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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES


FACULDADE DE ARTES VISUAIS
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
TEORIAS DA IMAGEM E DA CULTURA VISUAL
PROF. DR. GIL VIEIRA COSTA
2022.2

ANA CLAUDIA URBANO DA SILVA

IMAGENS DE PROFESSORES NO AUDIOVISUAL

RESUMO EXPANDIDO

CANAÃ DOS CARAJÁS


2022
1) Apresentação:
Este trabalho procura investigar as relações existentes entre dois objetos visuais,
dentro de uma abordagem dos estudos de cultura visual, a fim de comparar relações visuais,
ideológicas e conceituais que possam existir entre eles.
As imagens são capazes de nos transmitir uma diversidade de informações sobre o
mundo e a sociedade, o audiovisual por sua vez por meio da junção de som e imagem, quando
assistimos um filme às vezes não percebemos certas mensagens por ser um momento de
prazer e diversão, e perceber algumas coisas podem desagradar e tirar o nosso prazer estético
(DUNCUN, 2011), porém vale a pena parar e refletir de forma crítica o que o filme está
querendo nos dizer.
O estudo de cultura visual é muito importante por isso, perceber e analisar como por
exemplo os personagens são representados. Neste trabalho farei uma análise de como os
professores são retratados em obras fictícias, nesse caso no audiovisual, investigar suas
características visuais como corpo e vestimentas, e de que forma eles procedem enquanto
professores.
Os objetos visuais que serão comparados aqui são as imagens de duas professoras do
audiovisual: Muriel Stacy do seriado Anne com E (2017) e a professora Katherine Watson do
filme O sorriso de Monalisa (2003).

2) Análise crítica das imagens:


Figura 01: A imagem da professora Muriel Stacy da série Anne com E. Ela é uma
professora branca, magra, tem o cabelo loiro, liso e médio que geralmente usa preso, ela é
viúva e de classe média, suas vestimentas são blusas com mangas compridas e bufantes de cor
branca, casacos, chapéus e saias de tons escuros, ela também usa calças, o que não era bem
aceito pela sociedade do século 19 em que se passa a série.
Ela é uma professora de todas as matérias, inteligente, independente e criativa, se
preocupa com os alunos emocionalmente e com o aprendizado deles, ela sempre inventa
maneiras diferentes de passar o conteúdo e é criticada pelos integrantes do conselho e as mães
progressistas dos alunos por suas aulas e atos nada convencionais, ela é a primeira professora
mulher da escola e está em fase de teste, por isso sofre essa pressão também.
No primeiro dia de aula, a professora faz uma roda com os alunos no chão, o que causa
estranhamento em algumas alunas por influência da estrutura de ensino que elas estavam
acostumadas, há também uma aula prática de experimento com batatas para criar energia
elétrica e todos os alunos que estão habituados com o uso de velas, ficam surpresos. Além
disso, ela cuida e intervém em suas questões emocionais,, tem um aluno em específico que
não ia para a escola mais por conta do antigo professor agressivo, ela por sua vez conversa e
consegue com que ele volte a escola, Muriel aprende muito com as histórias de vida e
motivações de seus alunos e os estimula a estudarem para passarem na faculdade e poder
seguir as profissões que desejam.
Figura 02: A imagem da professora Katherine Watson do filme O sorriso de Monalisa.
Ela é uma professora branca, magra, de cabelos pretos médio que geralmente usa preso, ela é
de classe média e não é casada, suas roupas geralmente são de tons escuros, mas também há
essa combinação com blusas claras, estampas coloridas, usa casacos, saia e chapéu, uma
vestimenta de acordo com a década de 1950 em que é ambientado o filme.
Ela é uma professora de história da arte, criativa, inteligente e autêntica, e que tem
uma visão diferente sobre casamento, ela começa a trabalhar em uma faculdade feminina,
tradicional e conservadora, onde as alunas eram preparadas para se tornarem boas esposas e
mães, com aulas de etiqueta e tudo mais.
Inicialmente Katherine se sente desafiada por as alunas já saberem tudo das apostilas
que serviam de base para as aulas, então a professora começa a ensinar da sua forma, com
aulas práticas e mostrando obras de arte para além do museu, questionando as alunas sobre o
que era arte e quem a define, trazendo também através dessas obras questões sobre o papel da
mulher e mostrando que elas podem seguir um caminho diferente: uma carreira profissional, o
que traz a insatisfação do conselho da escola, sendo pressionada a parar, mas mesmo assim
continua com o que acha que vai fazer diferença no ensino de suas alunas. Ela acaba criando
um vínculo emocional com algumas alunas e aprendendo com elas também.
Apesar do perfil as vezes diferente, as duas professoras se aproximam muito por suas
características: mulheres brancas de classe média, que se vestem em grande parte do tempo
como era imposto, também por serem professoras mulheres em uma época cheia de
preconceitos e imposições de como elas deveriam agir enquanto mulheres e professoras, e
mesmo estando em fase de aprovação e serem ameaçadas de perder o emprego, elas não
desistem de seus métodos, ambas estimulam seus alunos a aprender, seguir seus sonhos
profissionais e a questionar os padrões vigentes, com aulas diferentes do tradicional, expondo
uma realidade e aprendizado para além do qual os alunos estavam acostumados. Além disso,
mostram que o ensino é construído a partir do compartilhamento de experiências, elas
ensinam, mas também aprendem com seus alunos.

3) Proposta de uso na arte/educação:


A proposta que apresento para a utilização dessas imagens dentro da sala de aula
atravessa várias disciplinas, procede da seguinte maneira:
1) A primeira etapa é apresentar as imagens e provocar a percepção visual dos alunos
para que eles digam apenas através da imagem como eles acham que essas duas
personagens são representadas dentro das produções audiovisuais em que estão.
Assim, fazemos juntos a análise de suas características e cada aluno escolhe uma
personagem para falar sobre como acha que é a personalidade e a profissão que ela
exerce.
2) Expor a história real das personagens e sua profissão de professora, dialogar sobre as
questões que as duas personagens trazem: as circunstâncias do ambiente em que
estavam inseridas, a aversão aos métodos de ensino diferentes e podendo abrir espaço
também para o debate sobre o papel da mulher e o machismo da época.
3) Propor que os alunos criem um personagem que seja professor, da forma que eles
enxergam e acham que deve ser esse profissional. Eles deverão fazer um desenho com
suas características visuais e um pequeno texto de como seria sua personalidade e
didática.
Bibliografia:

DUNCUM, Paul. Por que a arte-educação precisa mudar e o que podemos fazer. Tradução de
Gisele Dionisio da Silva In: MARTINS, Raimundo; TOURINHO, Irene (orgs.). Educação da
cultura visual: conceitos e contextos. Santa Maria (RS): UFSM, 2011, p. 15-30.
Apêndice: Caderno de Figuras

Figura 01: Muriel Stacy, Anne com E, 2017.

Figura 02: Katherine Watson, O sorriso de Monalisa, 2003.

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