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IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL

PSICOLOGO: Jean Carlos Souza da Silva; CRP 10/07055

O laudo pericial apresentado pela perita oficial não foi suficientemente


claro para o adequado equacionamento da celeuma posta em Juízo. O laudo
pericial aparentemente foi conclusivo da parte autora relatando que a origem da
doença psicológica chamada depressão cid 10 F.32, não foi devido ao assedio
moral que a paciente sofreu.

Segundo o novo Código de Processo Civil (CPC), que se configura na Lei nº


13.105, de 2015, as seguintes regras devem ser atendidas:

“Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

➢ III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando


ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do
conhecimento da qual se originou.

O método que pude perceber foi da observação, porém, como a perita em


questão não é psicóloga no mínimo tinha que conter “demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da
qual se originou.” Diante disso, a profissional não expos nenhum estudioso em
psicologia para apoiar sua análise, por conta disso fica muito vago a suposta
conclusão.
A respeito do laudo pericial na parte que cabe “DISCURSÃO DO CASO”
a perita relatou a definição do episódio depressivo, corretíssimo. Quando a
profissional descreve a EPIDEMIOLOGIA DO CASO aqui entra uma possível
contradição, vejamos o que diz o texto elaborado “As decepções sucessivas em
situações de trabalho frustrantes, as perdas acumuladas ao longo dos anos
de trabalho, as exigências excessivas de desempenho cada vez maior, no
trabalho, geradas pelo excesso de competição, implicando ameaça permanente
de perda do lugar que o trabalhador ocupa na hierarquia da empresa, perda
efetiva, perda do posto de trabalho e demissão podem determinar
depressão”. Qualquer profissional da psicologia sabe muito bem que o assédio
moral no trabalho desestabiliza emocional e profissionalmente o indivíduo, a
ponto de ocasionar prejuízos à saúde física e mental do trabalhador,
como depressão, ansiedade, nervosismo, sociofobia, ataques de pânico, baixa
autoestima, melancolia, apatia, falta de concentração, cansaço. O assédio moral
caracteriza-se pela submissão do trabalhador a constantes humilhações e
constrangimentos. Se expressa em atitudes violentas e sem éticas que
provocam repercussões negativas na identidade da pessoa assediada. Dessa
forma é importante que os trabalhadores estejam preparados para reconhecer o
assédio moral, evitá-lo e combatê-lo. O assédio moral por sua vez é capaz de
desestabilizar e fragilizar a vítima, instaurando perda de autoestima, dúvida de
si mesma, a pessoa sente-se mentirosa uma vez que se vê em descredito pelos
outros. (BORBROFF; MARTINS, 2013). Por isso, claramente vê-se uma
contradição entre a sua conclusão técnica e a epidemiologia da doença que diz
que a depressão pode ter origem sim no assedio moral.
Também existe um estudo acerca do impacto emocional do assedio moral
no trabalho Mesquita (2012) verificou a ocorrência de situações constrangedores
em 46 agentes de saúde da cidade de São Luís, Maranhão. Também foram
analisadas as consequências de tais atos sobre o trabalhador. Foi utilizado um
questionário com 45 possíveis situações de assédio. Os resultados mostraram
que 69,5% dos participantes passaram por alguma situação de assédio. Com
8,3% de relatos, o item "Meu chefe deixa de transmitir informações úteis para a
realização do meu trabalho" foi a resposta mais citada. Das consequências,
18,6% dos participantes disseram que sentiram tristeza, depressão e baixa
autoestima.
Existe alguns fatores que podem gerar a depressão no individuo:
Genética, fatores psicossociais, uso de drogas entre outros. A perita relata que
não foi o assedio moral que ocasionou a depressão na paciente, para que a
perita possa afirmar tal situação ela teria que provar que a depressão da paciente
é genética ou pelo uso de substancias nocivas que não é o caso aqui.
BOBROFF, Maria Cristina Cescatto; MARTINS, Julia Trevisan. Assédio moral, ética e
sofrimento no trabalho. Revista Bioética. Londrina, 2013. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n2/a08v21n2.pdf. Acesso em 24/04/20
MESQUITA (2012). Assédio moral um estudo com agentes comunitários de
saúde da cidade de São Luís. Cadernos de Pesquisa, 19(3).90-95.20.

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