Você está na página 1de 1

Tiragem: 31891 Pág: 13

País: Portugal Cores: Cor

Period.: Diária Área: 16,00 x 28,67 cm²

ID: 70136304 26-06-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1


BRUNO LISITA

Proposta prevê que competências como gestão das cantinas das escolas passem para as câmaras

Conselho de Escolas considera


que descentralização “contrai”
autonomia de estabelecimentos
por fazer o contrário. “Contrai a ac- licitado pelo Ministério da Educação.
Educação tual autonomia”, sublinha-se. As críticas agora feitas são seme-
Samuel Silva O conselho expõe a sua visão no lhantes às que os presidentes da As-
documento: a descentralização deve sociação Nacional de Directores de
Parecer do órgão consistir numa transferência de com- Agrupamentos e Escolas Públicas e
petências dos níveis mais elevados da Associação Nacional de Directores
consultivo do ministério faz
da administração para níveis infe- de Escolas tinham feito em declara-
várias críticas à passagem riores. Pelo contrário, este projecto ções ao PÚBLICO, no início do mês,
de competências de descentralização não só prevê a quando foi conhecida a proposta do
para os municípios transferência de atribuições do Esta- Governo. No documento tornado
do para as autarquias como também público no seu site, o Conselho de
O Conselho de Escolas defende que a das escolas para as câmaras. Escolas reprova também a nova or-
proposta de transferência de compe- A proposta enviada pelo Governo, ganização dos Conselhos Municipais
tências na Educação para as câmaras no início do mês, à ANMP, prevê que de Educação (CME) que é proposta
municipais, que está a ser discutida a análise dos processos de acção so- no projecto de descentralização de
pelo Governo e a Associação Nacio- cial escolar, a gestão das cantinas, a competências. Os conselheiros decla-
nal de Municípios (ANMP), vai “con- contratação de serviços externos ou ram “não poder concordar que seja o
trair” a autonomia das escolas. Num aquisição de equipamentos ou mate- presidente da câmara municipal, por
parecer publicado depois da reunião rial, que eram competências de cada inerência, a presidir” à comissão per-
plenária do órgão consultivo do Mi- agrupamento de escolas, passem pa- manente e à comissão alargada, os
nistério da Educação, que decorreu ra a responsabilidade das câmaras. dois órgãos que constituem o CME.
no final da semana passada, os con- O Conselho de Escolas posiciona- O Conselho de Escolas discorda
selheiros mostram-se, contudo, fa- se, porém, de forma “favorável a também que o CME possa ter com-
voráveis a esta reforma desde que a uma descentralização e transferên- petência para apreciar, analisar ou
mesma não implique perda de pode- cia de competências” do Estado pa- se pronunciar sobre o desempenho
res dos estabelecimentos de ensino. ra os municípios desde que fossem do pessoal docente e não docente.
“Este processo não está concebido respeitados alguns princípios como a “Trata-se de matéria do âmbito da
para reforçar a autonomia das esco- manutenção dos poderes das escolas avaliação do desempenho, sensível,
las, antes pelo contrário”, acusa o e o respeito pela sua autonomia. confidencial e que deve manter-se
Conselho de Escolas no seu parecer. O parecer, assinado pelo presi- como competência exclusiva dos
Um processo de descentralização dente do Conselho de Escolas, José avaliadores e dos órgãos de admi-
educativa devia aumentar o grau de Eduardo Lemos, foi aprovado por nistração e gestão das escolas”, lê-
liberdade dos estabelecimentos de unanimidade pelo plenário daquele se no parecer.
ensino, considera aquele organismo, organismo, que se reuniu no final da
mas a proposta do Governo acaba semana passada. O documento foi so- samuel.silva@publico.pt

Você também pode gostar