People Analytics pode ser definido como o uso do Big Data - um processo
de coletar, tratar e analisar uma quantidade enorme de dados - para obter
informações, correlações e potencializar tomadas de decisão relacionadas às pessoas em uma organização. Geralmente está relacionado à área de recursos humanos, muito embora esse seja um processo interfuncional e que gera impactos estratégicos, tornando-o quase que imperativo constar na agenda da alta liderança. Sabe-se que o conceito nasceu a partir da ideia do Big Data, que consiste na coleta, armazenamento e análise de um volume imenso de dados. Este sistema foi criado em 2005, por Roger Magoulas com intuito de descrever uma quantidade de dados cuja ferramentas de BI da época não conseguiam lidar ou mesmo se equiparar. Em 2007, o termo People Analytics foi cunhado pela primeira vez no Google, sendo o equivalente analítico da área de People Operations. Assim, entre 2001 e 2012, times que executavam tarefas similares a de People Analytics foram criados ao redor do mundo. Entre esses anos houve crescimento exponencial do método. Atualmente, sabe-se que ocorreram diversas mudanças nesse movimento e ele se encontra cada dia mais enraizado na cultura e estrutura das empresas. Assim sendo, o Big Data é elemento importantíssimo para que grandes empresas possam tratar grandes volumes de dados, conhecer mais as necessidades dos clientes, otimizar os diversos processos, reduzir custos e principalmente aumentar a produtividade. Com tantas informações disponíveis ou passíveis de serem coletadas, as empresas têm identificado oportunidades de aproveitá-las para melhorar seus processos. Para isso, dá-se o nome de business intelligence (BI), isto é, utilizar o Big Data para os negócios. Antes de abordar as mudanças do RH pela eclosão do People Analytics, é necessário comentar sobre a evolução geral da tecnologia, principalmente, da análise de dados a qual possibilitou a ascensão do People Analytics no mundo moderno. Primeiramente, em 1890 Herman Hollerith criou a “máquina de tabulação”. Essa máquina reduziu o tempo de processamento dos dados do censo americano de 7 anos para 18 meses. Este foi um grande avanço na história para o início do que seria hoje, uma análise massiva de dados. Após isso, em 1970, houve o surgimento do conceito de banco de dados relacional, proposto por Edgar F. Codd. Já em 1979, a Oracle lança a primeira base de dados relacional comercial. Em 1988, Barry Devlin e Paul Murphy trazem o termo business data warehouse no artigo “An Architecture for a Business and Information System”. Esse artigo destina-se exclusivamente a realizar consultas e análises avançadas com grandes quantidades de dados históricos. Em 1989, Howard Dresner propôs BI (Business Inteligence) como sendo um conjunto de conceitos e métodos para melhorar a tomada de decisão usando sistemas de suporte baseados em fatos (dados). Em 1990, em Montreal, ocorreu o First International Conference on Data Mining and Knowledge, sendo um marco para os fóruns de discussão do tema. Já em 2008, houve o nascimento de um dos cases pioneiros da People Analytics. O projeto oxigênio do Google, que constituiu em identificar as características de um bom gestor que teve início a partir de uma questão levantada pelos executivos do Google acerca da importância dos gerentes e em meio a um ideal de gestão horizontal, com menos hierarquia, maior acesso às pessoas e liberdade para os colaboradores, o papel do gerente como era conhecido estava sendo questionado. Consequentemente surgiu o programa destinado a ajudar os funcionários do Google a se tornarem gerentes melhores. Com a intenção de ajustar essa cultura e entender o que leva um gerente a ser necessário e eficaz, foi contratado um grupo de estatísticos para avaliar e classificar os gerentes, tendo por base o feedback dos funcionários, avaliações de desempenho e entrevistas. A partir desta pesquisa, foram identificados oito comportamentos comuns entre os gerentes de maior desempenho. Estes itens, então, foram incorporados no programa de desenvolvimento de gerentes do Google. O resultado? Depois da implantação do Projeto melhoraram os resultados das equipes, a rotatividade diminui e aumentou a satisfação e desempenho do time ao longo do tempo. A People Analytics transforma a gestão de pessoas. Com ela, os diretores têm condições de tomar decisões mais estratégicas, que podem ajudar no crescimento da organização de maneira consistente. Empresas que utilizam o People Analytics aumentam em 80% a eficiência dos processos de recrutamento, 25% a produtividade, e reduzem em 50% a taxa de desligamentos. Uma publicação da McKinsey relatou que uma empresa da área da saúde utilizou People Analytics e foi capaz de economizar mais de 100 milhões de dólares, além de melhorar o engajamento dos colaboradores. Portanto, essa metodologia pode ajudar no aumento da produtividade dos colaboradores, promovendo um maior engajamento e motivação dos funcionários. Sucesso e gestão de pessoas sempre foram aspectos que andaram juntos, portanto, aplicar essa metodologia na empresa é garantia de bons resultados. Com um bom acompanhamento dos funcionários é possível acelerar a evolução de cada colaborador, trabalhando justamente os pontos positivos de cada um. Na área de treinamento, o RH pode utiliza as informações para identificar o que cada funcionário precisa desenvolver. Já nas etapas de seleção é possível determinar um perfil específico antes de buscar novos colaboradores, escolhendo precisamente candidatos que atendam o que a empresa deseja. O People Analytics também é ideal para formar equipes em que cada funcionário complementa o outro não apenas nos conhecimentos técnicos, mas também em personalidades que não são conflitantes. Isso aumenta a confiabilidade e a segurança que cada colaborador tem em seus colegas, fazendo com que atuem melhor e de maneira mais produtiva.
Laiza Gomes Borges é aluna do curso de pós-graduação em MBA Gestão