Você está na página 1de 3

O CEARTE COMO FERRAMENTA DE SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DA

PARAÍBA - UMA PROPOSTA

VITÓRIA CARDOSO
2023

Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões,


conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial,
que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos
em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à
diversidade cultural e à criatividade humana.

Entende-se por “salvaguarda” as medidas que visam garantir a viabilidade do patrimônio cultural
imaterial, tais como a identificação, a documentação, a investigação, a preservação, a proteção, a
promoção, a valorização, a transmissão – essencialmente por meio da educação formal e não-formal
- e revitalização deste patrimônio em seus diversos aspectos.

Para os fins da presente proposta, será levado em conta apenas o patrimônio cultural imaterial que
esteja em apagamento e tenha a necessidade de resgate de práticas possíveis por meio da atuação
das do CEARTE como instrumento de Educação artística e cultural.

O “patrimônio cultural imaterial” se manifesta em particular nos seguintes campos:

a) tradições e expressões orais;

b) expressões artísticas;

c) práticas sociais, rituais e atos festivos;

d) conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo;

e) técnicas artesanais tradicionais.

Considerando a importância do patrimônio cultural imaterial como fonte de diversidade cultural e


garantia de desenvolvimento sustentável, conforme destacado na Recomendação da UNESCO sobre
a salvaguarda da cultura tradicional e popular, de 1989, bem como na Declaração Universal da
UNESCO sobre a Diversidade Cultural, de 2001, e na Declaração de Istambul, de 2002, aprovada pela
Terceira Mesa Redonda de Ministros da Cultura, bem como a profunda interdependência que existe
entre o patrimônio cultural imaterial e o patrimônio material cultural e natural, é preciso que
pensemos medidas para solucionar o problema da constante perda e apagamentos de nossas
formas mais rudimentares e populares de fazer artístico.

É fundamental a conscientização, especialmente entre as novas gerações, da importância do


patrimônio cultural imaterial e de sua salvaguarda. Os processos de globalização e de transformação
social, ao mesmo tempo em que criam condições propícias para um diálogo renovado entre as
comunidades, geram também o desaparecimento e destruição do patrimônio cultural imaterial,
devido em particular à falta de meios para sua salvaguarda.

O patrimônio cultural imaterial cumpre uma inestimável função como fator de aproximação,
intercâmbio e entendimento entre os seres humanos. A cultura imaterial, para acontecer, precisa de
pessoas. Precisa de novos grupos interessados em perpetuarem nossa cultura popular e nossas
formas mais elusivas de arte.

Observando também que não existe ainda um instrumento multilateral de caráter vinculante
destinado a salvaguardar o patrimônio cultural imaterial, atuação do CEARTE como ferramenta
educadora, viabilizadora e articuladora seria vital para este processo. Desempenhando um
importante papel na produção, salvaguarda, manutenção e recriação do patrimônio cultural
imaterial, assim contribuindo para enriquecer a diversidade cultural e a criatividade humana.

A inserção de classes que possam conscientizar a nova geração da importância de perpetuar as


práticas que compõem não só nosso patrimônio, mas também a história de nosso povo. Bem como a
articulação das oficinas já existentes no CEARTE, adaptando-as às ao universo imagético dessas
manifestações, a fim de produzir novos grupos que perpetuem essas práticas resultando em uma
nova geração de mestres feitores de cultura popular.

Meu argumento seria a criação de uma nova classe, a primeira a introduzir o movimento de
salvaguarda afim de estudar o que temos como patrimônio imaterial, levando os alunos a
entenderem a importância de não perdermos essas manifestações como forma de não perdermos a
nossa história e cultura particular do Estado da Paraíba.

A temática da disciplina atravessa todas as linguagens, o que produziria uma classe interdisciplinar
proposta ao estudo da história, reflexão sobre ela, e possível aplicação em suas próprias linguagens
artísticas culminando assim para uma nova produção de trabalho, coletiva ou não, que pretenda
salvaguardar nosso patrimônio com a formação de artistas dispostos a perpetuar nossa história, uma
classe que pretende formar os novos futuros mestres de formas de expressão que tem se apagado.

Sugiro uma ementa que proponha a visita as apresentações dessas formas de arte sempre que
possível para que a disciplina derrube uma barreira, muitas vezes imposta nos meios acadêmicos,
que existe entre o campo intelectual e as vivências.
Proponho também o convite de alguns mestres ao longo do semestre para passar seus
conhecimentos e falar um pouco da história do movimento, a tradição oral é a forma mais antiga e
mais bonita de passar conhecimento, considerar esses mestres nas classes seria também valorizá-los
enquanto artistas e feitores de cultura.

A culminação ideal da disciplina, seria que na próxima semana de arte produzida no CEARTE
vivêssemos uma ode às artes populares, com novos artistas produzindo e não deixando morrer o
que temos de mais valioso.

Proposta de Curso Livre:

INTRODUÇÃO A CULTURA E ARTE POPULAR PARAIBANA – UMA PROPOSTA DE SALVAGUARDA AO


PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DA PARAÍBA

Ideal para artistas e alunos do CEARTE de diversas formas de expressão, especialmente as que
podem de alguma forma se comunicar com a cultura popular paraibana, pensadores, pesquisadores
e toma comunidade interessada no tema.
A disciplina tem como objetivo a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba.
Serão trazidos textos, trechos, documentários e curtas-metragens como formas de adquirir
conhecimentos sobre o tema e refletir em como aplicá-los em nossas próprias expressões artísticas e
pesquisas. E ao longo do semestre serão orientados e produzidos conteúdos em favor do tema. O
trabalho final seria a apresentação da produção artística (em qualquer meio) ou artigo ou que foi
desenvolvido ao longo do semestre podendo ser feitos de forma individual ou coletiva.

Proposta Bibliográfica:

A proposta bibliográfica seria a leitura e citação de alguns textos e trechos de livros para
desenvolvimento e reflexão do pensamento sobre Arte e Cultura popular da nossa região. A maioria
dos autores dos livros citados são paraibanos, garantindo um olhar local sob o assunto.

Artesanato E Arte Popular Na Paraíba


Silvia Almeida De Oliveira Cunha Lima
A Feira Dos Mitos – A Fabricação Do Folclore E Da Cultura Popular – Nordeste 1920-1950
Durval Muniz De Albuquerque Junior
A Pesquisa Em Arte – Um Paralelo Entre A Arte E Ciência
Silvio Zamboni
Como E Por Que Se Faz Arte
Elizabeth Newbery
Com O Coco Eu Desafio O Mundo
Mane De Bia / Ignez Ayala / Marcos Ayala
Era Uma Vez No Nordeste
José Edilson Amorim
Nordeste – A Inventiva Popular
Mario Souto Maior
Nordeste Desvelado
Augusto Pessoa
O Nordeste Como Inventiva Simbólica - Ensaios sobre o Imaginário cultural e literário
Geralda Medeiros Nóbrega
Saberes E Fazeres Do Povo – Resgate Da Cultura Popular Na Paraíba
Maria Auxiliadora Bezerra Borba
Uma Viagem Ao Reino Encantado Da Cultura Popular Nordestina
Irani Medeiros

Você também pode gostar