de sociedades inteiras e do mundo humano. É uma atividade
fascinante e instigante, pois seu tema de estudo é o nosso próprio
comportamento como seres sociais. O âmbito da sociologia é
extremamente amplo, variando da análise de encontros passageiros
entre indivíduos nas ruas à investigação de relações internacionais e
formas globais de terrorismo.

O autor supracitado esclarece que a Sociologia é uma das áreas que


integram o conjunto de saberes elaborados pelo conhecimento científico, desta
maneira, possui rigor metodológico em seus estudos e pesquisas, elemento
essencial para que, verdadeiramente, se faça ciência.

Outro aspecto diz respeito ao comportamento humano. O Homem,


durante sua existência, estabelece relações complexas e vai-se constituindo
6

como protagonista das suas ações. Esta maneira de agir, de portar-se, de


relacionar-se com o próximo, suscita, na Sociologia, o desejo de entender como
ocorre esse processo, no cotidiano das manifestações humanas.

Logo, assim como para as demais Ciências Sociais ou Humanas, a


Sociologia encarrega-se de estudar o Homem, o ser humano que vive em
sociedade, analisando como a vida, o estar inserido nela, afeta o indivíduo, ao
passo que, concomitantemente, é afetada por ele.

Residem aí, o fascínio e, ao mesmo tempo, o espírito instigador, conforme


ponderou Giddens. Esse espírito investigativo faz com que os sociólogos fiquem
debruçados sobre o todo o espectro que circunda as diferentes manifestações
humanas.

Diante deste conhecimento, podemos perceber a amplitude do campo da


Sociologia, a partir de seis áreas básicas, que são:

Sociologia Sistemática
Sociologia
Sociologia Descritiva
Comparada

Sociologia
Sociologia Sociologia
Geral ou
Diferencial Aplicada
Teórica
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2021, com base em Lakatos e Marconi.
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1.2 Sociologias Especiais

o Sociologia Antropológica ou Antropossociologia.


o Sociologia Jurídica
o Sociologia Econômica
o Sociologia Política
o Sociologia da Família
o Sociologia Educacional
o Sociologia Religiosa
o Sociologia da Comunidade, Sociologia Rural e Sociologia Urbana
o Sociologia Demográfica
o Sociologia do Desenvolvimento
o Sociologia Industrial e Sociologia do Trabalho
o Sociologia da Burocracia e Sociologia Aplicada à Administração
o Sociologia do Lazer
o Sociologia Histórica
o Sociologia da Cultura, Sociologia do Conhecimento e Sociologia da
Linguagem
o Sociologia da Arte
o Sociologia da Comunicação
o Sociologia dos Pequenos Grupos
o Sociologia Biológica
o Sociologia Médica
o Sociologia Clínica
o Sociologia Criminal
o Sociologia Militar
o Etc...

1.3 As Ciências Sociais e o Argumento Científico

Lakatos e Marconi (2014) explicam que a ciência se encarrega de


sistematizar conhecimentos, a partir proposições que se correlacionam sobre os
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comportamentos de um fenômeno em estudo. Para que isso ocorra, é essencial


submeter o objeto de estudo à verificação. Segundo os autores:

A ciência, portanto, constitui-se em um conjunto de proposições e


enunciados, hierarquicamente correlacionados de maneira ascendente
ou descendente, que vai gradativamente de fatos particulares para os
gerais ou vice-versa (conexão ascendente = indução; conexão
descendente = dedução). As ciências possuem: a. objetivo ou
finalidade: preocupação em distinguir a característica comum ou as
leis gerais que regem determinados eventos; b. função:
aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da
relação do homem com seu mundo; c. objeto: subdivido em: (1)
material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou
verificar, de modo geral; (2) formal, o enfoque especial, em face das
diversas ciências que possuem o mesmo objeto material (p. 22).

Mediante a explicação acima, pode-se constatar que o argumento


científico está calcado no rigor metodológico e na acurada observação,
investigação e narrativa dos fatos, sustentados por evidências que comprovam
que fora realizada a análise de determinado fenômeno. O labor científico tem um
ponto de partida e um objetivo de chegada, isto quer dizer que, fazer ciência é
apoiar-se em um criterioso padrão de regulamentações, a fim de que se alcance
êxito.

Há três níveis de conhecimento científico: inorgânico, orgânico e


superorgânico.

1. Inorgânico – o conhecimento científico inorgânico é estudado pelas Ciências


Físicas.

2. Orgânico – o conhecimento orgânico é estudado pelas Ciências Biológicas.

3. Superorgânico – o conhecimento superorgânico é estudado pelas Ciências


Sociais. Segundo Lakatos e Marconi (2014, p. 22) o superorgânico “é observado
no mundo dos seres humanos, em interação e nos produtos dessa interação:
linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros
aspectos culturais e da organização social”.

Com isso, na medida em que se estuda o superorgânico, as Ciências


Sociais colocam como objeto de estudo em destaque, o Homem e suas relações
com a sociedade em que vive.
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No próximo capítulo, continuaremos aprofundando o assunto, por meio


das origens e fundadores da Sociologia.

2. CAPÍTULO 2

2.1 Origens e Fundadores da Sociologia

As origens da Sociologia enquanto ciência remontam ao período histórico


dos séculos XVIII e XIX, com as mudanças ocasionadas pela Revoluções
Francesa e Industrial, na Europa. Foi um momento em que a população se
concentrava nos grandes centros, nas grandes cidades, enquanto que a riqueza
cada vez mais ficava acumulada nas mãos dos burgueses, haja vista que a
burguesia estava em ampla ascensão neste tempo. Aliadas a isso, estavam o
processo de industrialização e a ação política desta nova classe que desejava,
ardentemente, assumir o poder.

A partir desses acontecimentos, os padrões, até então, normativos e


tradicionais da vida social, passaram a adquirir novos contornos, despertando a
necessidade do entendimento, da explicação e do olhar prognóstico sobre as
consequências que estas mudanças trariam para a vida social. Atrelado a isso,
Giddens (2012, p. 23) afirma que:

Um desenvolvimento-chave foi a utilização da ciência em vez da


religião para entender o mundo. Os tipos de questões que os
pensadores do século XIX tentavam responder – o que é a natureza
humana? Por que a sociedade é estruturada como é? Como e por que
as sociedades mudam? – são quase os mesmos que os sociólogos
tentam responder hoje em dia. Todavia, nosso mundo moderno é
radicalmente diferente do mundo do passado, e é tarefa da sociologia
nos ajudar a entender este mundo e o que o futuro provavelmente nos
trará.

De posse destas informações, vejamos os pensadores que foram


primordiais e deram início a toda construção científica sociológica. Foram eles:
Augusto Comte, Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber.
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2.2 Augusto Comte (1798 – 1857)

Augusto Comte foi um autor francês, criador do termo “sociologia”.


Anteriormente, usara a expressão “física social” para explicar a realidade
histórica dos fatos sociais em que estava inserido, no entanto, outras pessoas
usavam a mesma expressão, portanto, para diferenciar, passou a fazer uso da
palavra “sociologia”, conforme acabamos de apresentar.

Augusto Comte

Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte Acesso em: 22.07.2021

Comte desejava fazer com que a Sociologia adquirisse a condição de


“ciência positiva” e, para que isso acontecesse, deveria seguir os mesmos
critérios metodológicos e rígidos, aplicados no fazer científico e utilizados pelos
físicos, por exemplo, para explicar os fenômenos físicos, do mundo.
Desenvolveu a lei dos três estágios, afirmando que, para que o ser humano
pudesse entender o mundo, precisaria atravessar três estágios, que são:
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teológicos, metafísicos e positivos. Vejamos, brevemente, o significado destes


estágios:

➢ Teológico – pensamento conduzido pelas convicções religiosas e de fé.


Tudo o que acontecia era fruto da vontade divina.

➢ Metafísico – a realidade social passou a ser interpretada pelas vias


naturais, e não mais, pelo viés sobrenatural. A Renascença foi um fator
importante para que isso ocorresse.

➢ Positivo – Desenvolveu-se a partir das descobertas de Galileu, Copérnico


e Newton. Defendia-se que as técnicas científicas deveriam ser postas aos
estudos sobre a sociedade e o Homem.

O pensamento de Comte era o de que a Sociologia desenvolver-se-ia


enquanto última ciência e que seria, dentre todas as ciências existentes, a de
maior complexidade. Giddens (2012, p. 24) ressalta que:

No final de sua carreira, Comte criou planos ambiciosos para a


reconstrução da sociedade francesa e em particular para as
sociedades humanas em geral, com base em seu ponto de vista
sociológico. Ele clamava pelo estabelecimento de uma “religião de
humanidade” que abandonaria a fé e o dogma, em favor de um
embasamento científico. A sociologia estaria no centro da nova
religião.

Os impactos causados pela Revolução Industrial deixavam Comte


preocupado com as desigualdades sociais e o significado delas para o processo
de coesão social. Para tanto, sugeria que fosse desenvolvido um novo consenso
moral, que atuasse na manutenção da regulação e integridade social.

Comte não chegou a ver seu desejo realizado, todavia, suas ideias foram
importantes para que a Sociologia adquirisse o status de profissionalização,
enquanto disciplina a ser estudada nas academias.
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2.3 Emile Durkheim (1858 – 1917)

David Emile Durkheim nasceu em Epinal, na França, no ano de 1858. Era


membro de uma família judaica tradicional. Durkheim deu sequência a todo o
trabalho iniciado e desenvolvido por Augusto Comte. No ano de 1879,
matriculou-se na Escola Normal Superior, sendo que, no ano de 1887, passou a
lecionar pedagogia e ciências sociais na Faculdade de Letras da Universidade
de Bordeaux. No ano de 1902, solicitou transferência para a Sorbonne. Lá, no
ano de 1913, assumiu a cadeira efetiva de Sociologia, tornando-se um profícuo
Professor titular da disciplina.

Emile Durkheim

Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte Acesso em: 22.07.2021

Durkheim vivenciou um período histórico marcado por muitas dificuldades


econômicas e sociais, caracterizadas pelo desemprego e pela miséria. Os
trabalhadores atravessavam momentos difíceis, gerando graves crises.
Outrossim, foi também um período de progresso e desenvolvimento em algumas
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áreas, como por exemplo, na implementação em larga escala da energia elétrica


e no surgimento dos automóveis.

Neste período, muitos suicídios aconteceram e, na visão de Durkheim,


essas mortes estavam diretamente relacionadas à dificuldade que a sociedade
enfrentava para exercer controle sobre os seus membros. Logo, entendia que o
suicídio não era apenas uma fatalidade de cunho individual, das decisões da
pessoa, antes, estava intimamente entrelaçado aos acontecimentos da esfera
social.

Sobre o suicídio, Dias (2010, p. 11, 12) explica que:

Examinando todas as variáveis pertinentes, Durkheim chegou a uma


conclusão e formulou uma explicação efetiva. Sua análise revelou que
variações nas taxas de suicídio entre grupos diferentes não podiam ser
explicadas por enfermidade mental, fundo étnico ou racial, ou até
mesmo pelo clima – ele concluiu que havia algo sobre o próprio grupo
em si que encorajaria ou desencorajaria o suicídio.

De posse desta análise, sobre o quanto as relações sociais influíam para


a incidência do suicídio, Durkheim apresentou quatro diferentes formas de
suicídio, clarificando que todas elas estavam diretamente relacionadas entre o
indivíduo e o grupo social que pertencia. Os quatro tipos de suicídio são: egoísta,
altruísta, anômico e fatalista. Vejamos cada um deles:

❖ Suicídio Egoísta – ocorre debaixo de amplo isolamento, estando a


pessoa afastada do grupo social que lhe ofereceria lealdade, permitindo que
houvesse interação ou participação.

❖ Suicídio Altruísta – ocorre quando há um exagero no apego da pessoa


com o seu grupo social, a ponto dessa identificação causar no indivíduo o
sentimento de que sua vida não tem valor independente.

❖ Suicídio Anômico – ocorre em meio à desorganização social, por meio


de ausência de normas e pelo desabamento de valores tradicionais, por
exemplo.
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❖ Suicídio Fatalista – ocorre em sociedades onde há controle sobre as


emoções e sobre as motivações humanas. Com isso, pessoas decidem por
coisas, como o suicídio, por exemplo, sendo que, em outras situações e
momentos, não fariam.

Os quatro tipos de suicídio expressos acima, demonstram como Durkheim


apresentava as causas que podiam ser encontradas no meio social. Em sua
visão, a sociedade era como um corpo humano, sendo que, cada parte dele,
possui uma função específica e deve trabalhar para a harmonia do todo. Na visão
de Durkheim, as instituições funcionavam como este corpo e deveriam atuar de
forma efetiva em seus papéis. Para exemplificar as instituições, podemos citar,
o Estado, a Igreja e, certamente, a família.
Quando há falhas institucionais, ocorre o que Durkheim chamou de
anomia social, ou seja, o corpo social adoece, ficando amplamente contaminado.
Para o teórico, os problemas de sua época estavam conectados às regras de
conduta que não funcionavam adequadamente, portanto, tratava-se de questões
de ordem moral. Na ótica dele, novos hábitos e modos de vida deveriam surgir,
produzindo novos comportamentos, a fim de que a sociedade pudesse funcionar
bem, gerando bem-estar e crescimento.
De acordo com Durkheim, os fatos sociais deveriam ser objeto de
ocupação da Sociologia. Estes fatos possuem natureza social e coletiva,
apresentando-se aos indivíduos com coerção, além de serem, advindos do
ambiente externo. Os fatos sociais podem ser normais, como podem ser
altamente doentios. Um fato social normal é aquele que exerce pontualmente a
sua função, gerando crescimento e adaptação. Um fato social patológico ou
doentio, é aquele fruto do não funcionamento de uma determinada lei.
Há três características que abrigam um fato social: exterioridade,
coercitividade e generalidade. Vejamos:

✓ Exterioridade – é exterior à nossa vontade, ou seja, não somos os


criadores.
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✓ Coercitividade – intimida o comportamento, levando o ser humano a


aceitar as normas e regras, independentemente se deseja acolhê-las ou não.

✓ Generalidade – alcança o maior número de pessoas possível dentro da


sociedade.

Quadro 01 - Algumas Obras de Durkheim

❖ Da divisão do trabalho social (1893)


❖ Regras do método sociológico (1895)
❖ O suicídio (1897)
❖ Sociedade e trabalho (1907)
❖ As formas elementares da vida religiosa (1912)

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2021.

Há muitos outros aspectos da teoria de Emile Durkheim, porém, é


importante que compreendamos que, para o autor, o ser humano é um ser que
entra para a existência na passividade, e assim vive, haja vista que, na ótica
positivista, o Homem não tem a capacidade de atuar para que ocorra
transformação na sociedade.

2.4 Karl Marx (1818 – 1883)

Karl Marx nasceu na Alemanha, na cidade de Treves. Ao terminar seus


estudos iniciais, foi para a Universidade de Bonn, cursar Direito, todavia, não
finalizou o curso. Em 1836, foi para a Universidade de Berlim, onde estudou
História e Filosofia. No ano de 1841, terminou seu Doutorado em Filosofia, na
Universidade de Iena e trabalhou no jornal Gazeta Renana, escrevendo
conteúdos que traziam à tona sérios problemas de ordem política e social. Com
o fechamento do jornal, mudou-se para a França, onde publicou uma revista
chamada Anais Franco-Alemães.
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Karl Marx

Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte Acesso em: 24.07.2021

No ano de 1845, Marx foi expulso da França, encontrando abrigo em


Bruxelas. Lá, integrou-se à Liga dos Comunistas. O ano de 1848 foi um marco
para a história de Marx, pois, junto a Friedrich Engels, publicou o Manifesto do
Partido Comunista. Importante ressaltar que, no período de 1836, quando
estudou História e Filosofia, na Universidade de Berlim, Marx passou a ser
fortemente influenciado pelas ideias do filósofo Hegel, que viveu entre 1770 e
1831. As ideias de Hegel foram importantes para que Marx desenvolvesse suas
teorias.

Hegel foi o sistematizador da dialética. A dialética demonstra que as


coisas estão em constante movimento e em conexão umas com as outras.
Diante disso, a própria vida gira em torno desse movimento de ida e de volta,
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sendo caracterizada pela luta constante dos opostos: vida e morte, saúde e
doença, riqueza e pobreza, dentre outros.

Marx atuou com ênfase na militância política, estando ao lado da classe


trabalhadora. Por anos, viveu no exílio, em países como a França, Inglaterra e a
Bélgica. Na ótica marxista, os elementos econômicos estão à frente de todas as
coisas e são a força motriz que rege a sociedade. A religião, a política e a arte
têm em sua base, os fatores econômicos. Diante disso, as contradições e os
antagonismos do capitalismo foram demonstrados por Marx, a partir da forma
como analisara a estrutura econômica social.

Quadro 02 - Principais Obras de Marx


❖ A ideologia alemã (1845)
❖ Manifesto do Partido Comunista (1848)
❖ O Capital: crítica da economia política (1867)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

De acordo com Giddens (2012, p. 26):


O ponto de vista de Marx baseia-se naquilo que chamou de concepção
materialista da história. Segundo essa visão, não são as ideias ou
valores que os seres humanos detêm que são as principais fontes de
mudanças sociais; ao invés disso, as mudanças sociais são
primordialmente introduzidas por influências econômicas. [...] De
acordo com essa visão da história, Marx argumentava que, assim como
haviam se unido para derrubar a classe feudal, os capitalistas também
seriam suplantados por uma nova ordem instalada: o comunismo.

Na sua ferrenha batalha travada contra o capitalismo, Marx desenvolveu


o conceito de classe social, haja vista que questionava o fato de existirem ricos
e pobres, se as oportunidades eram dadas para todos. Na medida em que a
pessoa ocupa determinado lugar e posição no trabalho, descobre-se a que
classe social pertence: burguesia ou proletariado.

▪ Burguesia – aquela que tem consigo o poder econômico e os meios de


produção.
18

▪ Proletariado – trabalha em troca de salário, afinal, não possui poder


econômico, nem meios de produção.

Para Marx, a troca entre o trabalho e o salário


que era pago era injusta, por isso, o capitalismo
gerava as lutas de classe. As duas classes
mantêm uma relação de exploração e se
complementam. Uma só existe a partir da outra.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

A teoria de Marx alcançou repercussão mundial, implementando a


formação e o desenvolvimento de partidos marxistas, sindicatos que
contestavam a ordem e, até mesmo, revoluções, tais como, a Russa (1917), a
Chinesa (1949) e a Cubana (1959).

2.5 Max Weber

Karl Emile Weber nasceu em Erfurt, na Alemanha, no ano de 1864, vindo


a falecer em Munique, 1920. Estudou várias áreas, tais como economia, história,
direito, filosofia e teologia na Universidade de Heidelberg, a partir de 1882. Em
1889, recebeu o título de Doutor em Direito, sendo admitido como Professor
Universitário em Berlim, em 1891, e Professor Catedrático da Universidade de
Heidelberg, em 1896.
19

No ano de 1903, Weber fundou a revista Arquivos de ciência social e


política social. Essa produção foi um marco e obra de importância e valor à
época. Após o falecimento de Weber, coube à sua esposa, Marianne Weber,
organizar os seus escritos.

Max Weber

Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte Acesso em: 24.07.2021

Giddens (2012, p. 28) explica que:

Em comum com outros pensadores da época, Weber buscou entender


a natureza e a causa das mudanças sociais. Ele foi influenciado por
Marx, mas também foi bastante crítico de algumas das principais
visões de Marx. Ele rejeitava a concepção materialista da história e
considerava os conflitos de classe menos significativos do que Marx.
Segundo a visão de Weber, os fatores econômicos são importantes,
mas as ideias e os valores também têm um grande impacto nas
mudanças sociais. [...] Ao contrário de outros pensadores sociológicos,
Weber argumentava que a sociologia deveria concentrar-se na ação
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social, e não em estruturas sociais. Ele argumentava que a motivação


e as ideias humanas eram as forças por trás da mudança – ideias,
valores e opiniões tinham o poder de causar transformações. Segundo
Weber, os indivíduos têm a capacidade de agir livremente e de moldar
o futuro. Ele não considerava, como Durkheim e Marx, que as
estruturas existiam fora ou independentemente dos indivíduos. Pelo
contrário, as estruturas da sociedade eram formadas por uma
complexa inter-relação de ações. E era trabalho da sociologia entender
os significados por trás dessas ações.

De posse desse entendimento, Weber apresentou os conceitos de ação


social e tipo social. A ação social é qualquer ação que uma pessoa atua, a partir
do direcionamento ou influência das ações de outros. Já os tipos ideais são
modelos, conceituais ou analíticos, através dos quais se pode compreender o
mundo.

No quadro abaixo, veremos alguns tipos de ação social, de acordo com a


visão Weberiana.

Quadro 03 – Tipos de Ação Social


Tipos de Ação Social Elemento Polarizador
Ação Social Racional por Valor Valor (crença em um valor importante)
Ação Social Racional por fim Finalidade (racionalidade que coloca os
fins, organizando os meios.
Ação Social Tradicional Tradição (costumes e hábitos)
Ação Social Afetiva Sentimento (Afetos ou estados
sentimentais).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Um aspecto importante da teoria de Weber, diz respeito à necessidade da


Burocracia. Para ele, a burocracia atuava na diminuição dos conflitos, sendo que
as regras estabelecidas diminuíam os esforços, haja vista que não seria
necessário encontrar respostas para cada nova demanda ou problema.
21

Outrossim, Weber não considerava que o capitalismo era injusto, fora da


racionalidade, voltado à anarquia. Em sua visão, as instituições apresentavam
uma organização que se dava de forma racional, com isso, desenvolvendo um
padrão de precisão e eficiência.

A crítica de Weber à burocracia está no fato de que, em sua perspectiva,


ela retirou o encantamento do mundo, gerando uma visão mecanizada das
relações entre os seres humanos. O capitalismo com sua ênfase na
racionalidade, que despertou intensa artificialidade e intelectualidade, contribuiu
para que a intuição e o ilusionismo do pensamento se perdessem, dando lugar,
nos tempos modernos, ao pessimismo e à melancolia.

Quadro 04 – Algumas Obras de Weber

A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905)

Ciência e política: duas vocações (1919)

Economia e sociedade (1922)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Até o presente, vimos o que são Ciências Humanas e Sociais, focamos a


Sociologia, e apresentamos, de forma sucinta, os teóricos que deram início à
ciência sociológica. Com estas informações introdutórias, partiremos para a
compreensão da sociologia da religião.
22

2.6Sociologia da Religião

Nos tópicos anteriores, aprendemos que a Sociologia da Religião é uma


das ramificações ou braços da sociologia. Ao explanarem sobre o tema, Lakatos
e Marconi (2014, p. 30) explicam que a Sociologia Religiosa: “estuda a origem,
o desenvolvimento e as formas da instituição Igreja, examinando as mudanças
em sua estrutura e função”.

Além disso, quando refletimos sobre a temática, além das instituições


religiosas, analisamos a religiosidade popular, bem como as diversas
manifestações da religião que podem ser encontradas no Brasil e no mundo. De
acordo com Corrêa (2020, p. 10):

A Sociologia da Religião é uma corrente sociológica que se ocupa da


religião enquanto um objeto de estudo, ou seja, como um fato social
que está presente em todas as sociedades. Este fato social se
manifesta socialmente como um fenômeno religioso. Existe uma
materialidade simbólica das religiões que é passível de estudo e
análise científica do ponto de vista antropológico e sociológico. A
Sociologia da Religião investiga as relações entre o indivíduo e as
instituições religiosas e a influência dessa relação na cultura de cada
povo.

Diante da importância da religião na constituição da humanidade,


enquanto elemento que está inserido na cultura humana, em caráter coletivo e
individualizado, compete à Sociologia da Religião analisar, compreender e
buscar explicar como ela atua nas dinâmicas da vida humana.

No próximo capítulo, apresentaremos o conceito de religião e como ela se


manifesta, envolta de complexidades, na história do ser humano, que se
reconhece enquanto elemento ativo e participativo do círculo social religioso,
repleto de expressões de fé, que o envolve e o conduz ao longo de sua
existência, norteando suas ações e decisões.

3. CAPÍTULO 3

3.1 A Religião e Sua Complexidade


23

A vida humana, ao longo da História, foi envolta pela religião. O Homem


é um ser religioso e a religião tem uma força indescritível no sentido para a
existência. De acordo com Corrêa (2020, p. 6, 7): “O conceito de religião provém
de religio, vocábulo relacionado com religatio, que é a substantivação de religare
(religar, vincular, atar). A condição de ser religioso é estar religado a Deus e,
portanto, subordinar-se à divindade”.

Wilges (1999, p. 15) destaca que:

Não há unanimidade entre os autores ao definir a religião. Uma das


definições mais aceitas é a seguinte: Em sentido real objetivo, religião
é o conjunto de crenças, leis e ritos que visam um poder que o homem,
atualmente, considera supremo, do qual se julga dependente, com o
qual pode entrar em relação pessoal e do qual pode obter favores. Em
sentido real subjetivo, religião é o conhecimento pelo homem de sua
dependência de um ser supremo pessoal, pela aceitação de várias
crenças e observância de várias leis e ritos atinentes a este ser.

Diante disso, percebe-se que a religião está intimamente ligada às


questões humanas, embora, o termo religião, em si, apresenta diferentes
definições, não encontrando unanimidade entre os autores.

O fenômeno da religião está posto universalmente e isto pode ser


comprovado pela sociologia, etnografia, pela antropologia, pela história das
religiões, dentre outras ciências. De acordo com Gerone Junior (2017, p. 65):

É possível constatar, portanto, que a religião exerceu uma influência


significativa no estudo da sociedade. Mesmo que a religião não fosse
seu objeto de estudo primário, os sociólogos, ao analisarem a
sociedade, tinham de, necessariamente, perpassar pelo fenômeno
religioso de sua época para, assim, compreender as questões
primordiais relacionadas às causas sociais provocadas pelas grandes
transformações da sociedade.

Como se observa, o homem religioso acredita que pode obter favores e


bênçãos quando crê e obedece, quando entra em contato com a religião e
cumpre com seus dogmas, doutrinas, ritos e leis. Acreditar em algo supremo,
poderoso, acalma angústias e promove quietude frente às questões que
envolvem a própria existência e o sentido da vida.
24

Extraído de: < https://codigodabiblia.com/> Acesso em 20.07.2021.

Para os sociólogos, a religião tem como um de seus propósitos oferecer


ao ser humano o senso de pertença, significado e propósito. Para tanto, esta
realidade adquire abrangência, sacralidade e caráter sobrenatural. Diante disso,
Giddens (2012, 483, 484) aponta que três elementos estão presentes neste
entendimento, a saber:

A religião é uma forma de cultura – A cultura consiste em


crenças, normas, ideias e valores compartilhados que criam uma
identidade comum entre um grupo de pessoas. Ela compartilha todas
essas características.
A religião envolve crenças que assumem a forma de
práticas ritualizadas. Todas as religiões, portanto, têm um aspecto
comportamental – atividades especiais de que os fiéis participam e que
os identificam como membros da comunidade religiosa.
Talvez o fator mais importante, a religião proporciona um
senso de propósito – um sentimento de que a vida tem um significado
final. Ela faz isso explicando de maneira coerente e convincente aquilo
que transcende ou obscurece a vida cotidiana, de maneira que outros
aspectos da cultura (como o sistema educacional ou a crença na
democracia) não conseguem (Geertz, 1973; Wuthnow, 1988).

Como se pode observar, a religião é um fenômeno cultural, com crenças,


valores e ideias que regem as atitudes e os comportamentos de um determinado
25

grupo, atribuindo-lhe um sentido de propósito. Esses fatores podem ser


constatados nas diferentes e diversas manifestações religiosas.

Forma de
cultura

Envolve
A religião crenças e
rituais

Produz
senso de
propósito

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

3.2 Funções da Religião

Para a Sociologia cumpre estudar a religião, a partir do papel que ela


exerce na sociedade. Acerca disso, Dias (2010, p. 260) afirma que:
26

De um modo geral, a religião tem uma postura conservadora, pois serve


de sustentáculo para as normas sociais. Porém, por outro lado, os
profetas principais das mais diversas religiões foram críticos de suas
respectivas sociedades, provocando mudanças significativas. A religião,
de um modo geral, cumpre sua função unificadora entre as pessoas,
formando uma grande comunidade daqueles que creem – os crentes.
Mas, algumas vezes, ela pode se converter em uma das formas que
mais dividem a sociedade, utilizando todos os meios possíveis para
perseguir aqueles que divergem de seus princípios.

Percebe-se na afirmação acima, o antagonismo e, ao mesmo tempo, a


força agregadora que a religião tem no contexto social. Ela unifica ou divide,
dependendo da situação em que está inserida e é envolvida. Frente a isso, é
importante saber que existem dois níveis de funções que as religiões exercem
sobre os seres humanos: a função psicológica e a função social.

A função psicológica é posta mediante a necessidade que o homem tem


de saber, receber explicações de coisas que não podem, necessariamente, ser
explicadas por meios naturais ou científicos. Justamente por isso, as crenças
religiosas são institucionalizadas dentro da cultura. A religião traz calmaria ao
coração humano, suprindo suas carências, atuando nas inabilidades e
incertezas da vida.

O homem também encontra na religião, amparo para lidar com a morte e


com as perdas da vida. O futuro incerto encontra repouso nas convicções de fé
e esperança transmitidas pela religião. Dias (2010, p. 261) diz que:

No sentido de atender às necessidades das pessoas, diminuindo suas


incertezas, suas carências e incapacidades, o significado da religião
para os indivíduos pode ser bem mais especificado do seguinte modo:
para muitas pessoas, a religião constitui um real apoio psicológico,
permitindo responsabilizar a divindade ou o sobrenatural (o destino, o
que está escrito) pelos seus próprios erros e fracassos; a religião
transmite uma sensação de segurança, pois aquele que tem fé está
protegido pela divindade; a religião facilita o conformismo, na medida
em que aqueles que são desafortunados ou infelizes encontram uma
explicação aceitável que justifique sua condição. De algum modo, a
divindade os escolheu para que assumissem essa condição
temporária, pois é somente um momento que será passado aqui na
Terra. Como consequência, a religião contribui para que as pessoas
aceitem o inaceitável, como a morte, a pobreza, a desigualdade, a dor
etc.
27

A função psicológica oferece aos religiosos um sentido de segurança e


conforto em meio às desilusões, incertezas e tragédias da vida. Lidar com o
sofrimento por si é algo por demais doloroso; lidar com o sentimento de
impotência diante de várias circunstâncias que colocam o ser humano em um
beco sem saída, só é possível, para o religioso, quando encontra na sua fé e
devoção, força para seguir em frente.

Além da função psicológica, a religião possui uma função social. O quadro


abaixo, demonstra a força que a função social exerce sobre os indivíduos.

Quadro 05 – Função Social da Religião

Função Social da Religião

1. Forte papel no processo socialização


2. Influencia as instituições sociais
3. Exerce controle social
4. Elimina ou promove conflitos sociais
5. Fator de sociabilidade
6. Preenche a necessidade de explicações não trazidas pela ciência
7. Instrumento que justifica perseguição a outros grupos
8. É uma força conservadora contra mudanças sociais
9. Promove coesão social
10. Promove solidariedade entre os grupos
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021, com base em Dias.

As informações supracitadas apresentam a religião como um poderoso


mecanismo de influência social. Ela atua promovendo a socialização de pessoas
e, após o processo inicial de socialização, trabalha para o fortalecimento dos
vínculos. Mediante este fortalecimento, forças são unidas no combate a todo e
qualquer elemento externo que represente algum tipo de ameaça para os
paradigmas estabelecidos pela fé.
28

O sentimento de pertença e identidade são solidificados e a união dos


pares promove coesão e solidariedade entre os membros. Eles se ajudam, se
suportam e socorrem uns aos outros nos momentos de dificuldade e, até mesmo,
nas calamidades. Isto posto, conclui-se que as funções psicológica e social são
verdadeiras forças motrizes que sustentam todas as sólidas engrenagens que
movimentam o sistema religioso.

Rivière (2013, p. 25, 26), à luz das funções da religião, afirma que ela é:

Explicativa: à medida que ela compensa um saber empírico deficiente;


Organizadora: pela ordem que pressupõe, visando salvaguardar no
universo; Seguradora: por reduzir a um nível suportável o medo e as
tensões psíquicas pela fé e esperança de uma justiça; Integrativa:
agindo como mecanismo de controle social, ligada a uma moral do
respeito e da sanção, mas também por criar uma comunhão de fiéis.

De posse deste entendimento, é importante sabermos que, ao longo da


História, surgiram teorias explicativas sobre o nascedouro da religião. Como elas
surgiram? O que motivou o surgimento delas? A religião nasce, a partir de uma
manifestação sobrenatural ou, é o Homem que credita ao sobrenatural, toda a
força e capacidade que tem? Vejamos algumas teorias, à luz da Sociologia e da
Antropologia Religiosa.

Extraído de: < https://www.fatecc.com.br/curso/ciencias-da-religiao/> Acesso em 20.07.2021


29

3.3 Teorias sobre a Origem da Religião

Há algumas teorias que visam explicar o surgimento do fenômeno


religioso. Apresentaremos seis delas, que são: teoria do medo, teoria aminatista,
teoria animista, teoria do totemismo, teoria sociológica e teoria do elemento
aleatório.

• Teoria do Medo – A teoria do medo foi defendida por Müller e Giddings.


Esta teoria está fundamentada na ideia de que, por medo das forças naturais, o
ser humano passou a crer em deuses, forças misteriosas, cunho sobrenatural.
Estas forças teriam a capacidade e o poder de comandar a natureza. A ideia
nascente das crenças religiosas estava alicerçada no medo do sobrenatural.

• Teoria aminatista (mana) – os povoa antigos ou primitivos criam que


havia um poder impessoal, uma espécie de fluido, que os melanésios e
polinésios, por exemplo, chamavam de mana. Dodrington explica que o mana
entrava em pessoas, animas e plantas, de maneira que recebiam uma
capacitação e poderes superiores.

• Teoria animista (alma) – Esta teoria foi explicada por Spencer e Tylor,
que afirmavam que o surgimento das religiões está ligado às crenças humanas,
do homem primitivo, que cria na existência de um “eu”, detentor de poderes
espirituais. Esse “eu” seria a alma, que tinha poderes que o homem não tinha,
pois eram elevados, superiores. Segundo Lakatos e Marconi (2014, p. 182):

Esta crença era baseada na experiência de formas imateriais, surgidas


em sonhos, ou na diferença entre um homem vivo e seu cadáver. A
morte ocorre quando a alma deixa o corpo e volta ao seu lugar de
origem, onde residem todos os espíritos dos antepassados. Estes
espíritos desencarnados podiam entrar no corpo dos vivos,
aumentando-lhes a força e a vitalidade, ou provocando doenças e
males.

Além da crença supracitada, a teoria animista apregoava que os animais,


os vegetais e, até mesmo as coisas inanimadas possuíam alma. Portanto, esta
não era uma característica que envolvia apenas os seres humanos.
30

• Teoria do Totemismo (totem) – A teoria do totemismo é um conjunto


complexo de crenças, que sofreram muitas variações em torno da sua própria
composição, conforme explicaram Frazer e Goldenweiser. Trata-se da
“crença na descendência comum dos grupos de um antepassado animais ou
vegetal, dando origem a uma atitude de reverência para com todos os
representantes dessa fauna ou flora específica (LAKATOS; MARCONI, 2014, p.
182).
Houve diferentes interpretações acerca do significado do totemismo,
sendo que há os que defenderam a ideia de que se tratou apenas de um
fenômeno de cunho social, ao passo que outros atribuíram-no ao fenômeno
religioso.

Extraído de: < https://educalingo.com/pt/dic-es/totemismo> Acesso em 20.07.2021.

• Teoria Sociológica (magia) – para a teoria sociológica, iniciada por


Smith e desenvolvida em larga escala por Durkheim, primeiramente, o fenômeno
31

religioso iniciou com os ritos e as cerimônias, e não com a ideia e crença sobre
entidades espirituais e divindades.

Sendo assim, a dança e a música, por exemplo, levavam o ser humano


ao estado de êxtase, pois mexiam com as suas emoções. Na medida em que
estas emoções envolviam todos os participantes das cerimônias, cria-se, então,
que poderes sobrenaturais os estavam possuindo. Foram essas experiências
que fizeram que o ser humano passasse a acreditar que havia um poder de
ordem sobrenatural, o mana, e este era representado ou simbolizado por meio
do totem.

• Teoria do Elemento Aleatório (sorte) – Esta teoria foi elaborada por


Sumner e Keller. Para os autores, as tribos primitivas entendiam que as forças
sobrenaturais eram advindas à sorte, sendo assim, o ser humano deveria agir
de maneira que conseguisse o favor e a bênção desses poderes. Nas palavras
de Lakatos e Marconi (2014, p. 183):

Desta maneira, a religião surge como resposta a uma necessidade


defendida: ajustamento ao meio sobrenatural. O elemento sorte foi
denominado pelos dois autores como elemento aleatório, sem o qual a
religião poderia não ter surgido, ou ter-se transformado em algo
inteiramente diferente.

Como se percebe, na Teoria do Elemento Aleatório, o Homem conta com


a sorte e seu objetivo é sempre atrair o favor da sua divindade, pois, o contrário,
também é possível de acontecer. É na dinâmica da relação que se buscava o
constante ajustamento, que visava atrair a bênção sobre tudo o que existia.
Pudemos, de forma breve, fazer um percurso de como a religião vem
sendo explicado por teóricos, especialmente, do campo da Sociologia, que
trataram de analisar como esse fenômeno, tão arraigado na vida do Homem,
influenciando seu modus vivendi, com suas ações, comportamento e práticas,
teve início.
Sendo religioso, ao longo dos séculos, o ser humano desenvolveu formas
de canalizar sua fé, expressando seus medos e anseios, buscando paz e
32

calmaria, acalentando esperança e acreditando que algo, não raras vezes, para
além de si, detinha o grande poder de ação e sustentação de todas as coisas.

3.4 O Fenômeno Religioso

Analisemos algumas características importantes que envolvem o


fenômeno religioso. Abordaremos o profano e o sagrado, as crenças e rituais, o
mito, além de alguns elementos que são constitutivos da religião.

3.5 O Profano e o Sagrado

É muito comum ouvir, sobretudo no meio religioso, as distinções sobre


aquilo que é profano, daquilo que se considera sagrado. Lakatos e Marconi
(2014, p. 183) explicam que:

Segundo Durkheim, o contraste entre o sagrado e o profano é o traço


que distingue o pensamento religioso. Seres, lugares, objetos e forças
sobrenaturais são sagradas em face do significado que têm para o
crente; as coisas sobrenaturais, consideradas más, são ímpias.
Proscrições e tabus cercam o sagrado, e a violação das regras é
considerada profanação. Todo lugar, ser, coisa ou ato que não é
sagrado ou ímpio é profano, secular. Profano é tudo aquilo considerado
útil, prático ou familiar, que pertence ao mundo cotidiano, sem possuir
o significado emocional característico do sagrado.

Diante do exposto, entende-se que o profano está relacionado a tudo


aquilo que faz parte do dia a dia, do labor diário e que não está ligado ao sagrado.
Da mesma forma, quebrar a regra, descumprir uma norma ou prescrição do
sagrado, é cometer profanação.

3.6 Crença e Ritual

Evidentemente, as religiões são detentoras de crenças e rituais. As


crenças religiosas estão ligadas à cognição, haja vista que procuram explicar
como as coisas sagradas nasceram, se desenvolveram e possuem uma
33

natureza. Segundo os mesmos autores citados acima: “a crença baseia-se em


atitudes habituais, na fé, e as noções dela derivadas, mesmo quando coincidem
com a ciência, não se fundamentam nas observações e no tipo de evidência
próprios desta última” (2012, p. 183).
Os rituais dizem respeito ao aspecto ativo da prática religiosa. Acerca
disso, explicam Lakatos e Marconi (2012, p. 183, 184):

Apresenta as seguintes formas: manipulação de objetos sagrados


tangíveis, ação instrumental carregada de conteúdo simbólico; tipos de
conduta, como por exemplo, o uso de roupas especiais, recitação de
fórmulas específicas, cantos, danças lamentações, reverências, etc. O
ritual tem por finalidade despertar uma disposição de espírito favorável
em relação ao sagrado e reforçar a fé dos participantes. É
particularmente eficiente quando coletivo, pois aumenta a emotividade,
tornando mais intensa a impressão subjetiva.

De fato, os rituais exercem profundo senso de pertença aos adeptos de


uma religião, conferindo-lhes união e suporte para o enfrentamento das
realidades da vida. Na medida em que estão juntos, no exercício da fé, ajudam-
se, mutuamente, construindo e solidificando a identidade religiosa.
Os rituais também celebram momentos importantes da vida de uma
pessoa, família ou grupo, como por exemplo: o nascimento de um membro
familiar, o casamento, a morte de um ente querido, vitórias alcançadas, etc.
Outrossim, há os ritos de passagem, que sinalizam a mudança de condição
perante a comunidade religiosa. O batismo e o casamento são exemplos disso.
Na Igreja Católica Apostólica Romana há a extrema unção que é um elemento
que faz parte do seu rito.

3.7 Mito

A palavra mito é oriunda do grego mutheo e diz respeito às explicações


dos eventos naturais e sobrenaturais existentes. De acordo com Wilges (1999),
o ser humano transmite suas experiências com o sagrado, por meio do mito. Ele
não usa a linguagem científica ou a filosófica, antes, lança mão da mitológica.
Segundo Corrêa (2020, p. 8):
34

O mito tenta explicar o mundo, tenta explicar os fenômenos, a origem


de todas as coisas, os mistérios e a manifestação do sobrenatural na
vida humana. O mito possui uma relação com o rito. O rito é uma
maneira de colocar em ação o mito na vida do homem por meio de
cerimônias, casamentos, batizados, danças, orações, sacrifícios e
outros. São atividades organizadas e se repetem através de palavras,
gestos e comportamentos que permitem um significado ao ritual.

Importante distinguir mito de dogma. O dogma, geralmente, está


relacionado a alguma verdade que fora revelada e pode ser que esta verdade
esteja fora da compreensão ou alcance humanos. O mito pode ser encontrado
nas lendas, crenças e superstições, cinema, história em quadrinhos, dentre
outros (LAKATOS; MARCONI, 2012).

Extraído de: < https://www.vittude.com/blog> Acesso em 21.07.2021.

3.8 Elementos constitutivos da Religião

De acordo com Wilges (1999, p. 15, 16), a religião é constituída por:


doutrina, ritos, ética, comunidade e o eu-tu.

➢ Doutrina – está ligada às crenças e aos dogmas. As religiões têm suas


doutrinas que trazem explicações sobre a origem de todas as coisas, da vida e
seu sentido, sobre o sofrimento e a dor, sobre a morte, sobre a vida após a morte,
etc. A doutrina está ligada a uma fonte, geralmente, transmitida de geração em
geração. Para os cristãos, por exemplo, a fonte é a Palavra de Deus, a Bíblia
35

Sagrada. Para religiões orientais, essa fonte foi adquirida por meio de homens
cultos, sábios.

➢ Ritos – Trata-se do conjunto de cerimônias que promove a união do grupo


religioso. O autor afirma que: “ o homem não pode viver sem símbolos, sem ritos,
sem estruturas visíveis.

➢ Ética – Conjunto de leis que regem as condutas e práticas de um grupo,


a partir de uma visão de mundo estabelecida e compreendida pelo segmento
religioso.

➢ Comunidade – A comunidade oferece ao indivíduo a certeza da partilha,


da comunhão, da identidade, dentre outros. Confere, também, a emoção coletiva
e atua no combate ao individualismo.

➢ Eu-tu – A religião pressupõe relacionamento pessoal, um elo com Deus.


Wilges (1999, p. 16) considera que: “Religião não é, em primeiro lugar, doutrina,
rito, lei, mas relação pessoal com Deus. Quando esta existe, as dificuldades
doutrinais, rituais e morais desaparecem”.

Elementos Constitutivos da Religião

Doutrina Ritos Ética

Comunidade Eu-tu

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.


36

Certamente, como se percebe, há muito que estudar sobre a religião e os


fenômenos que a envolvem. No próximo capítulo, nos envolveremos com os
clássicos da Sociologia da Religião, a fim de que compreendamos como eles
entenderam e interpretaram a religião, elemento salutar na história humana.

4. CAPÍTULO 4

4.1 Clássicos da Sociologia da Religião

A Sociologia da Religião vem sendo estudada por nomes relevantes


dentro da Sociologia, incluindo os clássicos, tais como, Weber, Marx e Durkheim.
Veremos os aspectos relevantes e as contribuições destes autores,
apresentando noções do pensamento que desenvolveram sobre o fenômeno
religioso.

4.2 Críticos da Religião


Antes de apresentarmos os clássicos da Sociologia da Religião,
importante trazer à aprendizagem alguns nomes de críticos da religião,
considerando, evidentemente, o contexto histórico em que estavam inseridos e
como a religião, na visão deles, exercia influência negativa sobre a sociedade.
Citaremos: Ludwig Feuerbach, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. Apesar
destes três nomes terem vindo de uma forte tradição e influência religiosas, não
se tornaram praticantes da religião.

4.3 Ludwig Feuerbach (1804 – 1872)

Feuerbach é tido por pai do ateísmo moderno. Em sua visão, Deus é


criado pelo ser humano, a partir de sua própria imagem. É a relação do homem
consigo, com seu próprio ser.
37

Extraído de: < https://averdade.org.br/2019/09/ludwig-feuerbach-filosofo-da-libertacao/> Acesso


em 22.07.2021.

Por isso, em sua ótica, o ser humano deveria libertar-se dessa religião e
de toda projeção trazida por ela, a fim de que pudesse evoluir, progredir.
Feuerbach escreveu o que ficou conhecido como a Bíblia do Ateísmo. Foi um
ferrenho crítico do Cristianismo, além de ter influenciado muitos pensadores,
dentre eles, Karl Marx e Sigmund Freud.

4.4 Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)

Para Nietzsche, a religião, incluindo o cristianismo, é uma forma de


legitimação entre as diferentes classes, que permite que haja identificação entre
seus membros. Em sua visão, a religião cristã se assemelhava ao suicídio da
razão, que acontecia de forma lentificada.
38

Extraído de: < https://www.infoescola.com/filosofos/friedrich-nietzsche/> Acesso em 22.07.2021

A religião, sobretudo a cristã, promovia o idealismo das massas, ou seja,


seus valores eram impostos e deveriam ser obedecidos, escondendo, por detrás
de si, uma profunda fraqueza.

4.5 Sigmund Freud (1856 – 1939)

Sigmund Freud é um nome importante no conhecimento sobre o


comportamento humano. Ele é o pai da Psicanálise, teoria que estuda a psiquê
humana, com toda a sua complexidade. Segundo Dix (2006, p. 19, citado por
Gerone Junior, 2017, p. 68): “a religião tem origem numa experiência traumática
coletiva e revela-se como uma espécie de ilusão necessária para aguentar e
suportar a realidade”.
39

Extraído de: < https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/02/5-reflexoes-que-vao-te-


introduzir-ao-pensamento-de-freud.html> Acesso em: 23.07.2021.

Na visão de Freud, os conceitos e crenças religiosos norteavam a vida


das pessoas, embora tivessem caráter ilusório. Portanto, o progresso humano e
social residiria no abandono dessa ideia infantil, haja vista que, para Freud, a
religião era um processo do pensar infantilizado, para que desse lugar ao
amadurecimento, advindo da razão, que resultaria em progresso e
desenvolvimento.
Evidentemente, há outros críticos da religião, porém, demonstramos, de
forma muito breve apenas estes três. Daqui para a frente, apresentaremos,
aspectos importantes ligados à Sociologia da Religião, a partir dos pensadores
clássicos do assunto. Iniciaremos com Comte; em seguida, conversaremos
sobre Durkheim, Marx, finalizando com Weber.

4.6 Sociólogos Clássicos da Religião

4.6.1. Augusto Comte


40

Inicialmente, em nossa disciplina, falamos sobre Augusto Comte, como


um nome importante para as Ciências Sociais, especialmente a Sociologia.
Agora, analisaremos como Comte se portava perante o fenômeno da religião. É
importante trazer à memória que Comte é considerado o pai do positivismo, que,
de acordo com Geroni Júnior (2017, p. 56):

[...] se utiliza do método científico em seus estudos, igualando as


relações humanas à natureza. Sendo assim, do mesmo modo que a
natureza é regida por leis imutáveis, a sociedade adota também
padrões predefinidos. Para o positivismo, portanto, o objetivo do estudo
social se fundamenta na manutenção da ordem, visando ao progresso.

Comte, por meio do avanço das ideias positivistas, chegou a propor o


surgimento de uma religião da humanidade, proclamando-se sumo-sacerdote
dela. Para ele, a própria estrutura da Igreja Católica serviria de base ou modelo
para a constituição dessa nova sociedade, além do que, as crenças monoteístas,
serviam para promover a unidade de entendimento humano. O altruísmo seria
uma forma de aperfeiçoamento humano, haja vista que, segundo ele, tudo o que
era bom e verdadeiro, deveria ser buscado pelo ser humano.
Estes pressupostos, na ótica de Comte, promoveriam uma nova e única
religião, cercada por todas as religiões existentes na sociedade. É importante
ressaltar que Comte enfatizava a ciência como meio de levar o Homem a
aperfeiçoar-se em sua moralidade. Gerone Júnior (2017, p. 58, 59) resume o
pensamento de Comte, dizendo que: “[...] sua doutrina positiva estava focada em
amor, ordem e progresso; e tal perspectiva se concretizava mediante uma
hierarquia de valores baseada na ciência e na razão”.

4.6.2 Emile Durkheim

Durkheim é um dos nomes que figuram entre os clássicos no estudo da


religião. De forma diferente de Marx, que conectava a religião ao poder e à
desigualdade de classes, Durkheim afirmava que ela estava intimamente
relacionada à natureza geral das instituições de uma sociedade (GIDDENS,
41

2012). Uma das obras monumentais de Durkheim foi “As Formas Elementares
da Vida Religiosa”.
Segundo Hervieu-Léger e Willaime (2009, p. 171):

É na religião que Durkheim encontra, com efeito, a forma primeira


desse espírito comum que faz a sociedade se manter reunida. Com
efeito, a sociedade não é um agregado de indivíduos que ocupam um
espaço dado em condições materiais determinadas. Ela é “antes de
tudo um conjunto de ideias, de crenças, de sentimentos de todos os
tipos que se realizam por meio dos indivíduos e, na primeira fila dessas
ideias, encontra-se o ideal moral, que é sua principal razão de ser”.
Estudar a religião é estudar as condições de formação desse ideal
moral.

Os estudos de Durkheim foram fundamentados no totemismo, uma prática


religiosa primitiva, realizada na Austrália. O totem, que podia ser uma planta ou
um animal, era permeado de simbolismo para um povo, desta forma, era visto
como sagrado, cercado de rituais e práticas de veneração.
Cria-se que um totem possuía caráter sagrado, portanto, era distinguido
de outros animais, que poderiam ser caçados ou, de plantas, que poderiam ser
colhidas servindo, posteriormente, de fontes de alimentação. Durkheim concebia
a religião, a partir da separação entre aquilo que era profano, do sagrado. Todo
material sagrado recebia um tratamento diferenciado daqueles que faziam parte
do cotidiano da vida humana.
Um totem era considerado sagrado, segundo Durkheim, porque trazia em
seu bojo, um conjunto de símbolos e valores que eram pertencentes a um
determinado grupo social. Sendo assim, por meio da religião, quando um grupo
reverenciava um totem, estava respeitando e honrando os próprios valores,
centrais para a sua existência.

Segundo Giddens (2012, p. 486):

Durkheim enfatizava vigorosamente que as religiões nunca são apenas


questões de crença. Todas as religiões envolvem atividades
cerimoniais ou rituais regulares, nas quais um grupo de fiéis se reúne.
Em cerimoniais coletivos, um sentido de solidariedade grupal é
afirmado e intensificado, naquilo que Durkheim chamava de
efervescência coletiva – o sentimento fortalecido de energia que é
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gerado em reuniões e eventos coletivos. Os cerimoniais afastam os


indivíduos das preocupações da vida social profana, voltando-os para
uma esfera elevada, na qual se sentem em contato com forças
superiores. Essas forças superiores, atribuídas aos totens, influências
divinas ou deuses, na verdade são a expressão de influência da
coletividade sobre o indivíduo. Entretanto, a experiência religiosa das
pessoas não deve ser rejeitada como uma mera autoilusão. Ao
contrário, ela é a experiência real de forças sociais.

De posse desse entendimento proposto por Durkheim, observa-se a


importância que os rituais religiosos possuem na esfera social e coletiva, haja
vista que, estes, são promotores da união entre a membresia. Isto se dá, não
apenas no momento de culto, como também em eventos que circundam o
cotidiano humano, como nascimento, casamento, morte, etc. A presença e a
solidariedades grupais são fatores de fortalecimento para aqueles que estão
atravessando mudanças impactantes em suas vidas.
Importante reiterar que Durkheim, concordando com Marx, acreditava
que, com o passar do tempo, a religião perderia o peso de influência em
sociedades tradicionais, isso, graças ao progresso e à modernidade. Com isso,
a ciência ocuparia o lugar que, até então, cabia à religiosidade. Para tanto, o
individualismo contribuiria para tal acontecimento.

4.6.3 Karl Marx

Conforme vimos anteriormente, Karl Marx foi fortemente influenciado por


pensadores, tanto da área filosófica, quanto teológica, do século XIX,
principalmente por Ludwig Feuerbach. Este filósofo, no ano de 1957, publicou
uma obra que ganhou amplo destaque e fama, chama “A essência do
Cristianismo”. O próprio Marx não foi um profundo estudioso da religião, com
suas nuances e detalhes.
Giddens (2012, p. 485) explica que:

Segundo Feuerbach, a religião consiste em ideias e valores produzidos


pelos seres humanos no decorrer de seu desenvolvimento cultural,
mas projetados erroneamente sobre forças divinas ou deuses. Como
os seres humanos não entendem completamente sua própria história,
eles tendem a atribuir normas e valores criados pela sociedade às
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atividades de deuses. Assim, a história dos 10 mandamentos que Deus


deu a Moisés é uma versão mítica da origem dos preceitos morais que
regem a vida dos fiéis judeus e cristãos.

A partir deste raciocínio desenvolvido por Feuerbach, o entendimento dos


símbolos e de sua natureza, seriam os libertadores do ser humano de forças
históricas que ele não tem controle. A alienação é o termo usado por Feuerbach
para falar sobre deuses e forças divinas que existem em separado da raça
humana.
No entanto, Feuerbach defendia que todo o aspecto negativo causado
pela religião no passado, mediante a compreensão sobre ela no futuro, haveria
esperança para a humanidade. Segundo o autor, o ser humano precisa
compreender que os valores postos sobre a religião pertencem a ele mesmo,
logo, quando adquire o conhecimento dessa realidade, deixa de pensar no porvir,
na vida eterna, e passa a desfrutar desses valores na própria Terra, na presente
vida.
Marx bebeu dessa fonte, em Feuerbach, defendendo que a religião era
uma forma de alienação humana, embora apregoasse que ela, a religião, era
uma espécie de proteção, de fortaleza, para a realidade dura da vida, do dia a
dia. Deus, para ele, é produto de Em seu ponto de vista, no futuro, a religião
tradicional deixaria de existir, sendo que os valores seriam incorporados, a partir
do entendimento que os valores creditados aos próprios deuses, poderiam ser
praticados pelo ser humano.
Há uma frase de Marx que ficara muito conhecida: “ a religião é o ópio do
povo”. Ao afirmar isso, Marx estava querendo dizer que, assim como o ópio traz
um certo alívio para o sofrimento do enfermo, embora não traga a cura, a religião
funciona por meio do mesmo mecanismo.
Giddens (2012, p. 485) ressalta que, para Marx:

A religião posterga a felicidade e gratificações para a outra vida,


ensinando a aceitação resignada das condições existentes nesta vida.
Assim, devia-se a atenção das desigualdades e injustiças deste
mundo, com a promessa do que virá no próximo. A religião tem um
forte elemento ideológico: crenças e valores religiosos, muitas vezes,
servem como justificativas para desigualdades de riqueza e poder. Por
exemplo, o ensino de que “os pobres herdarão a terra” sugere atitudes
de humildade, e não de resistência ante à opressão.
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Portanto, pode-se perceber que a visão de Marx sobre a religião estava


fortemente ligada às questões que envolviam o poder e a dominação. A religião,
em sua ótica, tem o poder de fazer com que todo o sofrimento desta vida, as
perdas, as dores, as lamúrias desta existência sejam suportadas passivamente,
em nome de uma vida diferente após a morte, com gratificações, alegrias e
contentamento.
Marx reconhecia que, embora a religião tivesse os contornos já
apresentados aqui, ela se apresentava como agente promotora de
transformações e revoluções. No próprio discurso de Marx:

O passado revolucionário da Alemanha é efetivamente teórico. Como


outrora no cérebro do monge, é agora no filósofo que começa a
revolução. Sem dúvida que Lutero venceu a servidão pela devoção,
substituindo-lhe a servidão pela convicção. Quebrou a fé na
autoridade, restaurando a autoridade da fé (MARX, 1974, p. 59 apud
CORRÊA, 2017, p. 72).

Mesmo diante deste reconhecimento, Marx asseverava que a religião era


sempre um mecanismo de alienação e de perpetuação das desigualdades
presentes na sociedade. Veremos agora, outro clássico da Sociologia, Max
Weber.

4.6.4 Max Weber

Weber foi um estudioso das religiões, debruçando-se sobre as principais


existentes no mundo. Ele se dedicou às chamadas religiões mundiais, ou seja,
aquelas que tinham muitos membros e adeptos, a ponto de influenciarem a
história do mundo, tais como, judaísmo, budismo, hinduísmo, dentre outras.
De acordo com Caldas (2014, p. 117):

Max Weber preocupou-se com as relações entre a fé religiosa, a


economia e a sociedade. Pesquisou e escreveu muito a respeito
dessas relações. Em outras palavras, ele procurou saber que influência
a fé religiosa pode exercer no desempenho econômico de uma
sociedade. Se em uma dada sociedade a maioria da população
confessa o mesmo credo, professa a mesma fé e as mesmas
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convicções religiosas, que influências haverá na maneira como aquela


sociedade produz riquezas? Ele pesquisou e comparou tradições
religiosas muito diferentes umas das outras.

Ao estudar as diversas religiões, Weber constatou, por exemplo, que na


tradição indiana antiga, o sistema de castas é tido por sagrado, assim como,
para os muçulmanos, se uma pessoa é pobre, a é porque Alá assim quis. Logo,
não há formas de mudar tal condição, pois vem da vontade soberana do ser
superior.
Quando pesquisou sobre a tradição cristã, em países católicos e
protestantes, Weber analisou que as mudanças que ocorrem são decorrentes do
poder que a religião exerce sobre a sociedade. Por exemplo, para o catolicismo,
há valorização do sofrimento e da dor, ao passo que, o dinheiro, é visto como
algo ruim e sujo, sugerindo que o fiel não deve buscar nem acumular as riquezas
desta Terra.
Por outro lado, no protestantismo, o cristão tem sua segurança em Cristo,
portanto, a salvação está garantida, logo, pode trabalhar sem medo e em paz.
Weber teve contato com a tradição protestante puritana, do século XVII, onde a
preguiça era vista como um grande mal e rechaçada, e o tempo deveria ser bem
aproveitado, logo, não haveria espaço para coisas desnecessárias. O dinheiro
existia para ser usado com sabedoria e prudência, longe dos gastos
desnecessários.
Por valorizar o trabalho, a frugalidade, o perigo de se perder tempo e a
necessidade de prudência com relação aos gastos do dinheiro, a riqueza viria.
Isso pôde ser claramente constatado nas tradições protestantes calvinistas, haja
vista que, tais sociedades, tornaram-se ricas e prósperas.
Esse olhar racional sobre as situações que envolvem a vida, o trabalho e
o dinheiro, foi chamado por Weber de racionalização. Uma das obras clássicas
de Weber foi “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, em que demonstra
a relação direta que existente entre o capitalismo e o protestantismo. Giddens
(2012, p. 487) diz que:

Os primeiros empreendedores eram principalmente calvinistas. Seu


ímpeto para o sucesso, que ajudou a dar início ao desenvolvimento
econômico ocidental, foi motivado originalmente pelo desejo de servir
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a Deus. O sucesso material, para eles, era um sinal de favoritismo


divino.

Diante disso, o trabalho era fundamental para os calvinistas e, através


dele, Deus era glorificado, por meio de suas vidas e de suas profissões. Quando
isso acontecia, Deus os abençoava, eram alvos do Seu benigno favor e bondade,
resultando assim, em êxito no labor diário.
Weber também apresentou o conceito de tipos ideais. Para ele, o tipo é
um modelo perfeito, que pode não existir, por isso “ideal”, idealizado, que
contribui para que se compreenda o fenômeno religioso. Esse fenômeno
religioso, independentemente do período histórico, tipo de sociedade e lugar,
possui os seguintes atores religiosos: sacerdote, profeta e o mago.

Sacerdote Profeta Mago

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2021.

Vejamos cada um desses atores:

Sacerdote – o sacerdote é o responsável pela religião institucionalizada.


Ele é o detentor do conhecimento e o mantenedor da ordem, ao passo que,
caberá a ele, corrigir todo e qualquer erro que possa ser ensinado na
comunidade.

Profeta – geralmente, surge em momentos de dificuldade e crise, com


uma mensagem especial. São detentores de carisma, atraindo o povo, a ponto
de ser capaz de promover divisão no grupo.
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Mago – Embora parecido com o profeta, inclusive, no que diz respeito ao


carisma, o mago não faz parte da instituição, ou seja, não possui vínculo com
ela, antes, afirma ter relação direta com a divindade. Caldas (2014, p. 122) afirma
que:

O mago não tem uma igreja, uma denominação, um templo, mas uma
“clientela”, por assim dizer, que o procura quando precisa de algo, e
ele se apresenta como intermediário entre os fiéis e a divindade.
Curiosamente, tanto o profeta como o sacerdote procurarão
desclassificar o trabalho do mago, pois este atua na total marginalidade
(no sentido literal, não no sentido metafórico de criminalidade – o mago
está na margem do sistema religioso, não dentro dele, como o
sacerdote e o profeta estão) e na clandestinidade do fenômeno
religioso.

É possível constatar, na realidade brasileira, por exemplo, a manifestação


dos atores religiosos, inclusive, os magos, que se apresentam no dia a dia, em
muitos templos, com grande carisma, como detentores da relação com o divino,
no entanto, sem qualquer vínculo institucional, não raras vezes, por
considerarem-se superiores a ela.
Importante considerar também que, além da religião, Weber pesquisou os
modelos de lideranças existentes, classificando-as em: racional-legal, tradicional
e carismático. O racional-legal é aquele regido pelas leis, ordens e normas que
regem uma sociedade. O tradicional, como sugere o nome, é o modelo de
liderança apegada fortemente às tradições. Por fim, o carismático, para Weber,
é aquele que consegue exercer naturalmente influência sobre as pessoas,
atraindo-as para perto de si. A força de sua liderança reside nele mesmo, não no
cargo que está ocupando naquele momento (CALDAS, 2014).
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CONCLUSÃO

Como pudemos observar, a Sociologia da Religião é um vasto campo de


estudos que deve ser conhecido pelo Teólogo. Compreender como a religião
tem sido decifrada pelos cientistas sociais, com todos os seus contextos e
contornos, fará com que o estudante amplie seus horizontes do saber, permitindo
assim, que consiga dialogar com os diferentes posicionamentos, sem perder,
obviamente, a essência daquilo que crê e defende.
Ao longo deste guia didático, que se propõe a ser um norteador dos
estudos, foi possível conhecer a religião enquanto fenômeno humano,
característico dos povos de todos os tempos e culturas. Outrossim, conhecemos
as diferentes teorias explicativas sobre a religião, desde as formas mais
primitivas às mais avançadas.
Os críticos, de forma sucinta, apareceram em nossa disciplina,
demonstrando o que pensavam sobre a religião e como viam os seus adeptos.
Por fim, nos debruçamos sobre os grandes clássicos da Sociologia e,
evidentemente, da Sociologia da Religião: Emile Durkheim, Karl Marx e Max
Weber.
Há muito o que pesquisar. Há vários outros teóricos, inclusive, recentes,
que continuaram a pesquisar e a escrever sobre o fenômeno religioso. Diante
disso, nossa disciplina objetivou despertar o aluno ao conhecimento dessa
importante área do saber, introduzindo-o no universo da sociologia religiosa.
Por fim, reiteramos que estudar o assunto com profundidade é
fundamental, para tanto, sugerimos que o estudante leia, além deste guia de
estudo, os materiais indicados nas referências bibliográficas, de maneira que
amplie seu conhecimento, tornando-se um teólogo eficiente e capaz de dialogar
sobre o fenômeno da religião.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALDAS, Carlos. Igreja e Sociedade. Pindamonhangaba/SP: IBAD, 2014.


CORRÊA, Elói. Sociologia da Religião [recurso eletrônico]. Curitiba/Pr:
Contentus, 2020.
GERONE JÚNIOR, Acyr de. Sociologia da Religião: Introdução, História,
Perspectivas e Desafios Contemporâneos. [livro eletrônico]. Curitiba/Pr:
Contentus, 2017.
GUIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre/RS: Penso, 2012.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. São
Paulo: Editora Atlas, 2014.

Bibliografia Complementar
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson, Prentice Hall,
2010.
RIVIÈRE, Claude. Socioantropologia das Religiões. São Paulo: Ideias e
Letras, 2013.
WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As Religiões do Mundo. Petrópolis: RJ:
Vozes, 1999.

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