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Resumo de Psicologia social

O indivíduo
•Nos tornamos sociais quando nascemos, ou até mesmo antes, devido
nossas condições históricas.
O homem depende de interação para a sua sobrevivência ao chegar ao
mundo, necessita de cuidado, afeto, proteção, e estar com os outros.
Essa condição faz parte de sua natureza social.
O ser humano está imerso em grupos desde seu nascimento e neles se
desenvolve devido a interação e aprendizagens, são eles: família,
comunidade, amigos, colegas, pares, entre outros.
Deste modo, o indivíduo enquanto ser social, está influenciado por
padrões culturais diante da sociedade em que vive, é a cultura lhe
fornece regras específicas.

O indivíduo e a cultura
Ao fazer uso da linguagem, o indivíduo passa a fazer parte de um
processo cultural, onde por meio de símbolos comuns, reproduz o
contexto cultural que vivencia.
O indivíduo é sujeito ativo no contexto cultural. Ele recebe a informação,
interpreta, constrói, criativa e coletivamente, em um processo cultural
voltado à sua época histórica.
Ele constrói suas regras, por meio das atividades coletivas, podendo
alterá-las, da mesma forma que é afetado por elas. A cultura é uma
herança social.

O comportamento social é biologicamente enraizado


Os comportamentos sociais refletem uma sabedoria biológica profunda.
Os psicólogos evolucionistas apontam a natureza humana, que
predispõe à comportamentos que se tornam adaptativos, por ajudarem
na sobrevivência e na reprodução da humanidade.
As Forças internas também importam. Disposições da personalidade
também afetam o comportamento. Diante da mesma situação, pessoas
diferentes podem reagir de uma maneira diferente.
A neurociência social: estuda o comportamento social, considerando
as influências biológicas e sociais.
A mente e o corpo como um sistema. Somos organismos
biopsicossociais. Refletimos a interação de nossas influências
biológicas, psicológicas e sociais, e é por isso que os psicólogos da
atualidade estudam o comportamento a partir desses diferentes níveis
de análise (Mayers, 2014)

O indivíduo sujeito da história


O indivíduo e a ideologia
A análise da ideologia, considera tanto o discurso onde se articulam as
representações, como as atividades desenvolvidas pelos indivíduos,
em sua vida pessoal e cotidiana
As representações ideológicas são importantes para o conhecimento
psicossocial, por que o comportamento individual produz e também é
produzido por aspectos ideológicos.
Num plano superestrutural a ideologia é articulada pelas instituições, no
plano individual elas se reproduzem na história de vida e na inserção
destes indivíduos especificamente.

 Consciência social - de caráter psicológico. Percepção de si e do


seu meio social.

 Consciência de classe - de caráter sociológico – se perceber parte


de uma classe social, contribui para a maior consciência de si,
individual e socialmente.

Ideologia e alienação
O conhecimento da ideologia e dos níveis de consciência, implica em
estudar as relações grupais, como se reproduzem os papeis as
relações de dominação, as contradições geradas e o nível de
alienação.
A alienação se origina da atribuição de naturalidade aos fatos sociais.
Neste processo a consciência é negada como processo, mantendo a
alienação sobre quem o sujeito é individual e socialmente.

A linguagem
Linguagem – tem como função a mediação ideológica, produzida por
uma classe dominante que detém o poder de pensar e transmitir
conhecimentos, atribuído valores absolutos, inquestionáveis e
tornando-os verdades universais.
O indivíduo e o meio social

Identidade
Você é personagem ou autor da narrativa de sua identidade?
Somos personagens e autores de nossa história e da história do outro,
do coletivo também.
Somos singularidade: Nome
Somos identificados com um grupo primário: Família – sobrenome.
E com outros grupos sociais: profissional, amizades, etc.
A identidade não é um dado natural e sim um fenômeno social.
Não se trata de características permanentes e não é totalmente
independente.
Composta por elementos biológicos, psicológicos e sociais, também é
representação. Desde o nascimento algo já é dito de sua identidade.
Ex: filho de X família etc.
A identidade passa a ser constituída, pelas pertenças à grupos,
comportamentos, ações etc.
Caráter temporal da identidade: sou ser-posto. Cada posição minha,
me determina temporariamente, fazendo com que a existência
concreta seja a unidade da multiplicidade, destas determinações.
Embora o indivíduo seja uma totalidade, manifesta-se uma parte, como
desdobramento das múltiplas determinações a que está sujeito.
Ex: pai – filho.

Identidade e alteridade
O ser como alteridade. Eu, enquanto o outro que pode vir a ser.
A história da autoprodução humana, faz do homem um ser de
possibilidades, de sua própria história e da humanidade. Está
comprometido com sua condição histórica. E relacionado com o modo
de produção de sua sociedade.
A questão da identidade nos remete a um projeto político.
O homem como pura consciência, ou subjetividade – projeto idealista
O homem objetivado – Projeto materialista- mecanicista
Superação dialética deste dualismo pela práxis – Trata-se de não
acompanhar de modo inerte a história, mas se engajar em projetos de
coexistência humana, que possam tender a transformações reais da
existência humana.
A identidade, é movimento, transformação, desenvolvimento do
concreto, é metamorfose.
É sermos Um e um Outro, para que cheguemos a ser Um, numa
infindável transformação.

COMO SE DEVE FAZER A HISTÓRIA DO EU?


O ser humano é um artefato histórico e cultural. Na sociedades, a
pessoa é construída como um eu, como uma entidade naturalmente
singular e distinta.
Genealogia da subjetivação
Como se deve escrever a história desse regime contemporâneo
do eu?
•Minha preocupação, entretanto, não é com as ideias de "pessoa", mas
com as práticas pelas quais as pessoas são compreendidas e pelas
quais se age sobre elas - em relação à sua criminalidade, à sua
saúde e à sua falta de saúde, às suas relações familiares, à sua
produtividade, ao seu papel militar, e assim por diante.
•A genealogia da subjetivação se preocupa em como o ser humano é
pensado, porém tem como seu domínio de investigação , as técnica
e práticas do pensamento enquanto ele se torna técnico.

•Essa abordagem não busca a história individual e intrapsíquica de uma


pessoa, mas propõe descrever como os seres humanos se
produziram de modos diferentes em diferentes momentos históricos
e em determinados locais.
•Este EU individual passa a ser pensado enquanto uma experiencia
biográfica particular e uma experiência que segue leis de
desenvolvimento biológico.

A genealogia da subjetivação
•A genealogia busca compreender as formas como o moderno regime
de Eu emerge a partir de uma série de práticas e processos
contingentes.
•Compreender as formas pelas quais o EU funciona de forma
regulatória em diversos aspectos da vida contemporânea, em seu
modo de administrar as organizações, o modo de consumir, de
relacionar-se com a produção da arte, da literatura do conhecimento.
•Foucault (1986b) refere a genealogia da subjetivação como: Nossa
relação com nos mesmos.

•O foco não é, portanto, a história da pessoa, mas a genealogia das


relações que os seres humanos têm estabelecido consigo mesmos,
isto é, as práticas nas quais eles se relacionam consigo mesmos
como eus.

Nossa relação com nós mesmos tem a forma que tem porque tem sido
o objeto de toda uma variedade de esquemas mais ou menos
racionalizados, os quais têm moldado nossas formas de
compreender e viver nossa existência como seres humanos em
nome de certos objetivos – masculinidade, feminilidade, honra,
reserva, boa conduta, civilidade, disciplina, distinção, eficiência,
harmonia, sucesso, virtude, prazer: a lista é tão diversa e
heterogênea quanto interminável”
• a genealogia da subjetivação concentra-se diretamente nas práticas
que localizam os seres humanos em regimes de pessoa - regimes
que podem ser caracterizados como particulares.
•Tecnologias
Que meios têm sido inventados para governar o ser humano, para
moldar ou orientar a conduta nas direções desejadas e como esses
programas têm buscado corporificá-las sob certas formas técnicas?
Pode-se considerar a escola, a prisão, o hospício como exemplos
de uma dessas espécies de tecnologia, tais como as que Foucault
chamou de "disciplinares" e que funcionam por meio de uma
detalhada estruturação do espaço, do tempo e das relações entre os
indivíduos; de procedimentos de observação hierárquica e
julgamento normalizador; de tentativas para incorporar esses
julgamentos aos procedimentos e julgamentos que os indivíduos
utilizam a fim de conduzir sua própria conduta ( Foucault; Marcus,
1993).
•relação pastoral - de aconselhamento espiritual entre uma figura de
autoridade e cada membro de seu rebanho.
• corporificando técnicas tais como a confissão e a exposição do eu,
incorporado à pessoa por esquemas de autoinspeção, auto
suspeição, exposição do eu, auto deciframento e auto formação.

Autoridades
“Por meio de quais aparatos são tais autoridades - as universidades, os
aparatos legais, as igrejas, a política - são autorizadas?”
•Como são as próprias autoridades governadas - por códigos legais,
pelo mercado, pelos protocolos da burocracia, pela ética
profissional?
•E qual é, então, a relação entre as autoridades e aqueles que lhes
estão sujeitos: pároco e paroquiano,
•médico e paciente, gerente e empregado, terapeuta e cliente?
Teologias
Que formas de vida constituem as finalidades, os ideais ou os
exemplares dessas diferentes práticas de ação sobre as pessoas?

Ideais e modelos
•A persona profissional que exerce uma vocação com sabedoria e
desprendimento emocional? O pai responsável que vive uma vida de
prudência e moderação? O trabalhador que aceita sua sorte com
uma docilidade? A boa esposa que cumpre seus deveres domésticos
? O indivíduo empreendedor que se esforça por "qualidade de vida?
Outros...
•Que códigos de saber sustentam esses ideais, e a que valorização
ética estão eles ligados?
É importante enfatizar as formas como essas personas ou modelos de
pessoalidades são desenvolvidos nas diferentes práticas, e como se
articulam em relação a problemas e soluções específicos no que se
refere à conduta humana.

Estratégia
•As relações estabelecidas entre modalidades para o governo da
conduta às quais se concede o status de políticas,
•e aquelas instituídas por meio de formas de autoridades e de aparatos
considerados não-políticos - sejam esses o saber técnico dos
experts, o saber jurídico dos tribunais, o saber organizacional dos
gerentes, ou os saberes "naturais" da família e das mães. (P.40)
•Devem ser conhecidos, compreendidos e abordados:
•a produtividade e as condições de comércio, as atividades das
associações civis, as formas de criação de filhos e de organizar as
relações conjugais e as questões financeiras no interior do lar –
sustentem os objetivos políticos em vez de lhes fazerem oposição.
Todos sustentam os objetivos políticos em vigor.
•Neste caso as características das pessoas, ditos "indivíduos livres"
dos quais o liberalismo depende para sua legitimidade e
funcionalidade política, adquirem uma particular importância.
•Talvez se possa dizer que o campo estratégico geral dos programas de
governo ditos como liberais tem sido pensado de como indivíduos
livres podem ser governados de maneira tal que eles vivam sua
liberdade de forma apropriada.

Tecnologias do Eu
•São mecanismos de auto-orientação, ou as formas pelas quais os
indivíduos vivenciam, compreendem, julgam e conduzem a si
mesmos (Foucault, 1986a, 1986b, 1988).
• As tecnologias do eu tomam a forma da elaboração de certas técnicas
para a conduta da relação da pessoa consigo mesma, conheça a si
mesmo, controle a si mesmo ou de outras formas , cuide de si
mesmo.
•Elas são materializadas em práticas técnicas: confissão, escrever
diários, discussões de grupo, são sempre praticadas sob a
autoridade real ou imaginada de algum sistema de verdade e de
algum indivíduo considerado autorizado, seja esse teológico e
clerical, psicológico e terapêutico, ou disciplinar e tutelar.

Encontro 11
Psicologia Social e vida em sociedade – socialização primária e
secundária
Quando inicia nosso ser social?
Mesmo em sua formação biológica (no útero materno), o sujeito já
está inserido em um meio social.
Um ambiente construído pelo homem
Homem e ambiente produzem-se em forma continua.

A necessidade de sobrevivência nos impõe a sociabilidade


A sociabilização divide-se em Primária e secundaria

Socialização primária
A socialização primaria em nossa sociedade ocorre no âmbito familiar. E
os aspectos internalizados serão decorrentes da inserção da família
numa classe social. E a partir da percepção que seus pais fazem
do mundo e do próprio caráter institucional da família.
Os papéis ditos primários, de pai e de mãe se caracterizam por normas
que dizem como um homem e uma mulher se relacionam e como
ambos se relacionam com os filhos e este no desempenho de seu
papel, se relaciona com os pais.
Aprendemos os padrões que são esperados de nós, e que
internalizamos ao longo de nossa história.
A família é a primeira instituição que rege a forma como vamos atuar e
nos conduzir na vida.
Entendemos que estamos em liberdade, porém dentro de padrões
autorizados.

Na família se institui as relações de poder ou de autoridade, entre


pais e pais e filhos.
As relações que impactam a identidade tais como, as de gênero,
estabelecendo normas quanto aos papeis assumidos por seus
membros.
Ex: "Homem tem que ser forte." "Menino não brinca com boneca."
Mas, para a menina, se comenta: "Veja só, o instinto maternal . . ."
A questão do poder econômico, quando se reproduz a consciência de
classe e a manutenção patrimonial.
A socialização secundaria ocorre através da escolarização e
profissionalização, principalmente na adolescência.
Época da vida em que se questiona outros modos de se ver o mundo,
por que pelos diferentes contatos estabelecidos nessa fase, se
colocam outras alternativas.
A escola, diferentemente da família, atua no processo de reprodução
das relações sociais; pois agora não é tanto a autoridade que tem de
ser valorizada, pois esta já foi garantida através da família, mas sim o
individualismo e a competição, para atuar no mundo.
A socialização secundária será a inserção do sujeito em outros
contextos, em outros grupos e instituições.
A família é o locus da estrutura psíquica, onde se constitui as
hierarquias de sexo e idade, e as relações de poder que existe
nesses papéis sociais.
A sociedade determina o modo de funcionamento de modelos familiares
ditos “normais”.
Essa determinação ocorre a partir de condicionamentos ideológicos e
com fins de reprodução.
A psicologia moderna se desenvolve na mesma época da escola nova,
no final do séc. XX, em plena consolidação do poder burguês.
A ideia da escola como equalizadora das desigualdades.
A finalidade ideológica da escola é promover a adaptação do individuo à
sociedade.
À psicologia cabe questionar o significado das dificuldades de
socialização, de forma crítica e não ingênua, das questões que se
encontram na origem das diferentes respostas às propostas
educacionais.
Como exemplos destas dificuldades encontramos: violência, evasão
escolar, indisciplina, reprovação, individualismo, competição,
autoritarismo, exclusão entre outros.
Objetivo: Quando desempenhamos o papel conforme os outros
esperam de nós.
Subjetivo: Quando o individuo assume os papéis de modo mais ou
menos fiel aos modelos vigentes na sociedade.
Quando os dois aspectos não coincidem podem ser um obstáculo para
a interação social.

Grupo sociais
A atividade comunitária, por si só, não supera a contradição
fundamental do capitalismo, pois esta decorre das relações de
produção, que definem as classes sociais;
Porém é através da participação comunitária que os indivíduos
desenvolvem consciência de classe social e do seu papel de
produtores de riquezas, que não usufruem,
Em consequência, exercitam a organização em grupos maiores e mais
estruturados visando uma ação transformadora da história de sua
sociedade.
Aula 12
O indivíduo e o contexto social- A Criança e o adolescente

•Os indivíduos desempenham diferentes papéis na vida constituída


diariamente. (Hundeide, 1985)
• Estes produzem uma experiência interpretativa da realidade e seus
contextos, da estrutura coletiva compartilhada, organizada refletidos
nas regularidades da vida, na sociedade, e em sua estrutura social,
cultural, linguística, histórica e ecologica.
Os fatos são atravessados por inúmero filtros, que variam de acordo
com a situação e a cultura, e que são geralmente utilizados de maneira
inconsciente
A infância e a adolescência, são períodos do desenvolvimento humano
nos quais se estabelecem o comportamento, caráter, personalidade e
estilo de vida, e que o ambiente em que o jovem está inserido é um dos
principais fatores influenciadores de seu desenvolvimento

Como nos tornamos o que somos...


•Na modernidade, o foco do poder foi gradativamente passando do
espaço do território para a ênfase nas populações, para a vida das
pessoas.
•Esse poder sobre a vida, primeiramente se dá sobre o corpo dos
indivíduos, e se exerce através do que Foucault (2004), nomeou de
poder disciplinar.
•Este operou para a docilização dos corpos, e para extrair deles o
máximo de força

O poder disciplinar

A biopolítica da população
•Poder que não opera mais sobre o corpo individual e sim sobre o
corpo-espécie.
•Passa a regulamentar as ações sobre as populações, tais como: o
controle de natalidade, mortalidade, saúde, condições sanitárias,
controle das doenças, das contaminações etc.
•Esse poder foi nomeado como biopoder- poder sobre a vida.

As tecnologias do poder na modernidade


Estratégias biopolíticas
•A saúde das populações se torna um dos objetivos primordiais do
poder político, que buscava preservar vidas úteis a nação.
•Surge a medicina social: vacinação, higienismo, tratamentos
compulsórios.
•A medicalização da população
•A medicina pública e privada: relacionada a classe social.
•A família: Responsável pelo cuidado individual do corpo infantil.
•Passa a seguir ordens medicas, tais como : relacionadas a
amamentação, a vacinação das crianças, ao desenvolvimento físico
e emocional da criança e do jovem.
•Objetivo: formar o individuo útil e adaptado para as demandas sociais.
•O olhar do Estado focou a criança a partir do inicio do sec. XIX.

O surgimento da infância
•A modernidade inventou o que Ariès (1981) denominou o “sentimento
de infância”
•Na idade média a criança era vista como um mini-adulto, exposta ao
mundo adulto.

O poder disciplinar, de vigilância e a biopolítica.se estabelece sobre o
corpo infantil.
A escola torna-se um espaço estratégico em práticas de biopolítica.

As políticas para todos

As práticas de avaliações
A adolescência
•O termo adolescência vem do verbo latino “adolescere” (ad = para e
olescere = crescer), estando implícito o processo de crescimento,
com o início da puberdade e o termino ao assumir responsabilidades
adultas.
Para alguns filósofos a adolescência “começa na biologia e termina na
cultura”

•O projeto de modernidade forja as concepções de universalidade,


previsibilidade, normalidade, progresso, aperfeiçoamento e evolução,
e a Psicologia do Desenvolvimento, teoriza sobre estas, concebendo
um saber dito, cientifico.
• Foi sob o enfoque da intervenção e do controle, da valorização da
norma e segregação do desvio, que emergiu a Psicologia do
Desenvolvimento ao final do séc. XIX.
•Foi neste contexto que, consolidou-se a concepção corrente de
adolescência.

•Os saberes produzidos por diversas áreas, entre as quais, a


psicologia, tem por função a defesa de garantia dos direitos para os
indivíduos e também o controle das relações de produção do
capitalismo.
•Para Foucault (1999 ) esse modelo da política do bem-estar social,
fomenta a dominação e alienação social. Produz naturalização
sociocultural, ilusão ideológica essas são algumas instituições de
controle do capitalismo.
•A psicologia precisa deslocar-se de seu caráter individualista para atuar
no âmbito das instituições sociais, e as implicações políticas
imbricadas nesses cenários.
•Tornar-se útil enquanto campo de conhecimento, para a
problematização e transformação das questões sociais, que
envolvem os indivíduos.
•Questionando e rompendo com processos de ordem normalizadores e
patologizantes, que se colocam no campo de atuação do psicólogo.
•A Psicologia Comunitária surge para auxiliar os indivíduos nessa luta
por seus direitos, auxiliando o sujeito na construção da própria
autonomia (SAWAIA, 2013).
•As políticas públicas garantem os direitos desses adolescentes, e o
psicólogo atua nestes ambientes vulneráveis nos quais os
adolescentes se encontram.
•O Estatuto da criança e o adolescente (ECA) é um marco como política
de garantia de direitos, e a partir deste se organizam redes de
cuidado e proteção social, para fazer frente as vulnerabilidades
destas populações
O que são marcadores identitários?
as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo
social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e
fragmentando o indivíduo moderno [o qual, por sua vez, é composto por
identidades multifacetárias] [...]. A assim chamada ‘crise de identidade’ é
vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está
deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades
modernas e abalando os quadros de referência que davam aos
indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.

•O próprio “eu” interior do indivíduo estaria suscetível a “crises de


identidade”, de referência, participando, também, deste processo de
deslocamento/fragmentação.
Ocorre no período da pós-modernidade, o chamado duplo
deslocamento – “descentração dos indivíduos tanto do seu lugar no
mundo social e cultural quanto de si mesmos”.
•Contextualizando historicamente a “crise de identidade, Stuart Hall
trabalha e analisa três concepções de identidade:
•O sujeito do Iluminismo : concepção individualista de identidade,
essencialista, centrada, unificada e estanque/imutável.
•O sujeito sociológico: concepção fundada na interação sujeito-
sociedade; onde existiria um núcleo ou essência interior do “eu” – o
“eu real” –, e num processo dialógico, de mútua influência com a
realidade sociocultural à sua volta. Alinhando aspectos subjetivos
com lugares objetivos, que ocupamos no mundo social e cultural.
•O sujeito pós-moderno: as próprias concepções unificadas e estáveis
estão em crise e a ideia de identidade unificada, completa, segura e
coerente seria uma fantasia.
o sujeito pós-moderno
•É multifacetário, se integra num contexto multicultural, complexo, e
acaba sendo formado não por uma única, mas por várias
identidades, algumas até contraditórias ou não-resolvidas.

•Na dita, modernidade tardia, um contexto que surge e se transforma,


constantemente, o sujeito pós-moderno e a nova concepção de
identidade, caracteriza-se pelo dinamismo, complexidade e
mudanças, rápidas e permanentes.
•Nesse contexto, Giddens, indica o ritmo e o alcance, da mudança,
considerando o fenômeno da globalização. Representa o
desalojamento do sistema social – a retirada das relações sociais
dos contextos locais de interação e sua reestruturação ao longo de
escalas indefinidas de tempoespaço” (GIDDENS, 1990, p.21).
•Giddens diferencia as sociedades modernas e tradicionais, altera-se a
ideia de continuidade dos acontecimentos – inseridos numa
linearidade evolutiva simplista e redutivista. O que se observa na
pós-modernidade é a descontinuidade e a multiplicidade nos
modos de vida e também nas constituições identitárias.
A marcação identitária se manifesta quando existe a necessidade em
definir-se com determinada identidade e ou de mais identidades, de
modo a experimentar um senso de pertencimento
As identidades são “pontos de apego temporário às posições-de-sujeito
que as práticas discursivas constroem para nós”
•As marcas, são traços materiais e as informações que passamos sobre
nós a quem nos vê, falam daquilo que nos constitui um sujeito,
marcado pelo outro e diferente em relação ao outro.
•Podem ser vistas como positivas ou negativas, conforme se encaixam
na norma, ou no conceito de normalidade, ou ainda nas
características que uma sociedade hegemoniza, ou seja predispõe,
que seja a da maioria dos sujeitos.

Marcadores identitários
É sobretudo no corpo que se tornam manifestas as marcas que nos
posicionam:
Marcadores:
•Raciais/ étnicas: percepção de sua raça, origem, idioma,
ancestralidade etc.; Povo negro – branco – amarelo, indígenas,
outros.
•Gênero: binário (feminino/masculino) e não binário, trans, outros.
•orientação sexual: estabelecer padrões e classificar pessoas, práticas e
afetos por conta de sua sexualidade;
•Classe Social: Ricos, pobres/ Patronato e trabalhadores. Donos do
meio de produção- burguesia e proletariado.
•Religião: atribuir valoração a uma ou outra religião.
•Linguística: nacional, estrangeira
•Geracional: discriminação por faixa etária.
•Deficiências: Rotular as pessoas com situações de difici~encias.
• Essas marcas, se instituem como normais, e para tal, movimenta-se
diversas estratégias de poder-saber.
Raciais / étnicas
•No Brasil, a herança do colonialismo tem raízes profundas,
naturalizando a distinção e as práticas de desumanização correntes
na população brasileira, em relação aos povos originários e aos
povos deslocados de suas terras originárias pela escravidão, o povo
negro. Essas práticas se tornam invisíveis e servem para a negação
de discriminação e preconceito racial que permanece permeando a
sociedade brasileira, ainda que esta declare a existência de uma
democracia racial.
•Os efeitos desta “democracia racial”, é o não enfrentamento da
desigualdade social a que estas populações estão expostas,
acumulando-se ao empobrecimento, às vulnerabilidades múltiplas,
como a violência policial de estado, entre outras.
•Políticas de branqueamento - incentivo a imigração.
•Em relação aos povos originários _ indígenas – políticas de dizimação,
retirada do direito a terra, à preservação de sua cultura, entre outras
violências e invisibilização.

Gênero
•O gênero não está somente relacionado a anatomia. E sim a como a
pessoa se sente e se vê.
•A constituição da auto imagem se define conforme a sua percepção de
si mesma.
•A percepção de si, gera um modo próprio de expressão, como as
roupas e a aparência.
•Assim, o comportamento, seu modo de pensar, de se expressar, sua
linguagem corporal, relacionam-se à identidade com a qual se
encontra identificado.
•Cisgênero: é a pessoa que se identifica com o sexo biológico
designado no momento de seu nascimento.
•Transgênero: é quem se identifica com um gênero diferente daquele
atribuído no nascimento.
•Não-binário: é alguém que não se identifica completamente com o
gênero de nascimento e nem com outro gênero. Não se vê em
nenhum dos papéis comuns associados aos homens e as mulheres
ou pode vivenciar uma mistura de ambos.
•Identidade de gênero e orientação sexual: não existe uma relação
entre esses dois conceitos.
Os marcadores de diferença social
Os marcadores indicam modos pelos quais a sociedade maneja a
existência dos grupos sub representados, e o quanto a algumas
diferenças são mais diferentes que outras, negando diretos, espaços de
vida plena a um conjunto de cidadãos..

Classe econômica e social.


É inegável as relações existente entre o desenvolvimento econômico e
o aumento da pobreza tem ligação direta com a sociedade salarial,
Deste modo, segundo Castel 1999 p.243. “[...] uma sociedade na qual a
maioria dos sujeitos sociais tem sua inserção social relacionada ao lugar
que ocupam no salariado, ou seja, não somente sua renda, mas
também seu status, sua proteção, sua identidade”

Historico
as políticas sociais surgem pela primeira vez no Brasil, entre as déc. de
30 e 40 no governo Vargas, com o objetivo de proporcionar harmonia
entre as classes sociais no desenvolvimento capitalista no país.
•Não tinha uma caráter de política pública e sim de uma prática
temporária e sem consequencias transformadoras para a sociedade.
•O campo de intervenção política nas situações de vulnerabilidade da
população era pouco claro e indefinido, não havia compromisso do
estado em relação a estas questões.
• A partir da redemocratização do país, iniciam-se as discussões no país
em relação aos direitos sociais, entre outros a seguridade social, a
saúde e educação.
A constituição cidadã- 1988
•A aprovação da constituição nomeada “cidadã”, propõe um conjunto de
ideias, concepções e direitos, mudando o status legal e politico
destas iniciativas de construção de Políticas pública de seguridade,
saúde e educação.

O SUAS e o SUS
•O SUAS é uma política de seguridade social, que ainda se encontra em
processo contínuo de construção.
•Ele se operacionaliza através da LOAS (Lei orgânica de Assistência
Social nº 8742, 1993)
Propõe um conjunto de ações “o conjunto de ações coletivas voltadas
para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso
público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas
áreas”

•Só em 2005 se efetiva uma rede de proteção social estável e


sustentável, sendo de responsabilidade das três esferas de governo
(União, Estados e Municípios).
•As ações se organizam em dois níveis: Proteção social básica e
Proteção social especial.
•O foco desta política, são os indivíduos e as famílias e grupos sociais,
visando superar as condições de vulnerabilidade e prevenção de
riscos potenciais.

CREAS (Centros de Referência Especializados em Assistência


Social.
•O Serviço de Proteção Social Especial divide-se em média e alta
complexidade.
•A média complexidade: oferece cuidado às famílias e indivíduos que
sofrem violações de direitos, e possuem vínculos familiares e
comunitários estão preservados.
•A Alta complexidade : garante proteção integral àqueles que se
encontram sem referências e se encontram em situação de ameaça,
com ruptura dos vínculos familiares e comunitários.
•Os CREAS : realizam serviços de desenvolvimento de estratégias de
atenção sociofamiliar visando a reestruturação do grupo família, e
elaboração de novas referências morais e afetivas, bem como o
acompanhamento individual, apoios e encaminhamentos, e
processos voltados para a proteção e reinserção social
(Albuquerque, 2008; MDS, 2004).
Estes serviços devem ter equipes que incluem o coordenador, o
assistente social, o psicólogo, o advogado, profissionais de nível
superior ou médio para trabalhar na abordagem dos usuários e o
auxiliar administrativo
Ações- Inserção do Psicólogo
•Programa de Atenção Integral às Famílias (PAIF)
•Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da
pobreza,
•Centros de Convivência para Idosos;
• Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento dos
vínculos familiares, ações de socialização e de sensibilização à
defesa dos direitos das crianças;
•Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens entre 6
a 24 anos,
SUS – Sistema Único de Saúde
•O SUS nasce com o movimento de Reforma Sanitária, aliado a outros
movimentos sociais, na luta contra ditadura militar e defesa da
democracia, e garantia dos direitos do homem, nas décadas de 70 e
80.
•Em nível internacional se constitui no mundo ocidental uma grande
onda neoliberal.
•No Brasil, a partir da Constituição de 1988, a saúde passa a ser um
direito para todos e dever do Estado.
}Movimento de pressão popular, e Conferências de Saúde, instituindo o
SUS como política de Estado consolidado na Constituição Federal.
}O conceito de saúde deixa de ser “ausência de saúde”, para uma
concepção abrangente, envolvendo modos de viver da pessoa a
partir da família, trabalho, moradia, educação, lazer, cultura.
•Universalidade
•Equidade.
•Integralidade
•Descentralização e comando único
•Resolutividade
•Regionalização e hierarquização
•Controle Social
“O SUS pode ser considerado uma das maiores conquistas
sociais, consagrada na Constituição de 1988”
Participação e Controle Social
•A participação da população, no sentido de elaborar, implementar e
fiscalizar as políticas sociais.
Tem como marco o processo de redemocratização da sociedade
brasileira com o aprofundamento do debate referente à democracia
O sus
•Se divide em três níveis de atenção, da maior para a menor
complexidade:
•nível terciário - procedimentos de alta complexidade, tecnologia e
custo maiores.
•nível secundário – atenção aos agravos à saúde que demandem
profissionais e recursos especializados.
• nível primário - procedimentos que demandem tecnologia e
equipamentos básicos, capazes de dar resolutividade à maioria dos
problemas comuns à população.
A Atenção Básica, é a porta de entrada do usuário no sistema de saúde,
trabalha na modalidade de referência e contrarreferência os serviços
especializados
SUS – Inserção do Psicólogo
•A Psicologia é chamada a tomar uma posição sobre os adventos da
vida cotidiana, não sendo, assim, neutra. Ao assumir uma postura,
cada psicólogo mostra sua posição ética e política em relação à sua
prática (Martin-Baró, 2015; Patto, 1997).
Os preceitos da Psicologia Social Crítica e os princípios que regem o
SUS, encontram-se convergentes em pontos tais como: a
historicidade dos processos sociais, a ideia de transformação social e
do foco nos grupos sociais e na perspectiva do coletivo
RAPS – Rede de Atenção Psicossocial
•A Portaria Ministerial n 3088, de 23 de dezembro de 2011, institui a
rede de atenção psicossocial para pessoas com sofrimento mental e
com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras
drogas, no âmbito do Sistema Único de saúde – SUS.
•Atuação do psicólogo se incluí em diferentes pontos da rede:
•Atenção Básica
•Atenção especializada – CAPS – Ambulatório de saúde mental
•Atenção Terciária – Internação hospitalar.
SUS – Reforma Psiquiátrica
•Em 1987, o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental lança o
lema “por uma sociedade sem manicômios”, propondo discutir
nacionalmente a loucura, a psiquiatria e seus manicômios.
•Surge o projeto de lei 3657/89, de autoria do Deputado Paulo Delgado,
propondo a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e a sua
substituição por novas práticas assistenciais.

Clínica Ampliada

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