Tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
No romance " O Triste fim de Policarpo Quaresma" do autor Lima Barreto, o
personagem que dá nome ao livro era um ufanista exacerbado que valorizava todos os elementos nacionais em detrimento dos estrangeiros. Em oposição aos ideais defendidos pelo protagonista, percebe-se que, no Brasil, há uma desvalorização massiva dos elementos da nossa cultura, tais como as comunidades e povos tradicionais do país. É necessário, pois, fazer uma análise dos desafios que sustentam essa problemática. Diante desse cenário, deve-se discutir a ausência da abordagem do assunto nas escolas. Para Nelson Mandela, símbolo na luta pela igualdade, “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Entretanto, quando esse ensino é realizado de maneira ineficaz, não são atingidos os resultados esperados no seio social. Isso se comprova uma vez que a falta de discussão sobre os povos tradicionais do Brasil promove a desinformação acerca destes, o que desencadeia discursos preconceituosos, bem como a falta de reconhecimento do papel deles na manutenção de um meio ambiente agradável. Assim, evidencia-se a urgência de uma reformulação educacional a fim de mudar esse cenário. Além disso, convém discutir o individualismo social como fator preponderante na desvalorização de povos nativos. Sob esse viés, atitudes egoístas, como a falta de empatia com comunidades tradicionais, a exemplo de indígenas e quilombolas, é reflexo de uma sociedade despreocupada com os problemas das minorias. Isso se dá devido à construção histórica brasileira, em que se naturalizou o apagamento dessas culturas, desde a Colonização, fruto de uma imposição eurocêntrica. Logo, pode-se traçar um paralelo entre tal situação e o conceito de Banalidade do Mal, de Hannah Arendt, visto que essa mentalidade individualista se normalizou de tanto reincidir. Verifica-se, portanto, a lacuna educacional e o egoísmo coletivo como desafios a serem superados. Cabe, então, ao Governo federal, por meio do Ministério da Educação, inserir nos currículos escolares disciplinas voltadas ao ensino da cultura e história das comunidades tradicionais do Brasil. Isso deve ocorrer com o fito de tornar conhecida não só a história, mas também a relevância dessas comunidades no preservar e cuidar ambiental. Com essas ações, será cultivada a empatia e o reconhecimento de indígenas, quilombolas e outros povos originários.
MALIK, Kenan. O espelho da raça: o pós-modernismo e a louvação da diferença. In: WOOD. Ellen e FOSTER. John Bellamy (orgs.) Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.