O psicólogo impugna o laudo pericial alegando que: (1) o método utilizado pela perita não foi demonstrado como aceito pelos especialistas da área; (2) o laudo contradiz a epidemiologia da depressão ao não reconhecer o assédio moral como possível causa; (3) a perita não provou que a depressão da paciente teve outra origem como fatores genéticos.
O psicólogo impugna o laudo pericial alegando que: (1) o método utilizado pela perita não foi demonstrado como aceito pelos especialistas da área; (2) o laudo contradiz a epidemiologia da depressão ao não reconhecer o assédio moral como possível causa; (3) a perita não provou que a depressão da paciente teve outra origem como fatores genéticos.
O psicólogo impugna o laudo pericial alegando que: (1) o método utilizado pela perita não foi demonstrado como aceito pelos especialistas da área; (2) o laudo contradiz a epidemiologia da depressão ao não reconhecer o assédio moral como possível causa; (3) a perita não provou que a depressão da paciente teve outra origem como fatores genéticos.
PSICOLOGO: Jean Carlos Souza da Silva; CRP 10/07055
O laudo pericial apresentado pela perita oficial não foi suficientemente
claro para o adequado equacionamento da celeuma posta em Juízo. O laudo pericial aparentemente foi conclusivo da parte autora relatando que a origem da doença psicológica chamada depressão cid 10 F.32, não foi devido ao assedio moral que a paciente sofreu.
Segundo o novo Código de Processo Civil (CPC), que se configura na Lei nº
13.105, de 2015, as seguintes regras devem ser atendidas:
“Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
➢ III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando
ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou.
O método que pude perceber foi da observação, porém, como a perita em
questão não é psicóloga no mínimo tinha que conter “demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou.” Diante disso, a profissional não expos nenhum estudioso em psicologia para apoiar sua análise, por conta disso fica muito vago a suposta conclusão. A respeito do laudo pericial na parte que cabe “DISCURSÃO DO CASO” a perita relatou a definição do episódio depressivo, corretíssimo. Quando a profissional descreve a EPIDEMIOLOGIA DO CASO aqui entra uma possível contradição, vejamos o que diz o texto elaborado “As decepções sucessivas em situações de trabalho frustrantes, as perdas acumuladas ao longo dos anos de trabalho, as exigências excessivas de desempenho cada vez maior, no trabalho, geradas pelo excesso de competição, implicando ameaça permanente de perda do lugar que o trabalhador ocupa na hierarquia da empresa, perda efetiva, perda do posto de trabalho e demissão podem determinar depressão”. Qualquer profissional da psicologia sabe muito bem que o assédio moral no trabalho desestabiliza emocional e profissionalmente o indivíduo, a ponto de ocasionar prejuízos à saúde física e mental do trabalhador, como depressão, ansiedade, nervosismo, sociofobia, ataques de pânico, baixa autoestima, melancolia, apatia, falta de concentração, cansaço. O assédio moral caracteriza-se pela submissão do trabalhador a constantes humilhações e constrangimentos. Se expressa em atitudes violentas e sem éticas que provocam repercussões negativas na identidade da pessoa assediada. Dessa forma é importante que os trabalhadores estejam preparados para reconhecer o assédio moral, evitá-lo e combatê-lo. O assédio moral por sua vez é capaz de desestabilizar e fragilizar a vítima, instaurando perda de autoestima, dúvida de si mesma, a pessoa sente-se mentirosa uma vez que se vê em descredito pelos outros. (BORBROFF; MARTINS, 2013). Por isso, claramente vê-se uma contradição entre a sua conclusão técnica e a epidemiologia da doença que diz que a depressão pode ter origem sim no assedio moral. Também existe um estudo acerca do impacto emocional do assedio moral no trabalho Mesquita (2012) verificou a ocorrência de situações constrangedores em 46 agentes de saúde da cidade de São Luís, Maranhão. Também foram analisadas as consequências de tais atos sobre o trabalhador. Foi utilizado um questionário com 45 possíveis situações de assédio. Os resultados mostraram que 69,5% dos participantes passaram por alguma situação de assédio. Com 8,3% de relatos, o item "Meu chefe deixa de transmitir informações úteis para a realização do meu trabalho" foi a resposta mais citada. Das consequências, 18,6% dos participantes disseram que sentiram tristeza, depressão e baixa autoestima. Existe alguns fatores que podem gerar a depressão no individuo: Genética, fatores psicossociais, uso de drogas entre outros. A perita relata que não foi o assedio moral que ocasionou a depressão na paciente, para que a perita possa afirmar tal situação ela teria que provar que a depressão da paciente é genética ou pelo uso de substancias nocivas que não é o caso aqui. BOBROFF, Maria Cristina Cescatto; MARTINS, Julia Trevisan. Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho. Revista Bioética. Londrina, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n2/a08v21n2.pdf. Acesso em 24/04/20 MESQUITA (2012). Assédio moral um estudo com agentes comunitários de saúde da cidade de São Luís. Cadernos de Pesquisa, 19(3).90-95.20.