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Como Ser um Crítico de Rock &

Ultimamente tenho notado uma nova onda sobre a paisagem americana: parece como
se houvesse uma geração inteira de caras, cada uma mais jovem do que o outro, todos
respirando e sonhando nada além de um único desejo: “Eu quero ser um critico de rock
quando eu crescer!”.

Se isto soa condescendente, assumo então que eu era alguém exatamente como estes
caras; a única diferença era que quando eu tinha esse tipo de aspirações, o campo era
relativamente menos tumultuado – não custava praticamente nada para embarcar direto
e começar o massacre – enquanto que agora, com certeza, está tudo tão saturado que a
última coisa que alguém poderia considerar como trampo é entrar no meio dessa zona.
Em primeiro lugar, não se paga muito e não leva a nenhum lugar em particular, então
não importa o quanto de sucesso você tenha na coisa, você terá eventualmente de
decidir o que fazer com a sua vida de qualquer maneira. Em segundo lugar, é
basicamente uma zona mesmo, e não uma gloriosa algazarra em particular..
É quase certeza que você não vai querer ficar de fora. (Críticos de rock estão
começando a ter fãs ultimamente, mas muitos deles ainda são muito jovens, aspirantes a
críticos de rock –tipo os do Shakin Street Gazette (jornal para o qual Bangs escreveu
este texto). – de um sexo ou de outro. Não vai deixa-lo rico: a revista que mais bem
paga na imprensa especializada em rock ainda paga trinta paus por matéria, e a maioria
das outras revistas fica muito abaixo disto. Dessa maneira você nunca será capaz de
viver desse trampo. Ninguém irá chegar para você um dia na rua e dizer “ Hei, Eu
conheço você! Você é John Landau! Cara, sua última matéria realmente foi além!” Na
verdade, um monte de pessoas vai odiaá-lo e pensar que você é um babaca cheio de
pompa só por expressar suas opiniões, e vão dizer isto assim na sua cara.
O outro lado da moeda, porém, é onde estão os benefícios. O que está certo, se você não
se deixa levar por isto. A primeira grande coisa é que, se você conseguir ficar nesse
ramo por um tempo suficiente, você vai começar a receber discos de graça pelos
correios, e se você perseverar ainda mais na coisa, pode acontecer de seu nome subir
nas listas dos mailings promocionais das grandes gravadoras de todo o país, o que vai
não somente lhe render uma grana extra como também vai garantir que você vai ter de
ouvir tudo você queira e ainda mais qualquer coisa, além de ajudar a pagar o aluguel
quando você começa a vender os discos que espalhados pelo seu banheiro para os sebos,
por preços que vão de 5 cents a mais de um dólar por exemplar. Ainda por cima, no
Natal não se precisa mais comprar presentes para ninguém se você não quiser: apenas
dê para sua mãe o novo disco da Bárbara Streisand que a Columbia mandou para você
porque Bárbara está tentando dizer algo; para sua irmã, uma das três cópias da novo da
Carole King que você ainda tem na caixa de correio; para sua irmãzinha, aquele duplo
dos Osmonds ao vivo que você nunca abriu porque você é tão chique... e por aí vai, com
você juntando uma grana legal o suficiente para ficar de caco cheio do melhor whiskey
durante todos os grandes feriados do ano.

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