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Diversidade na Aprendizagem de

Pessoas com Necessidades Especiais

Autoras
Maria de Fátima Minetto Caldeira Silva
Irene Carmem Piconi Prestes
José Raimundo Facion
Márcia Maria Stival

2009
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detentor dos direitos autorais.

S586 Silva, Maria de Fátima Minetto Caldeira; Prestes, Irene Car-


mem Piconi; Facion, José Raimundo. / Diversidade na
Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais. / Maria de
Fátima Minetto Caldeira Silva; Irene Carmem Piconi Prestes; José
Raimundo Facion et. al. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
204 p.

ISBN: 85-7638-321-7

1. Deficientes. 2. Educação especial. I. Título.

CDD 371.9

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

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Sumário
Olhar a diversidade, olhar o todo..............................................................................................7
Abordagem teórica........................................................................................................................................8

O professor e o diferente.........................................................................................................13
O medo ......................................................................................................................................................14
A diferença e a prática pedagógica.............................................................................................................16

A ação pedagógica diante da diversidade: formação competente...........................................21


Resistências.................................................................................................................................................23

A construção dos laços no ambiente escolar...........................................................................29


A pluralidade na escola...............................................................................................................................29

A inclusão através dos tempos................................................................................................37


Um pouco de história..................................................................................................................................37
O novo paradigma.......................................................................................................................................38

Como o professor vê a inclusão?............................................................................................43

Diversidade na aprendizagem e “diversidade na ensinagem”................................................49

Criatividade . ..........................................................................................................................53
Mas, o que é criatividade?..........................................................................................................................54
Para que o professor deve refletir sobre criatividade?................................................................................54
Etapas do processo criativo .......................................................................................................................55

Inteligências múltiplas e diversidade na aprendizagem: instrumento à prática inclusiva..........59


A diversidade de aprendizagem sob a perspectiva das inteligências múltiplas..........................................62

Ter um filho especial...............................................................................................................73


A chegada de um filho especial..................................................................................................................75

Aspectos emocionais da pessoa com deficiência ...................................................................87

Prevenção................................................................................................................................97
Apgar..........................................................................................................................................................98
Teste do pezinho.......................................................................................................................................100

Crises convulsivas: como você pode ajudar.........................................................................107


As crises....................................................................................................................................................108
Crises generalizadas..................................................................................................................................108
O que podemos fazer para ajudar.............................................................................................................110

Cidadão no papel................................................................................................................... 115


O lugar da criança.....................................................................................................................................116
Percorrendo o caminho do infantil...........................................................................................................118
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A diversidade na educação de jovens e adultos....................................................................123
Considerações legais da educação de jovens e adultos............................................................................124

Diversidade na aprendizagem: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID)..............129


O diagnóstico diferencial..........................................................................................................................129
Transtorno autista.....................................................................................................................................130
Transtorno de Rett....................................................................................................................................131
Transtorno de Asperger.............................................................................................................................132
Transtorno Desintegrativo da Infância.....................................................................................................132
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (sem outra especificação – SOE)...........................................133
Procedimentos educacionais.....................................................................................................................133

Diversidade de aprendizagem e Transtornos de Comportamento Disruptivo I: TDAH.......139


Definição...................................................................................................................................................139
Epidemiologia...........................................................................................................................................140
Etiologia....................................................................................................................................................140
Curso e prognóstico..................................................................................................................................142
Tratamento................................................................................................................................................142

Diversidade de aprendizagem e Transtornos de Comportamento Disruptivo II: TC............149


Epidemiologia...........................................................................................................................................149
Etiologia....................................................................................................................................................150
Tratamento................................................................................................................................................150

Diversidade em sala de aula: TDAH....................................................................................153


O profissional que atua com a criança......................................................................................................154
A inclusão – um contínuo desafio.............................................................................................................156

Diversidade em sala de aula: autismo infantil......................................................................159


O contato do educador com a criança autista...........................................................................................159
A atuação do educador..............................................................................................................................160
Inclusão social..........................................................................................................................................161

Diversidade na aprendizagem: deficiência mental................................................................165

Diversidade de aprendizagem: deficiência física..................................................................171


A reabilitação de crianças com deficiências físicas..................................................................................171
Escolarização da criança portadora de deficiência física..........................................................................172

Diversidade na aprendizagem: deficiência auditiva..............................................................177


Diversidade de aprendizagem de crianças surdas.....................................................................................177

Diversidade na aprendizagem: deficiência visual.................................................................183

Falando do dia-a-dia na escola: o que estamos fazendo.......................................................189


Considerações...........................................................................................................................................191

Referências............................................................................................................................197

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Apresentação
Caro aluno,

E
ste livro contém um conjunto de textos que compõem a disciplina Diversidade na Aprendiza-
gem das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais. Nosso objetivo é discutir a diversidade
e suas particularidades nas diferentes necessidades especiais, considerando aspectos sociais,
emocionais e relacionais que de alguma forma interferem na aprendizagem. Tenho muito prazer em
discutir esse tema, pois estou envolvida com ele diariamente. Sei o quanto ele é perturbador! E o
quanto exige de nós educadores uma reflexão, um repensar da nossa prática e, algumas vezes, mu-
dança de paradigmas...
Com muito cuidado reuni um grupo de profissionais experientes (mestres e doutores) que, ali-
cerçados em sua prática, estão pesquisando e discutindo a inclusão, procurando oferecer a você algo
que leve a uma reflexão.
Quando falamos em necessidades educativas especiais, estamos falando de algo complexo. Mes-
mo entendendo a filosofia inclusiva como justa e promotora de um contexto escolar melhor para todos,
precisamos de muita cautela ao conduzi-la. O ato de inserir o aluno com necessidades educativas
especiais no ensino regular por si só, seria uma pseudo-inclusão, o que nos soa no mínimo como
irresponsabilidade. A inclusão, por mais justa que seja, requer reflexão e preparo do contexto escolar.
Acreditamos que possam existir diferentes formas de inclusão que respeitem a diversidade do aluna-
do. A singularidade de cada indivíduo suscita a observância de cada situação em particular.
Propomos, aqui, uma discussão da diversidade e da subjetividade de cada sujeito, incluindo o
educador, considerações detalhadas sobre as necessidades especiais e suas particularidades diante da
situação de aprendizagem, para dar maiores subsídios para o professor, no dia-a-dia em sala de aula,
diante do aluno incluso. Tudo o que conhecemos não nos assusta!
Maria de Fátima Minetto Caldeira Silva

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(CHACE, 2003, p. 42)
“A diversidade, geralmente entendida e aceita, não é uma espécie de tole-
rância liberal esporádica de algo ou de tudo além de si mesmo. Não é uma acomo-
dação diplomática. Pelo contrário, a diversidade é, na ação, aquela consciência,
às vezes dolorosa, de que as outras pessoas, as outras raças, as outras vozes, os
outros hábitos mentais têm a mesma integridade de ser, as mesmas demandas em
relação ao mundo, que você também tem.
Ninguém tem mais obrigação do que você de mudar, consentir, ou de se
incorporar à massa. Tanto o gênio compatível quanto o irreconciliável são partes
da vida social.
Ser forte na vida significa ser fonte no meio das diferenças, ao mesmo tem-
po em que você aceita o fato de que você mesmo talvez possa estar sendo uma
imposição considerável sobre toda pessoa que encontra.
Eu o desafio a refletir sobre sua própria maneira ímpar de ser, antes de co-
meçar a ter problemas e sentir-se ofendido pela maneira ímpar de ser dos outros.
Eu o desafio também, em meio a todas as diferenças presentes diante dos
olhos e da mente, a buscar e criar as correntes que sustentarão o bem comum, o
qual protegerá a todos. Pressupõe-se que estejamos aqui juntos.”
Imagem: REVISTA NOVA ESCOLA – Nº 165 – SETEMBRO/ 2003 p. 42

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Inteligências múltiplas e
diversidade na aprendizagem:
instrumento à prática inclusiva
Irene Carmem Piconi Prestes
Maria de Fátima Minetto Caldeira Silva
“A teoria das inteligências múltiplas sugere

(Revista nova escola – n.º 139 – 2001, p.23)


abordagens de ensino que se adaptam às
potencialidades individuais de cada aluno,
assim como à modalidade pela qual cada
um pode aprender melhor.”

Howard Gardner

A
teoria das inteligências múltiplas, do psicólogo
americano Howard Gardner, diz que cada indiví-
duo não é dotado das mesmas competências, e que
há uma alternativa que permite aos indivíduos uma per-
formance, maior ou menor, em qualquer área de atuação: a
multiplicidade de habilidades do ser humano.
Para Gardner, o sucesso escolar está ligado ao fato
de o educador descobrir alternativas que colaborem para o
Howard Gardner
desenvolvimento das diversas competências do indivíduo.
A insatisfação com a idéia de QI (quociente de inteligência) Psicólogo americano de 56 anos é profes-
sor de Cognição e Educação e integrante
e com a teoria da inteligência única fez com que, em 1985, do Projeto Zero, um grupo de pesquisa em
apresentasse a teoria das inteligências múltiplas, tendo sido cognição humana mantido pela Universi-
identificadas inicialmente sete inteligências. dade de Harvard. Também leciona Neu-
rologia na Escola de Medicina da Univer-
Na sua pesquisa, Howard Gardner estudou também: sidade de Boston. Escreveu 18 livros.
o desenvolvimento de diferentes competências O que ficou
em crianças normais e crianças superdotadas; A escola deve valorizar as diferentes
habilidades dos alunos e não apenas a
adultos com lesões cerebrais e como estes não lógico-matemática e a lingüística, como
perdem a intensidade de sua produção intelectual, é mais comum.
mas sim uma ou algumas competências, sem que Um alerta
outras competências sejam sequer atingidas;
Para que as diversas inteligências sejam de-
crianças autistas apresentam ausências nas suas senvolvidas, a criança tem de ser mais que
competências intelectuais; uma mera executora de tarefas. É preciso
que ela seja levada a resolver problemas.
desenvolvimento dos estudos sobre o cérebro.

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Diversidade na Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais

Jean Piaget, estudioso suíço, desenvolveu muitas pesquisas sobre inteligên-


cia, introduzindo uma concepção de inteligência direcionada para o aspecto fun-
cional, estrutural e interativo do intelecto.
A teoria das inteligências múltiplas tem como fundamento a pluralidade
da mente, e que inteligência não se mede, dessa maneira, segundo Gardner, uma
criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria
de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o
equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o desen-
volvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expres-
sar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e
sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade de desenvolvimento
em uma área de desempenho e capacidades em outras áreas.
Em conseqüência dessa constatação, Gardner propõe que as habilidades
humanas não são organizadas num eixo horizontal; propõe que se pense nessas
habilidades como organizadas sob um eixo vertical, e que, em vez de haver uma
faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas independentes
de percepção, memória e aprendizado, em cada área, com possíveis semelhanças
entre as áreas, mas não necessariamente uma relação linear.
A inteligência apresenta então uma característica fundamental que é ser
criadora e ter a capacidade de resolver problemas, de criar coisas que sejam essen-
cialmente úteis. Para o autor, os seres humanos dispõem de graus variados de cada
uma das múltiplas inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e
organizam, e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas
e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo
ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente.
Inteligência lingüística – presente nos poetas, nos grandes escritores, nos
oradores, naquelas pessoas que conseguem criar, representar e resolver
problemas através da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem
para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias. Em crianças, esta
habilidade manifesta-se através da capacidade para contar histórias ori-
ginais, com precisão, experiências vividas.
Inteligência lógico-matemática – responsável pelo pensar lógico como
uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade
para explorar relações, através da manipulação de objetos ou símbolos
ainda, é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhe-
cer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica dos advoga-
dos, matemáticos e cientistas. A criança com especial aptidão nesta inte-
ligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e
para criar notações práticas de seu raciocínio.
Inteligência corporal cinestésica – a grande marca dela é que o corpo age
liderado pelo cérebro para criação, para tomada de decisões. É a habilidade
para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plás-
ticas, no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos
com destreza. O aprender fazendo é um aspecto importante no aprender.

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Inteligências múltiplas e diversidade na aprendizagem: instrumento à prática inclusiva

Inteligência espacial – é irmã da inteligência corporal, segundo Gardner,


no sentido de que essas duas inteligências têm uma responsabilidade pelo
desenvolvimento de uma certa espacialidade da inteligência. Descreve a
inteligência espacial como a capacidade de perceber o espaço visual e
espacial de forma precisa, as transformações que esse espaço sofre. É a
inteligência dos pilotos de Fórmula 1, dos engenheiros e dos arquitetos.
Em crianças pequenas, o potencial espacial nessa inteligência é percebi-
do através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e
a atenção a detalhes visuais.
Inteligência interpessoal – esta inteligência permite-nos trabalhar com
pessoas, perceber as pessoas. Ela está presente nos professores, políticos
e vendedores bem sucedidos. A inteligência interpessoal em crianças pe-
quenas especialmente dotadas demonstram uma habilidade para liderar
outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessida-
des e sentimentos de outros.
Inteligência intrapessoal – esta inteligência é irmã da interpessoal. Re-
presenta a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e
idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas
pessoais. É o reconhecimento de habilidades, da capacidade de controle
das próprias emoções, é o autoconhecimento. Como esta inteligência é
a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas sim-
bólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações lin-
güísticas, musicais ou cinestésicas. Como exemplo, os grandes líderes
que muitas vezes conseguem superar obstáculos imensos e não perder a
calma, não enlouquecer e liderar um povo.
Inteligência musical – esta inteligência manifesta-se através da discrimi-
nação de sons, habilidade para perceber melodias, sensibilidade para rit-
mos, tonalidade e habilidade para criar através da música. A criança com
habilidade musical percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente
e, freqüentemente, canta para si mesma.
Segundo Gardner, todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de
questionar e procurar respostas, usando todas as inteligências. Todos os indiví-
duos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas
em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no
entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto
por condições ambientais culturais. Assim, sugere que alguns dons, talentos só se
desenvolvem porque são significativos em determinado ambiente cultural.
A inteligência pode ser assim definida como a capacidade de responder a
situações de maneira muito flexível, dar sentido a mensagens ambíguas. Reco-
nhecer a importância relativa de elementos de uma dada situação. Encontrar dife-
renças entre as situações, apesar das semelhanças que possam uni-las. Formular
idéias que constituem novidades.

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A diversidade de aprendizagem sob a


perspectiva das inteligências múltiplas
Ao considerar o papel das múltiplas inteligências no processo de ensinar
e aprender é necessário, em primeiro lugar, que a escola ofereça ambientes de
aprendizagem que possibilitem o uso de diversos instrumentos materiais, nos
quais vislumbrem-se possibilidades de construção do conhecimento, que respei-
tem as diversidades na aprendizagem. Gardner alerta que a busca e a construção
do conhecimento fazem parte da natureza humana, porém, em muitas situações,
por privilegiar-se determinadas áreas do conhecimento e métodos de aprendiza-
gem, muitos acabam reprimindo seus propósitos e potencialidades.
Essa atitude possibilita uma revisão nas estruturas educacionais, nas aulas
fragmentadas e com horários rigidamente preestabelecidos. O currículo educacio-
nal fechado tem de dar lugar a outro, em que o tempo e os assuntos apresentem
maior flexibilidade. O papel do educador também é outro, um profissional mais
aberto a mediar as relações no cotidiano escolar. Desse modo, proporciona a to-
dos, professores e alunos, uma oportunidade de aprender a aprender.
As inteligências múltiplas podem ser desenvolvidas neste ambiente criativo
(por sua diversidade) e rico em instrumentos materiais, tanto por aqueles que
apresentam facilidades na (re)construção do conhecimento lógico e escrito, pri-
vilegiado até então, como por todos que se destacam nos mais diversos estilos de
aprendizagem do ser humano.
Conhecer as inteligências dos alunos pode favorecer não só o processo de
aprendizagem mas também as relações, a forma como o professor aborda o alu-
no. Vejamos um exemplo disso: aqueles alunos com maior capacidade auditiva
gostarão de aulas expositivas. Aqueles com capacidade visual privilegiada se be-
neficiarão com as aulas que usam retroprojetores ou o Powerpoint. Já os com
maior capacidade tátil-motora precisarão ter alguma atividade física intercalada.
Aqueles com capacidade em todas as áreas aprenderão, a despeito de qualquer
formato de aula.
As implicações da teoria das inteligências múltiplas para a educação são
claras, quando se analisa a importância dada às diversas formas de pensamento e
à relação existente entre elas, à aquisição de conhecimento e à cultura.
Alternativas para algumas práticas educacionais:
o desenvolvimento de avaliações que sejam adequadas às diversas com-
petências do ser humano;
uma educação centrada na criança, com currículos abertos;
um ambiente criativo educacional;
a avaliação deve favorecer métodos de levantamento de informações du-
rante atividades do dia-a-dia escolar, rompendo com o modelo testista e
classificatório. É importante que se tire o maior proveito das habilidades
individuais, auxiliando os estudantes a desenvolver suas capacidades in-

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telectuais. A avaliação deve ser feita em ambientes conhecidos e deve


utilizar materiais conhecidos das crianças que estão sendo avaliadas. As-
sim, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, em vez de ser medida
através de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser
avaliada em situações, como: a habilidade para contar histórias ou relatar
acontecimentos. Em vez de tentar avaliar a habilidade espacial isolada-
mente, deve-se observar as crianças durante uma atividade de desenho
ou enquanto montam ou desmontam objetos.
Quanto ao ambiente educacional, segundo Gardner, o primeiro propósito da
escola é educar para a cidadania, somando valores. O autor afirma que a escola
que se preocupa com a educação para a cidadania não está preocupada só em
discutir com seu aluno direito do consumidor, direitos humanos, mas também em
pensar que alguém que não aprende o que a escola tem para ensinar está tendo um
direito de cidadania negado.

1. Vamos avaliar suas inteligências? Então responda com atenção, marcando um X nas respostas
que você acha que correspondem às suas preferências. Ao final de cada habilidade há um espaço
para escrever o que não foi contemplado pelos itens. Depois, reúnam-se em duplas e procurem
comparar as diferentes habilidades.

Inventário de inteligências múltiplas para adultos


Thomas Armstrong. Inteligências múltiplas na sala de aula. 2 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 28-31. (adaptação de Romeu Kazumi Sassaki)

Inteligência lingüística
(( Livros são muito importantes para mim.
(( Ouço as palavras antes de lê-las, falá-las ou escrevê-las.
(( Aproveito mais ouvindo rádio ou leituras gravadas em fita cassete do que quando
assisto à televisão ou a filmes.
(( Gosto de jogos de palavras, como palavras cruzadas, anagramas ou senha.
(( Gosto de me entreter com trava-línguas, trocadilhos ou rimas sem sentido.
(( As pessoas, às vezes, pedem para eu parar e explicar o significado das palavras que
uso quando escrevo ou falo.
(( Português, Estudos Sociais e História eram mais fáceis para mim na escola do que
Matemática e Ciências.
(( Aprender uma outra língua (por exemplo, francês, inglês, espanhol, alemão) foi
relativamente fácil para mim.

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Diversidade na Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais

(( Quando dirijo em uma auto-estrada, presto mais atenção nas palavras escritas em
placas do que nas paisagens.
(( Meus diálogos incluem freqüentes referências a coisas que li ou que ouvi.
(( Recentemente, escrevi algo que me deixou especialmente orgulhoso ou foi reconhe-
cido por outras pessoas.
Outras capacidades lingüísticas:

Inteligências lógico-matemáticas
(( Tenho facilidade para fazer cálculos de cabeça.
(( Matemática e/ou Ciências estavam entre minhas matérias favoritas na escola.
(( Gosto de jogos ou enigmas que exijam pensamento lógico.
(( Minha mente busca padrões, regularidades ou seqüências lógicas nas coisas.
(( Gosto de fazer pequenos experimentos do tipo “e se” (por exemplo, “e se eu dobrasse
a quantidade de água que coloco na minha roseira semanalmente”).
(( Tenho interesses pelos progressos da Ciência.
(( Acredito que quase tudo tem uma explicação racional.
(( Às vezes, penso em conceitos claros, abstratos, não-verbais e sem imagens.
(( Gosto de detectar falhas lógicas nas coisas que as pessoas dizem e fazem em casa e no
trabalho.
(( Sinto-me mais à vontade quando algo foi medido, categorizado, analisado, ou quanti-
ficado de alguma maneira.
Outras capacidades lógico-matemáticas:

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Inteligência espacial
(( Quando fecho os olhos, com freqüência visualizo imagens claras.
(( Sou sensível a cores.
(( Freqüentemente uso uma máquina fotográfica ou uma filmadora para registrar o que
vejo ao meu redor.
(( Gosto de montar quebra-cabeças, labirintos e outros jogos visuais.
(( Gosto de desenhar ou rabiscar.
(( Tenho sonhos claros à noite.
(( Geralmente consigo achar meu caminho em lugares desconhecidos.
(( A geometria era mais fácil para mim do que a álgebra, quando eu estava na escola.
(( Consigo imaginar facilmente como uma coisa pareceria se a visse de cima, panorami-
camente.
(( Prefiro ler materiais com muitas ilustrações.
Outras capacidades espaciais:

Inteligências corporal-cinestésica
(( Pratico pelo menos um esporte ou atividade física regularmente.
(( Tenho dificuldade em permanecer quieto por longos períodos de tempo.
(( Gosto de trabalhar com as mãos em atividades concretas como costurar, fazer tricô,
entalhes, trabalhos de carpintaria ou modelagens.
(( Minhas melhores idéias ocorrem quando saio para dar uma longa caminhada ou para
correr, ou quando estou envolvido em algum outro tipo de atividade física.
(( Em geral, gosto de passar meu tempo de lazer ao ar livre.
(( Freqüentemente gesticulo ou uso outras formas de linguagens corporais quando
converso com as pessoas.
(( Preciso tocar nas coisas para aprender mais sobre elas.
(( Gosto de divertimentos desafiadores ou experiências físicas emocionantes, eletrizantes.
(( Descreveria a mim mesmo como tendo uma boa coordenação.

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(( Preciso praticar uma nova habilidade em vez de simplesmente ler sobre ela ou ver um
filme que a descreve.
Outras capacidades corporal-cinéstica:

Inteligência musical
(( Tenho uma voz agradável quando canto.
(( Percebo quando uma nota musical está fora de tom.
(( Freqüentemente ouço música no rádio, em gravações, em fitas cassete, discos ou
CDs.
(( Toco um instrumento musical.
(( Minha vida seria mais pobre se nela não houvesse música.
(( Às vezes, eu me pego caminhando pela rua, com um jingle de televisão ou alguma
música na cabeça.
(( Posso marcar com facilidade o ritmo de uma música com um instrumento de percussão
simples.
(( Conheço as melodias de muitas canções e músicas diferentes.
(( Se ouço uma seleção musical uma ou duas vezes, geralmente sou capaz de repeti-la
com razoável precisão.
(( Com freqüência fico tamborilando ou cantando melodias enquanto estou trabalhando,
estudando ou aprendendo alguma coisa nova.
Outras capacidades musicais:

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Inteligência interpessoal
(( Sou o tipo de pessoa a quem os outros recorrem para pedir conselhos, nos trabalhos
ou na vizinhança.
(( Prefiro esportes coletivos como peteca, tênis, vôlei ou beisebol a esportes individuais
como nadar ou correr.
(( Quando tenho um problema, prefiro procurar uma pessoa para me ajudar, em vez de
tentar resolvê-lo sozinho.
(( Tenho pelo menos três amigos íntimos.
(( Prefiro passatempos coletivos como banco imobiliário ou canastra a recreações
individuais como videogames ou paciência.
(( Gosto do desafio de ensinar uma outra pessoa, ou grupos de pessoas, a fazer coisas
que sei fazer.
(( Eu me considero um líder (ou as pessoas assim me consideram).
(( Sinto-me à vontade no meio de uma multidão.
(( Gosto de participar de atividades sociais relacionadas ao meu trabalho, igreja ou
comunidade.
(( Prefiro passar minhas noites em uma festa animada do que ficar em casa sozinho.
Outras capacidades interpessoais:

Inteligência intrapessoal
(( Costumo passar um certo tempo sozinho, refletindo ou pensando sobre questões im-
portantes de vida.
(( Já participei de sessões de orientação ou de seminários de crescimento pessoal para
aprender mais sobre mim mesmo.
(( Sou capaz de reagir às dificuldades com coragem.
(( Tenho um passatempo ou interesse especial que guardo para mim mesmo.
(( Tenho alguns objetivos importantes na minha vida sobre os quais reflito regularmente.

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Diversidade na Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais

(( Tenho uma visão realista das minhas forças e fraquezas (baseado em dados de outras
fontes).
(( Prefiro passar um fim de semana sozinho em uma cabana, no mato, do que em um
hotel chique cheio de gente.
(( Eu me considero uma pessoa determinada, com idéias próprias.
(( Mantenho um diário pessoal para anotar o que se passa na minha vida interior.
(( Sou um profissional autônomo ou pelo menos tenho pensado muito em começar meu
próprio negócio.
Outras capacidades intrapessoais:

2. No segundo exercício vocês estão recebendo a escala para avaliar o aluno. A partir da avaliação
do inventário você poderá fazer pequenas modificações na sua prática para favorecê-los.

Lista de verificação para avaliar as


inteligências múltiplas dos alunos
Thomas Armstrong. Inteligências múltiplas na sala de aula. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 40-43. (adaptação de Romeu Kazumi Sassaki)

_ Nome do aluno:________________________________________________________________________

Assinale os itens que se aplicam:

Inteligência lingüística
(( Escreve melhor do que o normal para a idade.
(( Inventa histórias extraordinárias ou conta piadas e histórias.
(( Tem boa memória para lugares, nomes, datas ou fatos.
(( Gosta de jogos de palavras.
(( Gosta de ler livros.
(( Soletra palavras corretamente (ou, se na pré-escola, “soletra” progressivamente de
forma avançada para a idade).

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Inteligências múltiplas e diversidade na aprendizagem: instrumento à prática inclusiva

(( Aprecia trocadilhos, trava-línguas etc.


(( Gosta de ouvir a linguagem falada (histórias, comentários no rádio, leituras de livros
etc.).
(( Tem um bom vocabulário para a sua idade.
(( Comunica-se com os outros de forma predominante verbal.
Outras capacidades lingüísticas:

Inteligência lógico-matemática
(( Faz muitas perguntas sobre como as coisas funcionam.
(( Resolve problemas de aritmética facilmente, com rapidez (ou, se na educação infantil,
apresenta conceitos matemáticos avançados para a idade).
(( Gosta das aulas de matemática (ou, se na educação infantil, gosta de fazer contas e de
fazer outras atividades com números).
(( Acha interessante os jogos matemáticos de computador (ou, se não tem acesso a
computadores, gosta de outros jogos de matemática ou de fazer contas).
(( Gosta de jogar xadrez, damas ou outros jogos de estratégias (ou, se na educação
infantil, de jogos de tabuleiros que envolvem contar quadrados).
(( Gosta de resolver enigmas lógicos ou quebra-cabeças (ou, se na educação infantil,
gosta de ouvir lógicas do absurdo como em Alice no país das maravilhas).
(( Gosta de colar as coisas em categorias ou hierarquias.
(( Gosta de experimentar, de uma maneira que evidencia processos cognitivos de
pensamentos de ordem superior.
(( Pensa em um nível mais abstrato ou conceitual do que seus colegas.
(( Tem uma boa noção de causa-efeito para sua idade.
Outras capacidades lógico-matemáticas:

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Diversidade na Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais

Inteligência espacial
(( Relata imagens visuais claras.
(( Lê mapas, gráficos e diagramas mais facilmente do que textos (ou, se na educação
nfantil, gosta mais de olhar para eles do que para textos).
(( “Sonha acordado” mais do que os colegas.
(( Gosta de atividades artísticas.
(( Desenhas figuras que são avançadas para a sua idade.
(( Gosta de ver filmes, slides ou outras apresentações visuais.
(( Gosta de quebra-cabeças, labirintos, “Onde está Wally?” ou outras atividades visuais
semelhantes.
(( Faz interessantes construções tridimensionais para a sua idade (por exemplo, monta-
gens de Lego).
(( Extrai mais das figuras do que das palavras quando lê.
(( Rabisca em livros de exercícios, folhas ou outros materiais da aula.
Outras capacidades espaciais:

Inteligência corporal-cinestésica
(( Destaca-se em um ou mais esportes (ou, se na educação infantil, demonstra habilidade
física avançada para a idade).
(( Agita-se, sacode-se, tamborila os dedos ou fica inquieto quando permanece sentado
por muito tempo no mesmo lugar.
(( Imita habilmente os gestos ou costumes dos outros.
(( Adora desmontar coisas e montá-las novamente.
(( Tem que colocar as mãos naquilo que vê.
(( Gosta de correr, pular, lutar ou de atividades semelhantes (ou, se mais velho, mostrará
esses interesses de maneira mais “contida” – por exemplo, brincar de socos com um
amigo, correr para a sala de aula, pular por cima de uma cadeira).

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Inteligências múltiplas e diversidade na aprendizagem: instrumento à prática inclusiva

(( Demonstra habilidade em um ofício (por exemplo, marcenaria, costura, mecânica) ou


boa coordenação motora fina de outras maneiras.
(( Tem força de expressão ao se manifestar.
(( Relata sensações físicas diferentes enquanto está pensando ou trabalhando.
(( Gosta de trabalhar com argila ou de outras experiências táteis (por exemplo, pintar
com os dedos).
Outras capacidades corporal-cinestésicas:

Inteligência musical
(( Diz quando sons musicais estão fora de tom ou dissonantes.
(( Lembra melodias de canções.
(( Tem uma boa voz para cantar.
(( Toca um instrumento musical ou canta em um coral ou em outro grupo (ou, se na
educação infantil, gosta de tocar instrumentos de percussão e/ou cantar em grupo).
(( Tem uma maneira rítmica de falar e/ou mover-se.
(( Cantarola inconscientemente para si mesmo.
(( Tamborila ritmicamente na mesa, ou na classe, enquanto trabalha.
(( É sensível a ruídos ambientais (por exemplo, chuvas no telhado).
(( Reage favoravelmente quando é colocada uma música.
(( Canta canções que aprendeu fora de sala de aula.
Outras capacidades musicais:

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Diversidade na Aprendizagem de Pessoas com Necessidades Especiais

Inteligência interpessoal
(( Socializa-se facilmente com os colegas.
(( Parece ser um líder nato.
(( Dá conselhos aos amigos que têm problemas.
(( Parece ter uma sabedoria “das ruas”.
(( Pertence a clubes, comitês ou organizações (ou, se na educação infantil, parece ser
parte de um grupo social regular).
(( Gosta de ensinar informalmente às outras crianças.
(( Tem dois ou mais amigos íntimos.
(( Tem um bom senso de empatia ou preocupação com os outros.
(( Os outros procuram a sua companhia.
Outras capacidades interpessoais:

Inteligência intrapessoal
(( Demonstra senso de independência ou forte vontade própria.
(( Tem uma percepção realista das próprias forças ou fraquezas.
(( Sai sempre sozinho quando vai brincar.
(( Possui seu ritmo em relação ao seu estilo de vida e de aprendizagem.
(( Tem um interesse ou passatempo sobre o qual não fala muito.
(( Prefere trabalhar sozinho a trabalhar com os outros.
(( Expressa com exatidão como se sente.
(( É capaz de aprender com seus fracassos e sucessos na vida.
(( Tem auto-estima elevada.
Outras capacidades intrapessoais:

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