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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Volume Único

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Olá, pessoal. Cá estou eu, ou melhor, estamos nós para iniciarmos mais uma leitura sobre os conteúdos de
História da Paraíba. Para quem não me conhece, sou Tamisiane Linhares, professora de História graduada pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E novamente meu querido irmão, Victor Linhares (isso mesmo sou
irmã dele), me convidou para elaborar mais um material com todo carinho para os alunos do Curso RDP que
prestarão a prova para a Defensoria Pública do Estado da Paraíba.

Fiquem tranquilos(as), pois nosso objetivo e GABARITAR História da Paraíba.

Nesse resumo busquei resumir todos os pontos do edital. Além de resumo dos tópicos, achei interessante
trazer questões passadas sobre os pontos, e comentar item por item.

Espero que todos vocês gostem!

Então, sem mais delongas, vamos ao que interessa.

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PONTO A PONTO – HISTÓRIA DA PB


História da Paraíba. O sistema de Capitanias Hereditárias e a anexação do território da Paraíba à capitania de
Pernambuco

De antemão, para entendermos como se configurava a estrutura da ocupação do território no período


colonial, precisamos saber que a costa do atual estado brasileiro da Bahia foi atingida e reconhecida por
navegadores portugueses em 1500. E foi aí que tudo começou...

Ao aportarem no território, até então desconhecido, logo os europeus, em especial os portugueses,


sentiram a necessidade de extrair as riquezas que tais terras poderiam proporcionar e a única maneira disso
acontecer era colonizá-la e povoá-la. E é aí que surge o sistema de Capitanias Hereditárias.
Figura 1 - Divisão das capitanias hereditárias

As capitanias hereditárias eram imensas faixas de terras que se limitavam a leste com o oceano Atlântico e
a oeste com a linha de Tordesilhas. Essas terras foram doadas pelo rei a militares, burocratas e comerciantes
portugueses, que receberam o título de “capitães donatários” e no geral eram passadas de pai para filho. A coroa
tinha como objetivo, com implantação das capitanias, melhorar e explorar o potencial econômico, controlar e usar
o trabalho indígena, expandir a ocupação do litoral, melhorar o controle do acesso a esses bens por potências
estrangeiras e implantar atividades econômicas com maior inserção na economia mundial, no caso a produção de
açúcar.
Para formalizar seus direitos e deveres, o governo português lançou mão de dois documentos: a Carta de
Doação e o Foral.

De acordo com a Carta de Doação, o capitão donatário detinha a posse da capitania, mas não a sua
propriedade. Dessa forma, não podia nem vendê-la nem dividi-la.

Já o Foral dava-lhe amplos poderes: ele podia, entre outras coisas, fundar vilas, conceder terras (as
sesmarias) e arrecadar impostos. Ele também podia receber tributos sobre a produção das salinas, as moendas de
água e os engenhos, além de monopolizar a navegação fluvial.

Cabia-lhe, ainda, a aplicação das leis em suas possessões, bem como a defesa militar da capitania.

Em 1533, com as capitanias hereditárias, foi criado um sistema político-administrativo descentralizado, ou


seja, não havia um governo central. Todos os donatários reportavam-se diretamente ao rei. Os donatários eram os
responsáveis pelos custos do processo de implantação e do funcionamento das capitanias. Dessa forma, a Coroa
portuguesa transferia para particulares o ônus da colonização. Para si, o rei reservou o monopólio das drogas-do-
sertão, que eram as especiarias da floresta Amazônica (castanha-do-pará, cravo, guaraná, canela etc.), e uma parte
dos impostos arrecadados.

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Resumindo, após a distribuição dos lotes aos seus donatários, que geralmente eram membros da coroa,
comerciantes europeus e militares, muitos deles nunca nem estiveram na colônia. A tarefa de administrar a
capitania se mostrava cada vez mais difícil para os donatários: as responsabilidades de promover o povoamento e
o desenvolvimento de atividades econômicas voltadas para o mercado, os riscos e dificuldades em tornar viável a
produção e a comercialização do açúcar, as grandes distâncias a serem colonizadas e vigiadas, o enfrentamento
aos franceses, que por vezes tentaram tomar o território, e aos índios e o desconhecimento do meio ambiente. O
isolamento e a falta de infraestrutura no que se refere a viver, colonizar e comercializar levou à falência grande
parte dos empreendimentos.

Como algumas capitanias não obtinham retorno necessário e com o desinteresse por partes de alguns
donatários, bem como a falta de investimento, a coroa resolveu nomear a figura do Governador-Geral, sendo o
primeiro Tomé de Souza e posteriormente Duarte da Costa.

Dentre tantas capitanias fracassadas, algumas fugiam a regra: a capitania de Pernambuco. Destacava-se
por seu grande cultivo de Cana-de-açúcar, tendo um significativo desenvolvimento urbano em torno dos engenhos.
Lembrem-se a Paraíba possuía uma parte de sua área incorporada à capitania de Itamaracá. Um tamanho
equivalente a todo seu atual litoral.

Apesar de todo sucesso de algumas poucas capitanias, como já mencionado anteriormente, a colonização
se tornava difícil para a Coroa. Além da grande extensão territorial, como já vimos, tem um fator muito importante
que dificultou mais ainda esse processo, a aliança que os franceses tinham com os índios potiguaras. Logo de início,
os franceses não respeitavam o tratado de Tordesilhas e estavam sempre presentes na região do litoral paraibano.
Eram atraídos pela extração e contrabando do pau-brasil, além de manterem uma boa relação com os nativos que
viviam na costa.

Agora, quem poderia imaginar que todo esse cenário com um acontecimento digno de roteiro de filme de
drama iria dar início a formação desse amado e lindo estado da Paraíba?!

Agora senta, pega teu café (ou chá) que lá vem história...

Pois bem, no meio dessa confusão territorial entre portugueses, nativos e franceses houve um episódio
conhecido como Tragédia de Tracunhaém.

Em 1574, Um mameluco, ou seja, um dos primeiros brasileiros resultantes da união entre europeus e
índias, chegou até a aldeia Cupaóba dos índios potiguares, na região que hoje é Paraíba. A tribo era comandada
por Iniguassu, que recebeu muito bem o mameluco, o mesmo acabou se casando com uma das filhas de Iniguassu,
a bela Iratembé, mais conhecida como Lábios de Mel. Para que o casamento acontecesse foi feito um acordo, o
mameluco depois de se casar deveria ficar na tribo, mas aí a gente já imagina o que o cara fez, né? Isso mesmo,
aproveitando uma ausência de Iniguassu, ele fugiu levando a bela Iratembé.
Iniguassu imediatamente envia dois de seus filhos a Olinda, em Pernambuco, para recuperar Iratembé, o
que conseguiram, por conta da decisão do governador-geral da época, Antonio Salema, que ordenou a volta
imediata da bela índia à casa do pai. Retornando para sua tribo, os índios pernoitaram na casa de Diogo Dias, no
engenho Tracunhaém. Na manhã seguinte descobriram que Diogo Dias, fascinado pela beleza da nativa, escondera
Iratembé e recusava-se a devolver a índia. Seus irmãos seguiram viagem e chegaram à aldeia Cupaóba sem ela.
Algum tempo depois, os potiguares, na tentativa de recuperar Iratembé, formaram um exército de cerca de 2000
índios e dirigiram-se para Tracunhaém, mas não se deixaram ver na totalidade. Julgando serem poucos os índios
que os atacavam, os defensores do engenho saíram para a luta e viram-se envolvidos por uma multidão.
Toda a família de Diogo Dias, com exceção de duas pessoas que estavam em Olinda, foi morta. Os
Potiguares ainda atacaram outros engenhos da capitania de Itamaracá, resultando na morte de 614 colonos.

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Este episódio generalizou o medo nos colonizadores portugueses da região e fez com que o rei de Portugal
determinasse a apropriação de uma parte do território da capitania de Itamaracá para que se criasse uma capitania
real, que ia desde a foz do rio Popocas até a Baía da Traição, a ser conquistada e desenvolvida a custos do rei.
Assim, a produção açucareira estaria mais protegida, expulsariam os franceses e expandiriam os domínios
portugueses para os chamados "sertões" do norte da colônia. E assim surgia a Capitania Real da Parahyba, que
passou a constar nos mapas portugueses somente a partir de 1574. Dando início às cinco expedições para
conquistar a Capitania Real da Paraíba, atual estado paraibano.
Figura 2 - Brasão da Capitania da Paraíba

fonte: www.wikipedia.com, 2022


Agora vamos a mais uma questão:
(IBADE-CBM-2018) Registra-se na história da Paraíba um evento conhecido como Tragédia de Tracunhaém. A mais
correta definição para esse episódio histórico encontra-se em:

a) Extermínio de índios potiguares pelos portugueses.


b) Consequência da guerra de uma aliança entre índios e holandeses contra portugueses.
c) Extermínio de índios tapuias pelos espanhóis.
d) Ataque dos índios potiguaras a um engenho da região.

Gabarito: Letra D

Comentários:

A alternativa A está incorreta. O extermínio dos índios potiguaras foi um fato, bem como sua resistência aos
colonizadores durante toda a história do Brasil colônia, mas não é um ponto relacionado diretamente a tragédia
que o enunciado faz referência.

A alternativa B está errada. A aliança em que a alternativa fala é posterior a esse acontecimento que traz o
enunciado. A alternativa está falando do período de invasão dos holandeses.

A alternativa C está incorreta. Apesar ter existido a presença de espanhóis na colônia e principalmente na capitania
da Paraíba, em especial nas expedições de conquista e os espanhóis terem participado de episódio de extermínio
dos nativos, esse fato não tem relação com a Tragédia de Tracunhaém.

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A alternativa D é a correta. O ataque ao engenho Trucunhaém, também conhecido como tragédia de Trucunhaém
ou chacina de Trucunhaém foi um ataque de índios potiguaras dirigido ao Engenho Trucunhaém, próximo a Goiana,
Pernambuco, ocorrido em 1574. Neste ataque, toda a população colonizadora da região foi dizimada.

A criação da Capitania da Paraíba: As expedições de conquista da Paraíba (1574-1585)

Quando o Governador Geral recebeu a ordem para separar Itamaracá, recebeu também do rei de Portugal
a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim
começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso o rei D. Sebastião mandou primeiramente o
Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.

- Primeira Expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar ao
Brasil, Fernão tomou posse, em nome do rei, das terras que hoje correspondem ao município de Cabedelo na
Paraíba, sem que houvesse nenhuma resistência, acreditando piamente que estava tudo conquistado. Sua tropa
foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.

- Segunda Expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi o Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua
expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Três anos
depois outro Governador Geral (Lourenço Veiga), tenta conquistar a o Rio Paraíba, não obtendo êxito.

Só para esclarecer: durante todo o processo de conquista a gente vai se deparar com inúmeros Governadores-
gerais. Os critérios de permanência eram os mais diversos possíveis. Por isso a grande rotatividade no cargo.

- Terceira Expedição (1579): Frutuoso Barbosa, que era um experiente navegador e comerciante, foi contratado
pela coroa para liderar a expedição à Paraíba impôs a condição de que se ele conquistasse a Paraíba, iria governar
por dez anos. Essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota
uma forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.

- Quarta Expedição (1582): Com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta
decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um
filho em combate.

- Quinta Expedição (1584): Este teve a presença de Flores Valdez, um militar espanhol e o insistente Frutuoso
Barbosa, que conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. Após a conquista, eles
construíram os fortes de São Tiago e São Felipe.

Conquista da Paraíba

Para as jornadas o Ouvidor Geral chamado Martim Leitão, que ficou encarregado da conquista da capitania,
formou uma tropa constituída por brancos, índios, escravos e até religiosos. Quando aqui chegaram se depararam
com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda
soltá-los, afirmando que sua luta era contra os Potiguaras (rivais dos Tabajaras). Após o incidente, Leitão procurou
formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a rejeitaram.

O cacique Piragibe, à frente dos tabajaras, tinha planos de cercar o forte e invadir também as capitanias de
Pernambuco e o que restava de Itamaracá. Mas houve sérios desentendimentos entre os tabajaras e os potiguaras,
os quais levaram as duas tribos a guerrearem entre si.

Martim Leitão, sabendo da rivalidade dos indígenas, preparou-se para tentar selar as pazes com o valente
cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como aliado.

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Para essa missão de paz foi escolhido o capitão João Tavares, de espírito conciliador. Finalmente, no dia 5
de Agosto de 1585, celebraram um acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá onde se construíram
um forte de madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente a conquista da Paraíba.

E no final de tudo a conquista da Paraíba se deu através da união de um português e um chefe indígena
chamado Piragibe (palavra que significa Braço de Peixe). Imagina cara de Frutuoso Barbosa, coitado...

Vamos a mais uma questão

(FCC-AL-PB-2013) “Em verdade, os portugueses aproveitaram-se das diferenças étnicas entre as tribos indígenas
para jogar umas contra as outras e prevalecer. Assim, aliás, atuará sempre o colonialismo... Sem a cisão do campo
dos naturais da terra, os representantes do Império não teriam dominado parte alguma do mundo.”

(José Octávio de Arruda Mello. História da Paraíba, lutas e resistência. Paraíba, Conselho Estadual de Cultura (SEC):
União Editora, s/d. p. 25-26)

Com base no texto e no conhecimento histórico, pode-se afirmar que o sucesso da expedição chefiada por João
Tavares na conquista da Paraíba em 1585 deveu-se, principalmente,

a) Aos acordos de paz entre os missionários e índios do grupo Tapuias.


b) Ao estímulo português a conflitos entre índios Potiguaras e invasores.
c) À agressividade dos indígenas na luta entre portugueses e Tapuias.
d) À rivalidade existente entre os indígenas Tabajaras e Potiguaras.
e) Aos constantes conflitos entre os franceses e os Tupis-Guaranis.

Gabarito: Letra D

A alternativa A está errada. O fato de ter tido missionários não significa que houve acordos de paz, muitas vezes
essas relações eram conflituosas e realizadas de forma impositiva. Ainda mais se tratando dos grupos dos Tapuias,
que eram os índios que viviam no interior do sertão, eram muito aguerridos e viviam em confronto com esses
grupos missionários.

A alternativa B está incorreta. Na realidade os índios potiguaras tinham uma relação razoável com os ditos
invasores, que no geral eram os franceses.

A alternativa C está errada. De fato os tapuias eram bastante agressivos e tinham uma forte resistência ao domínio
dos colonos, mas atentem-se que o enunciado não menciona a agressividade de um grupo aos portugueses, o
enunciado fala da rivalidade alimentada entres os dois grupos indígenas pelos portugueses.

A alternativa D está certa. A rivalidade muitas vezes alimentada pelos colonos facilitava o domínio territorial e até
mesmo o domínio do próprio grupo. Os tabajaras e potiguaras eram inimigos.

A alternativa E está errada. Na realidade os franceses tinham uma relação pacífica com os nativos em geral.

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Os europeus na Paraíba

Não é novidade para ninguém que a presença dos europeus foi crucial para a conquista da colônia, bem
como sua exploração e domínio. E não seria diferente no estado da Paraíba. De início como já sabemos e vimos os
primeiros contatos foram com os portugueses que, através de inúmeras tentativas, buscaram o sucesso e
prosperidade de suas capitanias.

Apesar de todo o alvoroço pela descoberta do Novo Mundo, os interesses portugueses estavam voltados
para o comércio de especiarias com as Índias Orientais, muito mais lucrativo. As instalações se resumiam às
feitorias, que eram por sua natureza temporárias e transitórias: eram levantadas onde se formavam relações
amistosas com os indígenas, e sua continuação dependia da manutenção destas relações, dos ataques inimigos e
dos lucros do comércio. Eram fortificações simples, de poucos homens, principalmente para o armazenamento do
pau-brasil e para o abastecimento dos navios que vinham buscá-lo; toda a mão de obra era de indígenas aliados.
As visitas ao novo continente eram esporádicas para buscar o pau de tinta (pau-brasil) e outros produtos exóticos.

O extrativismo de pau-brasil foi breve, com o rápido esgotamento desse tipo madeira, e não gerou núcleos
de povoamento permanentes. A falta de interesse de Portugal no continente americano permitiu que outras
nações frequentassem as costas brasileiras, como ingleses, holandeses, espanhóis e, principalmente, franceses.

A presença dos espanhóis na colónia se deu basicamente nas expedições que ocorreram para dominar a
região que hoje corresponde ao estado da Paraíba. Os espanhóis se uniram aos portugueses devido ao contexto da
época que ocorria a União Ibérica, a união das duas coroas: espanhola e portuguesa. Tendo significativa
participação na vitória da expedição que expulsou os franceses.

Agora vamos falar mais especialmente dos franceses na Paraíba. Lembram que falei anteriormente que a
presença deles causou o maior problema para os portugueses?! Então é justamente disso que vamos abordar um
pouco.

A presença francesa na costa do Nordeste foi tão intensa e ameaçadora que Portugal apressou sua decisão
de efetivar a colonização do Brasil, cirando o sistema de Capitanias Hereditárias (donatárias), em 1534-36, que
marca o início da colonização sistemática. Contudo, foi muito difícil concretizar a colonização do Brasil uma vez que
as tribos indígenas resistiam e a presença Francesa se fazia notada com a pratica de tráfico do pau-brasil. Sem
mencionar a facilidade que os franceses tinham em conviver com os nativos da região do litoral, os potiguaras,
devido a isso acabavam se aliando com os indígenas, o que lhes proporcionava maior acesso aos produtos que
contrabandeavam.

Mas por qual razão os franceses conseguiam se aliar tão facilmente aos nativos e os portugueses não?

Os franceses tinham como interesse apenas as mercadorias aqui encontradas e em razão disso,
pacificamente, praticavam o escambo. Já os portugueses além do interesse em dominar e explorar as terras e mão-
de-obra, se fazia a necessidade de converter os indígenas ao cristianismo.

Então, imagina você ter em suas terras, além e invadidas e dominadas, alguém o obrigando a se converter
a uma religião completamente desconhecida para se salvar e ser aceito. Paz e amor que não ia ser, né?!

Mas Professora, já que os europeus, como os franceses e ingleses, eram países poderosos porque não
lutaram pela posse da colônia brasileira?

Dia de lutas e dias de glórias, pessoal. Apesar de todo bom desenvolvimento econômico, social e bélico dos
Ingleses, franceses e até holandeses, houve momentos de crise também. Diversas foram as razões pelas quais
outros países europeus demoraram a entrar na luta pela posse de domínios coloniais. Quando nos remetemos à

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França e Inglaterra, a razão é clara: o desgaste provocado pela Guerra dos Cem Anos, que se encerrou em 1453 e
enfraqueceu economicamente ambos os países.

A partir de 1515, o rei francês Francisco começou a contestar as expedições de Portugal e Espanha. A
França passou a enviar expedições que além do saque de riquezas americanas acabaram por possibilitar o domínio
de grandes regiões da América do Norte, ainda que suas tentativas no Brasil tenham sido frustradas e repelidas
pelos portugueses.

Ah, mas e os holandeses?! Você não falou nada sobre eles na região da Paraíba...

Não se preocupem que a gente vai ter só um ponto falando sobre a presença deles na Capitania da Paraíba.

Os povos indígenas na Paraíba

Antes da chegada dos portugueses aqui na América e consequentemente da ocupação do território


brasileiro, na Paraíba havia duas etnias indígenas, os Tupis e os Cariris (também chamados de Tapuias). Os Tupis se
dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram inimigos.

Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente 5 mil pessoas.


Eles eram pacíficos e ocupavam o litoral, onde fundaram as aldeias de Alhanda e Taquara. Já os Potiguaras eram
mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região entre o rio Grande do Norte e a Paraíba. A
palavra ‘Potiguara’ quer dizer ‘comedor de camarão’, em referência à alimentação desse grupo étnico que vivia
basicamente da pesca do crustáceo no litoral paraibano. Porém, as mesmas lanças que eram usadas nas pescas de
outros peixes, foram usadas para lutar contra portugueses que pretendiam colonizar a costa paraibana. Esses índios
locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outras. Com esta constante locomoção os
índios ocuparam áreas antes desabitadas.

Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia
desde o Planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Os Cariris eram índios que se diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos acreditam que eles tenham
vindo do Amazonas ou da Lagoa Maracaibo, na Venezuela. Os Cariris velhos, que teriam sido civilizados antes dos
cariris novos, se dividiam em muitas tribos; sucuru, icós, ariu e pegas, e paiacú. Destas, os tapuias pegas ficaram
conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.
Figura 3 - Mapa indígena da Paraíba.

Fonte: www.historiadaparaiba.com, 2022

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O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios como a
carpintaria. Esses índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam atenção. A maioria dos índios
estava de passagem do período paleolítico para o neolítico. A língua falada por eles era o tupi-guarani, utilizada
também pelos colonos na comunicação com os índios. O tupi-guarani mereceu até a criação de uma gramática,
elaborada por Padre José de Anchieta.
Piragibe, que nos deu a paz na conquista da Paraíba; Tabira, que lutou contra os franceses e Poti, que lutou
contra os holandeses e foi herói na batalha dos Guararapes, são exemplos de índios que se sobressaíram na Paraíba.
Essas populações vivam da coleta dos recursos oferecidos pelo próprio meio ambiente e, em determinados
casos, da prática da agricultura. Entre os gêneros alimentícios mais cultivados podemos destacar o milho, a
mandioca, o amendoim, a batata-doce, a pacova, o abacaxi e outros tipos de planta. Para complementar a sua
alimentação, os índios também desenvolveram excelentes técnicas destinadas à prática da caça e da pesca.

A organização social de boa parte das populações indígenas do Brasil não contava com a presença de um
líder comunitário ou do próprio Estado. Apesar de não existir um líder político, muitos povos contavam com grandes
guerreiros e pajés que se tornavam uma grande referência para aquela população. Não havia distinção de classes
sociais, tendo apenas na divisão dos trabalhos cotidianos a separação das tarefas masculinas e femininas.

Apesar de serem taxados de selvagens pelos nossos colonizadores, os povos indígenas acumulavam um
amplo grupo de conhecimentos ao longo de sua existência. Muitos classificavam as estrelas, realizavam a previsão
das chuvas e reconheciam a influência da lua na variação das marés. No campo da saúde, sabiam distinguir as
plantas que tinham poder curativo daquelas que poderiam ser utilizadas para a produção de poderosos venenos.

Alguns desses povos também contavam com complexas técnicas de artesanato, o que permitiu o
desenvolvimento de uma extensa cultura material. Esteiras, urnas funerárias, jarros, redes e cestos eram alguns
dos objetos desenvolvidos a partir desse saber acumulado pelos indígenas. No campo religioso, era observado a
realização de diferentes rituais que marcavam a adoração de algum elemento da natureza ou entidade espiritual
superior.

Mesmo sendo duramente perseguidos e escravizados durante todo o período colonial brasileiro, os índios
exerceram papel fundamental na constituição de nossa sociedade contemporânea. Além dos costumes e
expressões incorporadas ao nosso cotidiano, devemos também salientar que os próprios colonizadores se valeram
do auxílio de algumas tribos para sobreviverem às adversidades impostas pelo território colonizado.

Agora vamos a mais uma questão

(IBADE-CBM-PB-OFICIAL-2018) Com relação aos povos indígenas que desde o tempo da colonização estiveram
presentes em territórios paraibanos, é correto afirmar que:

a) os potiguaras foram habitantes da região antes mesmo da colonização portuguesa.


b) os primeiros habitantes da região da Paraíba foram índios oriundos de nações que mais tarde se tornaria a
América Espanhola.
c) os tabajaras foram os primeiros habitantes da região e posteriormente migraram para o sul do Brasil
d) as aldeias primitivas da região eram formadas por índios tupis, guaranis e tupinambás.

Gabarito: Letra A

A alternativa A está correta. Não só os potiguaras, mas também os tabajaras e outros grupos nativos já habitavam
o território brasileiro bem antes da chegada dos europeus.

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A alternativa B está errada. A alternativa traz uma possibilidade muito distante de está correta. Os grupos étnicos
que formaram a civilização da América Espanhola eram os povos Incas e Astecas. Já a América Portuguesa tinha
como povos os Tupis e os Cariris.

A alternativa C está incorreta. Os primeiros habitantes da região foram os índios potiguaras que
predominantemente se encontravam no litoral da colônia. Os índios que predominantemente ocupavam a região
sul e suldeste eram os Kaingang, Guarani e Xockleng.

A alternativa D está errada. Essa alternativa ela ‘brinca’ com os termos indígenas e a intenção é essa mesmo:
confundir o que geralmente não entendemos bem. Tupi é um tronco linguístico milenar falado por diversos grupos
étnicos indígenas localizados em vários países da América do Sul. Já os tupinambás eram predominantemente na
costa do território da Bahia, Rio de Janeiro e a região de Belém do Pará. Os guaranis viviam, no período colonial,
em boa parte das regiões litorâneas do sul e do sudeste do Brasil, assim como na bacia dos rios Paraná e Prata.

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A fundação da Paraíba

Desde conquista e da sua fundação, a Paraíba sempre se apresentou como palco de intensas lutas, revoltas
e revoluções.

A conquista do Território Paraibano pelos portugueses não foi tarefa fácil, como vimos anteriormente. Isto
só aconteceu numa quinta Expedição que, sob o comando de Martim Leitão, além do decisivo apoio de Frutuoso
Barbosa, de João Tavares e da aliança com Piragibe, chefe dos Tabajaras, é que se concretizou a conquista do
espaço paraibano que recebeu a denominação de Capitania Régia de Nossa Senhora das Neves, em 05 de agosto
de 1585, cuja fundação, ou seja, a instalação das primeiras edificações às margens do Sanhauá só teve início em
novembro de 1585.

Depois de violentos embates é que os Potiguaras, aliados dos franceses, são por fim expulsos de suas terras,
fugindo em direção ao que mais tarde seria o Estado do Rio Grande do Norte, que é hoje denominado de terra dos
Potiguaras.

Coube a Martim Leitão a tarefa de edificar a cidade de Nossa Senhora das Neves, terceira mais antiga do
país, cujo processo de ocupação ocorreu de forma bastante distinta das demais capitanias do Brasil. Esse processo
teve início no Continente, às margens do afluente do Rio Paraíba, o Rio Sanhauá, enquanto as demais capitanias
tiveram como ponto de partida para ocupação, o mar.

Ao longo da sua História, a capital paraibana adotou várias denominações: cidade de Nossa Senhora das
Neves (1585), em homenagem à santa do dia. Em 1589, passou a ser chamada de Filipéia de Nossa Senhora das
Neves em homenagem ao Rei Felipe ll, rei de Portugal e Espanha. Em 1599, passou a ser chamada de Parahyba.

Essa interiorização estimulou o povoamento em diversas regiões do estado, através da implantação das
primeiras Vilas que, paulatinamente, foram elevadas à categoria de cidades.

O primeiro desses núcleos urbanos a ser instalado foi a Vila de Pilar, localizada na região do Brejo Paraibano,
onde se desenvolveu, largamente, a prática da atividade canavieira com a produção de açúcar e rapadura.
Adentrando a região do sertão, foram instaladas as Vilas de Sousa e Pombal. A primeira detém o sítio
arqueológico mais importante do país, o Vale dos Dinossauros, onde, até hoje, são conservadas as pegadas
daqueles animais pré-históricos. A segunda Vila, denominada de Pombal, fundada em 1721, constituiu-se numa
homenagem ao Marquês de Pombal.

No planalto da Borborema foi instalada a Vila Nova da Rainha que mais tarde foi elevada à categoria de
cidade com a denominação de Campina Grande. Atualmente, se apresenta como sendo o segundo maior centro
urbano do Estado da Paraíba, tendo como principal característica o desenvolvimento tecnológico e a realização de
atividades industriais, de serviços e comerciais, além de figurar como um importante centro acadêmico e cultural
do estado e do interior do Nordeste brasileiro.

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