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ISSQN não incide na locação de bens móveis

Publicado por Direito Vivo (extraído pelo JusBrasil) - 3 anos atrás


O Supremo Tribunal Federal (STF) estabelece na Súmula Vinculante nº 31 que é
inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS
sobre operações de locação de bens móveis. Por isso, a Quarta Câmara Cível do
Tribunal de Justiça de Mato Grosso (de Direito Público) negou provimento a recurso
interposto pelo Município de Cuiabá em face de decisão do Juízo da Segunda Vara
Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Capital. A sentença julgara
procedentes os pedidos de uma empresa de locação de veículos em desfavor do
município apelante e declarara a inexistência de responsabilidade fiscal da ora apelada
em relação ao ISSQN. A decisão também condenara o município à restituição do
indébito tributário, corrigido monetariamente a partir do recolhimento indevido e ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios (Reexame de Sentença
com Recurso de Apelação nº 5749/2010).

O município sustentou que o objeto da empresa era o arrendamento de veículos, o


que ensejaria a legalidade da incidência do ISS sobre a atividade, não havendo motivo
para dispensa da tributação. Defendeu que a locação de bens móveis não se encerraria
na obrigação de dar o bem, mas contemplaria a prestação de serviço, pois a locação
não representara apenas o uso da coisa, mas sua utilização na prestação de um
serviço. Alegou que a restituição do indébito não poderia prosperar e pediu a reforma
da sentença, ou, caso contrário, que a correção monetária incidisse a partir do trânsito
em julgado da decisão.

Conforme os autos, a locadora havia proposto ação declaratória de inexistência de


responsabilidade de pagamento de tributo, com pedido de restituição de valores
pagos indevidamente ao município,referentes aos exercícios de 1998 a 2003. Alegou
que sempre foi considerada sujeito passivo do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza - ISSQN e sustentou que seria inconstitucional a cobrança do tributo porque
o ISSQN não deve incidir sobre a locação de bens móveis.

Em suas considerações, o relator, desembargador Márcio Vidal, informou que embora


o ISSQN corresponda a Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza, sua matriz
constitucional permite apenas a tributação de uma modalidade de serviços, sendo
aqueles prestados a título oneroso e em regime de direito privado. “O texto que
definiu a materialidade do imposto previu sua incidência sobre a prestação de
serviços, ou seja, o imposto possui, como fato gerador, a realização de um negócio
jurídico (prestação) consistente em uma obrigação de fazer (serviços)”, explicou o
magistrado. Sobre a locação de bem móvel, o relator destacou o artigo 565 do Código
Civil, que dispõe que na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra,
por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição.
“Diante do exposto, constatou-se que na locação de bem móvel não ocorre o fato
gerador do ISS, visto que não fora definido como serviço por trazer o vínculo
obrigacional da espécie de fazer, mas de dar ou de entregar”, observou o relator. Em
relação à correção monetária nos casos de repetição de indébito tributário, o
magistrado assinalou que a sentença também deveria ser mantida e incidiria desde o
pagamento indevido até a restituição ou compensação, a teor do disposto na Súmula
nº 162 do Superior Tribunal de Justiça: Na repetição de indébito tributário, a correção
monetária incide a partir do pagamento indevido. Acompanharam o voto do relator,
por unanimidade, a desembargadora Clarice Claudino da Silva (vogal) e a juíza
convocada Vandymara Galvão Ramos Paiva Zanolo (revisora).

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